O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 11 de agosto de 2018

A Grande Corrupcao lulopetista: 307 encontros entre Mantega e Odebrecht

Isso é apenas parte da história, uma pequena parte...
A Lava Jato ainda não apurou quantos encontros, abertos e furtivos (sobretudo estes últimos), teve Mantega com o "super-capitalista companheiro", o homem das empresas X, todas elas regiamente sustentadas por centenas de milhões generosamente repassadas por esse Banco de Grandes Bobos que é o BNDES. O dia em que a PF, ou o MPF, rastrearem as ligações e os encontros entre Mantega e Eike Batista, talvez o número se aproxime, ou talvez até supere, esses encontros entre o ministro da fazendona companheira e o grande capitalista promíscuo, o homem da empresa geneticamente corrupta que deve mudar de nome doravante, com toda probabilidade. A PF também pode solicitar as planilhas de voo do jatinho do Mister X, e as vezes em que Mister Manteiga viajou de "carona", para o Rio ou SP. Pena que eles não conseguiram pegar parte das verbas generosas repassadas em formato cash de X a M, em $$ de várias denominações, à escolha do cliente.
Os brasileiros ainda não se deram conta de que os dois ÚNICOS ministros das finanças pessoais do PT, por acaso também do Brasil, foram apparatchiks especialmente dedicados às doações legais e ILEGAIS dos capitalistas achacados em favor da maior organização criminosa que já governou o Brasil. Pela PRIMEIRA VEZ na história do Brasil, tivemos não apenas ministros da Fazenda, mas súditos do grande chefão mafioso que colocaram toda a máquina do Estado, naquela jurisdição, a serviço do projeto de poder do PT. 
Estou apenas refletindo o que leio na imprensa diária, com base na minha percepção daquilo que os americanos chamam de "compelling evidences", que deveria garantir a todos os protagonistas pelo menos 300 anos de cadeia.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 11 de agosto de 2018


Lava Jato rastreia 307 encontros de Mantega com Marcelo Odebrecht para aprovação de MPs


Por Claudio Dantas

Na denúncia contra Guido Mantega, o MPF anexa relatório com a identificação de 307 possíveis encontros de Marcelo Odebrecht com o então ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, entre os anos de 2011 e 2015.
A partir do cruzamento das ERBs (antenas de celular) utilizadas por Marcelo e Mantega, a Lava Jato verificou que ambos estiveram nos mesmos lugares ao mesmo tempo.
“A elevada quantidade de encontros destoa completamente de uma relação sadia e proba entre um ministro da Fazenda e um alto executivo de um grupo empresarial”, escrevem os procuradores.
A força-tarefa também identificou 118 ligações telefônicas do celular de Marcelo Odebrecht para assessores de Guido Mantega, e mais 129 chamadas entre as secretárias de ambos. Segundo o MPF, o objetivo dos contatos era viabilizar a aprovação das MPs 470 e 472, de interesse da Odebecht.





quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A frase da semana: o capitalista companheiro como profeta exemplar...

Um dia a minha companhia de petróleo, AGX, vai valer o mesmo que a Petrobras.
Eike Batista

Bem, não exatamente como ele pretendia, mas verdadeiro, assim mesmo...
Profeta com a ajuda dos companheiros mafiosos, claro...
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Capitalismo promiscuo e negocios companheiros: oh, onde foi parar a minha mesada?

Pois é, apostando em capitalistas promíscuos pode ter suas más surpresas...
O mais chato disso tudo não é o descenso do companheiro capitalista, é a súbita interrupção de gordas mesadas chegando não se sabe bem de onde...
Paulo Roberto de Almeida

GLOBAL INSIGHT
Fall of Brazil’s Batista embarrasses President Dilma Rousseff
By Joe Leahy in São Paulo
Financial Times, November 4, 2013 1:37 pm

There must be moments in every politician’s career that make them cringe when recalling later on.
For Brazil’s President Dilma Rousseff one of these is probably the day in April last year when she helped failed entrepreneur Eike Batista commemorate the “first oil” from what are now his failed fields off the coast of Rio de Janeiro.
The Brazilian president said a number of things that day praising Mr Batista, who was then still the country’s richest man with a fortune estimated at more than $30bn invested in a network of oil, mining, energy and logistics companies, most of them start-ups.
But probably most embarrassing in hindsight was her encouragement of an alliance between his tiny flagship oil company, OGX, and Brazil’s state-owned giant, Petrobras, a world-renowned expert in deepwater exploration.
“They can both gain a lot from a partnership between them,” she said at the time.
That was the peak of the relationship between Mr Batista and the government. Since then, his fall has been so swift and so high profile with his filing for bankruptcy last week that Brasília has done its best to avoid the fallout. A call to the president’s palace about Mr Batista’s travails last week returned a flat “no comment”.
The fall of Mr Batista, who in many ways was the “pet” entrepreneur of the ruling centre-left Workers’ Party (PT) government, raises questions about its future policy direction. Mr Batista’s rise gave credibility to the PT’s claims that its statist economic policies were simultaneously market friendly. Will his fall make the party more or less interventionist?
The answer will be critical to Brazil’s future prosperity. The government’s relative silence on Mr Batista’s collapse has been a surprise to some who had thought the former powerboat champion’s “X” business empire was too big to fail. More probably, Brasília realised early on that Mr Batista’s house of cards was too precarious to save.
The collapse was sparked by OGX, the oil company, which admitted its only producing fields were duds. This left it with almost no cash to service its more than $5bn in debt and that of the web of companies higher up in his labyrinthine corporate structure.
The government had a front-row seat for the catastrophe. Brazil’s development bank, the BNDES, extended credit lines to the group worth about R$10bn. BNDES president Luciano Coutinho sought to explain the collapse as an accident of the type that can occur in any market.
“Capital markets know how to differentiate these things and they know that accidents can occur anywhere in the world,” Mr Coutinho said.
Guido Mantega, finance minister, took the same approach. “It’s a private group. It has no connection with the government and therefore the solution to OGX will come from the market,” he said.
Yet while the solution may be market-based – in the sense that investors have lost billions of dollars and are now facing a difficult court-ordered debt restructuring – the government will be doing some soul-searching over whether it was part of the problem.
One of the sources of confidence in OGX was the implication that Mr Batista’s connections meant he had the implicit backing of the government. For one thing, his father is a respected former mines minister. His companies had the investment from BNDES – Mr Batista once described it as “the best bank in the world” – and the senior management team of OGX was poached from Petrobras. In addition to this, he was regularly pictured with senior politicians at the federal and state levels and was a large donor to the Rio de Janeiro police.
“The rich are the ones who have gained most under my government,” Luiz Inácio Lula da Silva, the former Brazilian president and PT founder, once said.
The implication was that Brazil, in spite of being run by a socialist government, was very much open for business. Since Mr Lula da Silva’s chosen successor, Ms Rousseff, took over, however, the government has been seen as more interventionist and suspicious of a private sector it views as profiteering.
Mr Batista’s loud form of capitalism served for a while to disguise the government’s statism. He presented to the world the caricature of a Brazilian entrepreneur with his fast cars, a former carnival queen wife, and a house overlooking Rio’s beaches.
To its credit, the government let him fail. But now without the fig leaf he provided, Brasília will have to decide. Can markets really be trusted or will letting investors have their way merely lead to more Batistas?

Given the embarrassment of celebrating the first of Mr Batista’s oil that never came, it is hard to see Ms Rousseff giving the markets the benefit of the doubt.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

OGx...: lesados pelo capitalista promiscuo acionam a Justica

O companheiro capitalista preferido dos companheiros não capitalistas deu chabu, mesmo tendo levado alguns bilhoes do BNDES, e enganado milhares de outros acoonistas ingênuos. Está apenas no começo de suas penas, não querendo fazer rima com a desgraça alheia, não a dele obviamente, mas a dos pobres enganados.
Paulo Roberto de Almeida 
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Eike Batista, Bolsa e CVM serão processados por acionistas

Grupo de minoritários da petroleira OGX, do Grupo EBX, alega irregularidades na divulgação de informações e manipulação das cotações das ações  

30 de setembro de 2013
Vinicius Neder, da Agência Estado
RIO - Acionistas minoritários da OGX, petroleira do Grupo EBX, de Eike Batista, incluirão a BM&FBovespa como ré numa ação judicial contra a empresa.
O grupo, com base maior no Rio, mas que reúne acionistas de todo o País, pretende acionar na Justiça a OGX, Eike e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A alegação é de irregularidades na divulgação de informações, como fatos relevantes, bem como manipulação das cotações das ações.
A BM&FBovespa será incluída no "polo passivo da ação", segundo Aurélio Valporto, integrante do grupo de minoritários, por causa de um convênio firmado em dezembro de 2011 com a CVM.
"Temos evidências contra a Bolsa", disse Valporto ao Estado.
O convênio visou organizar a cooperação entre a Bolsa e o órgão regulador do mercado para o "acompanhamento e fiscalização da prestação de informações pelos emissores de valores mobiliários".
Procurada, a assessoria de imprensa da BM&FBovespa disse que a empresa não comentaria o caso.

Valporto também criticou a atuação da CVM no caso da OGX, bem como as declarações dadas ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O ministro afirmou, em São Paulo, que haverá uma "solução de mercado" para a companhia e que a situação "já causou um problema para a imagem do País e para a Bolsa".
Para Valporto, o Ministério da Fazenda nada fez, por meio da CVM.
O grupo de acionistas baseado no Rio deverá entrar em breve com a ação. Paralelamente, o escritório Bornholdt Advogados, de Santa Catarina, trabalha numa ação coletiva contra a OGX e também poderá incluir a CVM como ré.
Em outro movimento, na última assembleia de acionistas da OGX, em setembro, o minoritário Willian Magalhães tentou eleger-se membro independente do Conselho de Administração, mas não foi bem sucedido. Magalhães, que é de Taubaté (SP), reuniu procurações, mas não conseguiu votos suficientes. Para organizar os minoritários, ele criou uma conta no Twitter, com o nome de "Minoritários OGX".

domingo, 29 de setembro de 2013

Capitalista queridinho dos companheiros em calote NUNCA ANTES visto no Brasil, e no mundo...

Pois é, desde o início, quando esse capitalista promíscuo via o dinheiro brotar em árvores, plantadas pelos companheiros, eu achei que algo não iria dar certo. Era mais um esquema Ponzi alimentado com dinheiro público (BBDES, em grande medida) e em fundos que deveriam ser privados, mas que estavam sendo administrados pela nova classe, a nomenklatura das máfias sindicais, ou a burguesia do capital alheio, como diz um outro jornalista.
A matéria não indica quem está perdendo dinheiro com a quebradeira geral desse capitalista aventureiro que subiu como NUNCA ANTES, e desceu idem. Mas aposto como muitos companheiros vão se sentir frustrados. E muitos ingênuos, claro, entre eles capitalistas estrangeiros, que talvez também acharam que dinheiro poderia dar em árvores.
Bem feito...
Paulo Roberto de Almeida

OGX de Eike Batista prepara calote recorde de US$ 44,5 milhões

Mercado financeiro já dá como certo que empresa petroleira não pagará valor referente a juros que vence na terça-feira, dia 1



Clarissa Mangueira, da Agência Estado, 29/09/2013
SÃO PAULO - A empresa OGX Petróleo e Gás do empresário brasileiro Eike Batista está planejando não pagar juros no valor de US$ 44,5 milhões de um bônus que vencerá na próxima terça-feira,1, afirmou uma fonte. O calote dos juros já é amplamente esperado pelo mercado financeiro.

A OGX tem US$ 3,6 bilhões em bônus em circulação, e o calote (default) total da companhia será o maior já feito por uma empresa latino-americana.

O recorde é detido atualmente pelo Banco de Galicia y Buenos Aires S.A., da Argentina, que não pagou uma dívida de US$ 1,9 bilhão em 2012, de acordo com um relatório da Moody's Investors.

Nenhum porta-voz da OGX não foi encontrado para comentar o assunto. A companhia contratou consultores financeiros para reestruturar sua dívida, que inclui US$ 1,06 bilhão em bônus que vencem em 2022, e US$ 2,6 bilhões em bônus com vencimento em 2018.

O pagamento que vence no dia 1 de outubro, terça-feira, é dos juros sobre bônus para 2022, enquanto os bônus para 2018 têm um pagamento de cupom que vence em dezembro.

A companhia planeja pular a data do pagamento dos juros na terça-feira e aproveitar o período de carência para concluir negociações sobre a reestruturação da dívida, afirmou a fonte.

De acordo com as regras estabelecidas no prospecto para o bônus, após o calote do pagamento dos juros, a OGX ainda tem 30 dias para "sanar" o problema antes de sofrer qualquer punição.

Os principais credores da OGX já esperam um calote na terça-feira e desejam continuar as negociações sobre alternativas financeiras para a companhia, disse outra fonte.

A OGX pode também escolher entrar com um pedido de recuperação judicial nas próximas semanas, mas provavelmente perto do fim do período de carência, nos últimos dias de outubro, afirmou a primeira fonte. "Hoje, há 80% de chance de que a OGX buscará uma proteção judicial em breve", acrescentou.

Eike Batista, que já foi o homem mais rico do Brasil, perdeu a maior parte de sua fortuna nos últimos 15 meses em meio a uma profunda crise financeira desencadeada pela perda de confiança em sua capacidade de financiar o enorme conglomerado de infraestrutura que ele criou a partir do zero na última década.

A OGX precisa atualmente de até US$ 500 milhões e não tem acesso a novas linhas de crédito, afirmou uma fonte. A situação foi discutida com consultores financeiros em reuniões realizadas em Nova York, revelaram várias fontes.

A companhia levantou US$ 4,1 bilhões, em 2008, em uma Oferta Pública Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês). Em 2012, a OGX iniciou seu rápido declínio após dizer que não conseguiria cumprir as expectativas extraordinárias de produção que estabeleceu. No início deste ano, a empresa disse finalmente que a maior parte de seus campos de petróleo não eram economicamente viáveis e que tinha decidido paralisar atividades de desenvolvimento.

O valor das ações da empresa recuou mais de 90% até agora no ano. Os bônus da OGX estão sendo negociados atualmente por menos de US$ 0,18, em um reflexo das expectativas de que a companhia não honrará suas dívidas.

A OGX contratou as empresas de consultoria financeira Lazard e Blackstone Group para desenvolver alternativas de reestruturação com os credores, segundo fontes. Os credores da OGX já assinaram acordos de não divulgação, o que permitirá que eles revisem as informações não-públicas da empresa e tomem medidas na direção de um acordo de reestruturação, disse uma outra fonte. Com informações da Dow Jones Newswires.

terça-feira, 9 de julho de 2013

La Chute: pilantragens na politica e na economia (um dia a realidade sevinga) - Rodrigo Constantino


EIKE BATISTA

A queda

O grupo X despenca, a palavra calote passa a ser mencionada e Eike Batista se vê sem acesso a novos recursos para manter seu castelo de cartas

 Rodrigo Constantino





Eike Batista está para a economia como Lula está para a política. O “sucesso” de ambos, em suas respectivas áreas, tem a mesma origem. Trata-se de um fenômeno bem mais abrangente, que permitiu a ascensão meteórica de ambos como gurus: Eike virou o Midas dos negócios, enquanto Lula era o gênio da política. Tudo mentira.
Esse fenômeno pode ser resumido, basicamente, ao crescimento chinês somado ao baixo custo de capital nos países desenvolvidos. As reformas da era FHC, que criaram os pilares de uma macroeconomia mais sólida, também ajudaram. Mas o grosso veio de fora. Ventos externos impulsionaram nossa economia. Fomos uma cigarra que ganhou na loteria.A demanda voraz da China por recursos naturais, que por sorte o Brasil tem em abundância, fez com que o valor de nossas exportações disparasse. Por outro lado, após a crise de 2008 os principais bancos centrais do mundo injetaram trilhões de liquidez nos mercados. Isso fez com que o custo do dinheiro ficasse muito reduzido, até negativo se descontada a inflação.




Desesperados por retorno financeiro, os investidores do mundo todo começaram a mergulhar em aventuras nos países em desenvolvimento. Algo análogo a alguém que está recebendo bebida grátis desde cedo na festa, e começa a relaxar seu critério de julgamento, passando a achar qualquer feiosa uma legítima “top model”.
Houve uma enxurrada de fluxo de capitais para países como o Brasil. A própria presidente Dilma chegou a reclamar do “tsunami monetário”. Os investidores estavam em lua de mel com o país, eufóricos com o gigante que finalmente havia acordado. Havia mesmo?
O fato é que essa loteria permitiu o surgimento dos fenômenos Eike Batista e Lula. Eike, um empresário ousado, convenceu-se de que era realmente fora de série, que tinha um poder miraculoso de multiplicar dólares em velocidade espantosa, colocando um X no nome da empresa e vendendo sonhos.
Lula, por sua vez, encantou-se com a adulação das massas, compradas pelas esmolas estatais, possíveis justamente porque jorravam recursos nos cofres públicos. A classe média também estava em êxtase, pois o câmbio se valorizava e o crédito se expandia. Imóveis valorizados, carros novos na garagem, e Miami acessível ao bolso.
O metalúrgico, que perdera três eleições seguidas, tornava-se, quase da noite para o dia, um “gênio da política”, um líder carismático espetacular, acima até mesmo do mensalão. Confiante desse poder, Lula escolheu um “poste” para ocupar seu lugar. E o “poste” venceu! Nada iria convencê-lo de que isso tudo era efeito de um fenômeno mais complexo do que ele compreendia.
Dilma passou por uma remodelagem completa dos marqueteiros, virou uma eficiente gestora por decreto, uma “faxineira ética”, intolerante com os “malfeitos”. Tudo piada de mau gosto, que ainda era engolida pelo público porque a economia não tinha entrado na fase da ressaca. O inverno chegou.
O crescimento chinês desacelerou, e há riscos de um mergulho mais profundo à frente. A economia americana se recuperou parcialmente, e isso fez com que o custo do capital subisse um pouco. Os ventos externos pararam de soprar. Os problemas plantados pela enorme incompetência de um governo intervencionista, arrogante e perdulário começaram a aparecer.
A maré baixou, e ficou visível que o Brasil nadava nu. O BNDES emprestou rios de dinheiro a taxas subsidiadas para os “campeões nacionais”, entre eles o próprio Eike Batista. O Banco Central foi negligente com a inflação, que furou o topo da meta e permaneceu elevada, apesar do fraco crescimento econômico. Os investidores começaram a temer as intervenções arbitrárias de um governo prepotente, e adiaram planos de investimento.
A liquidez começou a secar. O fluxo se inverteu. E o povo começou a ficar muito impaciente. Eike Batista se viu sem acesso a novos recursos para manter seu castelo de cartas. As empresas do grupo X despencaram de valor, sendo quase dizimadas enquanto as dívidas, estas sim, pareciam se multiplicar. A palavra calote passou a ser mencionada. O BNDES pode perder bilhões do nosso dinheiro.
Já a presidente Dilma, criatura de Lula, mergulhou em seu inferno astral. Sua popularidade desabou, os investidores travaram diante de tantas incertezas, e todos parecem cansados de tamanha incompetência.
Eike e Lula deveriam ler Camus: “Brincamos de imortais, mas, ao fim de algumas semanas, já nem sequer sabemos se poderemos nos arrastar até o dia seguinte.”

terça-feira, 2 de julho de 2013

Querida: encolheram (eu encolhi) a minha fortuna: US 2 milhoes por hora...


Um analista de mercado, que me chama pelo meu primeiro nome, e que gostaria de me ter como seus clientes (eu não tenho milhões para investir, mas ele não sabe disso, por isso deixo que me envie suas propostas "atrativas"), me manda a "sua" (dele) história do nosso capitalista promíscuo.
Eu sempre acho que se aprende mais nas derrotas, nos fracassos, do que nos momentos de glória. Por isso, aí vai a história do nosso mais importante futuro-ex maior bilionário do mundo (uma categoria já muito frequentada, estamos esperando agora o primeiro trilionário...)
Paulo Roberto de Almeida

The Man Who Lost $2 Million an Hour!
By Evaldo Albuquerque, Editor of Pure Income

Dear Paulo Roberto,
Last year, he lost about $19.4 BILLION!

That’s more than $2 million per hour.
What a terrible year. And this year, it’s not getting any better.
So far he’s lost another $10.3 billion.
That’s a total loss of $29.7 billion in less than two years. But, according to Forbes, he’s still worth about $4.8 billion … so there’s no need to feel sorry for this “poor” guy.
He only has himself to blame. He’s the one who made such bad investment decisions.
And I’m about to tell you his story because the collapse of his empire can teach us a powerful investment lesson...

His name is Eike Batista.

I wouldn’t be surprised if you’ve never heard of the man. He’s not very popular here in the U.S. But in Brazil, where Batista and I were born, he’s a celebrity.

Last year, he made news around the globe when he said: “I will be the world’s richest man.” At that time, he was the world’s 7th richest man.
After losing a big chunk of his fortune last year, he’s now ranked No. 100.

Today, he’s not even one of the top three richest Brazilians. And if you invested in one of his companies, you’re probably hurting too. But there is an important lesson to be learned here. When it comes to investing, timing is everything. You must know the right moment to get in and out of certain sectors and asset classes.

Unfortunately, a lot of people still follow the flawed “buy and hold” approach and end up getting caught in disastrous losses, such as the ones experienced by Mr. Batista. 
A PowerPoint Billionaire
Back in 2010, every investor in Brazil was talking about OGX, MMX, OSX, LLX and MPX. Those are the names of Batista’s companies.

They all had big rallies that year. For example, OGX, his oil company, rallied 750% from November 2008 to November 2010. Some analysts in Brazil were even calling that group of stocks “the Eike bubble.”

So, I decided to travel to Brazil to check what all the fuss was about. In the summer of 2010, I met with executives of each one of those companies.

We were all sitting at a big round table. During the meeting, the executives took turns giving PowerPoint presentations about each of their companies. Even though I had never invested a penny in his companies, I felt like I was a very important shareholder.

I was impressed by the quality of the presentations … but not by the numbers.

Immediately after I left the meeting, I turned to Justin Ford, a colleague who’d traveled with me, and said: “I don’t like any of those companies, but they do have a great PR team.”

Although Batista’s companies had all rallied hundreds of percentage points, they were not making any money. I felt his companies were nothing more than projects … promises that investors would get rich … castles made of paper.

Some savvy analyst in Brazil, who saw the writing on the wall, even came up with this joke: “Besides Bill Gates, who became a billionaire thanks to PowerPoint presentations?”

The chart below shows how his companies have performed in the past year or so. The best performing company, LLX, is down 73%. The worst performing, OGX, had dropped 90%. And the price of bonds from OGX suggests default is imminent. 
Batista’s Wealth Has Evaporated in the Last Couple of Years

Now We Know Who Was Swimming Naked
Warren Buffett once said: “When the tide goes out, you learn who's been swimming naked."

Commodities have been extremely weak for the past couple of years. This, in part, explains why Batista has lost so much money. All his companies were commodity-based businesses, including an oil driller, a mining company, an electricity producer and a port operator.

The "tide" in commodities is out. Batista had been swimming naked.

In fact, it seems the whole country of Brazil had been swimming naked. During the decade-long commodities boom, both Batista and the Brazilian economy grew wealthier.

Now Batista has lost billions. And growth has basically stagnated in Brazil.

That’s why I told you back in April to avoid Brazilian stocks. Since then, they’ve fallen another 20%.

In that same article, I also told you how inflation in Brazil was getting out of control. And that’s essentially what has triggered the recent street protests that made news last month.

So keep in mind that successful investing involves knowing when to avoid certain sectors and when to jump in. If you used the traditional “buy and hold” approach regarding Batista’s companies and the Brazilian commodities boom, you would have lost your shirt.

Right now, I would avoid any investments that are related to commodities. Of course, at some point this trend of weak commodities will change. But the key is to know when to jump back in.

I will be on the lookout for the most opportune moment to make this jump and will be letting you know when to do it.
Regards,

Evaldo Albuquerque
Editor, Pure Income

domingo, 23 de junho de 2013

Querida, encolheram a minha fortuna! Mister X e o capitalismo promiscuo do Brasil (NYT)

Toda vez que você assistir um capitalista (pode ser uma capitalista, também) dar um salto enorme de fortuna, você pode concluir duas coisas: ou os investidores são um bando de néscios, idiotas consumados (isso acontece, também), ou esse(a) capitalista tem vínculos privilegiados com o governo, que como todo mundo sabe, faz o dinheiro brotar em árvores.
Fernand Braudel, um bom historiador do capitalismo triunfante, dizia que a coisa mais perigosa que possa existir é a colusão entre os donos do dinheiro e os dirigentes do poder político: seja pela corrupção, seja pela chantagem, essa aliança é sempre nefasta para os consumidores e para o próprio capitalismo, que perde sua vertente competitiva para converter num negócio entre amigos, geralmente mafiosos, como parece ter ocorrido no caso de Mister X.
Pior ainda quando o aventureiro não tem muito dinheiro, mas consegue reciclar parte do próprio dinheiro público, como também parece ter ocorrido aqui. Partidos mafiosos, companheiros corruptos, capitalistas venais são todos personagens que conhecemos muito bem, e que infelizmente existem na vida real.
Bem, quando a coisa não dá certo, o que se deve fazer é deixar os investidores e o capitalista em questão afundarem no prejuízo. O problema é quando tem dinheiro público misturado.
Aí, todos nós pagamos, como parece ser o caso aqui também.
O prejuízo vai sobrar para você, caro leitor, mesmo que você não saiba ou sequer desconfie...
Esse tipo de praga sempre vai existir.
Juízes atentos, procuradores ativos, deveriam estar aí para processar todos os responsáveis públicos pela decisão de colocar dinheiro do Estado (ou seja, de todos nós) numa aventura promíscua com um aventureiro mafioso.
Paulo Roberto de Almeida

Brazil, Fortune and Fate Turn on Billionaire


Sergio Moraes/Reuters
A floating oil production and storage unit belonging to the shipbuilder OSX, part of Mr. Batista’s group of industrial holdings.



When the Brazilian billionaire Eike Batista appeared on the Charlie Rose show in 2010, he and his country were on a roll.
Fred Prouser/Reuters
The rise and fall of Eike Batista mirrors Brazil’s sudden reversal of fortune.
Brazil’s economy, driven by a worldwide commodity boom, grew a blistering 7.5 percent that year. And Mr. Batista’s prodigious holdings — spanning oil, mining, shipping and real estate — were soaring in value. In the interview, Mr. Batista was asked how rich he would become over the next decade.
“A hundred billion dollars,” he said, an amount that would most likely have made him the wealthiest person in the world.
Today, with the Brazilian stock market and the value of its currency falling as mass demonstrations hobble the country, Mr. Batista’s billions are evaporating. From a peak of $34.5 billion in March 2012, his wealth has dropped to an estimated $4.8 billion, according to the Bloomberg Billionaires Index. His lenders are growing anxious, and there are concerns that he might have to reorganize — and possibly lose control of — his dwindling empire.
The rise and fall of the charismatic industrialist mirrors Brazil’s sudden reversal of fortune. After years of economic expansion, the South American nation has begun to sputter. Inflation has become a major concern. Brazil’s stock market index has declined about 23 percent this year, the most of any large country. This month, Standard & Poor’s cut its outlook on Brazil’s credit rating to negative, citing slowing growth and weakening finances.
And then there are the street protests spreading across Brazil, stunning the country’s political and business establishment. With outbursts of violence, the protests, initially caused by an increase in bus fares, have grown into a broad questioning of the government’s priorities. The protests shook an array of cities over the weekend, with somewhat less intensity than in previous days, and organizers promised a new round of demonstrations in the days ahead.
Mr. Batista’s conglomerate, as an emblem of the nation’s industrial mettle, ranked among the government priorities now being questioned, receiving more than $4 billion in loans and investments from the national development bank. While protesters have not focused much ire on Brazil’s economic elite, there has been a building resentment toward the fact that governing structures subject to corruption in Brazil remained largely the same throughout the long economic boom, as authorities channeled huge resources of the state to projects controlled by tycoons.
The protesters have directed much of their anger toward political leaders, some of whom are close to Mr. Batista, like the governor of Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, to whom Mr. Batista occasionally lent his private jet and who found demonstrators camped in front his home.
“Eike Batista assembled an empire thanks to colossal financing from the Brazilian government,” said Carlos Lessa, an economist and former president of Brazil’s national development bank. “But his explosion of wealth and prominence on the global stage came with risks, as the government itself and investors are discovering now.”
Mr. Batista built his fortune by selling investors on the potential of Brazil, forming companies that would benefit from the country’s rich oil fields, vast mining resources and fast-growing middle class.
But over the last year, investors in Mr. Batista’s six publicly traded businesses — none of which are profitable — have unloaded their shares amid disappointing projections, missed deadlines and a heavy debt load.
“He bundled wind and sold it,” said Miriam Leitão, an economic historian and columnist for O Globo, a leading Brazilian newspaper. “The euphoria fooled a lot of people.”
Now Mr. Batista is shedding assets and raising cash. In April, he dumped a large stake in his electric power company. He has put a private jet, a $26 million Embraer Legacy 600, up for sale. He is seeking a partner for Rio de Janeiro’s landmark Hotel Glória that he bought in 2008, a project that was supposed to be ready for the 2014 soccer World Cup but is mired in delays.
On Sunday, the newspaper Folha de São Paulo reported that Mr. Batista’s offshore construction company, OSX, had defaulted on a payment of more than $200 million to Acciona, a Spanish construction company. A spokeswoman for Mr. Batista disputed the report, contending that OSX has been in negotiations with Acciona over “obligations.”
In a statement, Mr. Batista rejected speculation that his business empire could be heading toward a collapse. Referring to his recent sale of stock in his own flagship oil company, OGX, Mr. Batista called the move a “minimal timely adjustment” related to the “reduction of the cost of debt among creditors.” While the move eroded confidence by investors, he emphasized that he had no plans to do so again.
There was a time when Mr. Batista personified Brazil’s emergence as a world economic force. The son of a former president of the Brazilian mining giant Vale, Mr. Batista was born to privilege. He earned his first millions buying gold from remote mines in the Amazon and then acquiring gold mines in Brazil and Canada.
Since the middle of last decade, Mr. Batista, through his EBX Group holding company, has formed six listed businesses: OGX (oil) and OSX (offshore equipment and services to energy companies), as well as MMX (mining), LLX (logistics), CCX (coal) and MPX (power). The X in each company name is meant to symbolize the multiplication of wealth.
Mr. Batista, 56, lives large and relishes the spotlight. He is a onetime champion speedboat racer, and his former wife was a Playboy cover girl. In Jardim Botânico, an upscale district of Rio, he opened a lavish Chinese restaurant, called Mr. Lam, where he entertained business visitors from the Far East. For a time, he parked his Mercedes-Benz SLR McLaren, which sells for about $450,000, in his living room. He had a memoir published in 2011 with the title “The X Factor: The Path of Brazil’s Greatest Entrepreneur.”
That book now looks in need of an afterword. Consider the ups and downs of OGX, the oil company and once one of Mr. Batista’s biggest holdings. In 2008, OGX raised $4.1 billion in the Brazilian stock market in what was then the country’s largest-ever I.P.O. But last June, after OGX missed its production forecasts by a wide margin, its shares tanked, and have fallen about 90 percent. On Friday, three of its five independent board members, including a former Brazil finance minister and a former Supreme Court justice, were reported to have resigned.
Skepticism is building beyond the ranks of his own corporate boards. “For both him and Brazil it’s time to talk less and deliver more,” Exame, the nation’s top business magazine, recently said in an overview of the woes at his companies.
There is also the decline last week in the stock of CCX, his coal business. Shares dropped 37 percent on Thursday to a record low after Mr. Batista canceled plans to take the business private. Mr. Batista said in a statement that the tumult in Brazil’s stock market “doesn’t represent an ideal environment to sustain the current terms” of the deal.
If Mr. Batista’s holdings continue to diminish in value, analysts say that his lenders, which include some of Brazil’s biggest banks, could push him into a restructuring that could cost him control of his companies.
The crisis at his empire is unfolding as Brazil is grappling with a decline in prices for some of the commodities the country exports, and ambitious infrastructure projects across the country face delays. While growth slowed to less than 1 percent in 2012, Brazil’s economy is not in crisis. Economists still expect the economy to grow about 2.5 percent this year, even as market turbulence shakes Brazil and other developing countries.
The sudden emergence of protests in more a hundred cities is putting greater pressure on authorities to lift the economy from its slowdown.
Aside from his business woes, Mr. Batista has also come under scrutiny because of his family. In March 2012, his son, Thor Batista, was driving his father’s McLaren when he struck a bicyclist and killed him instantly. This month, a Brazilian jury convicted Mr. Batista, 21, of vehicular manslaughter. He avoided prison, but was banned from driving for two years and fined about $500,000. His lawyers said they would appeal.
Mr. Batista has maintained a brave face through the losses, reminding investors that his companies still have billions of dollars of available cash. He has also taken to social media to fight back, telling his 1.3 million Twitter followers that anyone who bet against him would be “caught with their pants down.”
Jack Deino, a fund manager at Invesco, appears willing to take that risk. After acquiring a big position in the bonds of the oil concern OGX, he sold his entire stake a year ago after the company announced the major production shortfall.
“Batista built his businesses with a whole lot of salesmanship and hype,” Mr. Deino said. “I feel like I’ve been burned and won’t be touching any more of his ventures.”

terça-feira, 30 de abril de 2013

Da boliburguesia aos lulobilionarios: assim vai a América Latina - Reinaldo Gonçalves

Confesso que não deixo de achar engraçado: esse mundo dos muito ricos é mesmo bizarro.
Em lugar de fazer frutificar o que já tem, certos personagens estão sempre querendo mais.
Com o dinheiro dos outros, claro: o seu, o meu, o nosso dinheiro (ou você vai me dizer que não tem FGTS e não contribui para o FAT: mesmo sem saber, você deu dinheiro para o Eike Batista, esse capitalista capitalistérrimo, até estourar sua bolha...).
Paulo Roberto de Almeida 


Reinaldo Azevedo, 29/04/2013

Li uma nota no Radar, de Lauro Jardim, que me deixou preocupado. Com o meu bolso. Reproduzo o que escreveu Lauro. Volto em seguida.
*
Eike Batista contratou uma “consultora esotérica” para tentar espantar o péssimo momento do grupo EBX.
O diagnóstico até agora é complexo: o sol, símbolo do grupo, estaria “girando para o lado errado”, ou seja, para o lado esquerdo. Assim, a comunicação visual da holding será trocada.
A moça, chamada no grupo de “consultora filosófica e psicológica”, andou pelo edifício-sede na segunda-feira passada para “carregar de energias positivas” os projetos do grupo. Na quarta-feira, chegou a viajar até o Porto do Açu, no helicóptero de Eike.
Para alguns diretores, a ação da “consultora” foi explicada como sendo um “diagnóstico cultural” do grupo – seja lá o que isso signifique.

Voltei
Eu só não entendi por que, com o sol girando ao contrário, Eike chegou a figurar entre os 10 (é isso?) bilionários mais bilionários do mundo mundial: coisa de US$ 30 bilhões. Aí, por alguma razão vinda lá das esferas celestes — parece que esse mundo das energias cósmicas pode ser bem temperamental —, tudo começou a dar tudo errado… Eu estava achando que era porque o vento que ele vendeu não chegou. Mas vejo que não.
O problema é que o BNDES meteu um dinheirão nos negócios de Eike. Se o chavismo tem os seus “boliburgueses”, os que enriqueceram no período, o petismo tem os “lulobilionários” — que vêm a ser os bilionários que se encantaram com a forma como o lulo-petismo enxerga a economia de mercado. E eles ficaram mais bilionários ainda. Lula distribuiu, ao longo do tempo, sempre a depender do período, Bolsa-Selic, Bolsa-BNDES, Bolsa-Desoneração Fiscal Focalizada, Bolsa-Índice de Nacionalização da Indústria, Bolsa-Porque-É-Meu-Amigo-E-Quem-Manda-Aqui-Sou-Eu…
Os liberais não tocam no assunto porque boa parte deles foi também cooptada. Os que se dizem de esquerda, obviamente, acham que, finalmente, Lula botou o capital sob o cabresto do estado… E assim seguimos.
Eu espero que o Sol, agora girando do lado certo, faça surgir, por exemplo, petróleo onde Eike disse que havia petróleo. E na quantidade estimada, à época, pelos investidores. Acho que isso acabará sendo bom para o BNDES…
Ou, então, vou começar a cantarolar uma música que ficava muito bem na voz de Cássia Eller. Nunca entendi direito o que quer dizer, que sou meio xucro pra essas coisas das esferas celestes, mas gostava de ouvir no carro:
Quando o segundo sol chegar/
Para realinhar as órbitas dos planetas/
Derrubando com assombro exemplar/
O que os astrônomos diriam/
Se tratar de um outro cometa.
Como não dirijo e sou sempre passageiro, o fato de não entender lhufas não atrapalhava a minha concentração. Podia seguir cantarolando sem pensar em nada… Agora estragou. Se topar com a música, vou pensar no BNDES!

terça-feira, 23 de abril de 2013

O gordo e o magro, nova versao - Augusto Nunes


Augusto Nunes, 23/04/2013

Lula é o Eike Batista da política. 
Eike é o Lula do empresariado. 
Um inventou o Brasil Maravilha. Só existe na papelada que registrou em cartório. 
Outro ergueu o Império do X. No  caso, X é igual a nada.
O pernambucano falastrão que inaugurava uma proeza por dia se elogia de meia em meia hora por ter feito o que não fez. 
O mineiro gabola que ganhava uma tonelada de dólares por minuto se louva o tempo todo pelo que diz que vai fazer e não fará.
O presidente incomparável prometeu para 2010 a transposição das águas do São Francisco. O rio segue dormindo no mesmo leito. 
O empreendedor sem similares adora gerúndios e só conjuga verbos no futuro. Está fazendo um buquê de portos. Vai fazer coisas de que até Deus duvida. Não concluiu nem a reforma do Hotel Glória.
Lula se apresenta como o maior dos governantes desde Tomé de Souza sem ter concluído uma única obra visível. 
Eike entra e sai do ranking dos bilionários da revista Forbes sem que alguém consiga enxergar a cor do dinheiro.
Lula berrou em 2007 que a Petrobras tornara autossuficiente em petróleo o país que, graças às jazidas do pré-sal, logo estaria dando as cartas na OPEP. A estatal agora coleciona prejuízos e o Brasil importa combustível. 
Eike vive enchendo milhões de barris com o que vai extrair do colosso que continua enterrado no fundo do Atlântico.
Político de nascença, Lula agora enriquece como camelô de empresas privadas. 
Filho de um empresário admirável, Eike hoje sobrevive com empréstimos do BNDES, parcerias com estatais e adjutórios do governo federal.
Lula só poderia chegar ao coração do poder num lugar onde tanta gente confia num Eike Batista. 
Eike só poderia posar de gênio dos negócios num país que acredita num Lula.
É natural que viajem no mesmo jatinho. É natural que se entendam muito bem. Os dois são vendedores de nuvens.

terça-feira, 9 de abril de 2013

O tesouro perdido (literalmente): uma moderna historia de pirata - XXX

Quando esse gajo começou a ser incensado na imprensa, livros, capas de revista, matérias na mídia, eu logo me disse: ele não pode ser assim tão competente, ou sortudo. Tem de ter algo por trás disso tudo. E não é que tinha?
O partido dos companheiros, ou companheiros dos companheiros, devidamente azeitados, facilitaram a irresistível ascensão do novo magnata brasileiro.
Quando alguém veio me dizer que admirava seu tino empresarial, eu logo adverti: isso é capitalismo promíscuo, como existe em vários lugares do mundo.
Só deu isso!
Nem posso dizer: eu não disse? porque outros já disseram antes de mim.
Paulo Roberto de Almeida

Eike, do começo ao fim!
EVERALDO GONÇALVES 9 de Abril de 2013

O capitalismo convive com mercado promíscuo, porém rejeita a prepotência de Eike Batista, aumentada com o prejuízo da falsa riqueza
      Eike está tecnicamente “quebrado”. As empresas do Grupo X devem mais que o valor do patrimônio. Em março corrente suas ações em Bolsa valiam R$ 8 bilhões e as dívidas passavam de R$ 16 bilhões, sem levar em conta as da holding  EBX (com capital fechado) e dívidas pessoais do controlador.

O maior credor e investidor é o BNDES, com R$ 6 bi e mais R$ 3 bi em vias de ser aprovado para a MMX, com dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT. O segundo é a Caixa Econômica Federal (CEF), com R$ 2 bi, com R$ 0,7 bi do Fundo de Garantia do Trabalhador – FGTS; a seguir os Bancos Itaú, com R$ 1,46 bi; o Bradesco, com R$ 1,25 bi; o Santander R$ 0,68 bi; e, o BTG-Pactual, com pelo menos R$ 2 bi, mas diante do risco, igual ao agiota, tomou o controle das empresas, pois quem parte reparte e fica com a maior parte. O magnata, que detinha 70% do capital, com a nova administração, poderá ficar com 20%, ou menos. Falta apurar bônus e dívidas com os bancos estrangeiros e com a Receita Federal.

As IPOs do Grupo X levantaram em nossa Bolsa, cerca de R$ 26 bi. Portanto, o governo ajuda na gastança de seu único filho pródigo, mais que quatro anos da Bolsa Família (R$ 11,5 bi, em 2011), que tirou da miséria absoluta milhões de brasileiros.

O espectro que assombra o capitalismo
Ora, como é possível que apenas este escriba tenha visto que o rei está nu? Extrai pouco petróleo, com custo maior que a receita. Vende papéis de minas virtuais, portos complicados sem calado e todo mundo calado. Leiam aqui:

(http://www.brasil247.com/pt/247/portfolio/96157/Eike-o-ouro-de-Midas-gorou!-Eike-ouro-Midas-gorou.htm; http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/38788/; http://www.brasil247.com/pt/247/portfolio/68457/; http://www.brasil247.com/pt/247/economia/1571/)

Tudo é uma farsa, propaganda mística inglória, seja no nome, no Hotel inacabado ou na Marina, cujas obras as empresas X pintam qual o batom de sua marca falida e bordam no fracassado iate Pink Fleet. E ainda quer doar à Marinha o barco que está à deriva na orla do Rio de Janeiro, com a logomarca do sol inca e o lema na proa: Spirit of Brazil.

Viva Marx! É o novo espírito do capitalismo, sem capital. Numa década (do primeiro governo Lula, em 2005, ao terceiro ano do governo Dilma, 2013) houve uma assustadora ascensão das empresas X, seguida de violenta queda da fortuna virtual de Eike Batista. Inclusive, galgou o topo da relação nacional de ricos e a sétima na lista mundial. Não! Não, isso não é possível ser feito com trabalho honesto, nem com negócios lícitos. Seria a total desmoralização do princípio elementar do capitalismo: dinheiro gera dinheiro, com o trabalho alheio.

Do nada, o especulador mineral, usando da lei de acesso ao subsolo pátrio, livre ao primeiro requerente de uma área não onerada, ou por compra de direitos e de expectativa de direitos minerais, pode de fato fazer fortuna. Pura apropriação da acumulação primitiva do capital. Porém, a mineração, qualquer garimpeiro sabe, é uma atividade de risco, que aumenta na atividade empresarial, nas mãos de neófitos sem capacidade técnica. Por isso, além de um emaranhado de X, as empresas se tornaram as incógnitas desta equação em que a conta não fecha. Em 2010, cada ação da OGX valia R$ 23,00, agora, em 04 de março de 2013, entrou em liquidação nas lojas de R$ 1,99. O mercado cria e destrói os mitos!

O começo da malandragem

 O negócio de mineração de Eike Batista começou – conforme consta no livreco “O X da Questão”, que pagou para escreverem para ele – intermediando a venda de diamante em Antuérpia e atuando na compra de ouro azougado na Amazônia. Mercados exclusivos de contrabandista. Qualquer um pode desafiar Eike a mostrar notas fiscais compatíveis com o dinheiro que alega ter ganhado neste mercado negro. Inclusive, Eike Batista contou do roubo de 500 mil dólares, sem apontar o Boletim de Ocorrência – BO, e a contabilização do empréstimo, do novo empréstimo de igual valor e do pagamento do primeiro milhão de dólares. Tampouco há inquérito policial do tiro que levou nas costas por causa desse roubo, pois não justifica alegar que, neste caso, o outro tem cem anos de perdão.

Cortina de fumaça

Logo veio a praga de índio, com os primeiros seis milhões de dólares tirados no garimpo, com o suor do trabalho de famélicos, desclassificados do ouro. Eike Batista era o rei do garimpo, responsável pela compra de boa parcela do ouro do Rio Tapajós. É criminoso confesso da poluição pelo mercúrio usado na proporção de uma até quatro vezes em cada quilo de ouro recuperado no garimpo. A fumaça de mercúrio sublimado era tal que em plena floresta havia nevoeiro do tipo do fog londrino. O índio ficava assustado com o milagre, com medo de ver transformado – o silvícola, agora, já conhecia o poder do ouro – todo o metal amarelo em espírito maligno. Daí veio a maldição do Pajé, segundo o folclore nas rodas de garimpo, que tudo que Eikeguera usa nome indígena dá azar. Podem verificar: Biguaçu, Peruíbe, Itaguaí, Itatiaiuçu, Açu, Waimea e vai por aí.

Testa-de-ferro e o primeiro bilhão 

A fortuna fácil, depois do primeiro milhão, veio com a parceria com as multinacionais, Anglo American e a Rio Tinto, nas minas que a “Constituição Cidadã” (1988) vedou ao capital estrangeiro exclusivo. A antiga prática de usar testa-de-ferro na mineração ficou provada quando Eike Batista açambarcou áreas marginais do metal, na região da Reserva Ecológica da Serra do Cipó – MG, incorporadas na MMX. Vendeu na planta as futuras jazidas para a Anglo American, por 5,5 bilhões de dólares, conforme o balanço de 2007. Porém, no caixa da empresa entrou só U$ 704 milhões, parte do sinal de U$ 1.15 bi e o restante, caso fosse mantido o interesse, deveriam ter sido pagos em 2009. No balanço deste ano, não aparece a entrada do dinheiro, mas, conforme havia sido previsto em 2007, seria constituída a empresa Newco, com troca de ações. Entretanto, surgem outras empresas, a  IronX, Centennial Asset Minning Fund  LLC e “Anglo American plc”, com sede num notório paraíso fiscal, o estado norte-americano de Delaware. Neste estado, o segundo menor dos Estados Unidos, com apenas 850.000 habitantes, contadores alugam escritórios para sede de empresas que, quando não produzem no país, não precisam pagar imposto, nem apresentar balanço. Portanto, é estranho, uma empresa nacional, com sócio controlador brasileiro, precisar receber o pagamento das concessões minerais brasileiras por parte de empresa inglesa constituída aqui, com outra filial na África do Sul, com nova filial nos EUA, sem vínculo com os interesses da venda.

A Receita Federal, em janeiro de 2013, numa campanha contra grandes sonegadores, autuou a MMX, por irregularidades contábeis cometidas em 2007, na astronômica cifra de R$ 3,78 bilhões. Não pode ser pela sonegação de imposto sobre a venda de minério, pois este tributo é estadual e diferido no produto exportado. Ademais, a empresa não era e não é grande produtora de minério e tem dado prejuízos crescentes (R$ 792,4 milhões em 2012). O lucro da MMX ocorreu apenas em 2007 (R$ 400 milhões), quando contabilizou a entrada da venda para os ingleses.

Então, uma vez que nos balanços posteriores não aparece a complementação do pagamento feito pela Anglo American, a multa, tudo indica, foi atribuída por constatar a sonegação da maior parte dos 5,5 bilhões de dólares da transação, mais ou menos 11 bilhões de reais, sobre os quais incide o imposto da ordem de 34%, mais multa e correção. Não pagar tributos pode não ser crime, mas sonegar, após ter sido declarado no balanço e na mídia, é complicado.

Negócio para inglês ver

Para piorar a situação, há denúncias, bem fundamentadas, de que a venda, em vez de ter sido uma esperteza, como “um negócio da China”, na verdade foi “negócio para inglês ver”. Não há concretude na operação. A Anglo American argumenta que precisava, urgente, de uma grande mina de ferro – as ocorrências compradas não são magníficas e vai demorar para produzir –, que surge do nada. Lembra um conto de fada, semelhante à lavagem e expatriação de dinheiro gerado nas minas da África do Sul. Faz sentido. Acabado o apartheid, com o presidente Nelson Mandela as empresas colonialistas temiam pelo óbvio, o verdadeiro black-power, a nacionalização das minas da África do Sul. O perigo continuou com Jacob Zuma. O trabalho desumano nas minas precisava cessar. 

A Anglo American é o melhor exemplo da usurpação da acumulação primitiva do capital.  Desde 1917, apropriou-se do ouro, diamante, platina, cromo, cobre e do ferro. Por isso, temia a expropriação de suas minas e a nacionalização parcial ou total das empresas. Todas as empresas nesta situação procuraram formas de expatriar dinheiro. Logo, não é impossível que tal tenha ocorrido com o auxílio do Midas brasileiro.

A Anglo American neste caso, em vez de ter sido enganada, por ter pagado mais do que valia a futura mina, conforme voz corrente no mercado, teria usado o parceiro como “laranja” para expatriar a mais-valia. Então, Eike Batista, teria recebido, pelo serviço prestado, o seu primeiro bilhão de reais. 

Com parte do dinheiro arrecadado na operação “Serra do Sapo” – a principal ocorrência da negociação, com pouco minério de alto teor de ferro (65%), razoável quantidade de minério friável de ferro de baixo teor (itabirito mole) e grande quantidade de itabirito duro, que ainda não é considerado minério – Eike Batista comprou pela MMX, na Serra do Itatiaiuçu - MG, várias concessões minerais.

No balanço de 2007, estão indicadas as aquisições das Empresas AGV e Minerminas (U$ 224 milhões), e da Usiminas (U$ 115,6 milhões) no total de U$ 339,6 milhões. Tais valores são elevados para minas cujo minério rico já foi extraído, com pátios e barragens com material ferrífero de granulação fina descartado na época. Agora, Eike Batista, está relavrando despojos e divulga que possui: “as maiores, as melhores e as mais bem localizadas jazidas do Quadrilátero Ferrífero”. Únicas, inclusive com logística, com contrato com ferrovia e porto próprio em Itaguaí, na Baía de Sepetiba - Guanabara.

Portanto, se Eike Batista com menos de 10% da operação, comprou “minas melhores” a venda é outro X da questão. Também não são maravilhas, pois estavam abandonadas, mas, com os rejeitos, já está produzindo 4 milhões de toneladas/ano e planeja chegar a 40 milhões. Projeto maior que o da Anglo American, que pretende exportar 26 Mta.,  com investimentos de mais U$ 8 bilhões, para preparar as minas, o mineroduto de 525 km e ver se consegue terminar o Terminal S-1 no Porto Açu. Há um impasse no porto, previsto para entrar em operação em 2010, mas as suas obras precisam de mais  dois anos para concluir o quebra-mar (calado de 18 metros), com necessidade de dragar um longo canal (com 26 m de profundidade) continuamente, se quiser operar com navios chinamax (300 mil toneladas ou maiores).

Para confirmar o preço inflacionado da venda das concessões minerais, na mesma região, no Morro do Pilar, com semelhante potencial de ocorrências de ferro , em março de 2013, foi divulgado o projeto de mesma dimensão, com menor custo, da Mineradora Manabi, que adquiriu por R$ 546 milhões ativos minerais da empresa Morro do Pilar Mineração.

Quanto ao Porto Sudeste, neste local havia uma pedreira abandonada. Eike precisava de mais de 2 milhões m³ de rocha para o quebra-mar do Porto Açu, onde, por ser praia grande, não possui material adequado, nas proximidades. Tentou extrair a pedra em Itaguaí, mas depois foi buscar ao norte, a 60 kms de distância, que devido a tanto caminhão na estrada teve de fazer um viaduto e os veículos pesados têm de passar por dentro da cidade. Com isso os preços foram lá para o céu.

Foi deste modo, com o TS-1 no Porto Açu indefinido, que Eike resolveu fazer o TS-2. Junto à praia, com necessidade de dragagem de um longo canal, com uso de caixões de areia, em parte das laterais, que também servem de quebra-mar, para este puxadinho.

A pedreira de Itaguaí, uma ideia luminosa de Eike, num passe de mágica, por um túnel para facilitar o acesso ferroviário, virou Porto Sudeste. Porém, nossas ferroviais estão sucateadas e não há como assegurar que não vai ter vagão de minério descarrilhado no caminho. A estrada de ferro de Minas para Rio ou São Paulo, vagão carregado usa o ramal da mal lembrada Ferrovia do Aço e no retorno o leito da velha ferroviária Central do Brasil. Há mais ferrovia: a antiga Estrada de Ferro Leopoldina (arrematada por Eike Batista), não é nem lembrada.

O gargalho de logística não está nos portos e, sim nas ferrovias. Em Porto Açu, não foi construído nada de concreto para ligar com a Ferrovia Vitória Minas ou ao Sul com a Rio-Minas. E, quanto tempo vai precisar para fazer 40 km de ferrovia e alargar a bitola da Ferrovia Centro-Atlântica – FCA?

E o petróleo e gás? É uma brincadeira de menino rico. Pode alguém que nunca viu petróleo entrar no mercado desafiando a Petrobras e os mesmos trustes que acabaram com o nosso Monteiro Lobato e fazem as guerras no mundo? Não foi preciso nem boicotar a OGX, pois a inexperiência é total e o peixe morre pela boca.

Do quadrilátero ao octógono e as barras de ferro

Meus compatriotas e senhoras idosas dos Fundos de Pensão estrangeiros que acreditaram na lábia de Eike Batista: eu fico indignado, com o engodo e o prejuízo do Erário e de investidores. Pois, de graça, sem ter nada contra o Eike Batista, como profissional da Geologia e cidadão tenho mostrado a fragilidade dos projetos das empresas do Grupo X. O prejuízo nos balanços de 2012 é preocupante e pode abalar o capitalismo: OGX – R$ 1.138,7 milhões (petróleo e gás); MMX – R$ 792,4 milhões (mineração); MPX – R$ 434,2 milhões (energia); OSX – R$ 26,3 milhões (construção naval).

É triste constatar que o porto de Santana no Amapá, que Eike, com sua mineradora MMX, “modernizou” e vendeu para a Anglo American, literalmente desabou, em 28 de março de 2013, provocando pelo menos seis mortes e enormes prejuízos financeiros. Improviso que os ingleses vão “pagar o pato”. A Anglo American, de fato, nos últimos anos, vinha – com elevados custos – diminuindo o índice de acidentes em suas minas no mundo, cujo programa acaba de sofrer um duro golpe.

Este porto operava, desde 1953, nas barrancas do Rio Amazonas, para navios de 40.000 t de minério de manganês, da exaurida mina da Serra do Navio. Eike Batista havia conseguido os direitos minerais de pequenas ocorrências de ferro, assim como a Estrada de Ferro da ICOMI, que foi leiloada e o Porto de Santana. Este projeto da MMX foi alvo da “Operação Midas”, da Polícia Federal que quase levou Eike Batista à prisão. A Anglo American recebeu este projeto no pacote das minas de ferro e estava tentando sair fora, mas o acidente complicou a situação. É o exemplo de atuação profissional de Eike Batista, pois o porto foi ampliado, sem estrutura, passando para escala de minério de ferro, que implica volume maior de estocagem e carga no pátio. O peso das pilhas de minério fez deslizar o porto e ajuda a colocar no mercado o Eike Batista na corda bamba como os pilares da ponte do Porto Açu. 

Entretanto, os analistas não viram nada de irregular nos projetos do Grupo X, mesmo os especialistas de bancos particulares, de corretoras, da CVM e particularmente, da CEF, do BNDES e dos Fundos de Pensão. Incrível! Projetos vendidos como sólidos e bons exemplos de administração e arrojo empresarial, de repente desmancham no ar. Alguns projetos poderiam dar certo, mas no estilo do Senhor X, tudo pode entrar em falência. O Brasil não merece, nem suporta golpe de tamanha grandeza, tampouco o mercado.

Agora, bateu o desespero, o conselheiro da roda da fortuna fácil, empresário com visão de 360°, o brasileiro mais rico do pobre País, com promessa de chegar ao topo mundial, está na lona do octógono, que patrocina as lutas de UFC, sangrando a ponto de mostrar as vísceras e perder a peruca. O mercado acordou tarde e o “Governo do Trabalhador”, não pode usar o dinheiro do trabalhador, mal guardado no FGTS e no FAT, para tentar salvar o inimigo número um de quem trabalha. Exige-se uma manifestação da CVM, dos Bancos Oficiais, da ANP, da ANTAQ, do DNPM, dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e do Ministério Público. Volta à luta, Luísa!

*Jornalista e geólogo; ex-professor da USP e da UFMG; ex-presidente da Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL.

Comentários

25 comentários em "Eike, do começo ao fim!"

Leandro 9.04.2013 às 13:23
Se o Funpresp já tivesse sido aprovado há uns 2 anos atrás, era só aplicar o dinheiro dos futuros velhinhos nas empresas XXX. Assim como fez a Previ comprando um terreno inútil da Odebrecht, na época da construção de Sauípe, que até agora está tentando sacar algum caldo.

Everaldo Gonçalves 9.04.2013 às 00:22
Meu caro, João Pedro Magalhães, fico muito grato com sua mensagem, pois de fato, apenas este crítico professor tem sido, há mais de dois anos, publicamente, aqui neste espaço do Brasil 247, um persistente lutador para mostrar que o rei está nu, por seus projetos mirabolantes em todos os ramos que possam dar destaque. Na área de geologia e mineração, petróleo, gás e energia, minha especialidade posso falar de cadeira que, muito embora alguns projetos pudessem dar certo, da maneira que são operados, aliados aos riscos próprios da atividade mineral, não podem dar certo. Portanto não sou adivinho, mas um crítico crítico. Muitos são críticos favoráveis de projetos problemáticos. O BNDES e a Caixa e os Bancos que analisaram e aprovaram os projetos que estão gorando não devem ter nos seus quadros, técnicos com boa formação em geologia e mineração, ou não puderam fazer uso pleno da ciência. Portanto temos de exigir dos órgãos oficiais que os irresponsáveis sejam punidos e que nãos se repitam tais fatos. Quanto aos meus alunos e colegas se manifestarem a motivos diversos. O trivial é que perdemos a tradição de combate, ninguém mais vai à luta e abre o peito e mostra o que está errado. É a alienação, o comodismo e o servilismo, quando não a espera de um melhor emprego que falam mais alto que o sentimento e o pleno exercício da profissão. O que pode fazer um profissional numa empresa com tais práticas? Alguns podem ser por desconhecimento, inclusive por atuar em outra área do conhecimento da geologia. Quanto aos meus alunos, hoje são meus colegas e muitos tenho certeza concordam e estão vibrando com meus artigos. Os alunos, que não tenho mais, eu modestamente, também, escrevo para eles, pois na leitura de meus textos, certamente vão aprender mais que em muitos livros, apenas técnicos. Em outras épocas, meus textos serviriam para saíram as ruas e tomarem a bandeira da defesa do subsolo pátrio como fizemos no passado. Mas, a UNE, de hoje, parece estar preocupada com outros movimentos e perdeu aquela força aguerrida da juventude. O povo perdeu a análise crítica e o sentimento de indignação. Poucos leem e menos entendem e a televisão embota a mente, a música enlouquece pelo som e qualidade. Por isso, meus artigos, espero que sejam uma chamada a razão e a realidade, da mineração e do bom aproveitamento dos recursos minerais. Temos de procurar mudar o mundo e garantir que a natureza possa continuar sendo usufruída pela sociedade. Há minérios que já estão faltando, inclusive a água, outros poluindo a terra o ar e o mar. A tecnologia ajuda, mas está ficando complicado manter o crescimento global. Por isso, conclamo os geólogos para que não se esmoreçam e coloquem seu martelo a favor da natureza. Quanto ao Eike Batista e outros, reafirmo que discuto ideias e pessoas jurídicas, não pessoas. Um abraço Everaldo Gonçalves.

Everaldo Gonçalves 8.04.2013 às 23:40
Prezado Fernando Freitas, grato por suas palavras que reforçam minhas críticas e a necessidade de, ainda que sozinho, quando estamos com razão de mostrar ao poder e aos que se dizem muito ricos que dinheiro não é tudo e não resolve. Você acompanha minha luta gratuita para mostrar que dinheiro não cai do céu, mas deveria ser do trabalho, para benefício de todos. O rico pegar dinheiro público é um absurdo. Pior, quando aplica mal e ninguém fiscaliza. Um abraço, Everaldo Gonçalves.

Everaldo Gonçalves 8.04.2013 às 23:32
Prezada Janete Campos, grato pelas suas palavras amigas que reforçam a necessidade de criticar situações dessa natureza. Uma andorinha não faz verão, mas se nos unirmos eles, todos os administradores verão. Mandei carta, com este artigo anexo, ao BNDES, ao Ministro da Indústria e Comércio e à Presidente Dilma, em 15 de março, que não sei se por mim ou não, parece que, a Presidente, mudou de posição, antes favorável aos projetos do Grupo X e agora não iria mais facilitar para que seja colocado mais recursos públicos pelos Bancos e agentes governamentais, A solução deve ser de mercado. Um abraço Everaldo Gonçalves.

João Pedro Magalhães 8.04.2013 às 19:23
Professor Everaldo, parabéns, o senhor desvendou o faso milagre da multiplicação do dinheiro de Eike Batista, com dureza, sarcasmo e muita elegância, sem falar do pai, nem do filho, nem da mulher, apenas das empresas em falência. Se a mídia, a bolsa e governo tivessem escutado o professor, talvez não tivesse chegado a tanto prejuízo. Será que só o professor viu isso? Seus alunos e colegas não sabem ou não querem falar a verdade? Agora que o sr. colocou o ovo em pé todo mundo vai falar que sabiam das falhas das empresas. Absurdo o BNDES não ter analisado as operações. Atenciosamente João Pedro Magalhães.

Fernando Freitas 8.04.2013 às 19:07
Caro Professor, "quando a esmola é de mais o Santo desconfia". Eu não consigo aceitar a morosidade do nosso Judiciário, o Senhor cantou a bola a dois anos atrás e o nosso Midas continuou a sacar dinheiro e jogando em Projetos faraônicos e sem analise . Qualquer empresário que precisa ampliar a sua industria, passa por uma analise rigorosa. No entanto, o que se vê é o prejuízo por trabalhador brasileiro pagar. Quando o Sr. alega "volta a luta Luisa" o Sr. esta se referindo a nossa Presidente. Parabéns e continua na luta.

janete Campos 8.04.2013 às 16:00
Finalmente alguem com competencia tecnica e conhecedor do mundo da mineração, desmascara a farsa do Milagreiro que tudo que toca vira ouro...Isto merece uma açao do MPU,CMPI,ja ja....antes que a Piramide desabe.....

Everaldo Gonçalves 8.04.2013 às 12:20
Prezado colega João Moller grato pela sua intervenção e as partes explicativas pertinentes incorporo ao meu texto. Fico feliz por não ser a vais rara no meio geológico que faz a crítica crítica dos projetos de mineração em curso no Brasil, não apenas das empresas do Grupo X. Uma pena que o Crea, as entidades de classe a associações cientificas tenham ficado caladas, igual o porto Açu, sem calado. Nos meu tempo de professor, que ainda me sinto como tal, na USP e na UFMG, não ensinei o mau uso dos nos recursos minerais, Agora parece que muitos colegas esperam um emprego ou poder dar um parecer para as empresas do Grupo X. Meus textos de dois anos não foram reproduzidos nos sites de geologia, talvez com o pretexto de serem opiniões críticas, com conotação política que não tenho, pois nossos atos podem, ou melhor devem ser políticos, mas a ciência não. Nosso martelo devemos usar nas rochas e na tentativa de desembotar a mente das pessoas que não possuem informação além da mídia venal. Mandei meus textos, mais resumidos, para diversos jornais de grande circulação, mas não havia interesse ou espaço. Estes dois últimos artigos tiveram repercussão, tanta que neste momento 450 internautas curtiram e colocaram no facebook. O número de acesso, na simples leitura do texto, sei que está elevado, assim como leitores colocando no twitter também, mas não tenho a informação exata. Isto em dois dias, sábado e domingo na rede. Tenho, como de costume, procurado responder aos internautas e quase todos são concordes com minhas críticas. Quanto sua avaliação de governos, sem partidarizar, é sabido que as empresas, inclusive as grupo X, ajudam todos os partidos. Uns mais outros menos. A MMX foi constituída em 2005 e a venda para a Anglo em 2007. As áreas de petróleo é um assunto mais amplo, que mercê ser mais bem avaliado. Porém a OGX no ramo de petróleo é uma aventura que parece que não deu certo. Imagine se acha petróleo e ocorre um acidente? Como iriam resolver. Petróleo é uma luta de gigantes, que não deram nenhuma importância ao Grupo X, pois sabiam que não teria sucesso e caso tivesse tido, ora, venderia ou seria massacrado. Os trustes sempre agem assim. É a indústria de petróleo, de cerveja, até o mercadinho da nossa rua, quando cresce vem um gigante e mata ou engole. Quanto à negociação com a Anglo American, que possui experiência na mineração, de fato há dúvidas se foi por engano e superavaliação dos depósitos minerais ou alguma operação comercial, como se diz: para inglês ver. Um abraço, Everaldo Gonçalves.

joão.moller 8.04.2013 às 10:53
Professor Tambem sou geólogo, da área de ferro e ouro, e tambem sei que ninguem fica rico do dia para a noite. Eike fugiu a regra por ser muito esperto e contar com brechas da lei e brechas provocadas pelo mau uso dos termos 'recursos e reservas minerais' (permitido pelo nosso antiquissimo Codigo de Mineracao). Fosse em outros paises (Australia, Canada) Eike nao teria ido tao longe. Concordo com tudo o que o Sr. disse, mas absolutamente nao concordo em tentar jogar a culpa no governo Lula sobre o crescimento deste cara. Alias foi graça a Lula que cancelou o primeiro leilao onde forçosamente estariam areas do pre-sal que Eike foi jogado fora (e ele reclamou muito na epoca, pois estava calcado em 5 bilhoes de dolares para participar do leilao que nao houve. As demais empresas que participariam nao reclamaram pois aceitavam o fato da Petrobras ter descoberto o pre-sal). Posteriormente ele pegou blocos marginais. A imprensa comprada por Eike alardeou que em seus blocos tinha mais oleo que nas áreas da Petrobras e as acoes do rapaz subiram as nuvens (como ele queria - e isto nao seria permitido em Canada, Australia, etc). Quando ele começou a fazer os furos obrigatórios de acordo com as regras da ANP viu-se que todos os blocos eram secos, e a noticia vazou, mas vazou muito depois do fato consumado (eu sei disto atraves de colegas da Petrobras). Eike foi endeusado pela imprensa e nao pelo governo. A MMX, primeira aventura solo de Eike, foi criada nos tempos de FHC e nao de Lula. Enfim, finalmente estao mostrando quem é o cara. Estranha a imprensa deste país. Será que deixaram de ser pagos para publicar noticias favoráveis? Gostei da sua interpretacao para o negocio com a Anglo, mas nao acredito. A Anglo foi ingenua mesmo, caiu como um patinho. O recurso e muito menor do que imaginavam.

Roberto 8.04.2013 às 04:17
Prezado professor, muito bem fundamentada e escrita a sua análise. Espero realmente que isso seja apurado e que sejam tomadas as devidas providencias. O que não acedito muito... Mais um esquema de golpe. Esta me cheirando a mais uma articulação dos mesmos autores do mensalão. Arrumaram alguem que pudesse parecer de credibilidade (Sempr achei estranho, alguem que nunca fez nada, não era conhecido como empresario, atuando e comprando tudo: portos, petroleo, área medica, hotel, marina, etc.. E ainda quer o Maracanã). Bem, vão tirar da empresa do carlinho cachoeira e entregar para outro... Parabens! E toma Claudia!

07/04/2013 14:19
Eike Batista: O apogeu e declínio do Império XReprodução do site Brasil 247
Nos últimos dias todos os veículos de comunicação deram destaque às perdas milionárias de Eike Batista. A sucessão de notícias negativas com certeza contribuiu para aumentar o prejuízo e a desconfiança dos investidores, uma combinação mortal para quem tenta arrumar sócios e capital para tocar os seus empreendimentos, muitos praticamente parados. O site Brasil 247 faz uma análise sobre o papel da mídia na escalada bilionária e meteórica de Eike Batista até chegar ao Olimpo dos homens mais ricos do planeta(chegou a ser o 8º).

Eike conhece o mundo financeiro, dos negócios, mas não entende de mídia e caiu numa armadilha. É igual a quando um artista está no topo e faz questão de aparecer em todos os espaços da mídia, abre sua casa para a revista Caras, se expõe ao máximo para faturar em cima da sua imagem. Quando porventura cai no ostracismo ou se envolve em algum episódio negativo passa a querer distância de jornalistas e fotógrafos, mas aí já é tarde. Criou um mito e tudo o que o envolve, para o bem ou para o mal, passa a ser notícia. Um empresário de grandes negócios investir em se transformar num personagem mais importante que os seus empreendimentos é uma aposta de alto risco. É bom quando os negócios vão bem, mas se transforma numa tragédia quando atravessam período de turbulência. É mais ou menos o que está acontecendo com Eike Batista.