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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Palestra de Rubens Ricupero na ABL: esperando o vídeo...

Ainda não pude assistir, pois não foi colocado no site da ABL.

Diplomata Rubens Ricupero discorre sobre o tema “Um futuro pior que o passado? Reflexões na antevéspera do bicentenário da Independência”

O diplomata e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero foi o palestrante convidado da última conferência do ciclo O que falta ao Brasil?, que tem como coordenadora a Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira. O tema foi Um futuro pior que o passado? Reflexões na antevéspera do bicentenário da Independência. O evento ocorreu no dia 29 de agosto, quinta-feira, no Teatro R. Magalhães Jr. (Avenida Presidente Wilson, 203 - Castelo, Rio de Janeiro).
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado é a coordenadora geral dos Ciclos de Conferências de 2019.
Os Ciclos de Conferências, com transmissão ao vivo pelo Portal da ABL, têm o patrocínio da Light.
Foram fornecidos certificados de frequência.

O Convidado

Rubens Ricupero nasceu em São Paulo (1.° de março de 1937), foi diplomata de carreira e aposentou-se após ocupar a chefia das embaixadas do Brasil em Genebra, Washington e Roma. Exerceu os cargos de Ministro do Meio Ambiente, da Amazônia Legal e da Fazenda (governo Itamar Franco). Entre 1995 e 2004, dirigiu, como Secretário-Geral, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em Genebra. No mesmo período, foi Subsecretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Atualmente é Diretor da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) em São Paulo. Foi professor de História das Relações Diplomáticas do Brasil do Instituto Rio Branco e de Teoria das Relações Internacionais da Universidade de Brasília. É autor de vários livros e ensaios sobre história diplomática, relações internacionais, desenvolvimento econômico e comércio mundial. Seu livro A diplomacia na construção do Brasil recebeu o Prêmio Senador José Ermírio de Morais.

Leitura complementar

Biblioteca Rodolfo Garcia disponibiliza seu acervo para pesquisa e leitura de obras relacionadas ao tema desta conferência, como "A Crise Internacional e seu Impacto no Brasil;""Intérpretes do pensamento desenvolvimentista" e "Bicentenário da Independência".
Para consultar mais materiais como os citados, acesse o link abaixo e visite os "Levantamentos bibliográficos" realizados para este evento.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Ricupero na ABL: o Bicentenario nos encontrará piores do que em 1822?

Diplomata Rubens Ricupero discorre sobre o tema “Um futuro pior que o passado? Reflexões na antevéspera do bicentenário da Independência”

O diplomata e ex-Ministro da Fazenda Rubens Ricupero é o palestrante convidado da última conferência do ciclo O que falta ao Brasil?, que tem como coordenadora a Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira. O tema será Um futuro pior que o passado? Reflexões na antevéspera do bicentenário da Independência. O evento será realizado no dia 29 de agosto, quinta-feira, às 17h30, no Teatro R. Magalhães Jr. (Avenida Presidente Wilson, 203 - Castelo, Rio de Janeiro). Entrada franca.
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado é a coordenadora geral dos Ciclos de Conferências de 2019.
Os Ciclos de Conferências, com transmissão ao vivo pelo portal da ABL, têm o patrocínio da Light.
Acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira convida para o ciclo “O que falta ao Brasil?”
Serão fornecidos certificados de frequência.

O Convidado

Rubens Ricupero nasceu em São Paulo (1.° de março de 1937), foi diplomata de carreira e aposentou-se após ocupar a chefia das embaixadas do Brasil em Genebra, Washington e Roma. Exerceu os cargos de Ministro do Meio Ambiente, da Amazônia Legal e da Fazenda (governo Itamar Franco). Entre 1995 e 2004, dirigiu, como Secretário-Geral, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em Genebra. No mesmo período, foi Subsecretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Atualmente é Diretor da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) em São Paulo. Foi professor de História das Relações Diplomáticas do Brasil do Instituto Rio Branco e de Teoria das Relações Internacionais da Universidade de Brasília. É autor de vários livros e ensaios sobre história diplomática, relações internacionais, desenvolvimento econômico e comércio mundial. Seu livro A diplomacia na construção do Brasil recebeu o Prêmio Senador José Ermírio de Moraes da Academia Brasileira de Letras em 2018.

Leitura complementar

A Biblioteca Rodolfo Garcia disponibiliza seu acervo para pequisa e leitura de obras relacionadas ao tema desta conferência, como "A Crise Internacional e seu Impacto no Brasil;", "Intérpretes do pensamento desenvolvimentista" e "Bicentenário da Independência".
Para consultar mais materiais como os citados, acesse o link abaixo e visite os "Levantamentos bibliográficos" realizados para este evento.
22/08/2019

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Ciclo de conferências na ABL: Bacha, Ricupero


Acadêmico e economista Edmar Bacha faz a quarta palestra do Ciclo de Conferências “O que falta ao Brasil?”

O economista, sócio fundador e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças e Acadêmico Edmar Lisboa Bacha é o palestrante convidado da quarta conferência do ciclo O que falta ao Brasil? O tema a ser abordado é Porque ficamos para trás. O ciclo tem como coordenadora a Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira. O evento está programado para o dia 22 de agosto, quinta-feira, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr. (Avenida Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio de Janeiro). Entrada franca.
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado é a coordenadora geral dos Ciclos de Conferências de 2019.
Os Ciclos de Conferências, com transmissão ao vivo pelo Portal da ABL, têm o patrocínio da Light.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Alberto da Costa e Silva, 88 anos - Documentario da ABL

Estou aguardando o lançamento, em 5 de agosto de 2019
Paulo Roberto de Almeida

Documentário “Alberto da Costa e Silva - Filho da África”, que exorta a trajetória do historiador, embaixador e acadêmico, estreia na ABL

Aos 88 anos, o historiador, embaixador e Acadêmico Alberto da Costa e Silva recebe os produtores Stéphanie Malherbe e Ricardo Vilas para “abrir o livro de sua vida e trajetória”. Com a discrição do diplomata e o humor fino do poeta, Alberto da Costa e Silva fornece neste filme um depoimento único sobre sua carreira, suas viagens e a importância da África no Brasil.

Percurso

Acadêmico Alberto da Costa e Silva conta sobre sua infância em Fortaleza, quando ia para a escola montado num carneiro, as brincadeiras com as crianças do bairro e pelo mundo imaginário encarnado por seu pai, o poeta Antônio da Costa e Silva. Relata a força de sua mãe, que trazia a marca das mulheres da sua família.

Trailer: “Alberto da Costa e Silva - Filho da África”



O documentário também aborda a adolescência no Rio de Janeiro, na Tijuca, onde a família se instala, pois sua mãe acredita que essa mudança propiciaria um futuro melhor para o filho. E trata, ainda, da escolha de Alberto pela carreira diplomática para “vingar seu pai”, que, antes dele, teve seu ingresso recusado na diplomacia. Mas essa escolha também foi justificada por seu gosto pela aventura, pelo desconhecido e pelo distante.
"
É uma alegria falar sobre Alberto da Costa e Silva, um homem incomum, singular... Eu diria que é um mestre. Um mestre da cultura, do pensamento... Um mestre da vida."
Fala da Acadêmica Nélida Piñon para o filme "Alberto da Costa e Silva - Filho da África".

Alberto da Costa e Silva e a África

Acadêmico Alberto da Costa e Silva é, reconhecidamente, no Brasil, o maior especialista em África, em razão de sua sede insaciável de procurar e entender as raízes do Brasil. Aos 14 anos, sendo um jovem branco e de classe média, tomou um choque ao ler Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, descobrindo que nós, brasileiros, éramos negros. Mas, então, de onde viemos?” - perguntava-se, pois todos os escritos que encontrava traziam relatos mencionando negros já chegados ao Brasil, como se nascessem no próprio navio negreiro e não tivessem um passado, uma história ou uma cultura por trás de cada um. Era como se a África, de onde vinham, não existisse.
Alberto vai pesquisar, sem descanso, a História das Áfricas, porque sem a África não existiria o Brasil, tornando-se, assim, um pioneiro no Brasil dos estudos africanos.

O documentário

Além dos depoimentos de Alberto da Costa e Silva, o filme conta com testemunhos de intelectuais e pesquisadores, como Nélida Piñon, Franklin Martins, Muniz Sodré e Lilia Schwarcz, e de artistas, como Haroldo Costa, Nei Lopes e Martinho da Vila.
Alberto da Costa e Silva - Filho da África” terá sua primeira exibição pública no dia 6 de agosto, às 15h30, no Teatro R. Magalhães Jr., na Academia Brasileira de Letras. O evento contará com a participação do cineasta e Acadêmico Carlos Diegues, que coordena as ações de cinema na ABL. A Entrada é franca, limitada à capacidade do teatro. Faça sua reserva abaixo!
Inscrições para a sessão no RJ: http://www.academia.org.br/node/28333

Academia Brasileira de Letras

Teatro R. Magalhães Jr.
Av. Presidente Wilson, 203 - 1º andar
Castelo
Rio de Janeiro - RJ
Brasil
(21) 3974-2500

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Villafañe abre na ABL o ciclo de conferências sobre o Barão do Rio Branco

Diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe abre na ABL o ciclo de conferências sobre o Barão do Rio Branco


O diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe abre na Academia Brasileira de Letras o ciclo de conferências Legado de Rio Branco: interpretações e atualidade, sob coordenação do Acadêmico e jornalista Merval Pereira. O evento está programado para o dia 4 de julho, quinta-feira, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr. (Avenida Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio de Janeiro), com o tema Procedo neste caso como teria procedido o Barão: O legado de Rio Branco como fonte de legitimidadeEntrada franca. 
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado é a coordenadora geral dos Ciclos de Conferências de 2019.
Serão fornecidos certificados de frequência. 
O ciclo terá mais duas conferências no mês de julho, sempre às quintas-feiras, no mesmo local e horário: Rio Branco hoje: os desafios do ofício, com o diplomata Marcos Azambuja, no dia 11; e Rio Branco: a persistência de um novo paradigma para a política externa, diplomata e professor Gelson Fonseca, dia 25.
O CONFERENCISTA
Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos, diplomata e historiador, nasceu no Rio de Janeiro em 18 de setembro de 1960. Bacharel em Geografia pela Universidade de Brasília e bacharel em Diplomacia pelo Instituto Rio Branco, possui pós-graduação em Ciência Política pela New York University e mestrado e doutorado em História pela Universidade de Brasília.
Nomeado Embaixador do Brasil na República da Nicarágua por Decreto de 16 de fevereiro de 2017.
Como diplomata serviu no Escritório Financeiro do Itamaraty em Nova York, nas Embaixadas do Brasil na Cidade do México, Washington, Montevidéu e Quito, e na Missão do Brasil junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.
Villafañe é autor de diversos livros sobre a história das relações exteriores do Brasil, entre os quais, O Evangelho do Barão (Unesp, 2012) e O dia em que adiaram o carnaval (Unesp, 2010). Foi curador da mostra oficial sobre o centenário da morte do patrono da diplomacia brasileira “Rio Branco: 100 anos de memória”, exibida em Brasília e no Rio de Janeiro em 2012.
Publicou artigos em revistas especializadas e participou em obras coletivas no Brasil, Estados Unidos, Europa e América Latina, dentre as quais a coleção Historia General de América Latina, publicada pela Unesco.
Ademais de sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Rio de Janeiro) e da Academia de Geografía e Historia de Nicaragua (Manágua), é pesquisador associado ao Observatório das Nacionalidades (Fortaleza).
Vencedor do Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), melhor livro do ano (2018) na categoria Biografia/Autobiografia/Memória, com Juca Paranhos, o barão do Rio Branco.

27/06/2019

Acadêmico Merval Pereira convida para o ciclo "Legado de Rio Branco: interpretações e atualidade"

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Celso Lafer: palestra sobre Rui Barbosa na ABL - Merval Pereira

A atualidade dos clássicos

Leia a coluna de Merval Pereira no jornal O Globo, em 3 de maio, na qual cita carta do presidente da ABC ao presidente da República e ao ministro da Educação e palestra do Acadêmico Celso Lafer, na Academia Brasileira de Letras:

A atualidade dos pensadores, brasileiros e estrangeiros, diante de nossa realidade politica e social demonstra que os problemas que enfrentamos no momento são questões há muito debatidas. E que retrocedemos nesse debate, que pareciam estar superados pelos avanços de nossa sociedade.
O presidente da Academia Brasileira de Ciências, professor Luiz Davidovich, enviou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Educação Abraham Weintraub, protestando contra a decisão anunciada de reduzir as verbas públicas para o ensino de Humanas, tendo sido citadas especialmente a Sociologia e a Filosofia.
Davidovich começa lembrando, em contraposição à afirmação do ministro de que o Estado só deve financiar profissões que gerem retorno de fato, como veterinária, engenharia, medicina, que é preciso “formar profissionais preparados para os desafios de um mundo em que as profissões tradicionais têm dado lugar a outras inexistentes no século passado”.
Esse rápido desenvolvimento exigiria “conhecimento amplo não só de seus campos estritamente profissionais, mas também do país e da sociedade onde atuarão”. Davidovich lembrou então que Benjamim Constant, um dos fundadores da República brasileira, já no século XIX tinha a percepção da importância das humanidades e das ciências sociais na formação profissional: incluiu a sociologia no curso da Escola Militar.
Muito além de um retorno imediato, elas ensinam a pensar, condição necessária para a construção de uma sociedade ilustrada, democrática e produtiva, ressalta o presidente da Academia Brasileira de Ciências na carta ao presidente.
Recentemente, em palestra na Academia Brasileira de Letras, da qual é membro, sobre a presença fundamental de Ruy Barbosa na vida brasileira, o ex-ministro [e Acadêmico] Celso Lafer lembrou que ele exprimiu na trajetória da sua vida e obra a trama dos problemas políticos da sociedade brasileira, “não só do seu tempo, mas as dos nossos dias, com destaque para os desafios da consolidação e vigência das instituições democráticas”.
Lafer citou alguns exemplos bem atuais. Sobre as relações do Brasil com os EUA, Ruy Barbosa, na Conferência “A Imprensa e o dever da verdade”: escreveu “Não quero, nem quererá nenhum de vós, que o Brasil viesse a ser o símio, o servo ou a sombra dos Estados Unidos. Não acho que devemos nos entregar de olhos fechados à sua política internacional, se bem haja entre ela e a nossa, interesses comuns bastante graves e legítimos, para nos ligarem na mais inalterável amizade, e nos juntarem intimamente em uma colaboração leal na política do mundo. Tal é o meu sentir de ontem, e amanhã.”
Celso Lafer destacou também que Ruy Barbosa promoveu, desde o governo provisório (Decreto nº 119-A, de 7/01 de 1890) a separação da Igreja e do Estado, e a laicidade do Estado, consagrada na Constituição de 1891 e nas constituições subsequentes.
Implantou-se deste modo, ressaltou Lafer, uma nítida distinção entre, de um lado, instituições, motivações e autoridades religiosas e, de outro, instituições estatais e autoridades políticas, “de tal forma que não haja predomínio de religião sobre a política”.
A laicidade significa que “o Estado se dessolidariza e se afasta de toda e qualquer religião, em função de um muro de separação entre Estado e Igreja, na linha da primeira emenda da Constituição norte-americana”.
Em um Estado laico como Ruy Barbosa institucionalizou no Brasil, esclareceu Lafer, “as normas religiosas das diversas confissões são conselhos e orientações dirigidas aos fiéis, e não comandos para toda a sociedade’.
Esta contribuição de Ruy para a consolidação e vigência do espaço público e das instituições democráticas em nosso país é da maior atualidade, lembrou Celso Lafer, pois “contém o muito presente risco do indevido transbordamento da religião para o espaço público”.
O filósofo britânico Bertrand Russell, na História da Filosofia Ocidental, trata de um tema muito atual no Brasil: a influência dos filósofos, relativizando-a: “Quando vêem algum partido politico dizer-se inspirado pelos ensinamentos de Fulano de Tal, pensam que as ações desse partido são atribuíveis a esse fulano de tal, enquanto não raro o filósofo só é aclamado porque recomenda o que o partido teria feito de qualquer modo”.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Rubens Ricupero: Premio da ABL pelo seu livro A Diplomacia na Construção do Brasil, 1750-2016

Discurso do embaixador Rubens Ricupero por ocasião da concessão do prêmio Senador José Ermírio de Morais, na Academia Brasileira de Letras, em 2 de outubro de 2018


Cerimônia de entrega do Prêmio Senador José Ermírio de Moraes concedido pela Academia Brasileira de Letras ao livro A diplomacia na construção do Brasil 1750-2016.
Rio de Janeiro, 2 de outubro de 2018
Senhor Presidente da Academia Brasileira de Letras Marco Lucchesi,
Senhor Representante do Instituto Votorantim José Pastore,
Senhoras e Senhores Acadêmicos,
Senhoras e Senhores,

Sou profundamente grato a todos os membros da Academia Brasileira de Letras que, de forma generosa, escolheram A diplomacia na construção do Brasil 1750-2016 para receber o Prêmio Senador José Ermírio de Moraes deste ano. A escolha honra não somente a mim, mas aos inúmeros estimuladores do projeto e coprodutores editoriais da obra, aos quais renovo os agradecimentos que inseri no posfácio do livro.
Uma razão adicional de alegria é o prêmio levar o nome do Senador José Ermírio de Moraes, que conheci no começo de minha carreira e a cujos filhos, José e Antônio, dediquei amizade e admiração. O Senador José Ermírio e seus filhos devem ser lembrados sempre e em particular numa hora como esta, em que tantos brasileiros duvidam do Brasil e de si mesmos. 
José Ermírio encarnou o modelo ideal dos industriais nacionalistas e socialmente progressistas que, na era heroica da industrialização brasileira, lançaram os fundamentos da indústria pesada. Ele, seus filhos, netos e colaboradores superaram todas as crises ao longo do século 20 para consolidar, no árduo domínio da indústria de base, uma multinacional autenticamente brasileira, a Votorantim, hoje rara empresa de êxito com mais de cem anos de vida.  
Ao receber na Academia prêmio que evoca essa notável prova de nossa capacidade de realização, peço licença para contar pequena história sobre as variadas origens deste livro. O que me move não é o sentimento de descabida importância do que escrevi. Simplesmente espero que a narrativa explique algo que nos vai na alma a todos que amamos este país e nos angustiamos com suas dores e descaminhos. 
Há muito tempo que eu vinha pensando em escrever um livro que servisse de compêndio aos estudantes e preenchesse um vazio: o de contar a história das relações internacionais do Brasil como parte integral da evolução do povo brasileiro, não como apêndice ou nota de pé de página. Seria, no fundo, uma história do Brasil a partir de perspectiva diferente, a das relações de influência recíproca entre o país e o mundo.
O desafio era gigantesco, eu estava envelhecendo, não tinha tempo ou me dispersava em seminários e artigos para não ter tempo de enfrentar a tarefa. É possível que o projeto nunca saísse do papel, como não haviam saído os desígnios do barão do Rio Branco de escrever a História Militar, a História Naval, a História Diplomática do Brasil, a História do nosso envolvimento na Bacia do Prata. O que pôs fim à indecisão e me motivou a escrever foi episódio ocorrido em 2010.
No início daquele ano, Otávio Frias Filho me convidou, como seu pai fazia de tempos em tempos, a almoçar com os principais membros da Redação da Folha de São Paulo. Passamos quase o tempo todo a discutir a política externa brasileira. Estava-se no último ano de Lula no governo, ponto alto de seu prestígio internacional. Defendi a ideia de que o Brasil se destinava a ser uma potência paradoxalmente sem poder, ao menos o poder duro das bombas atômicas, das armas de destruição de massa, dos assassinatos por drones, das sanções econômicas.
Nossa vocação consistia em projetar influência externa por meio do poder brando ou suave da negociação, da conciliação, da transação, do exemplo. Deveríamos desempenhar, como vínhamos fazendo, um papel construtivo de moderação e equilíbrio no sistema internacional, sem veleidades de hegemonias ou dominação. Comparado a quase todos os países continentais membros dos BRICS, somente o Brasil não era potência nuclear, nem potência militar convencional. Por escolha, não por incapacidade tecnológica.
Além da proibição expressa da Constituição, não precisávamos de armas nucleares. Em paz com nossos dez vizinhos há quase 150 anos, não existia ameaça externa que justificasse desviar recursos da óbvia prioridade nacional de superar o subdesenvolvimento, eliminar a miséria, reduzir a desigualdade, dar vida digna a todos os brasileiros. 
Otávio possuía mente inquisitiva e exigente, explorava os assuntos com tenacidade, esmiuçava cada um de meus argumentos. Saí com a impressão de que não tinha convencido ninguém, que me julgavam um sonhador, idealista ingênuo. Tempos depois, recebi um cartão de advogado que não conhecia. Dizia: “Extraio de artigo de Otávio Frias Filho: “Continuaremos a ser o único a prescindir de armas nucleares como recurso dissuasivo? O ex-ministro Rubens Ricupero tem uma bela argumentação em defesa dessa originalidade, talvez até como contribuição da cultura brasileira ao futuro dos povos”. E o cartão concluía: “Rogo de Vossa Senhoria indicar-me como posso conhecer esta sua importantíssima opinião”. 
Meu primeiro impulso foi responder com uma explicação detalhada ao missivista e a Otávio, a quem prometera continuar por escrito nossa conversa. Logo percebi que a complexidade da questão exigia antecedentes históricos, análises, comparações, que excediam os limites de uma carta ou ensaio. Só um livro permitiria talvez dar conta da provocação. Fiz alguns esboços da introdução, de alguns capítulos, molemente, sem pressa, com longos intervalos. Passaram quatro anos quando o susto de uma operação de coração aberto me alertou que o tempo estava chegando ao fim. Parei os artigos, deixei de ir a seminários, finalmente escrevi e publiquei o livro.  
Pensei em levar a Otávio um exemplar para mostrar o que resultara de nosso encontro e até lhe mandei recado a respeito. Mas, vieram os lançamentos, as noites de autógrafos, as entrevistas, as viagens, a inércia e adiei o cumprimento da promessa. Uma tarde trabalhava em casa com o rádio ligado, ouço que Otávio tinha morrido naquela manhã. Levei um choque, pois nem sabia que ele estava gravemente doente. O projeto ficava inacabado, o leitor secreto para quem eu havia escrito jamais leria meus argumentos. Não aprendi a lição e, relapso, até agora não procurei o advogado que me interpelou.  
Tudo isso para dizer que Otávio, o advogado e eu mesmo pressentíamos que estava em jogo naquela discussão a ideia que fazíamos do Brasil como um país com ambição de ser potência de maneira diferente da tradicional. Longe de original, a ideia vinha de Rio Branco e Nabuco, modificada por Oswaldo Aranha, Afonso Arinos, San Tiago Dantas. Meu colega mais jovem, José Humberto de Brito Cruz, deu-lhe expressão feliz: outro estilo, outra forma de ser grande potência é possível. Ajudar a construir essa nova noção poderia ser uma das melhores contribuições do Brasil ao sistema internacional. 
A busca dessa forma diferente de ser potência constitui a ideia não do país que somos e sim do que gostaríamos de vir a ser. Contudo, o país ideal de fidelidade aos valores de paz, justiça, direitos humanos, proteção ambiental, eliminação da miséria, paixão pelo máximo possível de igualdade, esse país ideal se choca com o país real, muito afastado disso tudo. 
A construção do Brasil do título do livro consiste justamente no esforço de aproximar as duas versões de país, de transformar o país real no país que queremos ser. A destruição do Museu Nacional, o atentado contra um candidato, a divisão do povo em grupos violentamente antagônicos, são golpes que tornam a meta ideal mais longínqua. Pode ser que o futuro próximo nos reserve maiores sofrimentos, quem sabe até retrocessos na construção da sociedade que sonhamos. 
Nestas horas sombrias, volta com força a tentação de pôr a culpa em nossa herança cultural e histórica, nas mazelas e fantasmas que herdamos do passado. Lembramos com William Faulkner de que o passado não morre, nem mesmo é passado, pois não acabou de passar. Ou rimos amargamente com a frase de Millôr Fernandes, “o Brasil tem um enorme passado pela frente”. 
Ambas afirmações dizem a verdade. É certo que a superação do que o passado legou ao presente em injustiça e desigualdade condiciona o avanço rumo ao país ideal. No entanto, as duas frases podem ser igualmente lidas em sentido oposto. O passado não é apenas danação e fatalidade. Machado de Assis é o passado que não passou, que nos guia e inspira até hoje no anseio de querer ter uma literatura, uma cultura original. 
Da mesma forma nunca haverão de passar Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Castro Alves, Drummond, Bandeira, Mario de Andrade, Villa Lobos e Tom Jobim, Vinícius e Rui Barbosa, Gilberto Freire e Sérgio Buarque, nossos poetas, músicos, artistas populares e anônimos, Rio Branco, Nabuco, tantos nomes, tanta coisa a mais. Em outras palavras, o passado se confunde com a cultura na qual existimos, que nos dá a identidade de brasileiros, dentro da qual nos movemos. Oxalá tivesse o Brasil mais e mais desse tipo de passado pela frente!
Imagino que o prêmio concedido a este livro se deva, acima de tudo, a isso, à percepção de que ele buscou imperfeitamente mostrar em suas páginas que não precisamos envergonhar-nos de um passado diplomático que nos ajudou a ser aquilo que somos no que temos de melhor. E também por haver sugerido que o melhor desse passado não morrerá nunca, nem é mesmo passado, pois vive em nosso sonho de fazer do Brasil uma potência de reconciliação e paz, de justiça e igualdade, de entendimento e fraternidade entre os povos.