Brics ampliado nasce com 80% de autocracias Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Irã e Etiópia passam a fazer parte do Brics nesta segunda, 1º de janeiro de 2024.
Redação revista Crusoé
Com isso, o bloco passa a contar com dez membros. Em alguns lugares, o grupo tem sido chamado de Brics 10. A Argentina, que estava cotada para entrar no bloco, desistiu após a eleição do presidente Javier Milei. O Brics 10 nasce com uma maioria de ditaduras e autocracias. É o que se pode concluir após analisar como os dez membros se encaixam nas quatro categorias do V-Dem, o instituto que mede as democracias no mundo e fica em Gotemburgo, na Suécia.
Dos dez países do Brics 10, nenhum se encaixa na categoria de democracias liberais em que, além de eleições, há ampla liberdade de expressão e liberalismo econômico. Na categoria das democracias eleitorais estão apenas Brasil e África do Sul. No time das autocracias eleitorais, em que regimes fechados realizam eleições protocolares, estão quatro países: Índia, Egito, Etiópia e Rússia. Entre as autocracias fechadas estão mais quatro: China, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. De acordo com o último ranking do V-Dem, pela primeira vez desde 1995, há mais autocracias fechadas no mundo que democracias liberais.
O Brics ampliado, portanto, é um reflexo desse mundo cada vez mais autocrata. Um dos maiores entusiastas do Brics ampliado é o ditador chinês Xi Jinping. Em declarações que deu em agosto, na cúpula dos Brics que aconteceu na África do Sul, Xi disse que a expansão do bloco é histórica e um novo começo para a cooperação entre os países. No mesmo evento, Lula também enalteceu a ampliação do grupo, que foi criado por iniciativa do petista Celso Amorim e do russo Sergey Lavrov. “Nós éramos chamados de terceiro mundo, depois cansaram e começaram a chamar de países em via de desenvolvimento e agora nós somos o Sul Global. Veja a mudança de nome, que pomposo.
O que é importante nisso é que o mundo está mudando. A economia também começa a mudar, a geopolítica começa a mudar porque as coisas vão acontecendo e a gente vai ganhando consciência de que nós temos que nos organizar”, disse Lula. “O nosso [bloco, o Brics] não pensa só economicamente, o nosso também pensa politicamente. E é por isso que eu acho que o Brics está consolidado como uma referência.
Qualquer ser humano, jornalista, cientista político que quiser discutir a geopolítica econômica, a geopolítica científica e tecnológica, a geopolítica de qualquer coisa vai ter que conversar com o Brics também, não é só com Estados Unidos e G7 [grupo de sete dos países mais industrializados do mundo]”, afirmou o presidente. Como afirmou Lula, o Brics também pensa politicamente. E seu pendor é claramente pelas autocracias do mundo.
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