O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

domingo, 12 de julho de 2020

O governo sobreviverá até 2022? - Paulo Roberto de Almeida

O governo sobreviverá até 2022?

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: debate público; finalidade: opinião pessoal; especulação]


A data formal é essa, dezembro de 2022, se nada ocorrer até lá. Qualquer pessoa sensata, independentemente de ser de direita, de centro, de esquerda, ou de qualquer outra visão de mundo, sabe que este é, de longe, o pior governo que o Brasil já teve, desde sempre, e isto pela extrema má qualidade do presidente e pela inépcia demencial de seus assessores mais chegados, ou seja, a própria família e um círculo muito restrito de auxiliares.
O rol de crimes, diretos e indiretos, já perpetrados— antes, durante a campanha eleitoral e continuados desde a posse — pelo chefe do executivo e assessores mais chegados já assegurariam um processo (ou vários) por crimes de responsabilidade ou simplesmente um impeachment.
Qualquer pessoa sensata, e bem informada, sabe disso e seria capaz de concordar com isso. Qualquer pessoa honesta, e que se guia pela CF-1988, consente com esse entendimento, e até essa necessidade: REMOVER O INEPTO DO PODER, pois ele está desgraçando o Brasil, interna e externamente, social e politicamente, econômica e institucionalmente, no plano da autoestima e da psicologia nacional, com um país dividido como nunca esteve antes em sua história.
A continuidade do PIOR governo de todos os tempos só representaria o agravamento e o aprofundamento de todas as mazelas observadas até aqui, e a continuidade, na impunidade, de todos os crimes já cometidos até aqui. Uma situação, portanto, INACEITÁVEL para qualquer pessoa digna que deseja o bem do país internamente e o um crédito positivo no plano externo.
Esse governo só pode acabar antes do seu termo constitucional  por uma destas três hipóteses: impeachment, renúncia ou ser o seu titular “renunciado”, cabendo na primeira hipótese uma improvável cassação da eleição no TSE por crimes eleitorais. Esta última e a renúncia por vontade própria, ainda que no quadro de uma grave crise política, considero sem possibilidades.
Sobram o impeachment e a pressão para renunciar, esta por parte da única força política capaz de fazê-lo: as FFAA, com eventual apoio do STF, sob ameaça de um processo por crimes diversos ou um impeachment quase certo, o que seria uma forma de poupar a paralisia do país por seis meses ou mais.
Acredito que nenhuma destas hipóteses tem chances de se concretizar, no atual cenário político e isso essencialmente por falta de vontade ou de coragem dos principais protagonistas.
Quem ou quais seriam esses protagonistas? Pela ordem: parlamentares,   ministros do STF e militares (mais exatamente as FFAA, aqui entendidas como sendo o ministro da Defesa, os três comandantes singulares e os principais comandantes das unidades mais relevantes do sistema).
São esses, e apenas esses, os personagens capazes de atuar, conjuntamente ou de forma relativamente convergente para por fim a uma chefia de governo inepta, desgraçada e criminosa.
Mas eles não o farão, por falta de vontade e de coragem, como já dito. Eles não estão levando em consideração o estado miserável em se encontra o governo e o país, não parecem estar preocupados com os retrocessos já verificados no plano interno e na total condição de pária internacional a que o Brasil foi levado no plano externo, e não se importam com a divisão do país e com a vergonha que o chefe do Executivo representa para a dignidade do cargo que ocupa. Tampouco se sensibilizam com a condição objetiva de genocida que o mesmo indivíduo exibe, seja ao se opor, sistematicamente, à adoção das medidas cabíveis no caso da pandemia, seja pelo mau exemplo, o que levou provavelmente à morte centenas, talvez milhares, de brasileiros, sacrificados estupidamente pela prática registrada e reiterada de não uso de máscara e não afastamento e isolamento social ou pela indução ao uso não controlado de supostos remédios-milagre para tratamento.
Nenhuma das três categorias se comove com o drama nacional e com a tragédia humana que representa a continuidade da execrável figura na chefia do Executivo.
Na ausência de novos fatores objetivos que obrigariam a uma outra tomada de posição — mas creio que mesmo nessa eventualidade — essas três categorias-chave não se moveriam, e também por outras razões que me abstenho de mencionar.
O mais provável, portanto, é a continuidade do horror administrativo, da descoordenação completa no nível da governança, da deterioração das instituições, da não punição dos crimes já cometidos — no exercício da função — e da vergonha total no contexto internacional até o final de 2022.
Será uma longa agonia, a mais longa agonia de decadência e de descalabro de um governo, uma possível anomia agravada do tecido social nacional, uma desesperança psicológica a afetar crescentemente quadros da classe média produtiva, um cenário de terra arrasada, justo quando o país, a nação, a sociedade e o Estado se preparam (ou pelo menos deveriam se preparar, o que ainda não começou) para os primeiros dois séculos de existência dessas entidades em suas respectivas formas autônomas.
Confesso meu pessimismo com a situação atual e em relação ao tempo que resta para o término desse horror político, dessa vergonha nacional, desse descrédito internacional. Nem por isso mudarei de atitude e de comportamento: de oposição clara e manifesta ao governo como um todo e de resistência intelectual à indignidade representada pelos seus personagens mais execráveis.
Falo como cidadão apenas, mas nunca tive qualquer restrição, enquanto servidor de Estado, a manifestar minha opinião contrária ao governo de ocasião. Não sou de esconder meus sentimentos, minha postura, minha consciência em face da ignomínia, venha de onde vier.
Por isso assino embaixo do que escrevo e ratifico o que penso.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 12 de julho de 2020

Um comentário:

Anônimo disse...

Anonimo diz:
Muito ressentimento.
Mas estás no direito de espernear. Aguarde até a próxima eleição e quem sabe a tua social democracia volte ao poder. Mas não se esqueça - somos mais de 100 milhões de pessoas que apoiam o JB. Tá díficil prá vcs. não acha???