Qual a única alternativa para que o Brasil possa exercer plenamente a sua soberania?
Carlos Alberto Torres
Em primeiro lugar, precisamos partir de uma premissa: não somos uma potência bélica ou nuclear.
Considerada essa premissa como um fato, precisamos nos perguntar: a emergência da China como potência econômica, bélica e nuclear acabou com o mundo unipolar sob a hegemonia dos EUA?
Se isto é verdade, passaremos a viver uma nova guerra fria entre os EUA e a China? Será reproduzida a velha guerra fria do passado entre os EUA e a URSS? Lembremos que estas não entraram em guerra diretamente apenas porque possuíam capacidades dissuasórias suficientes para se amedrontarem mutuamente!
Se o mundo que se configura é esse – o da bipolaridade –, as nossas chances de soberania são diminutas. Os US possuem uma longa experiência de derrubar governos, democratas ou não, que tentaram se alinhar dubiamente em sua área de influência. É este o mundo que está na cabeça do Trump.
Mas existe uma outra alternativa, e apenas uma: a de que o mundo que esteja sendo formatado seja o da multipolaridade. É este o desejado pela China, por concepção histórica, necessidade (já que emerge pegando de susto o atual hegemon) e por estratégia.
Neste espaço instável, soberania significa neutralidade. Conseguiríamos formar um sistema de aliança com outros países, também neutros, que pudessem escapar, digamos assim, do fogo cruzado entre as grandes potências? Ou, na tentativa de fazer isso com uma política independente, seremos abatidos em pleno vôo?
Este é o nosso dilema. Se o governo que será eleito em 2026 continuar a ser o da bipolarização “Lula x Bolsonaro”, teremos pouca chance de soberania. Um porque será derrubado, o outro porque já nascerá vassalo!
Mas se a nossa inteligência adaptativa conseguir produzir um governo soberano de unidade nacional, ocidental e democrático teremos chance! Seremos capazes disso?
(Lido em 1/08/2025)