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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 4 de abril de 2020

Um agradecimento e um esclarecimento: minha ação contra o Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

Um agradecimento e um esclarecimento: minha ação contra o Itamaraty

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

 [Objetivo: esclarecimento; finalidade: leitores de meus canais]

  

Depois que foi divulgada a ação empreendida por mim em resposta às arbitrariedades perpetradas pela Administração do Pessoal do Itamaraty, sob instruções do chanceler acidental e do seu chefe de gabinete, recebi inúmeras manifestações de solidariedade, por diversos canais (assim como um número ínfimo de recriminações dos aderentes à tribo dos olavo-bolsonaristas).

Gostaria de expressar publicamente e de forma geral minha gratidão por todas as manifestações de solidariedade.

Mas gostaria também de deixar bem claro que não estou fazendo isso por mim, e sim com a mais clara consciência de que estou atuando em defesa do Itamaraty e do seu corpo profissional, hoje totalmente intimidados pelo bando de olavo-maluquetes que o controlam. 

Muitos colegas, de forma discreta, me escrevem bilateralmente para expressar o seu reconhecimento pela minha iniciativa, alguns até se desculpando por não poder fazê-lo de modo aberto, o que compreendo totalmente, pois todos dependem, de uma ou outra forma, do gabinete (promoção, remoção, cargos, chefias, catraca implacável, etc.). 

Mas todos sabem do que se passa na antiga Casa de Rio Branco, hoje conspurcada por ineptos, por amadores boçais e por uns poucos serviçais oportunistas da própria carreira, e torcem para que a ação reverta ou diminua a sucessão de horrores perpetrados pelos fanáticos contra uma categoria de servidores do Estado conhecida por seu profissionalismo exemplar.

Eles sabem que não contam com a simpatia da imensa maioria dos colegas profissionais, sentem a animosidade silenciosa, por vezes manifesta pelos escassos aplausos, meramente protocolares, nas poucas ocasiões nas quais o patético personagem se dirige à Casa (ele percebe isso, recrudescendo então na intimidação). 

Loucos precisam ser detidos, pois prejudicam o Brasil.

Aos que pretendem politizar a minha ação, classificando-a indevidamente como sendo de “esquerda” (como pretendem os bolsonaristas), tenho de desmenti-los veementemente. Aliás, o pessoal de esquerda me considera de “direita”, pela oposição que mantive contra o lulopetismo diplomático (por razões muito precisas, todas elas descritas em meu livro Nunca Antes na Diplomacia, 2014).

Contradizendo ambos, devo dizer que me opus de maneira geral ao lulopetismo não por ele ser de esquerda (de onde eu venho), mas porque os companheiros eram economicamente incompetentes e imensamente corruptos, apenas por isso.

E concluo com uma observação que fiz de longa data, desde que entrei para a diplomacia décadas atrás: o Itamaraty não é de que esquerda, nem de direita. Ele é, básica e fundamentalmente, FEUDAL. É apenas por essa característica feudal que personagens medíocres conseguem por vezes constranger e prejudicar membros da carreira que ousam pensar com sua própria cabeça.

Finalizo dizendo que jamais, em toda a minha vida profissional, deixei o cérebro em casa ao sair para trabalhar, nem nunca o depositei na portaria ao ingressar no Itamaraty. Por isso mesmo, acumulei algumas “punições” ao longo da carreira, o que para mim é motivo de orgulho.

O fato de estar sendo atualmente punido por um punhado de medíocres me serve, na verdade, de distinção. Ser hostilizado por oportunistas é um registro histórico que pretendo manter.

Paulo Roberto de Almeida - Brasília, 4 de abril de 2020


PS.: A um colega que me escreveu para expressar sua admiração pela minha “competência, coragem e contribuição ao pensamento diplomático brasileiro”, e que afirmou esperar que “esse pesadelo passe logo”, eu respondi o seguinte: 

            PRA: Grato X, você é um capital humano extremamente precioso para a continuidade da política externa como a conhecemos e como deveria ser. Precisa se preservar para assumir cargos mais relevantes no futuro, quando os bárbaros já tiverem sido escorraçados do poder, em algum momento. 

Não corra riscos inúteis agora, inclusive demonstrando simpatia pela minha causa, pois o Itamaraty também tem muitos oportunistas e carreiristas, como é normal em qualquer corporação de ofício, em qualquer estamento burocrático. Eu não tenho mais nada a esperar da carreira, mas na verdade, a minha carreira é esta que sempre foi e que vai continuar sendo: leitura, reflexão, escrita, divulgação, e para isso eu não dependo do Itamaraty, que no entanto me deu excelentes oportunidades de crescimento intelectual, sem ficar restrito à alienação normal das nossas academias. 

Poderia estar tranquilamente aposentado fazendo aquilo que exatamente eu gosto de fazer, pois nunca liguei muito para as chatices da carreira. Se não o faço agora é justamente para oferecer resistência, quando a maior parte dos colegas não podem fazê-lo. 

Se eu estivesse fora do Itamaraty, minhas ações não teriam a mesma repercussão, mas seriam apenas a expressão de um diplomata aposentado. Por isso fico, e suporto o desgaste financeiro e outras tribulações. O EA me impede de continuar trabalhos sérios, que preciso empreender, pois me tira do meu pipeline normal de trabalho. Por outro lado, me fornece um material precioso para uma próxima publicação conjuntural, mais pragmática do que o meu anterior, Miséria da Diplomacia, cheio de intelectualices dispensáveis. O abraço do PRA.

 


Explicito aqui os materiais relativos a essa questão: 

3608. “Cronologia diplomática em tempos não convencionais: trajetória de Paulo Roberto de Almeida, 2003-2020”, Brasília, 29-31 março 2020, 7 p. Resumo de atividades e eventos entre 2003 e 2020, com destaque para o processo kafkiano em curso no Itamaraty. Primeira parte, de 2003 à exoneração do IPRI, em março de 2019, divulgada no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/uma-cronologia-diplomatica-paulo.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42377104/Cronologia_pessoal-funcional_em_tempos_nao_convencionais_Um_diplomata_do_limbo_ao_limbo_2003-2019). Segunda parte disponibilizada no blog Diplomatizzando (31/03/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/cronologia-diplomatica-em-tempos-nao.html), na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42457475/Cronologia_diplomatica_em_tempos_nao_convencionais_PRA_de_volta_ao_deserto_2019-2020).

3612. “O Brasil isolado do mundo”, Brasília, 31 março 2020, 1 p. Comentário sobre a atual situação da postura internacional do Brasil em face de um quase consenso internacional em torno da calamidade do Covid-19. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/o-brasil-isolado-do-mundo-paulo-roberto.html).

3613. “Minhas ‘faltas injustificadas” segundo o Itamaraty”, Brasília, 1 abril 2020, 4 p. Relação das ‘faltas injustificadas’ computadas pelo Itamaraty e justificadas por mim, como preparação à defesa contra o corte de salário. Divulgado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/minhas-faltas-injustificadas-segundo-o.html).

3614. “Kafka no Itamaraty”, Brasília, 1 abril 2020, 3 p. Nota sobre a intimidação sobre diplomatas pela Administração do MRE. Divulgada no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/kafka-no-itamaraty-paulo-roberto-de.html); reproduzido no jornal GGN, de Luís Nassif (link: https://jornalggn.com.br/artigos/kafka-no-itamaraty-por-paulo-roberto-de-almeida/).

 

Matérias publicadas na revista Veja, sobre o mesmo tema: 

(1) “Os veteranos encostados no Itamaraty”, por Denise Chrispim Marin (20/09/2019; link: https://veja.abril.com.br/mundo/itamaraty-veteranos-encostados/).

(2) “Embaixador vai à justiça contra assédio moral e perseguição no Itamaraty”, por Edoardo Ghirotto (3/04/2020; links: https://veja.abril.com.br/politica/embaixador-vai-a-justica-contra-assedio-moral-e-perseguicao-no-itamaraty/  e  

 https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/embaixador-vai-justica-contra-assedio.html).

Entrevista concedida ao Jornal GGN, do jornalista Luís Nassif: 

“Como Ernesto, o idiota, se tornou chanceler, por Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 3 abril 2020, entrevista gravada em vídeo com o jornalista Luís Nassif, no Jornal GGN (link: https://jornalggn.com.br/video/como-ernesto-o-idiota-se-tornou-chanceler-por-paulo-roberto-de-almeida/). Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/como-ernesto-o-idiota-se-tornou.html).

 

 

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