Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Delfim: conselheiro da presidente nao esta' aconselhando bem (valor de mercado diminuiu?)
Aparentemente pouco, pois se ele aconselha os companheiros petistas desde o início, ou os companheiros não aceitam os seus conselhos, ou os aplicam estupidamente, ou os conselhos não são muito bons assim.
Em todo caso, eu diminuiria o valor de mercado desse economista, que fica sempre enrolando os outros e não diz coisa com coisa... ou só diz o óbvio...
Paulo Roberto de Almeida
Delfim estima que País vai crescer apenas 1%
Ricardo Leopoldo, Tássia Kastner
O Estado de S. Paulo, 7/08/2014
Ex-ministro da Fazenda estima ainda que quadro ficará mais grave por causa da inflação que, segundo ele, 'deve ter subido 30% em quatro anos'
Delfim Netto destacou que o Brasil só tem acordos bilaterais com três parceiros internacionais: Egito, Israel e Autoridade Palestina
O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto afirmou ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano deve registrar uma fraca expansão, ao redor de 1%. "O País está crescendo muito pouco, e isso é um grande problema."
Na avaliação de Delfim, esse quadro fica mais grave porque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) "deve ter subido 30% em quatro anos" e a inflação é "muito alta". Segundo ele, a inflação está perto do teto do sistema de metas de inflação, mas isso não significa que ela sairá do controle. "O governo controla a gasolina para combater a inflação, mas destrói o setor do etanol", disse Delfim, durante evento do Fórum Lideranças da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
De acordo com Delfim Netto, também é um destaque negativo da economia o fato de que a indústria de transformação apresenta um nível de atividade semelhante ao registrado em 2009, o que representa estagnação. Um efeito negativo dessa realidade é o registro de um déficit de contas correntes de US$ 270 bilhões. "Não é bom financiar a economia com capital externo dessa forma", disse. "O credor é um canalha que vai querer seus recursos de volta."
Política cambial. Delfim afirmou que a política de utilizar o câmbio para combater a inflação é um "equívoco grave", pois só é viável controlar sua variação, mas não o nível. "A intervenção do Banco Central está mantendo o câmbio abaixo do seu equilíbrio", comentou. "Mas a inflação volta, pois (o BC) está só escondendo a inflação. Temos entre 1,5% e 2% de inflação escondida. E para combatê-la, precisa em primeiro lugar fazer com que as pessoas acreditem que ela vai cair."
Embora tenha destacado o quadro de crescimento baixo, inflação alta e déficit de transações correntes elevado, o ex-ministro ponderou que esses fatores não vão levar o País a uma crise econômica como a do passado. Mas ponderou que houve "certo descuido" do Poder Executivo na gestão das contas.
"A prioridade do governo tem sido a ampliação do custeio e não dos investimentos", disse. Segundo ele, houve, talvez, excesso no emprego de recursos do Tesouro para repasses ao BNDES, o que acabou ajudando a elevar a dívida bruta. "Ocorreu uma confusão de achar que dívida pública é recurso."
Delfim criticou "o abandono da política comercial" pelo Brasil. "Nos amarramos à estrutura do Mercosul, que não funciona. Temos de ser uma zona de livre-comércio", destacou. "Transformamos o Atlântico Sul num cemitério. Abandonamos o comércio exterior como um vetor do crescimento."
Delfim Netto destacou que o Brasil só tem acordos bilaterais com três parceiros internacionais: Egito, Israel e Autoridade Palestina.
Sensibilidade. O ex-ministro afirmou que o governo "está muito sensível, reage a qualquer crítica com certa violência", ao lembrar o documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado na semana passada, que colocou o Brasil na lista de países economicamente vulneráveis. "Estava certo o FMI quando disse que o Brasil é relativamente vulnerável. Não significa que vamos ter crise e que ela está nos esperando no curto prazo."
O ex-ministro ressaltou ainda que a dívida de curto prazo sobre as reservas no Brasil é de 8,7%, bem menor que Índia (31,1%) e Turquia (84,6%), por exemplo, também listados como vulneráveis.
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Brasil desperdiçou a renda das commodities - Entrevista Delfim Neto
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
O Pinocchio da economia brasileira (e o camaleao da politica): Delfim Neto, amigo dos companheiros...
Tudo vale se a alma não é pequena, e o bolso se engrandece com qualquer coisa que não seja requerido falar a verdade...
Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Delfim Netto: o grande "inversor" da historia economica...
O artigo que ele publica hoje, no jornal Valor Econômico, sobre o processo de desenvolvimento ("O desenvolvimento é mais embaixo", p. A2), constitui a mais notavel inversão de fatores causais já registrada nos últimos 130 mil anos, ou se o ex-deputado quiser, nos últimos 300 anos, relativamente aos fatores de indução ou de aceleração desse processo.
Ao "explicar" essa "história de mercado", que só funcionaria adequadamente se fosse bem organizado pelo Estado, o articulista se refere ao caso da Inglaterra e da Holanda, mas diz que no caso da China, supostamente bem dotada em fatores de produção, a elevação da produtividade só se deu quando se teve:
"um Estado indutor" que:
1) respeitasse e dignificasse a atividade do setor privado;
2) libertasse o 'espírito animal' dos empresários...
3) garantisse que cada um poderia apropriar-se dos benefícios de sua iniciativa."
Inacreditável essa descoberta da pólvora ao contrário do ex-deputado, pois o que ele está dizendo é que a China só começou a se desenvolver quando o Estado chinês garantiu -- ou talvez "criou", na concepção -- tudo isso.
Não lhe ocorre que a história pode E DEVE ser lida completamente ao contrário: se o Estado (comunista) chinês não tivesse proibido tudo isso, o processo de desenvolvimento na China poderia ter vindo muito antes, sem esses ENTRAVES criados pelo Estado.
Em resumo, as três condições do ex-deputado devem ser lidas completamente ao contrário: "se um Estado 'normal' (não indutor), não tivesse proibido as atividades do setor privado, se ele não tivesse extirpado os capitalistas do país, se ele não tivesse proibido a propriedade privada...", toda a história teria sido diferente.
Certos articulistas precisam parar para pensar no que estão escrevendo...
Paulo Roberto de Almeida
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Um economista a lamentar: Delfim Neto a caminho da decadencia moral
Como economista, Delfim poderia ter falado da origem dos recursos utilizados (que simplesmente não existem), poderia ter falado da contabilidade maquiada feita pelo governo, das consequências de tudo isso para as contas públicas, dos efeitos sobre a dívida pública e sobre os juros, enfim, poderia ter levantado argumentos econômicos para examinar uma questão importante.
Preferiu ficar nos elogios ao governo, como se tivesse sido contratado para ser garoto-propaganda do governo Lula.
Triste fim para um economista da USP.
Apenas uma última observação: não existem frutos do pré-sal. Por enquanto só existe um poço imenso de dúvidas, e a certeza de que a dívida pública aumentou (mesmo de forma disfarçada)...
Paulo Roberto de Almeida
Os frutos do pré-sal
Antônio Delfim Netto
DCI, 1/10/2010
O governo comemora o sucesso do lançamento das ações da Petrobras, a meu ver com bons motivos na medida em que está concedendo à empresa os recursos para explorar as enormes quantidades de petróleo da camada do pré-sal.
Para quem estava no governo nos anos 70 e 80 do século passado e viveu a interrupção do crescimento brasileiro porque nos faltou energia (essencialmente a dramática dependência das importações de petróleo), a expectativa do aproveitamento do pré-sal é algo a comemorar, realmente.
Não tenho dúvida de que encontramos um caminho bastante razoável para realizar a exploração, depois de um certo tumulto inicial que precedeu a operação.
O governo agiu corretamente. Não se justifica a crítica à sua nova posição no capital da empresa, porque não vai alterar a qualidade da governança da Petrobras o fato de ter aumentado de 40% para 48% ou 66,4% a sua participação.
É uma empresa com administração de alta qualidade, que vem se aperfeiçoando, com um corpo profissional que privilegia a pesquisa e em razão disso alcançou elevados níveis de eficiência em suas operações, reconhecidos globalmente.
Estou convencido de que todo este processo de exploração será conduzido com inteligência, de forma a garantir que nos próximos 20 anos, pelo menos, não teremos problemas com o suprimento da energia e de matéria-prima para o desenvolvimento dos vários ramos da indústria química e de fertilizantes nitrogenados que darão destino mais nobre ao uso do petróleo do que a simples queima como combustível.
É uma possibilidade bastante razoável que tenhamos um crescimento robusto nas duas próximas décadas sem ter de enfrentar nenhuma perturbação séria a ponto de retardar o desenvolvimento. Nesse particular, não se pode dizer que o presidente Lula exagerou nas comemorações que presidiu na Bahia a propósito da capitalização da Petrobras e das ações de seu governo no setor energético.
O pré-sal é um bônus que a natureza nos trouxe para ajudar a resolver a questão da oferta de energia, mas não é apenas no setor de combustíveis que o Brasil avançou. Tão importantes, ou mais do que isso, foram as decisões que permitiram superar as dificuldades de toda a ordem que retardavam a execução das obras de aproveitamento do potencial hidrelétrico dos rios amazônicos. O presidente se empenhou pessoalmente para mostrar a inconsistência dos argumentos contrários à execução de empreendimentos como as usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira e de Belo Monte, no Xingu, que vão finalmente permitir o uso da energia a alguns milhões de brasileiros secularmente isolados dos benefícios do desenvolvimento. As duas primeiras, já em construção, vão começar a gerar energia um ano antes do que previam os contratos.
Agora, quando se prepara para transferir o poder, ele pode dizer sem exagerar que respondeu aos desafios desses oito anos. A três meses do término de seu segundo mandato, o operário metalúrgico que se elegeu presidente para -na expectativa de seus adversários políticos- viver uma curta passagem pela história do Brasil, no que seria conhecido como o período de "Lula, o Breve", sai de cena colecionando índices de popularidade e de aprovação de seu povo superiores a 80%. São recordes difíceis de serem batidos. Sem contar o recorde de crescimento do PIB que termina 2010 em torno de 7% de expansão em relação ao penúltimo ano, depois de atravessar a crise financeira que até hoje paralisa parte da economia mundial.
A mensagem que ele deixa aos brasileiros é a de uma liderança que valorizou acima de tudo o trabalhador, homens e mulheres que independentemente de origem, credo, cor, acreditaram que Lula não descansaria enquanto não cumprisse as promessas da "Carta aos Brasileiros", apresentada aos eleitores em 2002: combater a pobreza das famílias, aumentar o emprego e reduzir as desigualdades de renda entre as pessoas.
O pré-sal é um bônus que a natureza nos trouxe para ajudar a resolver a oferta de energia.