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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Politica Externa: a Bolivia, ah, a Bolivia, e seu embaixador falador...

Maquiavel

Bolívia desistiu de processar VEJA, diz embaixador

Jerjes Justiniano, embaixador da Bolívia no Brasil, e Evo Morales, presidente da Bolívia
Jerjes Justiniano, embaixador da Bolívia no Brasil, e Evo Morales, presidente da Bolívia (Freddy Zarco/VEJA)
Em 2012, Jerjes Justiniano assumiu o posto de embaixador da Bolívia no Brasil trazendo um estranho item na pauta de exportação de seu governo: a intimidação dos meios de comunicação. VEJA havia acabado de revelar os vínculos do narcotráfico com integrantes do governo boliviano e com pessoas próximas ao presidente Evo Morales ("A república da cocaína", de 11 julho de 2012). Apesar de não ter formação de diplomata, Justiniano já desembarcou com pleno domínio da linguagem estudada e cheia de reticências que caracteriza as relações exteriores: disse que pretendia "meter a mão" em VEJA. Para isso, faria gestões junto ao Itamaraty para obrigá-la a se retratar — acreditando, ao que parece, que liberdade de imprensa não é um direito democrático, mas um favor concedido pelo poder. Ameaçava também processar a revista. Não se sabe se Justiniano continua importunando o Itamaraty. Nesta terça-feira, contudo, o embaixador anunciou ter renunciado ao propósito de levar VEJA à Justiça. A decisão, disse ele, foi respaldada pelo presidente Morales. Justiniano deu duas justificativas. Primeiro, os preços dos serviços legais no Brasil o deixaram estarrecido. Um escritório de advocacia teria querido cobrar 500 000 dólares. O mais barateiro, 200 000. Também lhe disseram que seria impossível ganhar a ação.