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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Argentina: ja falamos dela hoje? Agora, com o Chavez no estaleiro, sobra a CK...

De erro em erro, Argentina se isola

Editorial O GLOBO - 16/02/2013

Cristina Kirchner governa de acordo com suas necessidades imediatas e sem levar em conta graves consequências para o país


Cristina Kirchner governa de acordo com suas necessidades mais imediatas e adota medidas “da mão para a boca”, com desprezo para as graves consequências para o povo argentino e a credibilidade do país. O piloto, nesses voos rasantes e temerários, é o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno.

Não é de hoje que a inflação tornou-se um problema para a Casa Rosada. Moreno, então, interveio no Indec (responsável pelos índices), que passou a produzir taxas fajutos de 10% ao ano. A inflação real, hoje de 25% e em alta, continuou sendo calculada por consultorias privadas, até que elas foram ameaçadas de processo penal pelo governo. Com isto, passaram ao Congresso a tarefa de divulgar os números. O país passou a ter dois índices — o oficial, que ninguém leva a sério, e o do Congresso. Como resultado, a Argentina já foi formalmente advertida pelo FMI e corre o risco até de ser afastada do Fundo.

Quando a manipulação dos índices se tornou insuficiente, o governo recorreu a Moreno para congelar os preços, a princípio até 1º de abril. As consequências não tardaram: começaram a faltar produtos nas prateleiras da Grande Buenos Aires. O desabastecimento é um subproduto inevitável do congelamento. Outro é o surgimento do “mercado negro”, no qual as mercadorias reaparecem, mas com preço mais alto. Ao governo K o que interessa é poder trombetear uma queda da inflação, mesmo que o anúncio careça de credibilidade. E também, com isso, conter as demandas por aumento salarial. Os sindicatos querem reajustes na faixa dos 30%, mas a Casa Rosada não quer ir além dos 20%.

A farsa do congelamento ensejou um novo capítulo da guerra dos governos K contra a imprensa independente, nomeadamente os grupos Clarín e La Nación. Moreno proibiu supermercados e cadeias de varejo de publicar suplementos com ofertas de produtos nas edições dominicais dos jornais, acabando com uma de suas principais fontes de receita.

A Argentina segue na rota do isolamento. Uma das maneiras é afrontar os EUA, à maneira chavista. Assim, a Casa Rosada produziu um acordo com o Irã para, supostamente, relançar as investigações sobre o atentado contra a associação judaica Amia, realizado em 1994, em Buenos Aires, com 85 mortos e 300 feridos. A Justiça argentina pede a extradição de oito iranianos envolvidos na ação, entre eles altos funcionários do atual governo de Teerã. Com o inédito acordo, a ser ainda votado pelo Congresso, Buenos Aires solicita a cooperação do criminoso, o Irã, para deslindar o que já sabe. A Casa Rosada é acusada de se render ao Irã ,e a comunidade judaica está possessa. Com razão, tudo indica.

Mas Cristina não quer ficar para trás em relação à Venezuela e, em menor grau, ao Brasil, na parceria com os aiatolás da bomba nuclear. Doa a quem doer. No caso, dói nos próprios argentinos.

sábado, 13 de outubro de 2012

Trapalhadas petroliferas do governo - revista Piaui

Quando o governo passado iniciou sua trajetória errática, uma coisa o caracterizava na área energética: combustíveis renováveis, sobretudo etanol e biodiesel.
No meio do caminho, o governo tropeçou um imenso manancial de petróleo, o do pré-sal, e endoidou completamente. Ou melhor, ele já era doido, só ficou maluco de pedra, e não fez mais nada de correto, ou só burradas, para não dizer que fez c..... sobre c....., o que é respeitável record, mesmo para quem fez tanto mal para as instituições e a própria economia brasileira, aprofundando o estatismo, o intervencionismo, a carga fiscal, a corrupção, a mentira, a desfaçatez e outros vícios mais.
Tudo, tudo o que o Brasil não precisava era de uma batalha rentista, de políticos oportunistas e burocratas deformados, em torno desses milhares, milhões, bilhões, de m3 de petróleo, aliás escondidos a mais de 7 mil metros de profundidade, com um custo considerável de extração e desafios tecnológicos de monta.
Se tivéssemos continuado no regime anterior, as empresas privadas já teriam começado a exploração de várias áreas.
O governo Lula só representou atraso, em todas as áreas, especialmente no petróleo.
Leiam a matéria abaixo.
Paulo Roberto de Almeida 


Consuelo Dieguez
Revista Piauí, Setembro de 2012

No começo de agosto de 2008, durante uma cerimônia no estado do Pará, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou a descoberta das reservas de petróleo na camada do pré-sal. "Deus não nos deu isso para que a gente continue fazendo burrice. Deus deu um sinal. Mais uma chance para o Brasil", disse a uma plateia entusiasmada. E prosseguiu, como vinha fazendo em todos os seus discursos: "É preciso que a gente aproveite esse momento e tente discutir como vamos utilizar esse petróleo, quem vai explorar esse petróleo." A descoberta foi alardeada como um dos maiores feitos do seu governo e incorporada à campanha da candidata Dilma Rousseff. Passado o período de excitação e das falas exaltadas, o petróleo do pré-sal continua praticamente intocado no fundo do mar, a 7 mil metros da superfície. Não se definiu ainda o que fazer com tamanha riqueza.

A camada de sal tem 800 quilômetros de comprimento por 200 de largura, e estende-se, no fundo do oceano Atlântico, do Espírito Santo até Santa Catarina. A Petrobras encontrou petróleo sob o sal em meados de 2007, durante a exploração do campo de Tupi (depois rebatizado de Lula), na bacia de Santos, a 286 quilômetros da costa do Rio de Janeiro. Testes subsequentes confirmaram a existência, só nesse campo, de 5 a 8 bilhões de barris de óleo.

Esse volume correspondia a quase metade das reservas brasileiras conhecidas até então, de 14,4 bilhões de barris. Outras descobertas na mesma região ampliaram as estimativas para 20 bilhões de barris. A sísmica feita no local, uma espécie de ultrassonografia gigante do fundo do oceano, detectou que há um reservatório colossal e contínuo sob toda a camada do sal. Os geólogos da Petrobras deduziram que há grande probabilidade de se encontrarem imensas quantidades de óleo em toda a sua extensão.
A descoberta não provocou euforia apenas no governo. O mercado inteiro se alvoroçou: petroleiras, fornecedores de máquinas e equipamentos, trabalhadores do setor, analistas e políticos que viram a chance de multiplicar a arrecadação de seus estados e municípios com os royalties sobre as áreas exploradas. Os prognósticos eram os mais favoráveis. Comemorava-se a possibilidade de geração de milhares de empregos, deconstrução de plataformas e navios e de encomenda de grandes volumes de equipamentos à indústria nacional.

Um estudo elaborado à época pela Universidade Federal do Rio de Janeiro concluiu que, para atender os projetos de exploração e produção no pré-sal, os investimentos seriam de, no mínimo, 340 bilhões de dólares entre 2009 e 2025. A descoberta foi tão impactante que o Departamento de Energia americano chegou a prever que, em 2030, o Brasil seria o quarto maior produtor mundial, atrás apenas da Arábia Saudita, da Rússia e dos Estados Unidos. Esse clima de exaltação já não existe mais. Cedeu lugar a incertezas sobre a política do governo para o setor.

Sob a justificativa de que as reservas gigantes no pré-sal exigiam um tratamento distinto do que é dado a outras áreas, o governo decidiu fazer uma lei alterando o marco regulatório de 1997, que permitiu que outras empresas passassem a explorar e produzir petróleo no Brasil. Após meses de discussão, uma comissão interministerial mudou a forma de exploração do combustível. Os contratos para a região do pré-sal não seriam mais de concessão, como os vigentes até então, mas sim de partilha. Na concessão, as empresas participam de leilões e pagam um bônus pelos blocos arrematados. Todo o petróleo encontrado fica com as companhias, que transferem ao governo royalties e participações especiais sobre a produção. No contrato de partilha, metade do petróleo encontrado fica com a União, que divide os riscos de exploração e depois ressarce as empresas pelos investimentos feitos nas jazidas. As empresas continuam pagando royalties e participação especial sobre a produção.

A proposta da comissão interministerial foi enviada ao Congresso em agosto de 2009. Lá, virou alvo de disputas inflamadas entre políticos de estados produtores e não produtores de petróleo pelas receitas dos royalties. O novo marco regulatório demorou um ano e meio para ser aprovado. Lula sancionou a lei no final do seu governo, mas vetou toda a parte que tratava da distribuição dos royalties por ferir os contratos anteriores, feitos sob o regime de concessão. Coube à presidente Dilma, no começo de seu governo, enviar um novo projeto ao Congresso tratando especificamente dessa questão. A discussão se arrasta desde então na Câmara dos Deputados, retardando a exploração no pré-sal.

Continua leitura neste link: 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Argentina: procurando um divan do tamanho do pais

Sem dúvida um caso para psicanálise, ou para psiquiatria.
O problema vai ser como acomodar tanta gente no divã, pois são centenas de milhares que sofrem de um transtorno sério de dupla personalidade, uma com os substitutos atuais, outra com o fantasma da comédia em cartaz desde mais de meio século.
Acho que vai ser difícil resolver...
Paulo Roberto de Almeida 


Irrupción del neoperonismo
M. A. BASTENIER
 El País, 26 Abril 2012

En Argentina se libra una batalla entre espectros. El abracadabra del general Perón resiste difícilmente la irrupción de su sucesor, el kirchnerismo, emanación sacralizada de Néstor Kirchner, anterior presidente que murió hace dos años dejando viuda a la titular del cargo, Cristina Fernández. El kirchnerismo acuna y legitima, sin embargo, el crecimiento de un credo fuertemente populista e izquierdizante, atribuible en su totalidad a la presidenta. Por eso, lo propio sería hablar de cristi-kirchnerismo.

¿Cuáles son los elementos constituyentes de ese neoperonismo? El más visible es la juventud, representada de manera decisiva para la estatización de YPF-Repsol por dos poderosas fuerzas políticas, que colonizan los aparatos de poder argentinos. La Cámpora, que toma su nombre de Héctor J. Cámpora, el presidente de quita y pon que le guardó la silla caliente al general Perón en su regreso al poder en 1973; y el Movimiento Evita, del que no hace falta decir a qué santo se encomienda.

La Cámpora domina las comunicaciones institucionales a través de la agencia Télam, que aseguraba que el G-20 quería más a Argentina que a España, y Canal Siete, bajo los auspicios de la Autoridad Federal de Servicios de Comunicación Audiovisual, en cuyo consejo tiene dos representantes; ha puesto asimismo pie en Interior, donde ocupa la secretaría de Asuntos Municipales; se despliega en el ministerio de Planificación; y hace otro tanto en Justicia, donde el segundo del ministro es Julián Álvarez, connotado camporista. Pero es en Economía donde tiene su alma máter en la persona del viceministro y autor intelectual de la expropiación, Axel Kicillof, a los 41 años estrella emergente del poder crístico, de quien se cuenta que ha dicho: “a Cristina la tengo hipnotizada”. Y todos ellos, encabezados por su jefe, Máximo Kirchner, hijo de la pareja Kirchner-Fernández, forman la Guardia Pretoriana de la presidenta. El Movimiento Evita, en contraste con el entrismo de La Cámpora, es una fuerza de base obrera, que bajo la dirección de Emilio Pérsico dice contar con 70.000 militantes y gestiona numerosas cooperativas del programa Argentina Trabaja. Mientras los primeros quieren ser los cuadros del cristi-kirchnerismo, los segundos son correas de transmisión para el votante-pueblo de la fe neoperonista.

El segundo componente implica a los medios de comunicación privados, como consecuencia de la reciente aprobación de la ley que pone bajo control del Gobierno la importación de papel prensa, hasta ahora de libre adquisición. Las publicaciones periódicas gozan de plena libertad de crítica, pero, lógicamente, preocupa a empresas y profesionales la capacidad de amenaza y presión de que con ese instrumento se dota la presidencia.

Y el tercero es el antiimperialismo, de momento en versión blanda, porque meterse con Estados Unidos serían palabras mayores. Ese sentimiento tan dado a los eslóganes, se parece crecientemente al chavismo, que vocifera contra Washington, pero mucho se cuida de no violentar el negocio del crudo. La presidenta argentina difícilmente competirá con la locuacidad de Hugo Chávez, pero el léxico de ambos ya converge, como cuando recuerda a los españoles la época en la que el trigo argentino “les llenaba la pancita”. El cristi-kirchnerismo podría acabar siendo un nuevo chavismo del siglo XXI.

Un 62% de encuestados es favorable a la expropiación, cuota estimable pero no arrasadora, pese a que los golpes de pecho nacionalistas suelen ser siempre bien recibidos, pero el apoyo masivo que recibió Buenos Aires por la reivindicación de Malvinas no se ha repetido. El pueblo argentino parece ser menos populista que su Gobierno. Y en el exterior, predeciblemente a favor están Venezuela, Ecuador, y únicamente proforma, Bolivia, donde Evo Morales se lleva muy bien con Repsol. Al eje bolivariano hay que sumar, pero con enorme discreción, Brasil y Uruguay, el primero por mostrarse antiimperialista de oficio, y el segundo porque tiene demasiado que ver con Buenos Aires. Y enfrente forman Juan Manuel Santos de Colombia, que secamente dijo que en Bogotá no se nacionalizaba; Felipe Calderón de México; y Sebastián Piñera de Chile, países ambos con intereses en Repsol. La mayoría de los demás prefiere callar.

El ascenso de La Cámpora provoca el recelo del peronismo clásico que considera obra suya la victoria en primera vuelta de las presidenciales, y ha debido ver con satisfacción la caída en una trifulca con el vicepresidente Amado Boudou, del mayor de los camporistas históricos, el Procurador General Esteban Righi. Pero, como escribe Morales Solá en La Nación, Cristina Fernández está obsesionada con que se la vea como una “líder fundacional”. El de un nuevo peronismo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Economist deixa cair a Argentina... (maneira de dizer...)

Na verdade, a revista Economist recusa-se, doravante, a usar estatísticas de inflação do governo argentino, já que elas são não apenas subavaliadas, ficando abaixo da cifra real, como são deformadas por uma série de subterfúgios de que só um governo mentiroso é capaz.
A revista explica sua posição num editorial, e faz uma matéria sobre a tragédia estatística argentina...
Paulo Roberto de Almeida

Official statistics

Don’t lie to me, Argentina

Why we are removing a figure from our indicators page

IMAGINE a world without statistics. Governments would fumble in the dark, investors would waste money and electorates would struggle to hold their political leaders to account. This is why The Economist publishes more than 1,000 figures each week, on matters such as output, prices and jobs, from a host of countries. We cannot be sure that all these figures are trustworthy. Statistical offices vary in their technical sophistication and ability to resist political pressure. China’s numbers, for example, can be dodgy; Greece underreported its deficit, with disastrous consequences. But on the whole government statisticians arrive at their figures in good faith.
What’s in a number
There is one glaring exception. Since 2007 Argentina’s government has published inflation figures that almost nobody believes. These show prices as having risen by between 5% and 11% a year. Independent economists, provincial statistical offices and surveys of inflation expectations have all put the rate at more than double the official number (see article). The government has often granted unions pay rises of that order.
What seems to have started as a desire to avoid bad headlines in a country with a history of hyperinflation has led to the debasement of INDEC, once one of Latin America’s best statistical offices. Its premises are now plastered with posters supporting the president, Cristina Fernández de Kirchner. Independent-minded staff were replaced by self-described “Cristinistas”. In an extraordinary abuse of power by a democratic government, independent economists have been forced to stop publishing their own estimates of inflation by fines and threats of prosecution. Misreported prices have cheated holders of inflation-linked bonds out of billions of dollars.
We see no prospect of a speedy return to credible numbers. The trade secretary, Guillermo Moreno, who led the assault on INDEC, is still one of the president’s closest advisers. The IMF has “noted” that Argentina is failing in its obligation to provide it with reliable figures, and made recommendations and set deadlines for it to improve. However, when Argentina ignores it, the fund merely wrings its hands, laments the “absence of progress”—and feebly sets a new deadline.
In 2010 we added a precautionary footnote to our statistical tables. From this week, we have decided to drop INDEC’s figures entirely. We are tired of being an unwilling party to what appears to be a deliberate attempt to deceive voters and swindle investors. For Argentine consumer-price data we will look instead to PriceStats, an inflation specialist, which produces figures for 19 countries that are published by State Street, a financial services firm. Had we switched to one of the provincial statistical offices still generating reliable figures, we fear it would have come under government pressure. One of the country’s best independent analysts made us a generous—and brave—offer of its data against legal advice and on condition that we conceal the source and lightly disguise the numbers. That might have generated confusion.
PriceStats is based in the United States, beyond the Argentine government’s reach. The oodles of online prices on which its index is based are tamper-proof. Argentina will no doubt say that it measures consumption by the rich rather than the poor, who may not shop online. But PriceStats’ methods are based on solid, peer-reviewed research and have proved an impressive match for (dependable) official figures in countries such as Brazil and Venezuela.
We hope that we can soon revert to an official consumer-price index for Argentina. That would require INDEC to be run by independent statisticians working unhindered. Until then, readers are better served by a credible unofficial figure than a bogus official one.
CORRECTION: This article originally described State Street as an "investment bank". A "financial services firm" is a more accurate description of what it does. This was changed on February 24th.




Argentina’s inflation problem

The price of cooking the books

An extraordinarily elaborate deception may come back to haunt the government as the economy deteriorates

HISTORY has left Argentines with more than their share of economic trauma. Having twice suffered destructive bouts of hyperinflation in the late 1980s, they are sensitive to rising prices. When they spot inflation their instinct is to dump the peso and buy dollars. But after the economy collapsed in 2001-02, horror at mass unemployment temporarily eclipsed the public’s fear of inflation. That has been the successful political calculation of the president, Cristina Fernández, and her late husband and predecessor, Néstor Kirchner. For years they stoked an overheating economy with expansionary policies. Faced with the resulting rise in inflation, their officials resorted to price controls—and to an extraordinarily elaborate deception to conceal the rise.
Since 2007, when Guillermo Moreno, the secretary of internal trade, was sent into the statistics institute, INDEC, to tell its staff that their figures had better not show inflation shooting up, prices and the official record have parted ways. Private-sector economists and statistical offices of provincial governments show inflation two to three times higher than INDEC’s number (which only covers greater Buenos Aires). Unions, including those from the public sector, use these independent estimates when negotiating pay rises. Surveys by Torcuato di Tella University show inflation expectations running at 25-30%.
PriceStats, a specialist provider of inflation rates which produces figures for 19 countries that are published by State Street, a financial services firm, puts the annual rate at 24.4% and cumulative inflation since the beginning of 2007 at 137%. INDEC says that the current rate is only 9.7%, and that prices have gone up a mere 44% over that period (see chart).
INDEC seems to arrive at its figures by a pick-and-mix process of tweaking, sophistry and sheer invention. Graciela Bevacqua, the professional statistician responsible for the consumer-price index (CPI) until Mr Moreno forced her out, says that he tried to get her to omit decimal points, not round them. That sounds minor—until you calculate that a 1% monthly inflation rate works out at an annual 12.7%, whereas 1.9% monthly compounds to 25.3%.
Threatening letters sent by the government to independent economists also shed light on INDEC’s methods. One was told that since the cost of domestic service was “a wage, not a price”, he should not have included it in his CPI calculations. “They have put a lot of effort and lawyers into such arguments,” he says.
Ana María Edwin, INDEC’s current boss, is unrepentant. In Ms Bevacqua’s day, INDEC artificially boosted the inflation rate, perhaps to benefit holders of inflation-linked bonds, she claims. She hints at underhand, possibly criminal, dealings between former INDEC staff, independent Argentine economists and international financiers. The evidence? That agreements between Mr Moreno and retailers to cap prices of basic products were not reflected in INDEC’s calculations before 2007. That suggests INDEC is now using some government-mandated prices rather than those that consumers actually pay.
When a product’s price spikes, INDEC takes it out of the CPI basket. “Poor people don’t just keep buying things if their price goes up a lot,” Ms Edwin explains. “They think: I will leave those tomatoes for the rich.” A proper CPI calculation does indeed involve rules for dealing with changes in buying patterns. But the potential for abuse is clear.
Some Argentine government bodies seem well aware of the true inflation rate. Foreign investors report presentations by the Central Bank mentioning a real (ie, inflation-adjusted) exchange rate that implies annual inflation of around 20%. Economists who have picked through the somewhat suspect figures for economic growth say they can discern a similar rate in the “deflator” used to correct some prices. Perhaps most intriguingly, INDEC’s and PriceStats’ inflation rates accelerate and decelerate in tandem.
The government has gone to extraordinary lengths, involving fines and threats of prosecution, to try to stop independent economists from publishing accurate inflation numbers. The American Statistical Association has protested at the political persecution faced by its Argentine colleagues, and is urging the United Nations to act, on the ground that the harassment is a violation of the right to freedom of expression.
At the government’s request, last year the IMF sent experts to help it plan a new national CPI. Ms Edwin says that the new index will not be ready until early 2014.
The longer this deception goes on, the trickier it is for the government to end. Faced with deteriorating fiscal accounts, Ms Fernández has begun to trim subsidies amounting to 5% of GDP. Their removal will push prices up further—as would a weakening of the peso. So Mr Moreno’s latest wheeze involves responding to a vanishing current-account surplus with strict import controls, which will undermine growth. Argentina has created a statistical labyrinth that might have been dreamed up by Jorge Luis Borges, the country’s greatest writer. This story is unlikely to have a happy ending.
CORRECTION: This article originally described State Street as an "investment bank". A "financial services firm" is a more accurate description of what it does. This was changed on February 24th.