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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

O problema de Gaza foi resolvido: resta um outro, bem mais dramático - Paulo Roberto de Almeida

O problema de Gaza foi resolvido: resta um outro, bem mais dramático

Paulo Roberto de Almeida


Os brasileiros-palestinos saíram, finalmente. Mas os mesmos problemas continuam: uma diplomacia que se esforça para dar conta dos recados, múltiplos, complexos, em contraposição a uma política externa errática, hesitante, improvisada, feita mais de arroubos e de retórica mal pensada do que de reflexões ponderadas, mas que pende para um dos lados na disputa geopolítica global, em total descompasso com os interesses nacionais e sem que nenhum deles esteja contemplado no jogo que não é nosso, mas no qual se insiste em meter o bedelho.

O único que é verdadeiramente nosso, a ameaça de uma invasão armada ilegal da Venezuela contra a Guiana, permanece carente de qualquer manifestação ou tomada de posição, em que pese o registro da História — arbitragem Brasil-Reino Unido pelo território do Essequibo — e os reclamos do Direito Internacional.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasilia, 13/11/2023

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Qual é o maior desafio à diplomacia brasileira, em décadas? - Paulo Roberto de Almeida

 Qual é o maior desafio à diplomacia brasileira, em décadas? 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Nota sobre a questão do desafio russo e chinês à paz e à segurança internacionais, do ponto de vista do Brasil

  

Não é nem a retomada de sua pretensa liderança na América do Sul, para conduzir um processo exitoso de integração econômica regional (ou minimamente com chances de prosperar), nem sua reinserção no debate global, sobre negociações econômicas globais (na OMC, no G20, na OCDE, quando for o caso), ou sobre debates em torno da sustentabilidade e as metas do desenvolvimento sustentável, coisas que poderão ser feitas com base numa visão realista das possibilidades e no trabalho metódico de sua diplomacia profissional.

O maior desafio à diplomacia brasileira, ao próprio Brasil, como NOS ANOS TRINTA, radica nos conflitos entre grandes potências, atualmente representados pela GUERRA DE AGRESSÃO DA RÚSSIA À UCRÂNIA e no apoio da China a essa ruptura nas relações internacionais da atualidade.

Ou seja, o desenvolvimento "normal" das relações exteriores de quaisquer países é suscetível de passar por grandes desafios, quando algum evento inesperado vem romper os circuitos normais do relacionamento econômico, político e diplomático entre esses países.

Nos anos 1930, esse relacionamento foi conduzido ao ponto de ruptura pelo expansionismo militarista de grandes potências fascistas interessadas em recompor os equilíbrios existentes no mundo, ou seja, interessadas na criação de uma "nova ordem mundial". Esse foi o caso da Alemanha de Weimar – que começou a se rearmar assim que Hitler conquistou o poder –, da Itália fascista – com o projeto de Mussolini de recriar um grande Império, na África e nos Balcãs – e do Japão militarista, querendo fazer um "grande arco de co-prosperidade" na Ásia Pacífico, contra as velhas potências colonialistas europeias.

Atualmente, é o desejo de Putin de tornar a Rússia novamente dominante na Eurásia, recompondo as esferas de poder do antigo império czarista e do finado império soviético.

 

Se Lula e seus petistas amestrados, ou a diplomacia brasileira, não entenderem isso, vão deixar o Brasil totalmente desconectado do principal problema de paz e segurança internacional na atualidade. Nos anos 1930, Oswaldo Aranha soube administrar os desafios ao Brasil e as alianças que convinha manter para garantir um mundo mais propenso ao desenvolvimento do Brasil, assim como o Barão do Rio Branco tinha administrado a transição da antiga hegemonia britânica para o novo poderio americano da melhor forma possível para o Brasil, inclusive em relação à agressividade da Argentina nessa época, evitando entrar em competição naval com ela, o que já ocorria entre a Grã-Bretanha e a Alemanha imperial.

 

Parece que Lula e seus conselheiros "diplomáticos" estão fazendo um cálculo "chinês" da situação atual das relações internacionais, ou seja, um inevitável declínio americano e a abertura de espaço para conquistar "novos espaços" para o Brasil, numa possível nova ordem internacional liderada pelos Brics, o que é uma aposta não apenas hipotética, ou arriscada, como totalmente EQUIVOCADA, ab inicio, ao vincular o Brasil a duas grandes autocracias que não tem NADA A VER – exceto relações comerciais – com o Brasil no terrenos dos princípios, dos valores, dos grandes objetivos humanistas e democráticos da nossa nação como país ocidental, democrático e pacífico.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4330: 28 fevereiro 2023, 2 p.