O Naufrágio das Civilizações
Amin Maalouf
Dois livros de Amin Maalouf, O naufrágio das civilizações e O labirinto dos desgarrados, ambos lançados pela editora Vestígio, compõem um fascinante painel histórico dos dramas e dilemas do mundo contemporâneo e das relações entre Ocidente e Oriente, entre tradição e modernidade.
Eis uma entrevista com o autor publicada pela Lire la Société.
Vocês podem encomendar os dois livros no site da Trabalhar Cansa ou pelo WhatsApp (11) 97860-6565
P - Qual é o propósito do seu trabalho?
Amin Maalouf - O naufrágio das civilizações começa como memórias íntimas. Depois, aos poucos, evolui para algo diferente. É como se eu olhasse para o mundo da minha infância e depois me mudasse, e, ao me afastar, tivesse uma visão um pouco mais ampla. E aí, principalmente a partir dos meus vinte anos, comecei a observar o mundo de uma forma um pouco mais ampla e a tentar entender o que aconteceu, como chegamos lá.
P - Qual é a sua definição de civilização e como ela “cimenta” as sociedades humanas?
AM - A noção de civilização tal como a utilizo neste livro é bastante simples. É uma referência à ideia que desenvolvemos, especialmente no final do século XX, de um choque entre civilizações. O título do livro desenvolve esta mensagem que diz que, em última análise, são todas as civilizações que naufragam.
Não é uma civilização que está simplesmente lutando contra a outra, todas estão em dificuldades, estão todas desmoronando e, se naufragarem, naufragarão juntas. Tomo a noção de civilização num sentido empírico, não estou tentando voltar à antiga e mais clássica distinção entre civilização, cultura... Diria que é um uso mais comum do termo civilização.
P - Como a herança que você adquiriu ao crescer no Líbano determinou o rumo da sua história?
AM - Acredito que quando você cresce em uma região onde há divergências e conflitos constantes... Você adquire o hábito de observar o mundo de uma determinada maneira. Nascer em uma sociedade já dividida em comunidades, cada uma com sua trajetória, sua história, confere certos hábitos de pensamento, e o fato de vivenciar acontecimentos, também violentos, afeta a forma como vemos as coisas. Não sei dizer exatamente como ter nascido no Líbano afetou a minha visão, mas tenho certeza de que sim.
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