domingo, 12 de novembro de 2023

O custo do Estado brasileiro - Percival Puggina

 FACA SEM CABO E SEM LÂMINA 

Percival Puggina - 06/11/2023 

 

Conta-se que uma fábrica de facas reuniu seus executivos para estudar uma forma de se tornar mais competitiva. Era imperioso diminuir o custo de suas facas. No meio da reunião, um dos participantes, cogitando da hipótese de que o custo do cabo afetasse demasiadamente o custo da faca, perguntou: 

 

- Quanto custaria nossa faca, se fosse fabricada sem o cabo? 

 

Alguém da contabilidade fez as contas e concluiu que essa faca sem cabo custaria 80% da faca inteira. Um outro foi além: 

 

- E quanto custaria cada faca se a fizéssemos sem lâmina? 

 

Por curiosa que fosse a ideia de uma faca sem lâmina, a contabilidade fez os custos e informou que ela sairia por 60% de uma faca completa. Por fim, a pergunta aparentemente mais delirante: 

 

- E se fizéssemos a faca sem lâmina e sem cabo, qual seria seu custo? 

 

O chefe da contabilidade, calculadora em punho, informou, irritado, que aquela hipótese de faca, “essa coisa sem cabo e sem lâmina, custaria 40% da faca inteira”. 

 

O diálogo serviu para mostrar a todos que os custos fixos, incluídos impostos e salários, inclusive o deles, chegava a 40% do preço da faca. Mesmo sem fazer nenhuma faca, ainda assim a fábrica tinha um gasto elevado. Se quisessem baixar o preço da faca teriam que reduzir as despesas da administração. 

 

Isto é um aviso para todos nós e para o Brasil. Num processo de crescimento lento, ou recessivo, podem acontecer duas coisas e nenhuma é boa. Na primeira alternativa, os preços sobem porque os custos fixos têm que ser repartidos entre uma quantidade menor de produtos vendidos. 

 

Nós já tivemos isso: recessão e inflação. O que é uma loucura. 

 

Na segunda hipótese, o governo ou os cidadãos passam a importar de onde os produtos, sem inflação e sem recessão, custam menos. E aí a indústria nacional quebra. O Estado brasileiro é uma fábrica de facas sem cabo e sem lâmina. Custa caríssimo para existir e sua entrega é desproporcional à sua despesa. O pouco que entrega é caro demais. 

 

Por isso, as pessoas de bom senso insistem na necessidade de reforma administrativa para reduzir o tamanho do Estado e na redução do gasto público como forma de diminuir a carga tributária – sem dúvida o maior estímulo ao consumo e à produção. 

 

O baixo crescimento econômico é sinônimo de desemprego ou subemprego; sinônimo, também, de maior índice de pobreza, ou seja, de aumento do gasto público, situação em que uma faca, sem cabo e sem lâmina, na mão do Estado, corta nosso pescoço.

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