Euler de França Belém
Casa Stefan Zweig lança o “Dicionário dos Refugiados do Nazifascismo no Brasil”
Livro cita Ziembinski, Edoardo de Guarnieri, Georges Bernanos, Otto Maria Carpeaux, Frans Krajcberg, Ida Gomes, Berta Loran, Fayga Ostrower, Fritz Oliven, Stefan Zweig
Leitores brasileiros “escalaram” o romance “A Montanha Mágica”, do escritor alemão Thomas Mann (filho de uma brasileira), aprenderam a pensar sobre os tempos modernos com “Massa e Poder”, do filósofo e escritor búlgaro (de expressão alemã) Elias Canetti graças à perícia do tradutor alemão Herbert Moritz Caro e ficaram bem-informados sobre a literatura transnacional devido a competência e ao enciclopedismo do austríaco Otto Maria Carpeaux. O húngaro Paulo Rónai trouxe para o deleite patropi a literatura da Hungria, de outros países e, inclusive, a obra completa do escritor francês Honoré de Balzac. O alemão Anatol Rosenfeld se tornou um crítico notável e um guia cultural seguro, dada sua formação filosófica e literária rigorosa. Stefan Zweig, ao se mudar para o Brasil, notou que se tratava do “país do futuro”. Ante o temer da expansão nazista, se matou no país do fascista Plínio Salgado, em 1942, aos 60 anos. Vários judeus contribuíram para robustecer as artes e a ciência no Brasil.
Há um livro valioso que conta a história dos que fugiram da serpente nazista para o Brasil, a partir de 1933, quando Adolf Hitler, um austríaco, assumiu o comando da Alemanha, e, surpreendentemente, pela via legal. Trata-se de “Exílio e Literatura — Escritores de Fala Alemã Durante a Época do Nazismo” (Edusp, 291 páginas, tradução de Karola Zimber), de Izabela Maria Furtado Kestler.
Agora surge um livro que, aparentemente, será igualmente valioso (e mais amplo): “Dicionário dos Refugiados do Nazifascismo no Brasil” (Casa Stefan Zweig, 832 páginas), edição de Israel Beloch, com o apoio de Fábio Koifman, Kristina Michaelis e mais de dez pesquisadores.
O livro conta a história de 300 pessoas que, para escapar do nazifascismo, fugiram para o Brasil e aqui se destacaram em vários setores.
A obra lista, entre outros, Fayga Ostrower, Fritz Oliven, Stefan Zweig, Nydia Lícia (atriz), Ida Gomes (Ida Szafran, atriz), Berta Loran (atriz), Edoardo de Guarnieri (músico, pai de Gianfrancesco Guarnieri — este chegou ao Brasil com 2 anos de idade e se tornou ator e diretor), Louis Jouvet, Ziembinski (Zbigniew Marian), Georges Bernanos, Otto Maria Carpeaux, Anatol Rosenfeld, Herbert Caro, Frans Krajcberg, Paulo Rónai.
A obra nasce como referência incontornável. Porque, se havia informação dispersa, agora há informações concentradas sobre os refugiados.
O livro, que já está à venda nas livrarias — por 118 reais —, pode abrir as portas para outras obras sobre o tema. Porque, a rigor, muito mais de 300 judeus — e não judeus — fugiram para o Brasil para escapar do totalitarismo nazista.
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