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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Relatório (secreto) da visita do vice-presidente João Goulart à China de Mao, em agosto de 1961, quando o presidente se demitiu - J.A. Araújo Castro

Agreguei à minha página do Academia.edu, a cópia fotográfica do ofício secreto encaminhado a partir do Consulado do Brasil em Hong Kong, em 4 de setembro de 1961, pelo então ministro-conselheiro da embaixada do Brasil em Tóquio, João Augusto de Araújo Castro, a propósito da visita do vice-presidente reeleito João Goulart à República Popular da China, em agosto de 1961, quando o Brasil reconhecia apenas a República da China (Formosa), com considerações pessoais sobre a forma e a natureza dessa visita, no curso da qual, brasileiros e chineses foram surpreendidos com a notícia da renúncia do presidente Jânio Quadros.



Quando puder, farei a análise desse ofício secreto, contextualizando-o na conjuntura histórica daquele momento da diplomacia brasileira, entre os "apelos" (americanos) da Guerra Fria e os novos eflúvios da Política Externa Independente, do presidente Jânio Quadros e do chanceler Afonso Arinos de Melo Franco (que acabou saindo com a demissão inopinada do presidente que se acreditava com virtudes "gaullistas".
Jânio já havia "ordenado" a retomada de relações diplomáticas e comerciais com os países socialistas da órbita soviética, mas a China de Mao era uma coisa bem diferente, e não tenho certeza de que Jânio ou Goulart tivessem plena consciência do que isso significava na geopolítica mundial e nas relações exteriores do Brasil.
A decisão de enviar Goulart à China antecedeu, provavelmente, à decisão de Jânio de tentar o seu "golpe" contra o Congresso, mas pode-se argumentar que ele partia da suposição maquiavélica de que a apresentação da sua carta de demissão, no meio daquela viagem, induziriam tanto os congressistas, quanto os militares, a pressionarem pela sua manutenção como presidente. Não aconteceu nem uma coisa, nem outra, sobretudo depois que ele resolveu dar a Ordem do Cruzeiro do Sul ao Ché Guevara...
Gostaria, neste momento, de destacar o enorme auxílio que sempre tive enquanto estive como diretor do IPRI (e aproveitava o cargo para aventurar-me em outras esferas, sobretudo históricas, do Itamaraty) do meu amigo, historiador Rogério de Souza Farias, o garimpeiro dos arquivos da Secretaria de Estado.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22/12/2021