O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Iran. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Iran. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um Congresso com "bolas" (no sentido figurado, claro...)

Não, é evidente que não estou no falando da contrafação de parlamento que existe aqui por perto, mas de um congresso que assume suas responsabilidades quando vê algo ilegal --- ou anticonstitucional -- sendo praticado.
Em certos países, violar a lei sai barato, talvez até a custo zero...
Enfim, nem sempre se pode contar com um parlamento macho -- estrito et lato sensii -- como o dessa república teocrática...
Paulo Roberto de Almeida

Atritos
Parlamento do Irã decide levar Ahmadinejad à Justiça
O Globo, 01/06/2011

TEERÃ - O Parlamento do Irã declarou nesta quarta-feira que o presidente Mahmoud Ahmadinejad violou a constituição do país ao se autoproclamar ministro do Petróleo e decidiu remeter o caso ao Judiciário do país. A decisão é a mais recente ação da assembleia contra Ahmadinejad desde que o presidente desafiou em abril o líder supremo do Irã , aiatolá Ali Khamenei, ao tentar demitir o poderoso ministro da Inteligência, Heidar Moslehi.
No mês passado, Ahmadinejad provocou a ira do Conselho de Guardiões - órgão fiscalizador da constituição do Irã - ao demitir o ministro do Petróleo, Masoud Mirkazemi, e se declarar responsável pela pasta. O presidente reestruturou seu Gabinete reduzindo oito ministérios a quatro sem consultar o Parlamento.
Ahmadinejad tem o poder de demitir ministros e substituí-los por novos chefes por até três meses sem a aprovação do Parlamento. Mas a nomeação do próprio presidente como responsável pelo ministério do Petróleo - o setor mais lucrativo do Irã - foi encarada como um movimento ilegal.
Ainda não está claro se a votação dos parlamentares desta quarta-feira vai ser também seguida de punições ou de um processo contra Ahmadinejad. O Parlamento aprovou por 165 votos a um remeter o presidente ao Judiciário.
"Esta ação ilegal e repentina vai prejudicar os interesses da República do Irão em um nível global. Como ministro do Petróleo, Ahmadinejad emitiu e vai continuar a emitir ordens que são claramente uma interferência ilegal", disse o comitê de energia do Parlamento em um comunicado.
Os atritos são parte de uma luta por poder diante das eleições parlamentares no próximo ano e da votação para o sucessor de Ahmadinejad em 2013.
No mês passado, cerca de 50 parlamentares assinaram uma petição para convocar Ahmadinejad para uma sabatina na Casa a fim de esclarecer uma longa lista de acusações, incluindo a recusa de pôr em prática leis aprovadas pelo Parlamento e a falta de transparência no Orçamento do governo. A iniciativa dos parlamentares poderia enfraquecer o governo de Ahmadinejad, num primeiro passo para um pedido de impeachment.
Ao menos um quarto dos parlamentares precisam assinar a petição antes que o presidente possa ser questionado. Se a Casa de fato aprovar a convocação de Ahmadinejad, ele seria o primeiro presidente iraniano a responder a questionamentos no Parlamento desde a Revolução Islâmica há 32 anos.

sábado, 28 de maio de 2011

Iran: ficando parecido com a Coreia do Norte...

Iran Vows to Unplug Internet
BY CHRISTOPHER RHOADS AND FARNAZ FASSIHI
The Wall Street Journal, 28/05/2011

Iran is taking steps toward an aggressive new form of censorship: a so-called national Internet that could, in effect, disconnect Iranian cyberspace from the rest of the world.
The leadership in Iran sees the project as a way to end the fight for control of the Internet, according to observers of Iranian policy inside and outside the country. Iran, already among the most sophisticated nations in online censoring, also promotes its national Internet as a cost-saving measure for consumers and as a way to uphold Islamic moral codes.


É o que se chama de autosuficiência. Resta saber o que vão achar disso os jovens plugados no mundo...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Brasil-Iran: ex-chanceler lamenta o voto brasileiro na CDH-ONU

O ex-chanceler termina seu artigo, como novo colunista da revista Carta Capital, com esta expressão: "Oxalá eu esteja errado."
Eu também espero. Aliás tenho certeza...
Paulo Roberto de Almeida

Coluna / Radical Livre
IRÃ: Consequências de um voto
Celso Amorim
Carta Capital, 3 abril 2011

No DIA 24 DE MARÇO, o Brasil apoiou a resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que instituiu um Relator Especial para investigar a situação no Ira. Esse tipo de relator sobre um país específico, do ponto de vista simbólico, representa o nível mais alto de questionamento sobre o estado dos direitos humanos. Para se ter uma ideia, apenas oito países estão sujeitos a esse tipo de escrutínio.
Se excluirmos o Haiti, cuja inclusão se deve sobretudo aos efeitos de catástrofes naturais e contou com o apoio do próprio governo de Porto Príncipe, todos os demais (Camboja, Mianmar, Somália etc.) foram palco de tragédias humanitárias graves. São em geral países muito pobres, ditos de menor desenvolvimento relativo, em que o Estado, seja por incapacidade (Burundi, Haiti), seja em razão de sistemas políticos autocráticos (Coreia do Norte, Myanmar), não atende minimamente às necessidades dos seus cidadãos. Mesmo países, certa ou erradamente, considerados pelas potências ocidentais como ditaduras (Cuba, China e Líbia, antes dos últimos acontecimentos) ou que passaram a ser qualificados como tais recentemente (Egito e Tunísia, antes da Revolução do Jasmim) não fazem parte dessa lista infamante. Noto, a propósito, que um recente artigo publicado no Herald Tribune dava conta da opinião de um ex-diplomata norte-americano sediado em Teerã de que haveria no Ira mais elementos de democracia do que no Egito de Mubarak, então apontado como exemplo de líder árabe moderado. Que eu me recorde, o Ira é o único país que poderia ser classificado como uma potência média que está sujeita a esse tipo de escrutínio. Não procedem explicações que procuram minimizar a importância da decisão com comparações do tipo: "O Brasil também recebe relatores" ou "não houve condenação".
Não há como comparar os relatores temáticos que têm visitado o Brasil com a figura de um relator especial por país. Na semiologia política do Conselho de Direitos Humanos e de sua antecessora, a Comissão, a nomeação de um relator especial (ressalvados os casos de desastres naturais ou situações pós-guerras civis, em que o próprio país pede ou aceita o relator) é o que pode haver de mais grave. Se não se trata de uma condenação explícita, implica, na prática, colocar o país no banco dos réus. Quando fui ministro do presidente Itamar Franco, viajei a Cuba com uma carta do nosso chefe de Estado, a qual, além de referir-se à ratificação do Tratado de Tlatelolco, sugeria que Cuba fizesse algum gesto na área de direitos humanos. Cuba admitiu convidar o Alto Comissário das Nações Unidas para o tema, mas recusou-se terminantemente a receber o relator especial sobre o país. Conto isso não para justificar a atitude de Havana, mas para ilustrar a reação que desperta a figura do relator especial. Não cabe assim diminuir a importância do voto da semana passada. Pode-se concordar ou não com ele, mas dizer que não afetará as nossas relações com Teerã ou a percepção que se tem da nossa postura internacional é tapar o sol com a peneira.
Nos últimos meses e anos, o Brasil participou de várias ações ou empreendeu gestões que resultaram na libertação de pessoas detidas pelo governo iraniano, tanto estrangeiros quanto nacionais daquele país. É difícil determinar qual o peso exato que nossas démarches tiveram em situações como a da norte-americana Sarah Shroud ou do cineasta Abbas Kiarostami. No primeiro caso, a jovem alpinista veio nos agradecer em pessoa. Em outros casos, como a da francesa Clotilde Reiss, não hesito em afirmar que a ação brasileira foi absolutamente determinante. Mesmo no triste caso da mulher ameaçada de apedrejamento, Sakineh Ashtiani, os apelos do nosso presidente, seguidos de várias gestões no meu nível junto ao ministro do Exterior iraniano e ao próprio presidente Ahmadinejad, certamente contribuíram para que aquela pena bárbara não tenha se concretizado.
Poderia mencionar outros, como o do grupo de bahais, cuja condenação à morte parecia iminente. Evidentemente, tais ações só puderam ser tomadas e só tiveram efeito porque havia um certo grau de confiança na relação entre Brasília e Teerã, grau de confiança que não impediu que o presidente Lula tenha demonstrado ao presidente iraniano o absurdo de suas declarações que negavam a existência do Holocausto ou que propugnavam pela eliminação do Estado de Israel. Parece-me muito improvável que o governo brasileiro se sinta à vontade para esse tipo de démarche depois do voto do dia 24. Ou caso se sinta, que os nossos pedidos venham a ser atendidos. Muito menos terá o Brasil condições de participar de um esforço de mediação como o que empreendemos com a Turquia, em busca de uma solução pacífica e negociada para a questão do programa nuclear iraniano (o que, certamente, fará a alegria daqueles que desejam ver o Brasil pequeno e sem projeção internaciona). Oxalá eu esteja errado.

domingo, 27 de março de 2011

Diz-me com quem andas... e eu ficarei envergonhado...

Poderíamos estar na companhia destes campeões mundiais dos direitos humanos:

China
Rússia
Cuba
Equador
Bangladesh
Mauritânia
Paquistão
(Tem mais, mas estes são os que ocorrem estar atualmente num determinado Conselho)

Pois é, não estamos, mas apenas porque algo mudou, de 2010 para 2011.
Fosse ainda a realidade anterior, estaríamos certamente nessa companhia edificante...

What a difference a year makes...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Egito resolvido; agora a hora do Iran?: acabam de proibir dia dos namorados

Toda ditadura é ridícula em suas proibições, censuras, vetos, tentativas de isolar o país do mundo, e suas "influências nefastas".
A teocracia iraniana acaba de proibir o St. Valentine's Day, ou dia dos namorados na tradição americana, que deve ocorrer nesta próxima semana, no mesmo momento em que estão convocadas duas grandes manifestações em Teheran: uma a favor do regime, claro, para comemorar a revolução de 1979 (com seus camponeses trazidos em ônibus do governo), a outra para sustentar as revoluções na Tunísia e no Egito, convocada pela oposição (o "movimento verde") e certamente objeto de repressão preventiva da Guarda Revolucionária.
Teremos mortos, certamente, nessa segunda manifestação, e muitos presos, e mais execuções, contra prisioneiros políticos, mais repressão, mais barbaridades, que serão condenadas pela comunidade internacional (com notas do MRE condenando a violência e apelando para uma solução pacífica).
Abaixo uma matéria sobre o Irã.
Paulo Roberto de Almeida

Iran Girds for Anti-State Protests
By FARNAZ FASSIHI
The Wall Street Journal, February 12, 2011

The Iranian state commemorated the 32nd anniversary of its Islamic Revolution on Friday with victory parades, as it tried to squelch counter demonstrations planned across the country for Monday.

Iran’s pro-democracy Green Movement has called people to the streets in solidarity with protestors in Egypt and Tunisia, as the call gained momentum on blogs and social networking sites, with over 30,000 people pledging to participate on one protest group’s Facebook page.

Iranian youth activists got a nod from Wael Ghonim, the Google executive and Egyptian protest leader, who showed up on Tahrir Square wearing the signature green wrist band of Iran’s opposition.

“I tell all Iranians that you should learn from Egyptians because we learned from you,” Mr. Ghonim told an Iranian human rights group on Thursday. His comments and picture were widely posted on opposition websites and blogs.

In Tehran and other big Iranian cities this week residents scribbled on paper money, “End executions, stop dictatorship,” and spray painted “Tahrir Square”—the central location of recent Egyptian protests—on traffic signs on Tehran’s Azadi square, the site of Iran’s anti-government protests in 2009.

Word of the Monday protests spread in buses and taxes, and one Tehran resident said neighbors buzzed each other’s doorbells to tip them off.

“We called for a demonstration to show our movement is alive and to stop the Iranian government’s propaganda abuse of pro-democracy movements in the region,” said opposition leader Mehdi Karroubi through an intermediary.

Mr. Karoubi has been under house arrest in Tehran since Thursday with only his wife permitted to visit him and all communication to his home cut off, according to his website. At least six relatives and advisors to Mr. Karoubi and opposition leader Mir Hossein Mousavi have been arrested in the past day, their offices said.

Iran’s leadership has said in recent weeks that the 1979 Islamic Revolution has inspired the popular uprisings in the region. Several Egyptian and Tunisian opposition parties have publicly rejected that notion.

On Friday, Iranian state media broadcast scenes of pro-government protests in Tehran with people waving flags and chanting “Death to America.” A split screen showed Egyptians gathering in Tahrir Square.As news broke of Egyptian President Hosni Mubarak’s resignation, Iranian state television ran headlines of “between two revolutions, Egypt and Iran.”

Iranian officials said in recent days that if people wanted to show support for the regional movements they should join the government-sanctioned rally rather than the opposition rallies, which it said aimed to sow divisions.

The government has already begun preemptive measures to stop Monday’s planned demonstration by deploying larger-than-normal numbers of security forces around Tehran.

Revolutionary Guard commander Hossein Hamedani said on Tuesday the opposition supporters were “nothing but dead corpses,” according to the official news agency IRNA.

Since uprisings swept across the Middle East last month, Iran’s government has taken extraordinary measures to suppress dissent. It has executed one person every nine hours since Jan. 1, breaking the per- capita world record, human rights groups say. In January alone, Iran executed 87 people, the state media reported. That one-month tally is higher than the total annual executions in 2005, the year President Mahmoud Ahmadinejad came to power.

Analysts say the judicial process has been hasty and at least three victims were political prisoners arrested during the 2009 anti-government protests.

“The executions are a political message to the population: ‘don’t even think about unrest, we are in control and this is your punishment,’ ” said Hadi Ghaemi, the director of International Campaign for Human Rights in Iran, an independent organization based in New York.

Iranian officials defended the executions, all by hanging, by saying the victims were criminals charged with drug trafficking, adultery and other crimes.

Ramin Mehmanparast, spokesman for Iran’s foreign ministry, told reporters this week that Iran rejected the international outcry over the executions. “It is really deplorable that those countries which claim to defend human rights and pose as civilized support cases involving crime, adultery or drug trafficking,” Mr. Mehmanparast said.


The executions have caused many ordinary middle class families to retreat from political activism because of the high potential costs to their families’ safety.

Others, mostly student activists and youth, say the execution reports are making them more resolved to fight for more political freedom. “Yes we are all afraid of violence but we are no less than the Egyptians, if they can do it so can we,” said a 32-year-old marketing consultant.

The spike in executions is bringing international repercussions for Iran. The Netherlands suspended diplomatic ties with Iran and recalled its ambassador. over the case of an Iranian-Dutch woman, Zahra Bahrami.

Ms. Bahrami, 45 years old, was arrested at a protest in 2009 and first charged with threatening national security by sending information to foreign media outlets. She was subsequently charged with drug trafficking and executed on Jan. 29. Ms. Bahrami’s family said she was an innocent political prisoner and they weren’t notified of the execution nor the location of her body, which they say was secretly buried.

Fatemeh Akhalghi’s husband, Iranian-Canadian Saeed Malekpour, was given the death sentence in December on charges of helping opposition websites and creating pornographic websites, accusations the family denies.

“I live in panic every day I think they might hang him in secret,” Ms. Akhlaghi says in a telephone interview from Canada. “It’s all about teaching other dissidents a lesson.”

Write to Farnaz Fassihi at farnaz.fassihi@wsj.com

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Brasil-Iran: nao se pode confiar mais nos amigos...

O Estadão parece possuir o seu próprio "Wikileaks". Só falta descobrir o "soldado" delator...

Irã faz protesto contra crítica de Dilma
Patrícia Campos Mello e Jamil Chade
O Estado de S.Paulo, 12 de janeiro de 2011

Diplomacia. Lula buscou aproximação com Ahmadinejad
Em telefonema à embaixada brasileira no país, governo de Ahmadinejad expõe mal-estar com declarações de autoridades da nova administração sobre a política de direitos humanos de Teerã; após o segundo turno, presidente condenou apedrejamento

O governo iraniano registrou um protesto contra as críticas do governo Dilma Rousseff à situação dos direitos humanos no Irã, num primeiro sinal de mal-estar entre os dois países, após anos de ótimas relações.

Em telegrama diplomático a cujo conteúdo o Estado teve acesso, com data de anteontem, diplomatas brasileiros em Teerã relatam que um assessor especial do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, telefonou para o embaixador brasileiro no Irã, Antonio Salgado, para se queixar. O assessor "transmitiu o incômodo de Teerã com as repetidas referências à situação dos direitos humanos no Irã, feitas por autoridades brasileiras". Segundo o telegrama, o assessor iraniano teria pedido ao embaixador que informasse o Itamaraty sobre o desconforto.

O Brasil, que antes adotava a posição de não condenar violações aos direitos humanos no Irã, mudou a posição com Dilma. Em entrevista ao jornal Washington Post, em 18 de novembro, Dilma criticou o comportamento do Brasil na ONU, ao abster-se de votar uma condenação às violações de direitos humanos no Irã. "Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição", afirmou Dilma, mencionando "práticas medievais aplicadas quando se trata de mulheres". "Ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento", disse ela, referindo-se à condenação da iraniana Sakineh Ashtiani à morte por apedrejamento.

Em entrevista à revista Veja, publicada no domingo, o chanceler Antonio Patriota foi na mesma linha. "A questão da ameaça de apedrejamento da iraniana obviamente vai contra tudo o que nós representamos", disse Patriota. "Acho que vai haver uma reflexão interna sobre essa questão dos direitos humanos."

O protesto do governo iraniano é a primeira consequência formal da mudança de direção da política externa brasileira em relação ao Irã. O governo Lula foi marcado por uma posição de não intervenção nas questões que envolvem o país. Ele comparou os tumultos que se seguiram à eleição iraniana em 2009, quando centenas de iranianos foram detidos e agredidos por agentes do regime, a uma "briga de torcida" - não passaram de "uma coisa entre flamenguistas e vascaínos", disse Lula. Instado a protestar contra a condenação de Sakineh, Lula afirmou: "É preciso tomar muito cuidado porque as pessoas têm leis e regras. Se começarem a desobedecer às leis deles para atender aos pedidos dos presidentes, daqui a pouco há uma avacalhação." Depois, ofereceu asilo à iraniana, dizendo: "Se minha amizade e afeição pelo presidente do Irã são importantes e se essa mulher está causando problemas lá, nós a acolheremos aqui no Brasil." E o Itamaraty tradicionalmente se abstinha nas votações no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Tanto a diplomacia brasileira quanto assessores do governo evitaram nos últimos dias a falar sobre o assunto. No Itamaraty, diplomatas chegaram a negar a existência do comunicado, enquanto outros simplesmente afirmavam "desconhecer" a existência da ligação telefônica. O ministro Tovar Nunes, assessor do chanceler Antonio Patriota, afirmou ser "natural" essa comunicação entre as chancelarias. "Nosso diálogo é fluido, somos sensíveis às preocupações dos países, mas também temos nossas posições, manifestadas de forma clara", disse Tovar. "Não há mal estar nenhum."

Mas não é a primeira vez que um descompasso é explicitado na relação bilateral. Em fevereiro de 2010, o Estado publicou com exclusividade o conteúdo de um telegrama do Itamaraty sobre a situação de direitos humanos no Irã. O telegrama relatava um encontro realizado entre a embaixadora Vera Machado, a então subsecretária de Assuntos Políticos, e o embaixador do Irã em Brasília, Mohsen Shaterzadeh. Durante a reunião, a embaixadora ressaltou o fato de que a aproximação entre o Irã e o Brasil estaria sendo criticada pela "imprensa conservadora" do País. O apelo feito por ela era para alertar os iranianos sobre a situação dos direitos humanos, principalmente a situação da população Bahai, discriminada pelo regime de Teerã.

=========
PS.: Uma última observação sobre este "wikileaks" brasileiro [PRA]:

Sobre este trecho:
"Durante a reunião [com o embaixador do Irã em Brasília, Mohsen Shaterzadeh], a embaixadora [Vera Machado, subsecretária de Assuntos Políticos do MRE] ressaltou o fato de que a aproximação entre o Irã e o Brasil estaria sendo criticada pela "imprensa conservadora" do País."

Parbleu! Por que "imprensa conservadora"? Se fosse pela "imprensa progressista" seria aceitável a crítica? Apenas a "imprensa conservadora" não tem o direito de fazer críticas à aproximação do Brasil com o Irã, na verdade o apoio do Brasil ao regime e ao governo atual do Irã? Supostamente, a imprensa progressista não se ocupa de direitos humanos, ou exerce uma análise crítica da política externa?
A imprensa atua de uma ou outra maneira segundo sua "coloração ideológica"?
Talvez no imaginário de certos governos seja assim; no mundo da imprensa séria, e comprometida com a verdade, a imprensa costuma ser crítica de qualquer governo, em qualquer regime, em qualquer época...
Paulo Roberto de Almeida

============

Toque de recolher
Dora Kramer
O Estado de S.Paulo, 12.01.2011

Nada de inusitado na proibição dos livros de Paulo Coelho no Irã. Gestos como esse são inerentes a ditaduras.
Diferente no episódio foi o Brasil cumprir sua obrigação de protestar e condenar a violência, considerada "abominável" pela ministra da Cultura, Ana de Holanda, que anunciou pedido de providências oficiais ao Itamaraty.
Diante de ataques aos direitos humanos e agressões à liberdade - morte de dissidentes em Cuba, fraude eleitoral no Oriente e matanças na África -, no governo Lula o Brasil não apenas calou como celebrou as ações dos regimes autoritários. Em pelo menos duas ocasiões, confraternizou publicamente com os ditadores e desdenhou da posição dos opositores.
Comparou os dissidentes cubanos a bandidos comuns e igualou os protestos da oposição iraniana contra a roubalheira eleitoral do regime ao choro de perdedores em partidas de futebol.
Manifestou-se a ministra, falta se posicionar a presidente Dilma Rousseff: pessoalmente seria o ideal, como fez no caso da condenação por apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani, mas se o fizer por intermédio do Ministério das Relações Exteriores já terá dado um passo a mais para reposicionar o Brasil no cenário internacional como uma democracia guardiã de princípios universais.
Condição que o antecessor subtraiu ao País quando subordinou valores a interesses de maneira equivocada e, sobretudo, perversa, contando para isso com a colaboração de um chanceler obcecado pelo ofício da bajulação.
Diga-se em defesa de Celso Amorim que não foi o único. São inúmeros os exemplos de exorbitâncias decorrentes da subserviência de auxiliares do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que, receosos de suas reações e curvados à sua popularidade, preferiam fazer suas vontades a cumprir a Constituição e preservar as respectivas biografias.
Amorim é apenas o caso mais patente. O fecho de sua gestão diz tudo: a concessão indevida de passaportes diplomáticos aos filhos maiores de idade e a um neto de 14 anos do então presidente, dois dias antes do encerramento do mandato, sob a justificativa de que atendia aos interesses do País.
Tanto não atendia que o Itamaraty calou a respeito. Sabe-se ali que o ato resultou do afã de cumprir ordens e agradar ao chefe que deixava o cargo consagrado, construindo um cenário de preservação de poder em perspectiva.
Quando a subserviência se sobrepõe a tudo o mais é que se deteriora a proposição fundamental do Estado de Direito: o respeito à legalidade, a observância a quesitos como probidade, impessoalidade e igualdade dos cidadãos perante as regras que regem a vida em sociedade.
No momento em que sai de cena o objeto do servilismo, se sobressai o burlesco da situação. Amorim foi para casa com esse troféu, outros a partir de agora provavelmente - vai depender de a presidente Dilma Rousseff conduzir-se por lógica diferente - dar-se-ão conta das oportunidades que deixaram passar de se dar ao respeito.
Para ficarmos nos episódios finais, temos o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a classificar como "ridículas" as críticas à concessão de área militar para o ex-presidente tirar férias com a família.
Com perdão da deselegância do termo, ridículo é um ministro de Estado se prestar ao exercício da adulação com o dinheiro público para servir ao ex como se a prerrogativas presidenciais ainda tivesse direito.
Que o ar fica mais respirável, o ambiente mais ameno e saudável na ausência de Lula, não resta a menor dúvida.
Em boa medida pelo recolhimento (temporário?) dos bajuladores.

domingo, 28 de novembro de 2010

Brasil-Iran: revendo a politica de bons amigos...

Dilma deve rever a política para o Irã
O Estado de S.Paulo, Domingo, 28 Novembro 2010

A presidente eleita Dilma Rousseff deve rever a estratégia de aproximação do Brasil com o Irã, grande alvo de críticas da política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo interlocutores da petista, ela avalia que a atitude em relação a violações aos direitos humanos no Irã foi "equivocada" e "causou desgaste desnecessário". Para Dilma, associar-se a um regime que apedreja mulheres e aprisiona opositores foi um "enorme erro", dizem esses interlocutores.
O governo brasileiro reluta em condenar a sentença de apedrejamento da viúva Sakineh Ashtiani, acusada de adultério, e se abstém nas votações de resoluções da ONU contra essas práticas, e não condena a opressão a opositores. Um dos motivos para a não manutenção do chanceler Celso Amorim no cargo seria sua atuação no caso do Irã.
Seu desempenho nas negociações da Alca foi considerado um sucesso. Mas ele teria caído em desgraça por causa do Irã. Para fazer um recomeço, seria preciso ter um novo chanceler e Amorim ficou muito identificado com a iniciativa. Além disso, a química de Amorim com Dilma não seria das melhores - os dois tiveram algumas rusgas quando ela era ministra da Casa Civil.
Dilma já havia indicado que se opunha à atitude não intervencionista na questão iraniana. "Acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento da Sakineh. Mesmo considerando usos e costumes de outros países, continua sendo bárbaro", disse Dilma em entrevista no dia 3 de novembro.
Para assessores próximos da presidente, a percepção é de que a aproximação com o Irã pode ter custado ao presidente Lula o Nobel da Paz por seu avanço em reduzir a pobreza.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dois, alias tres primeiros testes para a presidenta: Cuba, Iran e China

Bem, vamos ver como se responderá a essas demandas contraditórias, uma pela abertura e democracia, outra pelo apoio nas suas virtudes, digamos, autoritárias, de não querer sequer discutir política cambial no G20. Bem, se o G20 não serve para isso, serve para quê, então: para tomar chá?
Duas correções de imediato a este despacho do correspondente do Estadão em Genebra:
1) Chamar ativistas pela democracia e pelos direitos humanos de "dissidentes" é um equívoco e uma indignidade, como se o Estado tivesse razão e os ativistas estivessem errados em fazer e demandar o que fazem e pedem. Se Cuba assinou protocolos em defesa dos direitos humanos, a começar pela Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, então é o Estado cubano que é dissidente, não o ativista. É o Estado que atua ilegalmente, de maneira criminosa e celerada.
2) Um erro monumental incorreu aqui o jornalista: "A [última] viagem [de Lula a Cuba], porém, ficou marcada pela morte do dissidente, Orlando Zapata. Lula preferiu não comentar a situação durante sua visita."
Não é verdade isso; Lula comentou, sim, e para horror nosso e de todos os que defendem os direitos humanos, criticou o uso da greve de fome como instrumento político, quando ele mesmo usou dessa "arma" no passado (embora burlada por ele mesmo, como já confessou, sem qualquer dignidade). Ele não só comentou, como criticou o prisioneiro, que se "deixou morrer", por certo por culpa dele mesmo. E comparou a situação dos prisioneiros de consciência em Cuba, na verdade condenados políticos, em total abuso da própria legislação cubana, a prisioneiros de direito comum, criminosos e assassinos da pior espécie. Uma ofensa indigna de alguém que preza mais a ditadura cubana que os direitos humanos.
Paulo Roberto de Almeida
Addendum: Em tempo: nossos amigos iranianos não poderiam ficar de fora, claro, dessa deixa. Já que o presidente "sainte" tinha um carinho especial por Ahmadinejad, quem sabe sua sucessora não poderá manter essas excelentes relações "anti-imperialistas"?

Dissidentes cubanos lançam apelo à Dilma

Jamil Chade, correspondente em Genebra
O Estado de S.Paulo, 2 de novembro de 2010

Objetivo é pressionar para que questão dos direitos humanos entre na agenda diplomática

 GENEBRA - Dissidentes cubanos pedem que a presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, modifique a forma pela qual o governo brasileiro tem lidado com o regime de Raul Castro e pressionam para que a questão dos direitos humanos entre na agenda entre Brasília e Havana.
"Não queremos nada de extraordinário. Apenas que a nova presidente do Brasil defenda ao povo cubano as mesmas liberdade que ela defenderia para sua própria população", afirmou Dagoberto Valdés, um dos dissidentes ainda mantido em liberdade em Cuba.
O dissidente é um dos responsáveis pelo movimento Convivência e foi em nome do grupo que fez a declaração à Dilma. Sem liberdade para publicar seu comunicado em Havana, o dissidente foi obrigado a usar "contatos" que tem na Espanha para tornar pública sua declaração.
"Em Cuba, a liberdade é um ingrediente raro", disse o dissidente ao Estado por telefone. "Felicitamos a nova presidente por sua eleição e queremos que o Brasil continue a manter sua relação com Havana. Mas insisto que temos esperanças de que suas relações com Cuba trabalhem pelos mesmos direitos que ela (Dilma) quer para os brasileiros", afirmou.
Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil se transformou no segundo maior parceiro econômico e comercial de Cuba no Hemisfério Ocidental, superado apenas pela Venezuela. Entre 2003 e 2009, o comércio bilateral triplicou, chegando a quase US$ 600 milhões no ano passado.
Em sua última visita à ilha, Lula assinou dez acordos de cooperação e prometeu investimentos de US$ 300 milhões na ampliação do Porto de Mariel. A viagem, porém, ficou marcada pela morte do dissidente, Orlando Zapata. Lula preferiu não comentar a situação durante sua visita.
Na segunda-feira, o governo cubano havia já feito declarações de apoio à Dilma. "As relações com o Brasil são muito boas, tanto no aspecto político como econômico. Esperamos que essas relações continuem a se desenvolver com a presidente Dilma", afirmou o ministro de Comércio Exterior, Rodrigo Malmierca, que lembrou a presença do "capital brasileiro" na ilha.
Excluída
Nos últimos meses, Cuba tentou dar sinais de que poderia estar aceitando uma revisão de sua repressão e negociou com o Vaticano e com a Espanha a liberação de presos políticos. Mas, na ONU, as suspeitas em relação à Cuba são cada vez maiores. Em seu novo índice de desenvolvimento humano, a ONU optou neste ano por simplesmente excluir Cuba do ranking. O motivo: não tinha como confirmar se os dados enviados pelo governo de Havana sobre saúde, educação e outros índices sociais tinham alguma relação com a realidade.

=========

Dilma fortalece bloco antiamericano, diz Irã

Jamil Chade
O Estado de S.Paulo, 2 de novembro de 2010

País vê vitória da petista como ‘vistoso progresso’ nos laços de amizade e afirma que América Latina entrou em corrente de oposição aos EUA

GENEBRA - O Irã comemorou a vitória de Dilma Rousseff nas eleições no Brasil e destacou que o resultado "fortalece o bloco antiamericano". Ontem, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, deixou claro sua satisfação com a vitória da sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na esperança de que sua política externa siga os mesmos passos da diplomacia do governo que terminará no final de dezembro.
Na ONU, países africanos e algumas das ditaduras mais criticadas do mundo também não disfarçaram a satisfação com o resultado das eleições.
Acusado de manter um sistema perverso de violações aos direitos das mulheres e de ainda manter leis como a do apedrejamento de adúlteras, Ahmadinejad fez questão de elogiar o fato de o Brasil ter escolhido sua primeira mulher presidente. Segundo o líder, isso vai impulsionar o "vistoso progresso" nos laços entre os dois países. Lula chegou a intervir no caso de uma iraniana condenada à pena de morte, sob a acusação de adultério.
"As relações entre Irã e Brasil se desenvolveram nos últimos anos e estou convencido de que sob vossa presidência estas relações continuarão se aprofundando", afirma Ahmadinejad em mensagem enviada a Dilma. "A relação entre o Irã e o Brasil continuará e será consolidada sob a liderança de Dilma", disse Ahmadinejad à agência de notícias estatal Irna.
Nos últimos anos, o governo Lula fez questão de se opor às sanções impostas contra o Irã e tentou intermediar um acordo para solucionar a questão nuclear em Teerã. O processo fracassou e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, chegou a alertar o Brasil de que estava sendo usado por Ahmadinejad.
Uma nova negociação começa a ser organizada. Mas Teerã insiste que o Brasil deve fazer parte do processo. A Casa Branca não vê isso com bons olhos. "A cooperação entre a República Islâmica do Irã e o Brasil foi muito boa sob a presidência de Lula e trouxe benefícios apreciáveis a nível bilateral, regional e internacional", destacou Ahmadinejad.
O presidente da Comissão de Segurança Nacional e Relações Exteriores do Parlamento Iraniano, Alaedin Boroujerdi, foi além. "A vitória de Dilma Rousseff é uma boa notícia para o Iraque [SIC!; deve ter sido engano do debiloide do tradutor], já que fortalece o bloco antiamericano", disse. "A América Latina entrou em uma corrente de oposição aos Estados Unidos", afirmou à agência Irna. "O mundo será testemunha, em breve, de uma ampliação e expansão das relações entre o Irã e os estados da América Latina", disse.
Nos últimos anos, o governo brasileiro tem ampliado sua estratégia de impedir que países sejam isolados da comunidade internacional por conta de acusações de violações de direitos humanos.
Na ONU, delegações de países africanos e de outros em desenvolvimento não escondem o alívio com a vitória de Dilma. "A África está aberta a investimentos de todo o mundo. Mas a realidade é que o Brasil entende melhor como funciona nossa cultura, nossas realidades", afirmou ao Estado a ministra de Justiça da Libéria, Christiana Tah.
=========

Governo chinês espera que ‘parceria estratégica’ com o Brasil continue no governo Dilma

Cláudia Trevisan, correspondente do Estadão em Pequim
02.novembro.2010 14:19:52


O governo chinês afirmou ontem esperar que a “parceria estratégica” com o Brasil continue a se desenvolver sob o governo de Dilma Rousseff, a quem o presidente Hu Jintao cumprimentou pela eleição de domingo. “Atualmente, as relações sino-brasileiras mantêm uma boa dinâmica”, declarou ontem o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, em briefing regular com a imprensa em Pequim. O cumprimento de Hu Jintao foi transmitido a Dilma por meio da embaixada chinesa em Brasília.
A China se transformou neste ano no principal parceiro comercial do Brasil, à frente dos Estados Unidos, e caminha para se tornar um dos principais investidores estrangeiros no país. Mas o maior peso econômico é acompanhado da preocupação de parte da indústria nacional, que vê no câmbio desvalorizado da China uma vantagem desleal na competição por mercados dentro e fora do Brasil.
A questão cambial ganhou peso adicional com a recente desvalorização do dólar, ao qual a moeda chinesa está atrelada. Depois de dois anos de “congelamento”, Pequim voltou a permitir a apreciação do yuan em junho, mas desde então o ganho foi inferior a 3%. Muitos economistas sustentam que seria necessária uma valorização de pelo menos 20% para levar a moeda chinesa ao patamar que deveria alcançar caso seu valor fosse definido por forças de mercado e não pela intervenção do banco central.
Dilma assumirá a Presidência em um momento de fortalecimento institucional da relação entre os dois países, que passou a ser moldada pelo Plano de Ação Conjunto assinado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao em abril.
O documento traça as metas e princípios que vão reger a relação bilateral pelo período de 2010 a 2014. Entre os itens do programa está a necessidade de diversificação das exportações do Brasil para a China, formadas hoje principalmente por produtos primários – 80% das vendas são de soja, minério de ferro e petróleo. Porém não está claro no plano como esse objetivo poderá ser alcançado.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Argentina vs Iran no caso do terrorismo anti-israelita: imbroglio

Nossos aliados iranianos são sempre surpreendentes. Mas os argentinos não ficam atrás, ao propor julgamento dos iranianos implicados nos atentados terroristas de Buenos Aires, nos anos 1990, em terceiro país. Estranha solução.
Mas a reação iraniana é surpreendente.
Não sei se teremos alguma nota esclarecedora a respeito deste caso complicado.
Paulo Roberto de Almeida

Sin avances en el esclarecimiento del ataque a la mutual judia AMIA: duro rechazo iraní a una propuesta del Gobierno
Lucas Colonna
La Nación
, Martes 19 de octubre de 2010

Se negó a que el juicio se hiciera en un tercer país y acusó a la Argentina de financiar terroristas

Con duras críticas a la Justicia local y una acusación contra las autoridades argentinas de colaborar con el terrorismo, el gobierno iraní rechazó formalmente la petición del gobierno de Cristina Kirchner de sustanciar el juicio por el atentado contra la AMIA en un tercer país.

La Presidenta había propuesto esa alternativa al hablar ante la asamblea anual de la Organización de las Naciones Unidas (ONU), el mes pasado.

Por medio de un escrito presentado en la ONU, el régimen del presidente Mahmoud Ahmadinejad sostuvo que no existen acuerdos jurídicos de cooperación bilateral para concretar ese tipo de procedimientos, calificó de "falsa acusación" los cargos presentados en la investigación local contra ocho ciudadanos iraníes y tildó de "procedimiento arbitrario" la investigación que instruye el juez Rodolfo Canicoba Corral.

Además, sin dar precisiones, acusó a las autoridades argentinas de ser responsables de violaciones del derecho diplomático por la comisión de presuntas escuchas telefónicas a la embajada iraní en Buenos Aires y de "haber colaborado con grupos terroristas, en particular con la conocida Organización Mujaidines, cuyas actividades terroristas mataron e hirieron a miles de civiles iraníes inocentes".

La presidenta Kirchner reaccionó con cautela al comunicado. "Me parece que lo más prudente es leerlo, analizarlo bien y luego emitir una opinión", dijo escuetamente la jefa del Estado, en lo que fue la única reacción oficial. Según explicaron a LA NACION altas fuentes oficiales, debido al tenor de las acusaciones, la respuesta de la Argentina se dará a conocer en el transcurso de los próximos días, luego de que la Cancillería, conducida por Héctor Timerman, analice los pormenores de la misiva oficial iraní y defina una estrategia legal y diplomática por seguir.

El silencio argentino contrastó con el enérgico pronunciamiento del gobierno israelí. La directora general de la cancillería israelí para América latina y el Caribe, Dorit Shavit, aseguró que tanto en la Argentina como en Israel se sabe que "Irán planificó los atentados contra la sede de la AMIA y la embajada de Israel en Buenos Aires".

La respuesta del gobierno de Teherán figura en una comunicación oficial que el representante permanente de Irán ante la ONU, Mohammad Khazaee, envió al secretario general del organismo, Ban Ki-moon. La carta está fechada el 28 de septiembre último, pocos días después del discurso de Cristina Kirchner ante la ONU, pero recién ayer cobró estado público.

El rechazo a la propuesta argentina es tajante. "A falta de un acuerdo jurídico sobre cooperación judicial entre los dos países, y mientras las autoridades argentinas mantengan su falta de disposición a negociar instrumentos de este tipo o, cuando menos, a facilitar pruebas que sustancien sus acusaciones contra ciudadanos iraníes, cualquier petición de cooperación judicial es insostenible", dice el texto.

Acusaciones
Altas fuentes diplomáticas locales expresaron su preocupación por los ataques formulados por Irán respecto del hipotético financiamiento al terrorismo antiiraní. "Es todo un invento, nunca habían hablado de esto antes. Se hizo con el único objeto de justificar el rechazo de un camino jurídico que los compromete", evaluó un diplomático familiarizado con la causa.

Sin aportar mayores precisiones, Irán acusó a las autoridades argentinas de "haber prestado apoyo financiero" a la Organización Mujaidines Jalq y de "haber pagado sobornos para inducir testimonios inventados contra ciudadanos iraníes", aunque no estableció ni a qué administración se refería ni en qué año se habrían concretado estas acciones.

En un siguiente párrafo, de todos modos, formula una acusación elíptica contra el gobierno de Carlos Menem. El texto insta a la actual administración nacional a que "desista de reiterar improcedentes hipótesis y lugares comunes inventados por una administración corrupta en la década de 1990 para encubrir a los autores reales" del atentado.

Las acusaciones no terminan allí. Además, en la carta se sindica a las autoridades como responsables "en virtud del derecho internacional" de "numerosas violaciones del derecho diplomático" y se menciona, en particular, "la escucha de comunicaciones de la embajada iraní en Buenos Aires". Irán pide en el texto "hacer rendir cuentas de sus actos a las personas implicadas en esos actos ilegales".

La misiva iraní comienza con una descalificación de las acusaciones argentinas. Luego, desvincula a los ocho ex funcionarios acusados por la justicia argentina en la causa que instruye Canicoba Corral. "El gobierno de Irán -señala la carta enviada a la ONU- se ha cerciorado de que ningún ciudadano iraní estuvo implicado, directa o indirectamente, en la explosión de la AMIA."

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Iran: the case for caution - Foreign Policy

A matéria abaixo deve ser lido em explícita conexão com um outro post aqui colocado:

Iran: The Point of No Return - The Atlantic
domingo, 15 de agosto de 2010

The Weak Case for War with Iran
BY FLYNT LEVERETT, HILLARY MANN LEVERETT
Foreign Policy, August 11, 2010

Jeffrey Goldberg's new article in the Atlantic is deeply reported -- and deeply wrong about the Middle East. But it's his misunderstanding of America that is most dangerous of all.

Amid widespread skepticism that sanctions will stop Tehran's nuclear development and grudging, belated recognition that the Green Movement will not deliver a more pliable Iranian government, a growing number of commentators are asking the question, "What does President Obama do next on Iran?"

For hawks, the answer is war. Last month, in The Weekly Standard, Reuel Marc Gerecht made the case for an Israeli strike against Iranian nuclear targets. With the publication of Jeffrey Goldberg's "The Point of No Return" in the Atlantic, the campaign for war against Iran is now arguing that the United States should attack so Israel won't have to.

To be sure, Goldberg never explicitly writes that "the United States should bomb Iran." But he argues that, unless Israel is persuaded that Obama will order an attack, "there is a better than 50 percent chance that Israel will launch a strike by next July." And Goldberg's Israeli interlocutors readily acknowledge that the United States could mount a far more robust air campaign against Iranian nuclear targets than Israel could. A much more limited Israeli strike "may cause Iran to redouble its efforts-this time with a measure of international sympathy-to create a nuclear arsenal [and] cause chaos for America in the Middle East," he acknowledges. Goldberg believes the Obama administration understands that "perhaps the best way to obviate a military strike on Iran is to make the threat of a strike by the Americans seem real." But there is a clear implication that, if threat alone does not work, better for the United States to pull the trigger than Israel.

Goldberg's reporting on Israeli thinking about Iran -- reflecting interviews with "roughly 40 current and past Israeli decision makers" -- including Prime Minister Benjamin Netanyahu -- is exemplary. Unlike Gerecht, Goldberg does not skirt the potentially negative consequences of war. But Goldberg's reporting also reveals that the case for attacking Iran -- especially for America to attack so Israel won't -- is even flimsier than the case Goldberg helped make for invading Iraq in 2002, in a New Yorker article alleging that "the relationship between Saddam's regime and Al Qaeda is far closer than previously thought."

Goldberg's case for war on Iran starts with the Holocaust -- and a view of the Islamic Republic as a latter-day Third Reich, under ideologically obsessed, anti-Semitic leadership to which "rational deterrence theory ... might not apply." Israelis across the political spectrum have bought the argument that Iran is an "existential threat," he writes. But, as Goldberg himself acknowledges, this is not true. He recounts his realization of the "contradiction" captured in a photograph of Israeli fighter planes flying over Auschwitz that he saw "in more than a dozen different offices" at Israel's defense ministry:

"If the Jewish physicists who created Israel's nuclear arsenal could somehow have ripped a hole in the space-time continuum and sent a squadron of fighters back to 1942, then the problem of Auschwitz would have been solved in 1942. In other words, the creation of a serious Jewish military capability-a nuclear bomb, say, or the Israeli air force-during World War II would have meant a quicker end to the Holocaust. It is fair to say, then, that the existence of the Israeli air force, and of Israel's nuclear arsenal, means axiomatically that the Iranian nuclear program is not the equivalent of Auschwitz." (emphasis added)

Moreover, the Islamic Republic is not Hitler's Germany, particularly regarding Jews. No matter how many anti-Zionist or even anti-Semitic quotes Gerecht, Goldberg, and others may marshal from Iranian politicians, inconvenient realities undermine the Islamic Republic/Third Reich analogy: Roughly 25,000-30,000 Jews continue living in Iran, with civil status equal to other Iranians and a constitutionally guaranteed parliamentary seat. It is illegal in the Islamic Republic for Muslims to consume alcohol --but Jews (and Christians) are permitted wine for religious ceremonies and personal consumption. Iranian politicians frequently question Israel's legitimacy and predict demographics will ultimately produce a "one-state" solution in Palestine. It's true that Iranian President Mahmoud Ahmadinejad has made provocative statements questioning the Holocaust. But neither Ahmadinejad nor any other Iranian leader has threatened to destroy Israel by initiating military conflict.

Fixating on Ahmadinejad's rhetoric obscures the fact that normalized U.S.-Iranian relations would profoundly benefit Israel -- just as Henry Kissinger's engagement with Egyptian President Anwar Sadat in the 1970s decisively changed regional dynamics to preclude any possibility of another generalized Arab-Israeli war. It is only in retrospect that Sadat -- an open admirer of Hitler who worked with Germany against Britain during World War II and not only made vicious anti-Israeli and anti-Semitic statements but launched a war that killed and injured thousands of Israelis -- is depicted as a "man of peace."

Goldberg ascribes Netanyahu's concern about the "existential threat" from Iran to the influence of Netanyahu's father -- a revisionist scholar who upended historiography of the Spanish Inquisition by focusing on its anti-Semitic roots. But Netanyahu père's worldview does not permit rational calculation of threat or diplomatic contributions to Israel's security. Ben Zion Netanyahu opposed Likud Prime Minister Menachem Begin over peace with Egypt and, in an interview last year, said of Arabs that they are "an enemy by essence ... [T]he only thing that might move the Arabs from the rejectionist position is force."

This is a strategically obtuse outlook, the influence of which on the current Israeli government's decision-making can only be pernicious. But Goldberg's reporting on his conversations with Israeli generals, national-security policymakers, and politicians makes clear that, in fact, those at the top of Israel's political order understand Iran's nuclear program is not an "existential threat." His interlocutors recognize Iran is unlikely to invite its own destruction by attacking Israel directly. Rather, they say, a nuclear Iran "will progressively undermine [Israel's] ability to retain its most creative and productive citizens," according to Defense Minister Ehud Barak.

"The real threat to Zionism is the dilution of quality," Barak tells Goldberg. "Jews know that they can land on their feet in any corner of the world. The real test for us is to make Israel such an attractive place, such a cutting-edge place in human society, education, culture, science, quality of life, that even American Jewish young people want to come here ... Our young people can consciously decide to go other places [and] stay out of here by choice."

Ephraim Sneh, retired general and former deputy defense minister, also describes the non-existential nature of the Iranian "threat":

"[Israelis] are good citizens, and brave citizens, but the dynamics of life are such that if ... someone finishes a Ph.D. and they are offered a job in America, they might stay there ... The bottom line is that we would have an accelerated brain drain."

In other words, Israeli elites want the United States to attack Iran's nuclear program -- with the potentially negative repercussions that Goldberg acknowledges -- so that Israel will not experience "a dilution of quality" or "an accelerated brain drain." Sneh argues that "if Israel is no longer understood by its 6 million Jewish citizens, and by the roughly 7 million Jews who live outside of Israel, to be a ‘natural safe haven', then its raison d'être will have been subverted."

To be sure, the United States has an abiding commitment to Israel's security. But, just as surely, preventing "dilution of quality" or bolstering Israelis' perceptions regarding their country's raison d'être can never give an American president a just or strategically sound cause for initiating war. And make no mistake: Bombing Iran's nuclear facilities would mean war.

Netanyahu himself admits that the challenges posed by a nuclear Iran "are more subtle than a direct attack," noting that "you'd create a sea change in the balance of power in our area." This is another major point in the Israeli case for war that deserves unpacking -- and debunking. Goldberg points out that "Persian and Jewish civilizations have not forever been enemies." In fact, the Islamic Republic and Israel have not forever been enemies. During the Iran-Iraq war, Israel -- over Washington's objections -- sold weapons to Iran, and was involved in U.S. President Ronald Reagan's subsequent outreach to Tehran (which imploded in the Iran-Contra scandal).

However, Israeli-Iranian geopolitical dynamics changed with the Cold War's end, the Soviet Union's collapse, and the removal of Iraq's military as a factor in the regional balance of power through the first Gulf War. Since then, Israel has deemed Iran its principal rival for regional hegemony -- and the Islamic Republic views what it sees as Israel's hegemonic ambitions as threatening its vital interests.

Israeli elites want to preserve a regional balance of power strongly tilted in Israel's favor and what an Israeli general described to Goldberg as "freedom of action" --the freedom to use force unilaterally, anytime, for whatever purpose Israel wants. The problem with Iranian nuclear capability -- not just weapons, but capability -- is that it might begin constraining Israel's currently unconstrained "freedom of action." In May, retired Israeli military officers, diplomats, and intelligence officials conducted a war game that assumed Iran had acquired "nuclear weapons capability." Participants subsequently told Reuters that such capability does not pose an "existential threat" to Israel -- but "would blunt Israel's military autonomy."

One may appreciate Israel's desire to maximize its military autonomy. But, in an already conflicted region, Israel's assertion of military hegemony is itself a significant contributor to instability and the risk of conflict. Certainly, maximizing Israel's freedom of unilateral military initiative is not a valid rationale for the United States to start a war with Iran. Just imagine how Obama would explain such reasoning to the American people.

So, what should Obama do? Goldberg concludes with a story told by Israeli President Shimon Peres about Israel's founding prime minister, David Ben-Gurion. When Ben-Gurion met U.S. president-elect John F. Kennedy in late 1960, Kennedy asked what he could do for Israel. Ben-Gurion replied, "What you can do is be a great president of the United States."

Regarding Iran, what constitutes "greatness" for Obama? Clearly, Obama will not achieve greatness by acquiescing to another fraudulently advocated and strategically damaging war in the Middle East. He could, however, achieve greatness by doing with Iran what Richard Nixon did with Egypt and China -- realigning previously antagonistic relations with important countries in ways that continue serving the interests of America and its allies more than three decades later.

Related:
It's Time to Get Tough on Iran
Why it could be Tehran -- not Washington -- that provokes a war.
By Michael Eisenstadt and David Crist

domingo, 1 de agosto de 2010

Diplomacia da demagogia: revisando posicoes em funcao do publico...

O demagogo é aquele que pretende estar sempre junto do povo, ou da opinião pública (numa versão mais seletiva). Ele não hesita em renegar a si próprio, em mudar de posição, se isso lhe favorece politicamente.
Demagogia existe em todas as esferas, interna e externa.
Eu, por exemplo, teria ojeriza a expressar "carinho" por outro demagogo (entre outras qualidades).
Acho que é isso...
Paulo Roberto de Almeida

Lula oferece abrigo a iraniana que pode ser apedrejada
Agência Estado, 31/07/2010

Mulher de 43 anos está presa acusada de um suposto adultério. Em evento ao lado de
Dilma Rousseff, Lula aproveitou para atacar seus adversários políticos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu neste sábado (31), durante comício em prol da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, em Curitiba, abrigo político para a iraniana Mohammedi Ashitiani, de 43 anos, condenada à morte por apedrejamento em razão de suposto adultério.

"Eu tenho que respeitar a lei de um país, mas se vale minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã (Mahmoud Ahmadinejad) e pelo povo iraniano, se esta mulher está causando incômodo, nós a receberíamos no Brasil", afirmou.

O presidente tocou no assunto quase ao final do discurso, após criticar os Estados Unidos por repudiar sua tentativa de negociar a paz no Oriente Médio. "Parece que tem mais gente trabalhando contra a paz do que trabalhando pela paz", destacou.

"Já que minha candidata é uma mulher, eu queria fazer um apelo a meu amigo Ahmadinejad, ao líder supremo do Irã e ao governo do Irã." Logo depois, explicou a centenas de pessoas que se postaram na Boca Maldita, no centro de Curitiba, para ouvi-lo, que no Irã o adultério é punido com a morte por apedrejamento. Ele reconheceu que estava em
situação difícil porque se tratava de falar da soberania de um país.

Quarta-feira passada, Lula havia dito que não tomaria nenhuma atitude em relação à decisão do Irã, justificando que as leis de cada país precisam ser respeitada sob risco de virar "avacalhação". "Acho que é coisa muito grave o que está acontecendo", disse. "Nada justifica o Estado tirar a vida de alguém, só Deus dá a vida e só Ele é que
deveria tirar a vida."

Lula disse que já tinha feito outros apelos a favor de brasileiros condenados à morte, em favor de uma francesa também no Irã e em favor de americanos. "Mas os americanos também tem que liberar companheiros do Irã", ponderou. Em entrevista, mais tarde, Dilma elogiou o presidente por sua "sensibilidade".

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Nunca se fica na mao, quando se tem bons amigos...

Lembram-se daquela história dos 300 mísseis russos que iriam ser vendidos para os iranianos e que os russos disseram que renunciavam a vender, por causa das sanções do CSNU?
Pois é, parece que Putin vai vender agora ao Hugo Chávez, que aparentemente já tem destino certo para esses brinquedos sofisticados...

Hugo Chavez picks up Iran's S-300 missiles
Foreign Policy, June 18, 2010

Just days after it agreed not to sell advanced anti-aircraft weaponry to Iran, Russia turned around and sealed a deal on the S-300 surface-to-air missile with Venezuela's Hugo Chavez. The arms sale is part of a $2.2 billion military loan package provided by Moscow, and it has at least one observer worried that the missiles will mysteriously wind up in Iranian hands:

If this system is delivered, it is an indirect provocation against the US as a proliferation of advanced weapons in this hemisphere. Another concern is that Venezuela might be a party to a tripartite arrangement with Iran and Russia whereby the S-300 in some form ends up in Iran despite the sanctions, after passing through Venezuela.

Bringing Chavez into play is cause for some concern, but considering how many other countries are allegedly in posession of the S-300, Venezuela's acquisition of the weapon seems like a drop in the risk bucket. The larger issue at stake ought to be Russia's rapidly expanding involvement in the global arms trade.

terça-feira, 20 de abril de 2010

2046) A divina arte da predicao de terremotos (nao para todos, so os mais devotos...)

Mulheres causam terremotos
Bem, nao é misoginia, apenas um aviso cientifico.
Infelizmente, nem todos os paises podem dispor de uma lideranca politica tao alerta e tao esclarecida, a ponto de prever terremotos.
Acredito que com um pouco mais de esforcos, e com contatos mais frequentes com as autoridades iranianas, as nossas liderancas politicas tambem conseguiriam se aperfeicoar, e ajudar o Brasil nesta dificil tarefa de prever terremotos...
------------------------------
Paulo Roberto Almeida

Islamismo
Clérigo no Irã diz que mulheres causam terremotos

Opinião e Notícia, 20/04/2010 (The Guardian)

Segundo a crença iraniana, a mulher que se veste sem modéstia transforma o comportamento do homem, corrompendo sua castidade e espalhando o adultério na sociedade — o que causaria terremotos no planeta. De acordo com uma previsão do presidente Mahmoud Ahmadinejad, um terremoto irá atingir o Teerã e boa parte dos mais de 12 milhões de habitantes da cidade deveriam relocar em algum outro lugar. No entanto, ele ainda não tem uma data certa para o acontecimento.

O líder espiritual Hojatoleslam Kazem Sedighi afirma que as calamidades ameaçam severamente o seu povo e foi aconselhado por uma Autoridade Divina a convocar a todos para um arrependimento geral, como forma de mostrar a Deus sua devoção, e tentar livrar o Teerã do terrível terremoto que só Deus poderia evitar. Ele se refere também ao terremoto político ocorrido na última disputa à presidência, em que o governo iraniano trava uma forte batalha contra o movimento da oposição que acusa Ahmadinejad de vencer as eleições de forma fraudulenta. O ministro Sadeq Mahsooli disse que orações e pedidos de perdão são as melhores formas de repelir os terremotos.

Fontes: Guardian - Women to blame for earthquakes, says Iran cleric

Women to blame for earthquakes, says Iran cleric
The Guardian, Monday 19 April 2010

Women behaving promiscuously are causing the earth to shake, according to cleric, as Ahmadinejad predicts Tehran quake
A senior Iranian cleric says women who wear revealing clothing and behave promiscuously are to blame for earthquakes.

Iran is one of the world's most earthquake-prone countries, and the cleric's unusual explanation for why the earth shakes follows a prediction by the president, Mahmoud Ahmadinejad, that a quake is certain to hit Tehran and that many of its 12 million inhabitants should relocate.

"Many women who do not dress modestly ... lead young men astray, corrupt their chastity and spread adultery in society, which increases earthquakes," Hojatoleslam Kazem Sedighi was quoted as saying by Iranian media. Women in the Islamic Republic are required by law to cover from head to toe, but many, especially the young, ignore some of the more strict codes and wear tight coats and scarves pulled back that show much of the hair. "What can we do to avoid being buried under the rubble?" Sedighi asked during a prayer sermon last week. "There is no other solution but to take refuge in religion and to adapt our lives to Islam's moral codes." Seismologists have warned for at least two decades that it is likely the sprawling capital will be struck by a catastrophic quake in the near future. Some experts have even suggested Iran should move its capital to a less seismically active location. Tehran straddles scores of fault lines, including one more than 50 miles long, though it has not suffered a major quake since 1830.

In 2003, a powerful earthquake hit the southern city of Bam, killing 31,000 people – about a quarter of that city's population – and destroying its ancient mud-built citadel.

"A divine authority told me to tell the people to make a general repentance. Why? Because calamities threaten us," said Sedighi, Tehran's acting Friday prayer leader. Referring to the violence that followed last June's disputed presidential election, he said: "The political earthquake that occurred was a reaction to some of the actions [that took place]. And now, if a natural earthquake hits Tehran, no one will be able to confront such a calamity but God's power, only God's power ... So let's not disappoint God."

The Iranian government and its security forces have been locked in a bloody battle with a large opposition movement that accuses Ahmadinejad of winning last year's vote by fraud.

Ahmadinejad made his quake prediction two weeks ago but said he could not give an exact date. He acknowledged that he could not order all of Tehran's 12m people to evacuate. "But provisions have to be made ... at least 5 million should leave Tehran so it is less crowded," the president said.

The welfare minister, Sadeq Mahsooli, said prayers and pleas for forgiveness were the best "formulae to repel earthquakes. We cannot invent a system that prevents earthquakes, but God has created this system and that is to avoid sins, to pray, to seek forgiveness, pay alms and self-sacrifice," Mahsooli said.