O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Espionagem e espioes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Espionagem e espioes. Mostrar todas as postagens

sábado, 5 de julho de 2014

Ironias da espionagem entre aliados: sempre tem alguma surpresa - Alemanha-EUA

Perguntar não ofende, ou imaginar não custa nada: quantos agentes duplos existiriam no caso da relação EUA-Brasil?
E não seriam agentes triplos? Os companheiros exibem uma tal sede de enriquecer rapidamente, que não podemos excluir nada, nem mesmo gente que trabalha para três potências ao mesmo tempo (ainda que um ou outra não seja exatamente uma potência, apenas um "amigo" de tempos amargos...).
Paulo Roberto de Almeida

El País, 5/07/2014

Um escândalo com grande potencial destrutivo acaba de estourar em Berlim. Em um momento em que o Governo alemão parecia decidido a virar a página das escutas no celular da chanceler Angela Merkel e recuperar as boas relações com Washington, a detenção de um agente duplo ameaça reavivar os problemas diplomáticos entre as duas potências. A procuradoria federal informou nesta sexta-feira que na quarta passada foi preso um alemão de 31 anos que trabalhava ao mesmo tempo para os serviços secretos de seu país e para os dos Estados Unidos. O paradoxo é que o suposto espião passava informações, entre outros assuntos, sobre as atividades do comitê parlamentar criado precisamente para investigar as escuras realizadas durante anos pela agência de segurança norte-americana.
Pouco depois de a notícia ser divulgada, Berlim reagia com um golpe sobre a mesa. “O Ministério de Relações Exteriores convocou hoje o embaixador dos EUA em Berlim, John Emerson, para manter uma conversação sobre o caso”, publicou o ministério em sua conta oficial do Twitter. O Governo pediu ao embaixador “uma explicação rápida”, acrescentava um porta-voz oficial. Esse passo dado pelo ministério dirigido pelo social-democrata Frank-Walter Steinmeier é menos agressivo que uma hipotética convocação de seu embaixador para consultas, mas constitui de todas as formas um claro sinal da indignação que se apodera de Berlim.
O comitê que investiga as escutas também foi espionado
Merkel foi informada da detenção na quinta-feira, o mesmo dia em que manteve uma conversa telefônica com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Trata-se do mesmo homem que em janeiro se comprometera a não voltar a espionar a chefe do Governo alemão. O porta-voz da chanceler se apressou a tachar o ocorrido como “muito grave”. Ao mesmo tempo, os social-democratas, parceiros do Governo de grande coalizão, exigiram explicações imediatas do que o jornal Süddeutsche Zeitung, de Munique, considerou que poderia ser “o maior escândalo envolvendo um agente duplo depois da Segunda Guerra Mundial”.
O comunicado da procuradoria não dá margem a dúvidas. “Tramitou uma ordem de prisão pela suspeita de que o acusado trabalhava para um serviço de inteligência estrangeiro”, diz. O detido, segundo diversos órgãos da mídia alemã, tinha vendido à Embaixada norte-americana informação procedente da comissão parlamentar que investiga o escândalo das escutas telefônicas levado a cabo pela NSA, a Agência de Segurança Nacional, dos EUA.
O jornal Bild adiantava que o detido atuou como agente duplo durante os últimos dois anos e que poderia ter furtado 218 documentos confidenciais. “O empregado do serviço de inteligência alemão entrou em contato em 2012 com a Embaixada dos Estados Unidos em Berlim para lhe oferecer documentos interessantes”, explica o jornal popular. Em troca desses papéis o jovem alemão teria recebido 25.000 euros (75.200 reais) dos serviços secretos norte-americanos. Ele também entrou em contato com os russos, mas não chegou a fechar um acordo com eles.
O agente vendeu à Embaixada dos EUA 218 documentos furtados
O comitê parlamentar que pode ter sido espionado não quis convocar no mês passado o ex-analista da NSA que vazou informações sobre as escutas norte-americanas, Edward Snowden, para uma audiência no Bundestag. Apesar dos protestos da oposição de verdes e esquerdistas, os partidos da base governista – os democrata-cristãos e social-democratas– desistiram assim de jogar sal na ferida aberta no final do ano passado, quando se descobriu que nem mesmo Merkel estava a salvo da espionagem norte-americana. A decisão de não levar Snowden a Berlim desanuviava a frente política, mas não a judicial. O procurador federal, Harald Range, anunciou em 4 de julho a abertura de uma investigação sobre as escutas. É no marco desse processo que na quarta-feira foi detido o agente alemão que vendia informações sensíveis ao amigo americano.
É cedo para calcular as repercussões que o novo escândalo pode ter nas relações entre Merkel e Obama, dois líderes que nos últimos meses, forçados por crises como a da Ucrânia, haviam recuperado uma comunicação fluida. Pareciam distantes aqueles dias de finais do ano passado nos quais a chanceler, pressionada pela indignação nacional, enviara a Washington uma delegação para exigir explicações. Mas a revelação de que os responsáveis por investigar a espionagem eram por sua vez espionados ameaça voltar a esquentar a situação.
“O Governo alemão vai esperar para conhecer os resultados da investigação. Se for preciso tomar decisões em conformidade, isso será feito, mas por hora será preciso esperar”, respondia ontem o porta-voz de Merkel. Mais direto se mostrava o deputado verde, membro do comitê parlamentar que investiga as escutas, Konstantin von Notz, que recordava que, segundo a Constituição, o Parlamento é o responsável por controlar os serviços de espionagem. “Embora só pela tentativa de alterar esse princípio, essa é uma questão que merece uma dura resposta diplomática”, acrescentava.
Casa Branca se esquiva de comentar a suposta trama
A Casa Branca se esquivou nesta sexta-feira de responder sobre a detenção na Alemanha de um espião que supostamente trabalhava para os Estados Unidos. “Não temos nenhum comentário a fazer”, reagiu por correio eletrônico Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
A prisão do duplo agente ameaça tensionar as relações entre ambos os países, deterioradas pelas revelações do último ano sobre a espionagem da NSA (a sigla em inglês da Agência de Segurança Nacional). “Não posso censurá-la por se sentir ofendida”, admitiu há alguns meses o presidente Barack Obama, depois da revelação de que a NSA havia grampeado o telefone da chanceler Angela Merkel. Na quinta-feira Obama e Merkel falaram por telefone. No resumo da conversa apresentado pela Casa Branca não consta a abordagem da prisão do espião nem as escutas da NSA.
A Alemanha vem tentando negociar, sem sucesso, um acordo de não agressão em matéria de espionagem entre ambos os países, semelhante ao que os EUA têm desde a II Guerra Mundial com o Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Esses países mantêm o compromisso de não espionar uns aos outros e de compartilhar informações. O diário The Washington Post revelou esta semana um documento oficial que cita os países nos quais a NSA tem autoridade para espionar. São 193. Somente quatro não figuram na lista: os parceiros de Washington na aliança de espionagem.
Obama reconheceu o dano à confiança mútua causado pelo escândalo da NSA e garantiu que essa agência não espionaria mais a chanceler Merkel nem outros líderes de países amigos. Mas esse compromisso não inclui nem os parceiros de Merkel nem seus ministros nem outros altos funcionários do Governo alemão. A NSA se reserva o direito de continuar agindo em território alemão, do mesmo modo que fazem agências estrangeiras nos EUA.
A espionagem entre amigos é uma realidade assumida pelos EUA e a maioria dos Estados. Nos EUA está preso Jonathan Pollard, um cidadão norte-americano condenado à prisão perpétua em 1987 por espionar para Israel, um dos aliados mais estreitos de Washington. Em outro caso famoso, o Governo francês expulsou em 1995 o chefe da CIA em Paris por espionagem comercial.

Como diz uma velha máxima da espionagem, os serviços secretos não têm amigos: só têm objetivos.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Stasi-DDR: memorias de uma ditadura que espionava o seu proprio povo...

Com uma diferença: tudo era feito para manter o monopólio do poder pelo partido totalitário, como em Cuba, aliás, tão admirada pelos companheiros.
Tentativas de "democratizar" a internet e a imprensa relevam do mesmo espírito...
Paulo Roberto de Almeida

In Germany, legacy of Stasi puts different perspective on NSA spying

By 

The Washington Post: November 18, 2013

BERLIN — German officials have been quick to ascribe the fury of their citizens over U.S. spying to their own history with the excesses of the surveillance state. But victims of the fearsome Communist East German secret police say: Not so fast.
Allegations that the National Security Agency kept tabs on Chancellor Angela Merkel’s cellphone communications have threatened counterterrorism cooperation, a major trade deal and good relations between the longtime allies. Popular distrust of the United States also is widespread.
Officials say Germans are sensitive about the issue because their society is still grappling with East Germany’s Orwellian spying apparatus, which was dismantled upon German reunification in 1990 but whose corrosive effects continue to eat at people’s lives.
The secret police, or Stasi, roped in an estimated 190,000 part-time secret informants and employed an additional 90,000 officers full time — in total, more than one in every 50 adult East Germans as of 1990. East Germans who dared to criticize their government — even to a spouse, a best friend or a pastor — could wind up disappearing into the penal system for years.
In east Berlin sits the former Hohenschoenhausen prison, which was reserved for East Germany’s most politically sensitive cases.
Hubertus Knabe — a West German who smuggled banned books into the East and later discovered that he had been betrayed by a priest who had encouraged him to do so — now has a plate-glass view of the most perilous destination for victims of Stasi surveillance. He is the director of theHohenschoenhausen prison museum, which is hidden away in a Berlin neighborhood whose rows of imposing apartment blocks still house many former Stasi officers.
Knabe said the consequences of the Stasi’s excesses were far more devastating than anything associated with the NSA. “They forget what it’s like to live in a dictatorship versus a democracy,” he said of people who say that the NSA has behaved like the Stasi.
Former inmates lead tours of the dank, tiny cells in which they were incarcerated, and they say they sometimes run into their old tormenters on the street or at the grocery store.
Many Germans — from both sides of the border, because East German spying reached deep into its sibling country — can request to see the thick files that the Stasi kept on them. More painfully, they can also learn which of their friends or associates collected the information found in those files.
Thousands of collaborators have been chased from public life. Even now, new accusations of Stasi associations can dog politicians and celebrities in Germany.
“We hear that the Stasi was some kind of dilettante agency compared to the NSA,” because the latter is probably collecting more data overall than the East Germans did, Knabe said. “But East Germans know that the Stasi was a lot worse.”
Knabe said the East German system created a level of fear that few of his fellow citizens have about the American spying efforts. Nevertheless, he said, there were similarities. He has filed a criminal complaint about the NSA spying in a German court.
“The western system punished someone when they had committed a crime. The eastern system punished people when they were only thinking about committing a crime,” he said. If the NSA’s material starts being used not just for counterterrorism efforts but for other kinds of preemptive crime-fighting, he said, “that would be a completely different type of state.”
U.S. in low esteem
According to an ARD-Infratest dimap poll released Friday, just 35 percent of Germans find the U.S. government trustworthy, second only to Russia as a target of mistrust.
Many here want to give asylum to former NSA contractor Edward Snowden, who leaked secret NSA files and is stuck in Russia without U.S. citizenship papers. Senior German officials have said that taking in Snowden would do too much damage to ties with the United States, but they are exploring whether he might testify about NSA programs from Russia.
Top German intelligence officials also traveled in recent weeks to Washington to push for a “no-spying” agreement, hoping to impose tough restrictions on U.S. spying operations in Germany.
The damage could last far into the future, jeopardizing the ability of European governments to muster support for military cooperation with the United States, said Wolfgang Ischinger, Germany’s ambassador to the United States during the 2003 invasion of Iraq, which Germany opposed.
“What I’m afraid will happen is that there will be a lingering sense of anti-Americanism that will be hard to manage,” Ischinger said this month at a discussion organized by the Washington-based Atlantic Council.
He said the NSA scandal was a bigger threat to the U.S.-German relationship than the 2003 dispute about the Iraq war, the most recent low point between the two countries.
“This one is, at the personal level, at the political level, a bit more difficult to overcome,” he said.
Analysts say there are other explanations for why Germans are so upset.
“The older generation might be a little different, but I’m not sure how much of it can be explained by German history,” said Johannes Thimm, an expert on U.S.-German relations at the German Institute for International and Security Affairs.
Some Germans may simply feel humiliated that their leaders have been treated with suspicion, especially because their country has been an unusually deferential and accommodating ally since immediately after World War II, Thimm said.
“The fact that we’re trying so hard to be good allies, in some sense, and then that this happens, is a complete breach of trust,” he said.
Deep suspicions
Germans also guard their personal privacy more jealously than do Americans, and Germany has robust data protection and privacy laws.
Many here are also deeply suspicious of spy agencies in general, more so than many Americans. Former chancellor Helmut Schmidt said this month that he never read a report written by Germany’s foreign intelligence agency during his 1974-1982 tenure. And Merkel had wanted a no-spy deal with Obama long before the NSA leaks, but she had been rebuffed, adding to the sense of insult that the United States had distrusted its partner, German officials say.
But for some, history still guides their reactions to the spying revelations.
Roland Brauckmann, 51, was locked away for 15 months in 1982 because he printed fliers for the Protestant church and the anti-nuclear movement. For him, the NSA memos brought back bad memories of the typewritten files the Stasi kept on him.
“Of course American services will not put us in prisons,” he said. “But the atmosphere of fear is coming again.”
Brauckmann said he trusted no government holding on to the minutiae of his daily life, because even the most harmless system could be replaced by a more dangerous one.
“No one knows which kind of people will take power in the future,” he said.

Petra Krischok contributed to this report.

sábado, 26 de outubro de 2013

Os que espionam, os que sao espionados e os que nao sao,,,

Nova divisão geopolítica do mundo: os que podem, sabem e se dedicam à espionagem e bisbilhotice; os que estão na parte passiva, com perdão da má palavra; os que não tem importância suficiente para estar na segunda posição.
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 21 de julho de 2013

A espia que veio do frio: Christine Granville, alias Willing (book review)

Through Enemy Lines‘The Spy Who Loved,’ by Clare Mullen

By BEN MACINTYRE

THE SPY WHO LOVED

The Secrets and Lives of Christine Granville

The New York Times Review of Books, July 19, 2013

Christine Granville was one of the bravest, toughest and strangest secret agents of World War II. Her feats of derring-do included acting as a courier in Nazi-occupied Europe, parachuting into France in support of the Allied invasion and rescuing three of her comrades from certain execution. She was said to be Winston Churchill’s favorite spy — a considerable accolade given how much Britain’s wartime prime minister liked spies. She may have been the model for Vesper Lynd, the female agent in Ian Fleming’s first James Bond novel, “Casino Royale.” She won medals for bravery from both Britain and France. Men found her irresistible, and she did very little to resist them.
Keystone/Getty Images 
Christine Granville, circa 1950.
Yet this woman, so ripe for Hollywood hagiography, is almost unknown today. Her obscurity is the consequence of her gender (spy history is notoriously sexist), her nationality (she was Polish, and Communist Poland did not encourage praise of British spies) and above all her character. She was a complex and mysterious individual. She survived the war only to be murdered by an obsessed former lover in the lobby of a London hotel. As Clare Mulley reveals in her admirable and overdue biography, “The Spy Who Loved,” Granville was not a straightforward personality, and all the more fascinating for that.
Born Maria Krystyna Janina Skarbek, the daughter of a feckless Polish aristocrat and a wealthy Jewish heiress, she enjoyed a comfortable, uneventful and spoiled upbringing. Indeed, her main achievement before the war was to be a runner-up in the 1930 Miss Poland beauty contest. War changed her utterly.
She was in South Africa, the wife of a Polish diplomat, when the Germans invaded Poland in September 1939. She immediately headed for London, presented herself to the British secret service and offered to ski over the Carpathian Mountains into Poland in order to take British propaganda into Nazi-occupied Warsaw. “She is absolutely fearless,” a secret service report noted, a “flaming Polish patriot, . . . expert skier and great adventuress.”
She was duly recruited into Section D, which would evolve into the fabled Special Operations Executive (S.O.E.), the sabotage, subversion and espionage unit established by Churchill to operate behind enemy lines and “set Europe ablaze.” She adopted the name Christine Granville, received a British passport and shaved several years off her real age on official forms — self-reinvention was part of her makeup, as it is of many spies. The British gave her the code name “Willing,” an apt reflection of her attitude toward sex as well as her readiness to embrace extreme peril.
Deployed to Hungary, Granville spent the first part of her war ferrying messages and people in and out of Poland. She crossed the mountains between Hungary and Poland no fewer than six times, bringing out Polish resisters and soldiers who would go on to fight for the Allied cause. She was usually accompanied by Andrzej Kowerski, a one-legged Polish patriot who would become her most enduring (and long-suffering) lover.
The stories of her exceptional sang-froid come thick and fast: skiing past the corpses of refugees frozen to death in the mountains, bribing guards, dodging bullets from a Luftwaffe plane on an open hillside and escaping from the Gestapo by biting her own tongue, spitting blood, and thus convincing her captors that she was ill with tuberculosis.
According to one account, she could even charm her way around animals: when a “vicious Alsatian dog, trained to bite and break necks,” found her hiding under a bush with some partisans, she placed her arm around it, and “it lay down beside her, ignoring its handler’s whistles.” Such tales, as Mulley observes, are “the stuff of legend,” and she is too good a historian to take them entirely at face value. Granville was an expert at her own mythologizing, telling her stories of pacifying enemy dogs “right and left, to whoever was willing to listen.”
Along the way, she picked up lovers at astonishing speed, and dropped them just as fast. Sometimes, they took rejection badly. One hilarious British intelligence report describes how Granville’s “attractiveness appeared to be causing some difficulty in Budapest.” One spurned lover had gone to her flat and threatened to shoot himself “in his genital organs.” He missed, and shot himself in the foot.
Granville was “politically naïve”: “An opportunist, keen on action, who fell in with whichever personal contact would give her an assignment to work for the freedom of her country.” Her patriotism was whole-souled, ferocious and probably the only uncomplicated thing about her.
In 1944, she was parachuted into southern France to aid Francis Cammaerts, the celebrated (and married) S.O.E. agent who became, inevitably, her lover. She carried vital messages and matériel between resistance groups; she addressed Polish conscripts in the German Army, urging them to change sides; she carried a razor-sharp commando knife and a cyanide tablet sewn into the hem of her skirt.
Her crowning achievement was to spring Cammaerts and two other captured agents from the Gestapo jail where they were awaiting execution. She bribed her way into the prison, claiming to be General Montgomery’s niece, and informed the French collaborator in command that if the executions went ahead, he would face swift and lethal reprisal from the advancing Allies. The Frenchman saw the force of this argument, and escaped along with his prisoners.
Granville’s postwar life was as grim and bleak as her war had been vivid and exhilarating. Dismissed from S.O.E., she was, like so many other exiled Poles, unable to return to a homeland now under Communist rule. She found work as a telephone operator, a sales assistant and finally a stewardess on a shipping line. Britain’s failure to support a woman who had risked her life so many times was shameful, but in truth Granville was fickle, demanding and virtually unemployable, at least in the way she wanted to be employed. She did not want to be a typist, a wife or a mother; she wanted to be a spy.
Mulley — the author of “The Woman Who Saved the Children: A Biography of Eglantyne Jebb, Founder of Save the Children” — makes excellent use of newly released archive material, the voluminous secondary sources and interviews with former colleagues, friends and lovers. But there is an unavoidable gap at the heart of this book, and that is the missing voice of Christine Granville herself. Only 11 of her letters seem to have survived. She never wrote an account of her exploits or described her own feelings. On the rare occasions that we do hear her voice, it is in fractured English that comes as a jolt: “Tell them that I am honest and clean Polish girl. . . . I like to jump out of a plane even every day.”
Granville’s story is told, inevitably, through the eyes of others, principally men, who tended to project onto her the fantasy of what they wanted to see. Of no man is this truer than the one who killed her: Dennis Muldowney, an unstable and infatuated ship’s steward unable to cope with Granville’s rejection after a brief affair. Muldowney stalked her, and then stabbed her in the heart in June 1952. He was condemned to death, and went to the gallows proclaiming he was “still very much in love” with the unsung heroine he had killed.
Ben Macintyre is the author of “Double Cross: The True Story of the D-Day Spies.”

domingo, 30 de outubro de 2011

Um espiao aprendiz ou um aprendiz de espiao? - o caso Ilan Grapel


Ao mistério, as batatas

30 de outubro de 2011 | 3h 07
Viviane Vaz - O Estado de S.Paulo

Estudante aventureiro, agente do Mossad ou só um garoto bobo? Na barganha, Ilan Grapel valeu 25 presos egípcios

JERUSÁLEM  - Na prisão no Cairo, peixe fresco e iguarias para egípcio nenhum botar defeito. Na volta para casa, jantar bem ianque com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu: hambúrguer e batatas fritas. O americano-israelense Ilan Grapel, 27 anos, acusado de ser um agente do Mossad (serviço secreto israelense) pelo governo egípcio e detido no Cairo em 12 de junho, foi libertado na última quinta-feira após intensas negociações entre Egito, Israel e Estados Unidos. Ao contrário do soldado israelense Gilad Shalit - que comoveu o mundo na semana anterior por sua palidez e magreza ao ser solto pelo grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza -, o Grapel que voltou à liberdade estava corado, bem nutrido, com a roupa limpa e bem passada. Um rapagão forte e sacudido, como se diz. O esquálido soldado Shalit passara 5 anos, 3 meses e 22 dias a pão sírio e homus. Grapel parece ter passado melhor, obrigado.
Ele voou em um jato da Força Aérea israelense do Cairo a Tel-Aviv ao lado dos negociadores responsáveis por sua libertação, o congressista israelense e advogado Yitzhak Molcho, e do ex-diretor do Shin Bet, a agência de segurança de Israel, Yisrael Hasson. No aeroporto Ben Gurion, recebeu um abraço apertado da mãe, Irene, que toca viola na Filarmônica de Nova York. E, em Jerusalém, foi recebido por Bibi (apelido de Netanyahu) em seu escritório particular na bela residência com segurança reforçada. E então se seguiu o menu americano.
O suposto espião disse que se sentiu "isolado" no xadrez, mas agradeceu o tratamento dispensado pelos egípcios. "Os guardas eram ok. Se eu queria comer, eles me davam, inclusive, peixe fresco. Pagaram pelas minhas refeições mais do que um egípcio comum receberia", disse Grapel durante a entrevista coletiva que concedeu em Jerusalém. O tratamento de primeira até levantou desconfianças entre comentaristas em Israel e no Egito. A recepção de Bibi ao estudante americano foi tão boa que abriu margem a pensarem que Grapel realmente seja um espião. Para os egípcios, o hambúrguer com fritas no gabinete do primeiro-ministro mais do que bastou para indicar que moço realmente tentava reunir informação e monitorar os eventos da revolução de 25 de janeiro, a Primavera Árabe deles.
Segundo os pais de Grapel, Irene e Daniel, a ideia de que o filho fosse um espião no melhor estilo James Bond sempre soou absurda. "Qualquer um que conheça Ilan em Israel sabe que essas histórias de espiões não são sequer engraçadas, passam do ridículo", disse o pai, um ortopedista de Nova York. Para o casal, o filho é um rapaz estudioso, fluente em árabe e hebraico, amante da cultura árabe, que decidiu viajar para o Egito "em busca de aventuras" antes de retomar o curso de direito na Emory University, em Atlanta. Daniel inclusive pensa em processar o governo egípcio pela difamação do filho.
Por quase cinco meses Grapel negou ser um espião, e o governo de Israel fez o mesmo. Os EUA aceitaram a palavra do maior aliado no Oriente Médio. "Desde o início, os altos escalões israelenses me garantiram que de nenhuma maneira Ilan Grapel teve algum envolvimento com espionagem, Mossad ou qualquer tipo de agência de inteligência", disse o congressista democrata Gary Ackerman, que esteve presente na reunião com Bibi e na coletiva de imprensa. Gary conhece Grapel e sua família desde que o rapaz, então estudante de relações internacionais, fez estágio em seu escritório no verão de 2002. "Ele é idealista e interessado na coexistência. Talvez tenha sido ingênuo", defendeu o parlamentar americano.
Também para o principal negociador da libertação de Shalit, Gershon Baskin, Grapel não era espião israelense de "jeito nenhum". "Esse rapaz não chega perto do perfil exigido pelo Mossad. É um garoto bobo que foi ao Egito, fez besteiras e acabou levantando suspeitas sobre quem ele era. Agentes do Mossad não colocam fotos no Facebook", ressaltou Baskin ao Aliás. Por outro lado, o diplomata brasileiro e ex-assessor especial de Assuntos Estratégicos da Presidência no governo Lula Paulo Roberto de Almeida afirmou que qualquer pessoa, por mais inocente que pareça, pode ser um agente de espionagem. "Aliás, busca-se justamente alguém que tenha a capacidade de atuar sem despertar suspeitas", disse Almeida, lembrando o figurino básico de qualquer bom espião.
Mas e a paranoia, onde fica? O especialista egípcio em Israel Abdel-Alim Mohamed, do Centro Al-Ahram, ressalta que no Egito existe uma imagem mítica do Mossad. E dá um exemplo quase hollywoodiano de como as coisas são numa região coalhada de ditos e contraditos: em janeiro deste ano, enquanto tubarões atacavam turistas no Mar Vermelho, autoridades egípcias levantavam hipóteses de que seria o Mossad o grande responsável por aquela fúria assassina, planejada de forma calculada para prejudicar o turismo...
Não é de admirar, portanto, que uma sombra encubra a história do jovem "aventureiro" Grapel. Com dupla cidadania, ele serviu às Forças de Defesa de Israel em 2005 e foi ferido na guerra do Líbano em 2006. A experiência do confronto parece não ter desanimado o jovem judeu a visitar países árabes. Chegou ao Egito no início deste ano como voluntário de um serviço humanitário: ajudaria os refugiados africanos da organização não governamental Saint Andrew, quando foi preso no Cairo. Jovens egípcios comentaram em fóruns na internet que Grapel fez amizade com muita gente nos protestos da Praça Tahrir e até frequentou mesquitas no Cairo. O jornal Al-Ahram relatou que Grapel tentou descobrir a opinião dos egípcios em relação ao acordo de união entre os grupos palestinos Hamas e Fatah e também compilou informações sobre a posição dos movimentos salafistas e a Irmandade Muçulmana quanto às perspectivas das relações egípcias com Israel e com o Irã. E ainda teria mentido na requisição do visto de entrada para o Egito, declarando no formulário da embaixada egípcia em Tel-Aviv que era... muçulmano.
Na Idade Média e Moderna, essa busca por informações estratégicas de territórios e governos estrangeiros costumava ser feita por embaixadores e enviados plenipotenciários. Com o Congresso de Viena de 1814, os Estados nacionais começaram a normatizar as regras das relações diplomáticas e formalizar os serviços de inteligência e das Forças Armadas. Hoje as atividades de inteligência se profissionalizaram, mas os alvos da informação permanecem: "Forças e fraquezas do país de interesse, natureza do processo decisório, posições do país em questões sensíveis no relacionamento bilateral ou na agenda internacional e agora, cada vez mais, segredos tecnológicos e competição comercial", detalha o brasileiro Almeida.
Para libertar Grapel, o governo de Bibi concordou em trocá-lo por 25 presos egípcios condenados por tráfico de drogas. O escambo teria servido para levantar ainda mais o moral dos egípcios depois da mediação no caso anterior, o do soldado Shalit, e como um incentivo para melhorar as relações entre Israel e Egito. Desde a queda do ditador Hosni Mubarak, os dois países já registraram incidentes no fornecimento de gás do Egito para Israel, morte de policiais egípcios na fronteira por soldados israelenses, um atentado proveniente do Egito a um ônibus israelense e, finalmente, uma violenta invasão popular da embaixada israelense no Cairo.
E talvez o mais surpreendente: o governo americano de Barack Obama liberou a venda de aviões de combate F-16 para o Egito como incentivo para a libertação de Grapel. A venda de aviões militares jamais teve o apoio de Israel, que desta vez concordou. O negócio era também rejeitado pelos EUA nos anos de Mubarak, de forma a manter o "equilíbrio" militar na região. Diz-se que a previsão de entrega a Israel de um modelo de caça mais avançado que o F-16 nos próximos cinco anos, o F-35, contribuiu para diminuir a resistência israelense à oferta americana aos egípcios. Do lado árabe, pareceu relaxamento demais para ter de volta um "garoto bobo" dado a "fazer besteiras".
Enquanto os egípcios sorriem de orelha a orelha pelo novo acerto com Israel e EUA, os israelenses se dividem se o preço pago pela libertação Grapel foi excessivo ou foi justo. Mesmo sem saber se se tratava apenas de um estudante aventureiro ou de um agente de inteligência, Almeida explica que, se os governos não demonstrarem lealdade ao funcionário fiel, poucos seriam os candidatos ao serviço. "Todo governo que possui um serviço de inteligência profissional tem interesse em preservar e recuperar seus agentes: eles custaram muito para serem formados", completa. E nas próximas semanas, espera-se que Israel "recupere" outro israelense acusado de espionagem encarcerado no Egito há 11 anos. Seu nome é Ouda Tarabin. Ele sempre negou trabalhar para o Mossad e se sente "esquecido" por ser de origem beduína (árabes nômades do deserto), ao contrário de Grapel e Shalit, israelenses de origem americana e francesa.
Com mais sorte que Tarabin e Shalit juntos, Grapel mostrou-se confiante ao agradecer publicamente sua libertação ao povo israelense e ao povo egípcio perante os jornalistas, mas estava visivelmente tímido na presença de Netanyahu e do ex-congressista americano ao entrar no escritório do premiê. Gary saudou Bibi dizendo: "Tenho um presente de aniversário para você!" O premiê, que fez 62 anos no dia 21 de outubro, recebeu como regalo o estudante e também um aperto de mãos de Irene e Grapel. Bibi os cumprimentou educadamente e dirigiu ao rapaz algumas palavras em hebraico: "Você se sente bem?" Grapel acenou que sim, sorriu sem graça e ainda soltou um longo suspiro de contida ansiedade. Ele já retornou ao bairro de Queens, em Nova York, onde reside com a família. Ao espião (ou não), as batatas. Fritas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Espionagem e Diplomacia: afinidades eletivas? - Paulo Roberto de Almeida



Espionagem e Diplomacia: afinidades eletivas?

Paulo Roberto de Almeida
Respostas a questões colocadas por jornalista.

1) Os diplomatas foram muito associados à espionagem na Idade Média e Moderna. Qual seria o perfil mais comum dos "espiões" ou agentes de inteligência contemporâneos? Os diplomatas continuam ocupando a primeira fila no atual imaginário coletivo ou outras ocupações ganharam espaço?
            PRA: De fato, os primeiros “espiões” (certamente não de carreira), no final da Idade Média e no início da era moderna, costumavam ser diplomatas. Os soberanos mandavam “enviados” (algumas vezes “plenipotenciários”) junto a alguma corte estrangeira, amiga ou inimiga, com o intuito principal de se manterem informados sobre os pontos fracos e fortes da potência acolhedora, o estado de suas forças militares, as possibilidades de conquista, de aliança em vista de algum outro inimigo potencial, etc.
Isso deixou de ser verdade depois do Congresso de Viena, quando começaram a ser codificadas as primeiras regras de relações diplomáticas, e quando os Estados nacionais também formalizaram serviços de inteligência que serviam aos governos, especificamente para as forças armadas, mas eventualmente também para os serviços diplomáticos. Sempre houve certa osmose entre os dois serviços de informação, com a diferença que o espião geralmente não negocia, nem representa, mas pode se apresentar como diplomata, o que confunde um pouco as coisas e torna tudo mais complicado para as chancelarias, que têm de conviver com “intrusos” não controlados diretamente por elas, que são serviços civis e burocráticos.
            Os modernos serviços de espionagem – digamos EUA, URSS-Rússia e outras grandes potências – costumam atribuir status diplomáticos a seus designados no terreno, mas eles geralmente não têm nada a ver com os serviços diplomáticos, nem costumam passar suas comunicações pelo chefe da missão, possuindo canais próprios, separados da correspondência diplomática. Essa “osmose” indevida, ou essa contaminação do trabalho diplomático pelos espiões profissionais é, sem dúvida alguma, prejudicial ao trabalho diplomático, que possui regras relativamente transparentes, codificadas nos estatutos de Viena (Convenção sobre Relações Diplomáticas).
Em resumo, diplomatas profissionais não são treinados para atuar como espiões, embora seus relatórios e informações possam servir aos serviços de espionagem. Em contrapartida, os serviços de espionagem podem treinar seus agentes a se comportarem como diplomatas, pois é sob essa cobertura que eles vão desempenhar, em parte, suas funções, e é com esse status que eles geralmente escapam de serem capturados e processados pelos governos dos países nos quais atuam. Eles – ou seja, os que dispõem dessa condição – geralmente são considerados personae non gratae e expulsas sumariamente.

2) Quais são as principais mudanças nos serviços de inteligência nestes últimos anos?
            PRA: Se tornaram bem mais sofisticados, sem aquele ar de James Bond que só existe no cinema, e sem mais o ranço ideológico dos tempos da Guerra Fria. Permanecem os mesmos objetos de “informação”: forças e fraquezas do país em causa, natureza do processo decisório, posições do país em questões sensíveis do relacionamento bilateral ou da agenda internacional, e agora, cada vez mais, segredos tecnológicos e competição comercial. Ou seja, os agentes ainda são os mesmos, mas as formas de atuação e as ferramentas do ofício saíram daquele terreno nebuloso dos romances de espionagem para o universo mais sofisticado da penetração nas comunicações do país visado. Algumas velhas fórmulas permanecem: compra de informantes, chantagens financeiras, escândalos sexuais, promessas tentadoras, etc.


3) Em sua opinião, por que o governo do premiê Benjamin Netanyahu aceitaria fazer uma nova troca de de prisioneiros por um israelense apenas uma semana depois da liberação do soldado Gilad Shalit?
            PRA: Não tenho realmente condições de opinar, pois não venho seguindo o caso, mas me permito responder genericamente. Todo governo que possui um serviço de inteligência profissional, que é caro, tem interesse em preservar e recuperar seus agentes: eles custaram muito a serem formados, e precisam ser “rentabilizados”. Em última instância, também é uma questão  corporativa e de lealdade ao funcionário dedicado e fiel (do contrário poucos seriam os candidatos ao serviço, se fossem “abandonados”).

4) Você considera que Ilan Grapel reúne os elementos para ser um agente de inteligência israelense?
            PRA: Não tenho condições de responder, por não conhecer o tema e o caso em espécie, mas estimo que qualquer pessoa, por mais “inocente” que pareça, pode ser um agente oficial de espionagem. Aliás, se busca justamente alguém que tenha a capacidade de atuar sem despertar suspeitas, mas são muitos os tipos de espiões, inclusive os “dormentes”, que atuam no longo prazo.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27/10/2011

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Quem disse que os romances de espionagem estão fora de moda?

Boa notícia: eles nunca sairam de moda.
Má notícia: os personagens deste "romance" estão completamente fora de moda...

The World from Berlin: 'Espionage Is Still Obligatory for Most States'
SPIEGEL ONLINE 2010
06/30/2010 01:53 PM

The arrest of 10 alleged Russian spies in the US may have caused tensions between the two former Cold War enemies. But German commentators on Wednesday argue that the case is unlikely to do much lasting damage. In today's world, they say, spying is a necessary evil.

Their exploits sound like something from a bad spy novel. Invisible ink, coded radio transmissions and even the swapping of identical bags -- the 10 alleged Russian sleeper agents arrested on Sunday seemed to have a penchant for the clichés of the espionage business. However, the very public unveiling of the spy ring could have serious repercussions, coming just as relations between Washington and Moscow were finally improving.

Russian President Dmitry Medvedev was in the US only last week on a state visit, a sign of warming relations between the two old Cold War enemies following the election of President Barack Obama. And a new nuclear arms control deal, known as New START is on the cards, although it still needs to be ratified by the US Senate and the Russian parliament.

Russian Prime Minister Vladimir Putin, himself a former spy, said on Tuesday that he hoped the series of arrests would not harm US-Russian relations. Russian officials initially denounced the arrests as "Cold War-era spy stories" and suggested elements in the US government were attempting to undermine the move toward better relations between the two countries. The Russian Foreign Ministry has since admitted that some of those arrested are Russian citizens but says they did nothing to hurt US interests.
Russian Foreign Minister Sergey Lavrov noted that the US authorities had announced the arrests just days after Medvedev's visit, saying: "The only thing I can say is that the moment for doing that has been chosen with special elegance."

Operating Without Diplomatic Cover
The 10 people arrested across the US on Sunday have been charged with failing to register as foreign agents. Some may also face money laundering charges. Another suspect was arrested in Cyprus on Tuesday. The suspects have not been charged with the more serious crime of espionage. And it is not yet clear if the agents passed on any important information to their handlers.

The accused were allegedly part of an operation to infiltrate US society in a bid to gather information relating to US policymaking. In espionage parlance, they were "illegals," spies operating without diplomatic cover. Court papers say the operation goes back as far as the 1990s and that some of those arrested had been tracked for years by the FBI.

A few of the suspects lived as married couples, and some of them used fake identities, claiming to be US or Canadian citizens, while others used their real names. The decision to make the arrests came after it seemed the investigation had been uncovered and one of the suspects was preparing to leave the country.

Most German commentators on Wednesday think the spy scandal is a storm in a teacup and predict that it will have little long-lasting impact on US-Russian relations.

The Financial Times Deutschland writes:
"Political espionage is still obligatory for most states. That goes for the US as much as for Russia and China. The fuss that the US government has made about the unveiled spies is hypocritical. After all, it is far from a surprise that Russia sends agents to the US. And it would be a great surprise if there were no US spies in Moscow."

"Particularly in these times when the clear front lines are crumbling and where minor states could become nuclear powers within a few years, governments have to be kept informed about what is going on around them. That is true particularly for the last superpower, the US, which would be a target for potential aggressors. Giving up a widespread network of spies would be negligent."

The center-left Süddeutsche Zeitung writes:
"At least the US intelligence service had enough respect to wait until the honored guest from Russia had flown home before they released the news of the Russian spy ring."
"For Moscow, this delay was not long enough. The bitterly angry irony of Foreign Minister Sergey Lavrov was the most charming expression of rage. Others felt reminded of the Cold War. The old reflexes still functioned -- on both sides. However, in all likelihood the affair will be nothing more than a short celebration for the conservatives in both countries, a cold rain shower in the political summer."
"Neither the Kremlin nor Prime Minister Vladimir Putin have any increased interest in seeing a dozen unveiled agents ruin with one blow the past few months' careful policy of easing tensions. Moscow is set on appeasement and on the urgent modernization of a Russia that is still backwards economically. And for that they need the help of the US and American investors ... In all likelihood, therefore, the excitement of a few hot days is likely to cool down very quickly."

The center-right Frankfurter Allgemeine Zeitung writes:
"The timing couldn't be worse for the blowing of the spies' cover. The Senate in Washington still has to ratify the New START treaty for the reduction of strategic nuclear weapons, something that was already far from a sure thing. The spy affair could grow into a bigger burden.
Presumably Russia will now have to expel a few American diplomats. However, the likelihood that there are quite a few people in Russia spying for the Americans, could calm down the crisis."

The conservative Die Welt writes:
"The ridicule that has greeted the agents, who seemed to be having such a great time in the US that they didn't want to spoil the fun with espionage, will probably not be viewed with amusement in Washington and Moscow. Espionage is no trivial matter, not even between partners."
"It is curious to realize that the deployment of spies in the comfortable West still leads to idleness. In Moscow, and particularly in Pyongyang, Tehran, Baghdad or Kabul, the lack of distractions and the fact that discovery could mean death, makes agents a lot more diligent. And there is no possibility of disappearing into middle-class anonymity like that achieved by the Russian agents in the US."

Siobhán Dowling