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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Alca e Mercosul: dois processos paralelos, não divergentes - Paulo Roberto de Almeida

 Alca e Mercosul: dois processos paralelos, não divergentes

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

 

Questão colocada:

“Em retrospectiva, o Brasil deveria ter escolhido a Alca em detrimento do Mercosul?”

Meus comentários: 

Desde o início da ONU e de suas várias agências, o mundo do comércio exterior deixou de ser baseado em acordos bilaterais, de país a país, como existiam até a Segunda Guerra Mundial, para passar a ter um sistema multilateral de comércio, ou seja, um acordo geral sobre tarifas aduaneiras e comércio, que regula de maneira uniforme, regras e princípios de um regime aplicável a todos os países, com poucas exceções. As cláusulas básicas do sistema multilateral de comércio são: princípio da nação-mais-favorecida (ou seja, todo mundo é tratado de igual forma); tratamento nacional (ou seja, desde que um produto é importado, e paga tarifa, ele dever ser tratado como se fosse produção nacional); não discriminação (ou seja, nenhum país é tratado de uma forma especial, mas todos recebem o mesmo tratamento, para vantagens ou restrições); reciprocidade (se espera que quem receba um favor, sob a forma de redução de tarifas, por exemplo, deveria fazer alguma concessão a quem fez a oferta).

Dentre as exceções ao princípio da nação-mais favorecida encontra-se precisamente a negociação de acordos de livre comércio ou de união aduaneira entre duas ou mais partes, com o que se viola essa cláusula, justamente, pois apenas as partes ao acordo vão se beneficiar dessa concessão, o que coloca todos os demais em desvantagem relativa. Essa exceção atinge as diferentes formas de acordos comerciais entre os países, numa escala crescente de compromissos, com obrigações e vantagens cada vez mais sofisticados. Uma representação desse esquema evolutivo, pode compreender a seguinte gradação da integração: 

1) Preferências Tarifárias (PT): os países negociam redução de tarifas sobre apenas alguns produtos; é a forma mais simples de derrogação ao princípio fundamental do Gatt; e não estava previsto no formato original do Artigo 24 do Gatt.

2) Zona de livre comércio (ZLC): é quando os países reduzem todas as tarifas e medidas não tarifas sobre todos os produtos, ou seja, não existem mais restrições ao comércio em qualquer setor; mas vale apenas para o comércio entre as partes.

3) União Aduaneira (UA): quando os países, além de estabelecerem uma zona de livre comércio entre eles, dão um passo além, e estabelecem uma política comercial comum válida para quaisquer outros países; na prática, significa que não podem mais fazer acordos de livre comércio, ou qualquer outro, de forma individual, e só podem fazê-lo de maneira conjunta e uniforme.

4) Mercado Comum (MC): trata-se de um passo adiante na integração, pois além da ZLC e da UZ, os países consentem em eliminar quaisquer tipos de barreiras ao comércio de bens e serviços, mais movimentos de capitais e fluxos migratórios, ou seja, todos os fatores de produção estão envolvidos nesse formato.

5) União Monetária (UM): com todos os formatos anteriores aplicados de forma totalmente livre entre os membros do acordo, eles decidem também eliminar suas moedas nacionais, e, portanto, o câmbio e a conversibilidade, e adotar uma moeda comum entre eles, que também pode ser única. É o caso do euro, que no entanto não se aplica a todos os países membros da União Europeia, mas apenas aos que decidiram largar a sua moeda nacional para transferir esse poder para uma entidade comum, geralmente supranacional. 

 

Temos diferentes exemplos de cada um desses tipos de integração, desde os mais simples, que são geralmente usados por países em desenvolvimento que estão na primeira etapa do processo integracionista, até a União Europeia, que já passou por todas elas, possui um moeda comum, embora não única, entre aqueles membros que resolveram abandonar suas moedas nacionais e discutem inclusive constituir uma federação, ou seja, possuir poderes comuns entre eles e até instituições compartilhadas, ou seja, na justiça, defesa e relações exteriores (o que também existe, embora de forma mais limitada entre os membros da UE. No meio temos, dezenas, centenas de acordos de livre comércio que existem entre os mais diversos países, como é o caso do EFTA, os quatro países que não foram adiante na integração europeia: Noruega, Suíça, Islândia e Lietchenstein, sendo que o líder do grupo, até 1972, era a Grã-Bretanha. Mas também temos algumas uniões aduaneiras, o que é o caso do Mercosul, criado em 1991, mas que não é o do NAFTA, o acordo de livre comércio da América do Norte, que passou por diversas mudanças recentemente. 

Mas era também o caso do projeto americano da Alca, proposto pelo presidente Clinton, e que foi negociado durante quase dez anos, entre quase todos os países do hemisfério americano (menos Cuba), mas que acabou não sendo aprovado e terminou sendo abandonado. Pois bem, o que podemos dizer, portanto, é que não existe contradição entre o Mercosul, que é um projeto de integração de 1991, mais profundo, entre os vizinhos do Cone Sul da América do Sul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – e o projeto americano da Alca, área de livre comércio das Américas, de 1994, e que nunca chegou a existir. Mas o Mercosul poderia, sim, como bloco, ter pertencido a uma Alca, se esta viesse a existir, o que não foi o caso, pela simples razão de que é possível a uma ZLC ter diferentes parceiros, sem qualquer exclusão, ao passo que uma UA exige exclusividade de tratamento entre os membros (ou seja, uniões aduaneiras requerem que todos tenham a mesma política comercial).

A razão é simples: o Mercosul surgiu antes, e resolveu saltar uma etapa do processo integracionista, passando logo para a UA, uma escala antes do MC e uma depois da ZLC, sendo que o Mercosul, conjuntamente, pode negociar acordos de liberalização comercial com muitos outros países, ou até com blocos, como é o caso do acordo entre a União Europeia e o bloco sul-americano, assinado em junho de 2019, mas que ainda não entrou em vigor, e não se sabe quando entrará. Já a Alca, foi apenas um projeto, negociado, durante dez anos, mas que não chegou a ser concluído, por divergências entre os negociadores. Assim, teoricamente, o Mercosul poderia continuar existindo como bloco aduaneiro, fazendo parte de uma ZLC americana, ou hemisférica, o que entretanto não foi o caso, por razões que podem ser examinadas.

Na prática, não ocorre totalmente de maneira uniforma e linear entre os diversos tipos de integração econômica, como pode ser demonstrado pela imensa variedade de esquemas existentes no mundo. Recomenda-se uma visita à página da Organização Mundial do Comércio (www.wto.org), para examinar mais de perto essa questão, que deve ser encarada como expressão os diferentes modelos de integração que os países buscam, em função de suas preferências regionais ou de alianças políticas entre eles.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3894: 21 de setembro de 2021

 

"O mundo já conhece Bolsonaro, o último negacionista do planeta", diz embaixador
Entrevista com o Antagonista Claudio Dantas, em torno do tema do momento: discurso mentiroso do Bozo na ONU:

No Papo Antagonista desta terça-feira, Claudio Dantas e Diego Amorim entrevistaram o embaixador Paulo Roberto de Almeida, que criticou o discurso de Jair Bolsonaro na ONU.


terça-feira, 23 de junho de 2020

O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020 - novo livro Paulo R. de Almeida

O Mercosul e o regionalismo latino-americano
ensaios selecionados, 1989-2020

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em ciências sociais.
Mestre em economia internacional.
Diplomata.



Brasília
Diplomatizzando
2020

Sumário: 

Prefácio – O Mercosul e a integração latino-americana
Prólogo – A América Latina: entre a estagnação e a integração (1989)

Primeira Parte
O Mercosul em sua fase de crescimento
1. Mercosul: o salto para o futuro (1991)
2. Mercosul e Comunidade Econômica Europeia (1992) 
3. Dois anos de processo negociador no Mercosul (1993) 
4. O Brasil e o Mercosul em face do Nafta (1994) 
5. Mercosul e União Europeia: vidas paralelas? (1994) 
6. O futuro do Mercosul: dilemas e opções (1998) 
7. Coordenação de políticas macroeconômicas e união monetária (1999)
8. O Brasil e os blocos regionais: soberania e interdependência (2001)
9. Trajetória do Mercosul em sua primeira década, 1991-2001 (2001) 

Segunda Parte
Crises e desafios do Mercosul
10. O Mercosul em crise: que fazer? (2003) 
11. Relações do Brasil com a América Latina desde o século XIX (2004)
12. Mercosul: sete teses na linha do bom senso (2005) 
13. Problemas da integração na América do Sul (2006) 
14. Mercosul e América do Sul na visão estratégica brasileira (2007) 
15. O regionalismo latino-americano vis-à-vis o modelo europeu (2009) 
16. Seria o Mercosul reversível? (2011) 
17. Desenvolvimento histórico do Mercosul aos seus 20 anos (2011)
18. Perspectivas do Mercosul ao início de sua terceira década (2012) 
19. Os acordos extra-regionais do Mercosul (2012) 

Terceira Parte
Estagnação do processo integracionista
20. A economia política da integração regional latino-americana (2012)
21. O Mercosul aos 22 anos: algo a comemorar? (2013)
22. O megabloco do Pacífico e o Brasil (2015) 
23. O Mercosul aos 25 anos: minibiografia não autorizada (2016) 
24. Regional integration in Latin America: an historical essay (2018)
25. O Brasil isolado na América do Sul (2019)

Epílogo – Conflitos Brasil-Argentina, paralisia do Mercosul (2020)

Apêndices:
Livros publicados pelo autor
Nota sobre o autor 

Prefácio – O Mercosul e a integração latino-americana


Uma das temáticas mais frequentes em meus escritos, desde que dei início a uma coleta organizada de meus trabalhos de natureza acadêmica, e já em atividade profissional na carreira diplomática, foi a da integração latino-americana, em especial em conexão com o Mercosul, como reflexo de um precoce interesse intelectual pelo assunto, mas sobretudo como resultado do seguimento dessas questões no contexto da política externa regional do Brasil. Numa criteriosa seleção dos trabalhos enfeixados sobre os conceitos de “integração” e de “Mercosul”, detectei a existência de duas centenas de escritos tratando desses assuntos, sob os mais diferentes aspectos e formatos: ensaios históricos, artigos conjunturais, entrevistas e respostas a questionários submetidos por jornalistas e pesquisadores, resenhas voluntárias, capítulos em colaboração ou prefácios (a convite) a livros sobre esses temas, ademais de um breve papel como organizador de documentação sobre os primórdios do Mercosul e editor de periódico sobre o bloco em seus primeiros momentos, do nascimento a uma fugaz consolidação. 
De todos esses trabalhos, excluídos os livros sobre o assunto, selecionei pouco mais de um décimo do total para compor este volume, aqueles que me pareceram mais representativos de meu pensamento, de minhas pesquisas, ou dotados de certa resiliência temporal, para escapar ao julgamento implacável da conjuntura. Não entraram aqui, por exemplo, as muitas notas introdutórias que fiz ao Boletim de Integração Latino-Americana, que criei e dirigi, enquanto estive trabalhando sob a liderança do embaixador Rubens Antônio Barbosa nos primeiros anos de existência do bloco. Exclui desta coletânea, por natural, os diversos trabalhos que elaborei em seu nome, por fazerem parte de minhas obrigações funcionais naquele contexto, assim como também deixei de fora prefácios e resenhas a livros desse universo de estudo e de desempenho institucional. 
Muitos desses trabalhos se beneficiaram de uma prolífica, embora curta, estada em Montevidéu, entre 1990 e 1992, durante a qual eu dei início ao estudo dos problemas da integração econômica regional, inclusive no contexto de uma abordagem institucional comparada (no caso com a então Comunidade Econômica Europeia, que pouco depois se transformaria em União). O período passado em Montevidéu, país vizinho ao Brasil, permitiu-me, oportunamente, algumas rápidas incursões ao Brasil, para seminários ou mesmo para pesquisa, sempre resultando em trabalhos sobre as relações econômicas internacionais do Brasil, dos quais resultaria, algum tempo mais tarde, um livro de historiografia sobre a Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (já na terceira edição: 2001, 2004 e 2017). Mas, meu primeiro livro, hoje de livre acesso, foi exatamente sobre a grande iniciativa estratégica da diplomacia regional do Brasil: O Mercosul no contexto regional e internacional (1993). A ele se seguiram um segundo, já na fase de consolidação do bloco – Mercosul: fundamentos e perspectivas (1998) – e um terceiro, dirigido ao público externo: Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud (2000). Entre eles, e mesmo depois, elaborei incontáveis artigos conjunturais e vários outros trabalhos mais permanentes, alguns dos quais figuram neste volume. 
Do ponto de vista diplomático, a curta estada em Montevidéu – trabalhando como representante alterno do Brasil junto à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), sob a liderança e a convite do embaixador Rubens Barbosa – ofereceu-me uma excelente oportunidade de afirmação profissional, na medida em que eu deixava um foro negociador de caráter relativamente assimétrico, Genebra (no contexto da recém iniciada Rodada Uruguai de negociações comerciais multilaterais, então no âmbito do GATT, entre 1987 e 1990), para um outro foro, a Aladi, no qual a legítima expressão de nossos interesses se inseria num contexto de igualdade soberana entre as nações, senão de relativa preeminência do Brasil, em vista de seu peso econômico e comercial nas relações continentais. Com efeito, nas diversas instâncias negociadoras de Genebra, o Brasil, apesar de bastante importante (sobretudo no quadro das organizações internacionais de caráter econômico), era, na maior parte dos casos, apenas “mais um país em desenvolvimento” no meio de dezenas de outros participando do que era, até então, um “diálogo Norte-Sul”. Na verdade, assistia-se, na maior parte dos casos, a um diálogo de surdos (a caracterização é válida sobretudo para as demandas em favor de “transferência de tecnologia” no âmbito da Unctad ou da Ompi, por exemplo). Em Montevidéu, ao contrário, o Brasil aparecia quase como uma “grande potência”, em todo caso como um país razoavelmente avançado, senão já “desenvolvido”, num continente ainda marcado por profundos desequilíbrios sociais e regionais, desigualmente industrializado e historicamente especializado em algumas poucas commodities de exportação.
Grande parte dos trabalhos então elaborados – alguns poucos compilados neste volume – se referiam, assim, ao estudo e à exposição dos problemas da integração regional, ainda num contexto multilateral muito difuso, o da Aladi, pois que elaborados à margem do processo de integração bilateral Brasil-Argentina (que era dirigido diretamente das capitais), ou anteriormente à constituição do Mercosul, processo também negociado exclusivamente nas capitais, sem a “interferência” ou a participação da delegação junto à Aladi. Muitos desses trabalhos foram também elaborados para terceiros – até para ministros ou presidentes – no quadro dos compromissos funcionais ou atendendo a solicitações diversas para participação em seminários e colóquios. Praticamente nenhum deles chegou a ser divulgado em meu próprio nome, embora eu tenha resgatado para este volume um artigo que fiz para ser publicado pelo presidente Fernando Collor, por ocasião da primeira reunião de cúpula do bloco, após a aprovação e rápida ratificação do Tratado de Assunção, ao final de 1991. Alguns outros, deixados em “banho-maria”, me serviriam mais tarde, já em Brasília, a partir do final de 1992, no intenso trabalho que passei a desenvolver como organizador e divulgador de informações sobre os processos de integração regional, em especial sobre o Mercosul.
O novo e curto período de estada em Brasília (apenas um ano e meio, de 1992 a 1993), poderia ser praticamente caracterizado como “monotemático”, tendo em vista o monopólio que sobre ele exerceram os assuntos do Mercosul e os temas da integração regional de modo geral, não fosse minha tradicional vocação dispersiva nas lides intelectuais e um certo espírito touche à tout, que me levaram, a despeito dessas intensas obrigações funcionais centradas sobre o Mercosul, a continuar ocupando-me de questões tipicamente acadêmicas, geralmente em pesquisas históricas, das quais resultariam aquele primeiro volume sobre a diplomacia econômica do Brasil no século XX (embora contendo um longo capítulo final sobre o período republicano). Ao assumir em Brasília uma coordenadoria executiva – primeiro no Departamento de Integração, depois no que veio a constituir-se a Subsecretaria-Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior – passei a ocupar-me de um sistema de informações institucionais e econômicas sobre os diversos processos de integração regional, montado sob minha direta supervisão e aberto o mais possível às demandas das associações empresariais, da comunidade acadêmica e estudantil, enfim da sociedade civil, num sentido largo. 
Esse sistema baseou-se essencialmente, mas não exclusivamente, num periódico de informações e num banco de dados em computador. A publicação foi montada muito rapidamente: em menos de dois meses de Brasília, eu compunha, editava e distribuía o primeiro exemplar do Boletim de Integração Latino-Americana, cujas dimensões e tiragem cresceram assustadoramente nos meses e números seguintes. O Editor, eu, também servia de redator principal, corretor de provas, além de habitual resenhista de publicações nem sempre restritas aos temas de sua área. No terreno informática, os progressos também foram rápidos, ainda que não de todo satisfatórios: impaciente com a lentidão da burocracia do Itamaraty em colocar à disposição dos interessados um banco de dados eletrônico, funcionando em sistema de rede aberta, tratei eu mesmo de instalar, com a ajuda de um programador, um BBS – um Bulletin Board System, como na época se chamavam essas geringonças –, um foro de informações sobre o Mercosul, aberto a consultas externas, sem qualquer discriminação. O único inconveniente para os usuários era a necessidade de uma chamada telefônica a Brasília, uma vez que não foi possível conseguir as necessárias “portas externas” para conectá-lo às redes acadêmicas. Nessa época, estou falando do início dos anos 1990, a cultura informática do Itamaraty podia ser cronologicamente situada no Jurássico, talvez até no pré-Cambriano.
Outro aspecto de minhas atividades “mercosulianas” era, de um lado, a preparação de textos (discursos, artigos, papers de informação) para os superiores hierárquicos, inclusive os chanceleres, e de outro lado, a participação em seminários ou mesas redondas, atividades que desempenhava com grande prazer intelectual e uma certa heterodoxia em relação aos tradicionais parâmetros da linguagem oficial ou da discrição diplomática. Devo confessar que, mesmo contando com quase três lustros na carreira, nunca resignei-me à continência verbal ou à timidez formal da maior parte de meus colegas de profissão Como jamais fui adepto da chamada langue de bois, sempre pensei que todos os temas, mesmo os mais sujeitos a discussão e controvérsia – como era o da integração com os países vizinhos –, deveriam merecer uma discussão sem preconceitos políticos ou econômicos. Esta foi a orientação que prevaleceu na linha editorial do Boletim – não sem algumas dificuldades eventuais – ou nas palestras que pronunciava em todo o Brasil ou no exterior. Creio, modestamente, ter contribuído em algo para certa abertura do Itamaraty em relação à sociedade à sua volta.
A intensa atividade profissional como “editor do Mercosul” impediu-me de assumir compromissos acadêmicos regulares, na Universidade de Brasília ou no Instituto Rio Branco (como tinha sido o caso na estada anterior, entre 1986 e 1987), com exceção da participação em seminários específicos ou da redação de artigos para revistas especializadas. Muitos outros trabalhos produzidos nessa segunda estada, também curta, em Brasília, se referem, mais propriamente, a temas de história diplomática ou de economia internacional e, portanto, não compilados neste volume, que é dedicado exclusivamente ao Mercosul e à integração regional. Numa outra vertente de meus interesses pessoais, a maior parte das resenhas de livros reportou-se evidentemente ao Mercosul, mas várias outras seguiram a curiosidade intelectual do momento. As resenhas de livros, em todas as áreas já foram objeto de outros volumes em edição de autor, livremente disponíveis em minhas páginas na internet.
Permito-me, por fim, relatar também, não sem uma ponta de orgulho, o começo de uma bela aventura: o salvamento, a recuperação e a continuidade de um empreendimento exemplar de nossa história diplomática e editorial, a Revista Brasileira de Política Internacional, que tinha ficado órfã, no final de 1992, com a morte de seu editor de longa data, Cleantho de Paiva Leite: fui o principal animador de sua vinda a Brasília, junto com colegas diplomatas e professores da UnB, tendo sido igualmente, em período ulterior, presidente do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais. Mas, isso já foi motivo para um outro volume de trabalhos, igualmente disponível livremente em minhas bases de dados. 
No momento, pretendo apenas coletar e tornar públicos alguns trabalhos sobre uma das grandes prioridades do Brasil em épocas pregressas, mas que permaneceram numa relativa obscuridade desde seu período de maior relevância, nos distantes anos 1990. A reconhecida excelência profissional da diplomacia brasileira resgatará, em futura ocasião oportuna, a aventura do Mercosul e a da integração regional, no momento relegadas a um injusto limbo político, numa conjuntura política em que se afirmam, abertamente, a oposição ao multilateralismo e uma adesão a tresloucadas seitas conspiratórias que pregam o combate ao “globalismo”, um monstro metafísico que essa franja lunática nunca soube explicar em que consiste. 
As próximas etapas de meu trabalho intelectual, e prático, serão dedicadas a esse trabalho de resgate, que aliás já começou. Meus livros mais recentes, se ouso terminar por uma nota de divulgação em causa própria, tiveram como respectivos títulos: Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019, em duas edições, livremente disponíveis a partir do blog Diplomatizzando), Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas da era contemporânea (2019) e O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (2020), os dois últimos em formato Kindle. Continuarei no meu quilombo de resistência intelectual...


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22 de junho de 2020


quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

NAFTA e USMCA são mais parecidos do que diferentes - CNN

5 key differences between NAFTA and Trump's USMCA deal


Washington (CNN, December 11, 2019)  After reaching a deal on the final version of the United States-Mexico-Canada Agreement, President Donald Trump tweeted that it "will be the best and most important trade deal ever made by the USA" -- and called its predecessor, the North American Free Trade Agreement, "our Country's worst Trade Deal." 
House Speaker Nancy Pelosi echoed that view, saying in her announcement that "there is no question of course that this trade agreement is much better than NAFTA."
But the two deals are far more alike than they are different -- and the impact of the renegotiated agreement may not be that big. In April, the US International Trade Commission, a federal government agency, found the initial version of the USMCA would create 176,000 jobs after six years and increase the GDP by 0.35% -- an impact the agency described as "moderate." (For comparison's sake: The US added 266,000 new jobs in November alone.) The full final version has not yet been released publicly.
Here are five key differences between the two agreements:

Auto manufacturing boost


The USMCA requires 75% of a vehicle's parts to be made in one of the three countries -- up from the current 62.5% rule -- in order to remain free from tariffs when moving between the three signatory countries.
It also requires more vehicle parts to be made by workers earning at least $16 an hour, which may provide a boost to manufacturing in the United States, where wages are higher than in Mexico. 
The International Trade Commission report found that these changes would add 28,000 jobs in the industry over six years, while also leading to a small increase in the price of vehicles that consumers pay.
But the American Automotive Policy Council, which represents General Motors, Ford and Fiat-Chrysler, argued the ITC report underestimated the long-term investments US automakers will make because of the USMCA. 
A Trump administration report was more positive, projecting that the deal would create 76,000 auto jobs over five years. That would mean a more than 7% increase in employment over the current 990,000 US auto workers.
On Tuesday, the trade group said the big three automakers were "pleased" that the USMCA was moving forward. 
"The USMCA allows the US auto industry to remain globally competitive by ensuring vehicles and auto parts are able to move freely across country lines," said Matt Blunt, president of the American Automotive Policy Council, in a statement
But auto plants are capital intensive and it takes a long time to move production. Industry analysts have said that some automakers may opt to pay the tariff at least at first, rather than move plants or shift hiring. 
A GM spokesperson said Tuesday that the company had already made numerous changes in anticipation of the more stringent standards set by the USMCA, including shifting production plans of a new Chevrolet electric vehicle back to the United States, and building a new GM/LG battery plant near Lordstown, Ohio. 

Labor laws strengthened


Manufacturing workers have long blamed NAFTA for sending jobs to Mexico, where wages are lower, and it was a priority for Democrats that the USMCA strengthen the enforcement of labor rules, creating a more level playing field for American workers. 
Lawmakers were able to include some changes to enforcement language before coming to an agreement Tuesday with the Trump administration, and the deal now has the backing of the AFL-CIO, the largest federation of unions in the US. 
"For the first time, there truly will be enforceable labor standards -- including a process that allows for the inspections of factories and facilities that are not living up to their obligations," said AFL-CIO President Richard Trumka in a statement. 
The deal struck by Democrats provides for an interagency committee that will monitor Mexico's labor reform implementation and compliance with labor obligations and a set of benchmarks for Mexico to meet in implementing the reforms.

Dairy farmers get more market access


The original NAFTA eliminated tariffs on most agricultural products traded among the three countries. Canada and Mexico are already the two biggest export markets for US farmers and ranchers. 
The USMCA will keep those tariffs at zero, while also further opening up the Canadian market to US dairy, poultry and eggs. In return, the United States will allow more Canadian dairy, peanuts and peanut products, as well as a limited amount of sugar, to cross the border. 

Updating NAFTA for the digital era


The USMCA includes sweeping new benefits for the technology sector, in a chapter on digital trade that wasn't a part of the original NAFTA. The new provisions aren't expected to directly create new jobs, but could provide a boost to US businesses in other ways. 
For example, the new trade deal prohibits Canada and Mexico from forcing US companies to store their data on in-country servers. It also ensures that US companies cannot be sued in Canada and Mexico for much of the content appearing on their platforms -- a legal protection Pelosi had pushed to exclude from USMCA amid an ongoing debate at home about whether tech companies still deserve that liability shield under domestic law.

Congress keeps control over biologic drugs


Democrats negotiated the removal of what would have been new, controversial protections for biologic drugs. They argue it would have hamstrung Congress from being able to legislate on drug pricing issues.
The provision that was removed from the trade deal would have required the three countries to provide at least 10 years of exclusivity for biologics, which are complex and costly to make. Currently, the US provides 12 years of exclusivity, while Canada provides eight years and Mexico five years.
Republicans have long supported including exclusivity provisions for pharmaceutical companies in trade deals, and the pharmaceutical industry quickly came out against the provision's removal.
"Eliminating the biologics provision in the USMCA removes vital protections for innovators while doing nothing to help US patients afford their medicines or access future treatments and cures," said Stephen Ubl, CEO of PhRMA, a trade group. "The only winners today are foreign governments who want to steal American intellectual property and free ride on America's global leadership in biopharmaceutical research and development."

CNN's Vanessa Yurkevich and Holmes Lybrand contributed to this story.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Nafta no impasse, com a politica comercial esquizofrênica dos EUA - J.P. Morgan

image2.gifGlobal Research

Geopolitical Flashpoints

NAFTA 2.0 negotiations at an impasse as Mexican elections approach

A special message from Joyce Chang, Global Head of Research

In this edition of Geopolitical Flashpoints, which can also be found on J.P. Morgan Markets, the Global Research teams examine the current status of the renegotiation of NAFTA 2.0 and the economic and market implications as well as the outlook for the July 1stgeneral elections in Mexico. The reports highlighted below summarize the latest developments and include recommendations and views across asset classes.
Plans for reaching an ‘agreement in principle’ on the renegotiation of the North American Free Trade Agreement (NAFTA) are very unlikely to materialize as the Trump administration has turned its focus on trade issues with China, imposing US$50bn in tariffs, and has moved forward with steel and aluminum tariffs including its NAFTA partners. There is limited time remaining to advance negotiations before the July 1stMexican general elections and the November 6th U.S. mid-term elections. Left-wing Morena candidate, Andres Manuel Lopez Obrador (AMLO), who is making his third run for the Mexican presidency, remains the clear front-runner, benefiting from his long-standing campaign against corruption, public concerns about security issues, and frustration with the low economic growth rate of Mexico, which has averaged only 2.4% annually during current President Enrique Peña’s six-year administration—only marginally above the U.S. average of 2.2% in the same period. We recommend a neutral stance for sovereign, corporate and local bonds and MXN, and remain underweight Mexican equities. 

Economic and Political View

The U.S. decision to impose tariffs on aluminum and steel for both Canada and Mexico and the fresh Section 232 investigation on autos on the basis of national security concerns, as well as rising tensions between the U.S. and Canada, diminish the prospects for a quick resolution or fast-tracking for NAFTA 2.0. After the 7th round of negotiations in March, optimism prevailed on reaching an “agreement in principle” as the negotiators shifted to “permanent negotiating sessions,” meeting daily with the goal to meet the May 31st informal deadline that would have provided the necessary space to notify the U.S. Congress six months in advance of the president’s intention to send the bill to legislators. However, negotiations reached an impasse over rules of origin for autos. The Mexican proposal to increase U.S. content from 62% to 70% was rejected by the U.S. administration, which reduced its demands for U.S. content from 80% to 75%, but the 5% gap was rejected by Mexico as it would have impacted as much as 30% of their auto trade with the United States. Even though there are nine chapters and technical annexes now completed after permanent sessions took place in DC last month, and ten chapters with 95% progress, contentious issues remain unresolved, including dispute resolution chapters. In fact, we believe withdrawal risk on the part of the U.S. has materially increased given retaliation by Mexico and Canada on the U.S. steel and aluminum tariffs. Mexico and Canada remain committed to the trilateral NAFTA framework, but U.S. negotiators have hinted at bilateral negotiations. Formal negotiations may not resume in earnest until 4Q18 or even 1Q19 given the political calendars in Mexico and the U.S. 
With Mexico’s elections less than a month away, the gap has widened to more than 20 percentage points between the left-wing Morena party candidate, Andres Manuel Lopez Obrador (AMLO), and Ricardo Anaya from the right-left PAN-PRD coalition. The incumbent PRI candidate, Jose-Antonio Meade, is running in third place. AMLO’s lead has widened with the narrowing pool of candidates as support for the independent right-wing candidate, Margarita Zavala, who dropped out of the race in mid-May, has splintered amongst the field of candidates. With AMLO having survived all three debates unscathed, barring a major surprise in the final weeks, the race appears to be his to lose. AMLO’s strong lead has raised the question of whether the Morena party will be able to reach a simple majority in either or both chambers of congress, reducing the degree to which the legislative branch may act as a check on any less-market-friendly policy initiatives. Given the mechanics in electing legislators in Mexico, it appears more likely that Morena will be able to reach a simple majority in the Lower House but not in the Upper House. A constitutional majority in either chamber (two-thirds) looks particularly difficult. Such a backdrop could give Morena free rein to move forward on some spending initiatives that only require Lower House approval, but would require AMLO negotiate for key appointments or major reforms. 
While AMLO’s team has emphasized respecting the prevailing 0.9% of GDP primary surplus target and continuing with prudent debt management, the campaign platform calls for spending increases for which funding is unclear. The AMLO team expects public-private partnerships (PPPs) and efficiency gains to finance much of the spending agenda, including an ambitious development plan (worth 2.5% of GDP) in Mexico’s poorer center-south (including construction of refineries), a universal pension system, and social programs aimed at the youth. Markets will be watchful to see the final composition of the economic team and how much influence is wielded by the more moderate, pro-business figures that have represented AMLO in the campaign. For example, Jesus Seade, the trade negotiator proposed by AMLO, is a highly qualified professional, but as AMLO seems set to inherit the NAFTA negotiations, some AMLO advisors have emphasized that NoFTA is better than a bad NAFTA. Overall, the level of engagement the transition team will have with the ongoing talks remains uncertain. Markets may also be concerned over an evolving stance toward Mexico’s energy sector as AMLO has said he will review (though not attempt to fully reverse) the liberalization of the sector undertaken by the outgoing administration. Gabriel Lozano 

Rates and FX Strategy Views

High levels of uncertainty and minimal international appetite warrant a neutral stance in Latin American local bonds; we stopped out of our Latin America FX overweight stance in mid-May as market volatility increased across the region. GBI-EM yields sold off 55bp since early May while Latin yields rose by 75bp. Over this same period, ARS has declined by 25% despite a larger-than-expected 3-year $50bn IMF agreement. In addition, the recent changes to the central bank leadership (a new governor and monetary policy board) and cabinet (unifying the Ministry of Finance and Treasury) had added to policy uncertainty. Brazil local bonds sold off by 230bp over the same period and BRL weakened around 7.5% amid heavy BCB intervention with markets not yet convinced that the worst is over. Likewise, the MXN has weakened and international investors’ demand for Mbonos is running at 10-year lows relative to supply. Foreigners have added only MXN52 billion from January to May, which is just 24% of the total net supply—the lowest since 2009. Volatility in the region as well as the upcoming presidential elections and the NAFTA impasse are likely to keep international investors wary of local assets, warranting a neutral stance. Continued USD strength should add further pressure on regional markets. Carlos Carranza
We maintain our cautious approach to MXN, holding a small UW in our GBI-EM Model Portfolio. Since USD/MXN hit our 20.0 target, we have maintained that further MXN weakness could still play out from the lack of progress on NAFTA 2.0 and market expectations of a more left-leaning AMLO presidency, with the possibility that the Morena party wins more seats in the Upper and Lower chambers than anticipated. With less than a month remaining before the July 1st elections, AMLO’s rhetoric could take a harder line. We await better entry levels and see the potential for opportunities on the back of Banxico’s prudent stance, 3%+ ex-ante real rates and cheaper valuations. Robert Habib
For the Canadian dollar, we have revised forecasts as we expect recent weakness to persist through the U.S. mid-term elections, but the baseline still reflects mean reversion into 2019 as we still assume that NAFTA 2.0 eventually passes next year and BoC continues its steady hikes in parallel with the Fed.The unusual acrimony over trade on display at this past weekend’s G7 meetings and the breakdown of NAFTA discussions are a sharp reversal from just a few weeks ago. Combined with the outsized $11/bbl fall in Canadian crude prices in the past month due to local and regional transportation bottlenecks, we recently revisited our near-term target for USD/CAD to show persistent weakness at 1.30 through the fall ahead of U.S. mid-term elections. The baseline still reflects USD/CAD to remain bounded in this year’s range as BOC quarterly hikes keep rate spreads stable, and for the currency to mean-revert back to the middle of this range in 1H19 as the NAFTA overhang is resolved, although the negative tail risk of a NoFTA scenario has fattened. Daniel Hui

Emerging Markets Credit Views

We remain marketweight Mexican sovereign credit and recently took profits on our long Colombia versus Mexico relative value trade. UMS bonds have been trading wider than other IG sovereigns, and investors had been steadily reducing UMS exposures, moving from an OW positioning to an UW exposure over the past two years. As such, we see marketweight as the appropriate stance, and also recently took profits on our long Colombia versus Mexico trade in 5y CDS. We put on the RV trade in early April, citing that NAFTA optimism was already priced in, leaving Mexico vulnerable to any disappointments, at the same time that election uncertainties still loom with an AMLO win largely expected, but with lack of clarity on the policy direction. While lingering NAFTA noise could point to further challenges for Mexico going forward, Mexico-Colombia differentials around 30bp had surpassed that of November 2016 in the immediate aftermath of the U.S. elections. Using post-elections as a barometer for very bearish Mexico valuations, we viewed risk-reward as appropriate for taking profits on the RV trade. Rising tensions in Mexico have been accompanied by greater demand for hedges, which has resulted in the rise in bond-CDS basis, and CDS continuing to trade wider than comparable cash bonds. Basis recently has widened but remains below the peaks seen in the past two years; bond-CDS basis for UMS 4% 23 is currently 52bp compared to a 2-year range of 7-57bp. As such, we believe it is too early to enter trades selling bonds and selling CDS in Mexico, as uncertainties around trade and the Mexican election will likely exert more pressure on CDS as portfolio hedges remain sought after. Trang Nguyen
The performance of Mexican corporates and financial bonds should remain tightly linked to NAFTA headlines and the outcome of the July elections. CEMBI Broad Mexico has been one of the weaker performing country segments with returns at -5.18% YTD after spreads widened +70bp to 277bp. We keep select overweights, notably in the belly of the although we are comfortable with Mexico's banking system and believe there could be opportunities to extend maturities if volatility subsides. Despite the volatility in the peso, a large majority of the Mexican corporates have proactively hedged the revenue exposure in Mexico to soften the impact on earnings and leverage metrics. The macro outlook points to lower investment, slower growth, and a less favorable consumer backdrop should impact domestic operations and profitability. Large corporates with hard currency bonds tend to be well insulated from direct impacts, and shielded from the full effects of related macroeconomic pressure due to geographically diverse earnings streams, hedging policies, and conservative balance sheets. In the quasi-sovereign space, we expect an increase in spread volatility in the event of an AMLO victory, particularly for credits such as Mexcat and CFE due to the possibility that AMLO would probably seek to delay ongoing processes related to the construction of the airport and the energy reform events scheduled for 2H18 (energy rounds, open season auctions and Fibra E transactions). Natalia Corfield and YM Hong

U.S. Autos View

NAFTA uncertainty is likely to remain an overhang on U.S. automotive credit. Uncertainty around the renegotiation of NAFTA has been an overhang on U.S. automotive credit YTD given the integrated nature of the supply chain throughout the region. Ongoing negotiations appear to have reached a standstill over automotive content requirements (with dialogue between the U.S. and Canada turning incrementally acrimonious in the wake of the recent G7 summit), and an upcoming change in Mexican leadership may likely introduce more uncertainty. A U.S. withdrawal from the agreement could potentially expose significant Mexican and Canadian auto imports to recently threatened tariffs, while the renegotiation of the treaty is likely to raise costs for automakers and ultimately consumers. While a withdrawal of the agreement is certainly not our base case, in such a scenario we view Ford as relatively better positioned versus GM given its fully domestic pickup truck production footprint compared to GM’s substantial light truck production platform in Mexico. As it relates to the ongoing trade talks, we think a NAFTA negotiated solution is likely to either call for more U.S. content (effectively repurposing content to higher-cost U.S. production facilities) or perhaps raise labor costs in Mexico (effectively also raising costs for the U.S. manufacturers and suppliers as it makes Mexico less cost competitive); costs are likely to rise regardless of the ultimate outcome. Jon Rau and Avi Steiner

European Autos View

Despite some obvious production and sales imbalances across U.S., Mexico and Canada, we are seeing key car makers already taking measures to improve the trade balance across regions, committing to additional production in the U.S. such as VW and FCA, or even suggesting, if absolutely necessary, the roll out of sedan production in the U.S. at SUV-dedicated production plants, such as BMW. Daimler, however, is more flexible having already introduced sedan production at its SUV-dedicated U.S. plant some years ago. VW has the largest imbalance between sales and production across Mexico and the U.S. Since President Trump started indicating the need to renegotiate the NAFTA agreement, VW has committed additional production in the US, including the new Atlas, derivatives of the Atlas, as well as potentially a new pickup truck which could go on stream over the coming year. BMW has recently mentioned in the press (Reuters) that if needed they could start producing sedans in the U.S. at its existing facility, which currently is BMW's largest global dedicated SUV production hub. In addition, BMW is also expanding additional sedan production in Mexico from FY19 onwards. Daimler has the largest export SUV production hub in the U.S., selling SUVs not only in the U.S. but exporting on a global basis. Daimler has recently expanded compact class production in Mexico. FCA recently committed to relocating some pickup truck production from Mexico to the U.S. in FY20. Jose M Asumendi

Mexico Equity Strategy View

Remain UW as uncertainty will weigh on the MXN. The outlook for Mexican equities will mostly be a call on the currency, in our view, as MXN could still suffer from pre-electoral jitters. Nonetheless, our FX team is constructive on the MXN after the event, which also builds on a more benign outlook for equities given attractive valuations in some sectors. This de-rating has created a “barbell”-type opportunity for investors, with interesting entry points on names with stable earnings/cash flow, dollar defensiveness and exposure to the domestic consumer, which should be short-term insulated from investment uncertainty generated by a delay in NAFTA renegotiations. In any case, our base case scenario still remains for a NAFTA deal at some point in 2019, which should remove – if at least partially – the cloud over the investment case for Mexico. The pending risk will remain economic policy under a new regime, assuming a left-leaning government as polls consistently indicate. For the equity market, this is likely to be reflected in a higher cost of equity for Mexican assets, which should lead to a lower “structural” or “neutral” valuation in the long term. In the meantime, we favor financials, industrials, materials and select opportunities on staples. Nur Cristiani
Please find below links to recently published reports from the J.P. Morgan Research team.

ECONOMIC RESEARCH

NAFTA

Latin America Economic Reference Presentation (Ben Ramsey, et al., 5 June 2018)
Mexico: The week ahead - Banxico and NAFTA in focus (Steven Palacio and Gabriel Lozano, 11 May 2018)
NAFTA or NoFTA: So much to do, so little time (Gabriel Lozano, 16 February 2018)
NAFTA or NoFTA: The best is yet to come in 2018 (Gabriel Lozano, 15 December 2017)
Mexico Color: NAFTA series – 5th round of negotiations kicks off today (Gabriel Lozano and Steven Palacio, 15 November 2017)

Mexican Politics

Mexico: The week ahead: Montreal NAFTA talks end Monday; Soft 4Q GDP rebound (Steven Palacio and Gabriel Lozano, 26 January 2018)

FX STRATEGY RESEARCH

Key Currency Views: Global risks delay dollar certainty (Meera Chandan, Paul Meggyesi et al., 8 June 2018)
CAD 2018 Outlook: Risks scenarios more interesting than the baseline (Daniel Hui and Niall O’Connor, 28 November 2017)
FX Markets Weekly: NAFTA – replace or repeal, or neither? (John Normand et al., 20 October 2017)

EMERGING MARKETS STRATEGY RESEARCH

Argentina: Main takeaways from the IMF "Bazooka" (Diego Pereira and Lucila Barbeito, 8 June 2018)
Mexico Rates: Time to move back to neutral (from OW) (Carlos Carranza et al, 22 February 2018)

EMERGING MARKET CORPORATE CREDIT RESEARCH

US CREDIT RESEARCH

U.S. Automotive: Quick Thoughts Around US Auto Import Tariffs (Jon Rau and Avi Steiner, 24 May 2018)

MEXICO EQUITY STRATEGY RESEARCH 

Mexico Equity Strategy: 8 Questions on Mexico - Time to Buy? (Nur Cristiani et al., 19 April 2018)

EQUITY RESEARCH 

Assessing the Impact of a NAFTA Exit on the Protein Space (Ken Goldman and Thomas Palmer, 11 January 2018)

VIDEOS AND PODCASTS


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