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domingo, 9 de abril de 2023

Carga misteriosa na visita de Lavrov ao Brasil - Claudio Dantas (Jovem Pan)

Carga misteriosa na visita de Lavrov

Visita do chanceler russo Serguei Lavrov ao Brasil no dia 17 vem causando desconforto entre representantes diplomáticos de países que apoiam a Ucrânia na guerra contra a Rússia

  • Por Claudio Dantas
  •  

  • 07/04/2023 14h09 - Atualizado em 07/04/2023 15h05
  • Willy Kurniawan / AFP
    Serguei Lavrov, chanceler da RússiaSerguei Lavrov, chanceler russo

    Representantes diplomáticos de países aliados da Ucrânia na guerra contra a Rússia estão desconfortáveis com a visita do chanceler russo Sergei Lavrov a Brasília, no próximo dia 17. O motivo é uma carga de 5 toneladas, classificada como ‘bagagem diplomática’, que deverá entrar no Brasil no período. O carregamento é sigiloso e encontra-se parado na Argentina, com previsão de transporte em uma semana. Essas fontes suspeitam que possam ser equipamentos sensíveis, armamentos ou dinheiro não declarado. Além do contêiner misterioso, Lavrov estaria trazendo em sua comitiva 18 agentes de segurança e inteligência.

    Malas e bagagens diplomáticas não podem ser revistadas, mas parlamentares da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado avaliam solicitar informações ao Itamaraty.

    Detalhes da viagem do chefe da diplomacia russa foram ajustados no encontro com Celso Amorim dias atrás, em Moscou. O assessor especial de Lula também foi recebido por Vladimir Putin, que convidou o presidente da República a visitá-lo. A missão discreta de Amorim teve como pauta oficial negociações sobre o comércio de fertilizantes e a oferta de Lula para mediar um acordo de paz. “Dizer que as portas estão abertas (para a negociação de paz) seria um exagero, porém afirmar que estão fechadas tampouco é verdade”, disse o assessor,  de forma lacônica.

    Céticos em relação a qualquer avanço num cessar-fogo, esses diplomatas ouvidos pela Jovem Pan, na condição de anonimato, enxergam os encontros como cortina de fumaça para uma aproximação estratégica entre Brasil e Rússia, no âmbito de um alinhamento geopolítico liderado pela China. É conhecida a intenção do bloco de se criar um sistema de pagamento global alternativo ao Swift, a fim de livrar aliados de sanções ocidentais. A esse contexto conturbado, somam-se prisões recentes de três espiões russos que estariam atuando mundo afora com identidades brasileiras. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira, 6, informa que a Polícia Federal suspeita do uso do país de forma sistemática para formar agentes ilegais pelo governo russo.

    *Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.


    terça-feira, 6 de dezembro de 2022

    Tinha uma Ucrânia no meio do caminho do Lula para a visita a Biden - Claudio Dantas (Antagonista)

     A questão mais espinhosa da futura política externa.

    O que Biden quer de Lula

    Jake Sullivan vem em missão especial, com um pacote de cobranças a Lula relacionadas à posição brasileira na guerra da Ucrânia

    O Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, estará em Brasília nesta segunda-feira 5 para encontro com Lula e integrantes do gabinete de transição.

    O principal item da pauta é a cobrança para que o governo brasileiro condene de forma clara a guerra na Ucrânia e se engaje com os EUA e parceiros europeus no fornecimento de armas para o regime de Zelenski.

    A gestão de Jair Bolsonaro negou a venda para a Ucrânia de 1500 veículos blindados Guarani, aviões Super Tucano da Embraer e lançadores de foguetes Astros da Avibras, além de grande quantidade de armamento.

    Biden não quer saber de diplomacia da bola ou da cervejinha.

    quarta-feira, 22 de setembro de 2021

    Alca e Mercosul: dois processos paralelos, não divergentes - Paulo Roberto de Almeida

     Alca e Mercosul: dois processos paralelos, não divergentes

     

     

    Paulo Roberto de Almeida

    Diplomata, professor

     

    Questão colocada:

    “Em retrospectiva, o Brasil deveria ter escolhido a Alca em detrimento do Mercosul?”

    Meus comentários: 

    Desde o início da ONU e de suas várias agências, o mundo do comércio exterior deixou de ser baseado em acordos bilaterais, de país a país, como existiam até a Segunda Guerra Mundial, para passar a ter um sistema multilateral de comércio, ou seja, um acordo geral sobre tarifas aduaneiras e comércio, que regula de maneira uniforme, regras e princípios de um regime aplicável a todos os países, com poucas exceções. As cláusulas básicas do sistema multilateral de comércio são: princípio da nação-mais-favorecida (ou seja, todo mundo é tratado de igual forma); tratamento nacional (ou seja, desde que um produto é importado, e paga tarifa, ele dever ser tratado como se fosse produção nacional); não discriminação (ou seja, nenhum país é tratado de uma forma especial, mas todos recebem o mesmo tratamento, para vantagens ou restrições); reciprocidade (se espera que quem receba um favor, sob a forma de redução de tarifas, por exemplo, deveria fazer alguma concessão a quem fez a oferta).

    Dentre as exceções ao princípio da nação-mais favorecida encontra-se precisamente a negociação de acordos de livre comércio ou de união aduaneira entre duas ou mais partes, com o que se viola essa cláusula, justamente, pois apenas as partes ao acordo vão se beneficiar dessa concessão, o que coloca todos os demais em desvantagem relativa. Essa exceção atinge as diferentes formas de acordos comerciais entre os países, numa escala crescente de compromissos, com obrigações e vantagens cada vez mais sofisticados. Uma representação desse esquema evolutivo, pode compreender a seguinte gradação da integração: 

    1) Preferências Tarifárias (PT): os países negociam redução de tarifas sobre apenas alguns produtos; é a forma mais simples de derrogação ao princípio fundamental do Gatt; e não estava previsto no formato original do Artigo 24 do Gatt.

    2) Zona de livre comércio (ZLC): é quando os países reduzem todas as tarifas e medidas não tarifas sobre todos os produtos, ou seja, não existem mais restrições ao comércio em qualquer setor; mas vale apenas para o comércio entre as partes.

    3) União Aduaneira (UA): quando os países, além de estabelecerem uma zona de livre comércio entre eles, dão um passo além, e estabelecem uma política comercial comum válida para quaisquer outros países; na prática, significa que não podem mais fazer acordos de livre comércio, ou qualquer outro, de forma individual, e só podem fazê-lo de maneira conjunta e uniforme.

    4) Mercado Comum (MC): trata-se de um passo adiante na integração, pois além da ZLC e da UZ, os países consentem em eliminar quaisquer tipos de barreiras ao comércio de bens e serviços, mais movimentos de capitais e fluxos migratórios, ou seja, todos os fatores de produção estão envolvidos nesse formato.

    5) União Monetária (UM): com todos os formatos anteriores aplicados de forma totalmente livre entre os membros do acordo, eles decidem também eliminar suas moedas nacionais, e, portanto, o câmbio e a conversibilidade, e adotar uma moeda comum entre eles, que também pode ser única. É o caso do euro, que no entanto não se aplica a todos os países membros da União Europeia, mas apenas aos que decidiram largar a sua moeda nacional para transferir esse poder para uma entidade comum, geralmente supranacional. 

     

    Temos diferentes exemplos de cada um desses tipos de integração, desde os mais simples, que são geralmente usados por países em desenvolvimento que estão na primeira etapa do processo integracionista, até a União Europeia, que já passou por todas elas, possui um moeda comum, embora não única, entre aqueles membros que resolveram abandonar suas moedas nacionais e discutem inclusive constituir uma federação, ou seja, possuir poderes comuns entre eles e até instituições compartilhadas, ou seja, na justiça, defesa e relações exteriores (o que também existe, embora de forma mais limitada entre os membros da UE. No meio temos, dezenas, centenas de acordos de livre comércio que existem entre os mais diversos países, como é o caso do EFTA, os quatro países que não foram adiante na integração europeia: Noruega, Suíça, Islândia e Lietchenstein, sendo que o líder do grupo, até 1972, era a Grã-Bretanha. Mas também temos algumas uniões aduaneiras, o que é o caso do Mercosul, criado em 1991, mas que não é o do NAFTA, o acordo de livre comércio da América do Norte, que passou por diversas mudanças recentemente. 

    Mas era também o caso do projeto americano da Alca, proposto pelo presidente Clinton, e que foi negociado durante quase dez anos, entre quase todos os países do hemisfério americano (menos Cuba), mas que acabou não sendo aprovado e terminou sendo abandonado. Pois bem, o que podemos dizer, portanto, é que não existe contradição entre o Mercosul, que é um projeto de integração de 1991, mais profundo, entre os vizinhos do Cone Sul da América do Sul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – e o projeto americano da Alca, área de livre comércio das Américas, de 1994, e que nunca chegou a existir. Mas o Mercosul poderia, sim, como bloco, ter pertencido a uma Alca, se esta viesse a existir, o que não foi o caso, pela simples razão de que é possível a uma ZLC ter diferentes parceiros, sem qualquer exclusão, ao passo que uma UA exige exclusividade de tratamento entre os membros (ou seja, uniões aduaneiras requerem que todos tenham a mesma política comercial).

    A razão é simples: o Mercosul surgiu antes, e resolveu saltar uma etapa do processo integracionista, passando logo para a UA, uma escala antes do MC e uma depois da ZLC, sendo que o Mercosul, conjuntamente, pode negociar acordos de liberalização comercial com muitos outros países, ou até com blocos, como é o caso do acordo entre a União Europeia e o bloco sul-americano, assinado em junho de 2019, mas que ainda não entrou em vigor, e não se sabe quando entrará. Já a Alca, foi apenas um projeto, negociado, durante dez anos, mas que não chegou a ser concluído, por divergências entre os negociadores. Assim, teoricamente, o Mercosul poderia continuar existindo como bloco aduaneiro, fazendo parte de uma ZLC americana, ou hemisférica, o que entretanto não foi o caso, por razões que podem ser examinadas.

    Na prática, não ocorre totalmente de maneira uniforma e linear entre os diversos tipos de integração econômica, como pode ser demonstrado pela imensa variedade de esquemas existentes no mundo. Recomenda-se uma visita à página da Organização Mundial do Comércio (www.wto.org), para examinar mais de perto essa questão, que deve ser encarada como expressão os diferentes modelos de integração que os países buscam, em função de suas preferências regionais ou de alianças políticas entre eles.

     

    Paulo Roberto de Almeida

    Brasília, 3894: 21 de setembro de 2021

     

    "O mundo já conhece Bolsonaro, o último negacionista do planeta", diz embaixador
    Entrevista com o Antagonista Claudio Dantas, em torno do tema do momento: discurso mentiroso do Bozo na ONU:

    No Papo Antagonista desta terça-feira, Claudio Dantas e Diego Amorim entrevistaram o embaixador Paulo Roberto de Almeida, que criticou o discurso de Jair Bolsonaro na ONU.


    sábado, 11 de agosto de 2018

    A Grande Corrupcao lulopetista: 307 encontros entre Mantega e Odebrecht

    Isso é apenas parte da história, uma pequena parte...
    A Lava Jato ainda não apurou quantos encontros, abertos e furtivos (sobretudo estes últimos), teve Mantega com o "super-capitalista companheiro", o homem das empresas X, todas elas regiamente sustentadas por centenas de milhões generosamente repassadas por esse Banco de Grandes Bobos que é o BNDES. O dia em que a PF, ou o MPF, rastrearem as ligações e os encontros entre Mantega e Eike Batista, talvez o número se aproxime, ou talvez até supere, esses encontros entre o ministro da fazendona companheira e o grande capitalista promíscuo, o homem da empresa geneticamente corrupta que deve mudar de nome doravante, com toda probabilidade. A PF também pode solicitar as planilhas de voo do jatinho do Mister X, e as vezes em que Mister Manteiga viajou de "carona", para o Rio ou SP. Pena que eles não conseguiram pegar parte das verbas generosas repassadas em formato cash de X a M, em $$ de várias denominações, à escolha do cliente.
    Os brasileiros ainda não se deram conta de que os dois ÚNICOS ministros das finanças pessoais do PT, por acaso também do Brasil, foram apparatchiks especialmente dedicados às doações legais e ILEGAIS dos capitalistas achacados em favor da maior organização criminosa que já governou o Brasil. Pela PRIMEIRA VEZ na história do Brasil, tivemos não apenas ministros da Fazenda, mas súditos do grande chefão mafioso que colocaram toda a máquina do Estado, naquela jurisdição, a serviço do projeto de poder do PT. 
    Estou apenas refletindo o que leio na imprensa diária, com base na minha percepção daquilo que os americanos chamam de "compelling evidences", que deveria garantir a todos os protagonistas pelo menos 300 anos de cadeia.
    Paulo Roberto de Almeida 
    Brasília, 11 de agosto de 2018


    Lava Jato rastreia 307 encontros de Mantega com Marcelo Odebrecht para aprovação de MPs


    Por Claudio Dantas

    Na denúncia contra Guido Mantega, o MPF anexa relatório com a identificação de 307 possíveis encontros de Marcelo Odebrecht com o então ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, entre os anos de 2011 e 2015.
    A partir do cruzamento das ERBs (antenas de celular) utilizadas por Marcelo e Mantega, a Lava Jato verificou que ambos estiveram nos mesmos lugares ao mesmo tempo.
    “A elevada quantidade de encontros destoa completamente de uma relação sadia e proba entre um ministro da Fazenda e um alto executivo de um grupo empresarial”, escrevem os procuradores.
    A força-tarefa também identificou 118 ligações telefônicas do celular de Marcelo Odebrecht para assessores de Guido Mantega, e mais 129 chamadas entre as secretárias de ambos. Segundo o MPF, o objetivo dos contatos era viabilizar a aprovação das MPs 470 e 472, de interesse da Odebecht.