quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Momentos decisivos da história do Brasil na vertente diplomática - Paulo Roberto de Almeida

Momentos decisivos da história do Brasil na vertente diplomática 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre os caminhos errados tomados pelo Brasil desde o início do século. 

 

Em algumas fases do caminho nacional, a estrada bifurca, como já demonstrou Antonio Paim, num livro portando esse título: Momentos Decisivos da História do Brasil. Ele acha que tomamos o caminho errado na estrada que poderia nos ter levado ao desenvolvimento com democracia. Toma três casos da política interna, econômica e institucional.

Eu vou apenas me concentrar num aspecto da política externa, mas que me parece reproduzir essa bifurcação da estrada diplomática, que influenciou a projeção internacional do Brasil no último quarto de século.

As trajetórias de Putin e de Lula desde o final dos anos 1980 são totalmente independentes, mas bastante coincidentes e incrivelmente convergentes: enfraquecer a hegemonia dos EUA no mundo e abrir caminho para uma “nova ordem mundial”. No caso de Putin de forma muito consciente. No caso de Lula, parece ser o produto de certos instintos primitivos incutidos por um dos componentes ideológicos do PT. Tais crenças arrastam o Brasil para caminhos divergentes dos seus reais interesses nacionais na continuidade do seu processo de desenvolvimento econômico e social, com plena preservação dos ideais e instituições democráticas.

Essa bifurcação começou em 2003, com a escolha das alianças externas, não exatamente os velhos parceiros do Ocidente democrático e capitalista, mas algumas ditaduras execráveis do Terceiro Mundo, duas democracias de baixa qualidade no assim chamado Sul Global e duas grandes autocracias historicamente totalitárias. Vamos exemplificar com as siglas apenas: IBAS, CASA, UNASUL, BRIC, BRICS, BRICS+. Tem mais, mas essas siglas bastam para representar os caminhos tomados em algumas bifurcações da estrada do Brasil na política externa presidencial. A diplomacia simplesmente seguiu atrás. 

Como diria um filósofo, as consequências sempre vêm depois. O Brasil já tem e terá algumas consequências dessas escolhas no futuro à nossa frente.

Os últimos 30 anos foram marcados pela retomada do projeto imperial russo. Lula e o PT parecem concordar plenamente com os objetivos do atual neoczar. Esse é o caminho para a política externa do Brasil? Esse é o empenho da atual diplomacia? Os diplomatas profissionais sabem o que isso representa para o futuro do mundo e do Brasil? Seguem na estrita obediência? 

Existe uma clara falta de compasso moral na política externa do Brasil; a diplomacia profissional tem sido incapaz de incutir qualquer noção ética nas tomadas de posição do governo Lula em favor de ditaduras absurdas, que perpetram crimes de guerra e contra os direitos humanos.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4568, 25 janeiro 2024, 2 p.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.