Uma reflexão preventiva, e realista, sobre mundos alternativos
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre a crença numa nova ordem global associada aos BRICS
Pergunta simples: o povo que acolhe com entusiasmo notícias sobre a “nova ordem global” do Brics e associados acredita realmente, sinceramente, que esse mundo proposto por Rússia e China será melhor, mais gentil, mais livre, mais abundante e convivial do que o do execrado Ocidente?
Com base em quê acreditam nisso?
Já examinaram como funciona de verdade a vida na Rússia do neoczar Putin? Naquela mídia estranhamente parecida com os tempos de Brejnev, ou até de Stalin?
Já pensaram em todas as redes sociais, em todos os gadgets eletrônicos, em toda a diversidade cultural de ofertas online e presenciais, em todos os livros e jornais impressos e digitais de que hoje desfrutam sob esse malvado Ocidente e nos seus equivalentes que estariam à sua disposição num novo mundo organizado pelo Big Brother do PCC sob Xi Jinping?
Todos esses acadêmicos que sentem frenesi, ou até um supremo prazer, por notícias confirmando o declínio inevitável do Ocidente, a decadência fatal dos EUA, que se horrorizam ante a perspectiva de ter o Trump novamente, enfim, que saúdam alegremente a expansão do BRICS e que acham que essa nova ordem global pós ocidental lhes será mais benéfica, amena e mais agradável, todos eles já viveram, têm conhecimento, leram o bastante, sabem o suficiente sobre como foi ou como é a vida nesse tipo de organização social e política alternativa ao malvado capitalismo do Ocidente?
Estão ansiosos para viver nesse novo mundo, nessa nova ordem global pós ocidental?
Acham realmente que Cuba, Venezuela, Rússia, China, Irã, enfim, esses países livres da péssima influência ocidental, isto é, americana, são modelos de um novo e desejável estilo de vida, sobretudo para as mulheres, gays, de convivência saudável, de barzinhos LGBTQ+, praias saudáveis e aconchegantes, de mídia livre, disponível nessa anarquia atual de comunicações não supervisionadas por algum censor estatal, livrarias oferecendo tudo do bom, do mau e do feio, ou medíocre, como ocorre hoje em nossos ambientes sociais, organizados pela mão invisível desses mercados tão execrados e dominados pelo capitalismo selvagem de financistas sem almas?
Elas já pararam para pensar em como seria vida nessa nova ordem global sem dólares ou euros, com várias moedas locais enfim desdolarizadas, passando pelo yuan, rublo, rúpia, rand e real, tudo isso planejando embarcar para NY ou Paris?
Onde vivem esses sonháticos?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4507, 6 novembro 2023, 2 p.
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