Uma pequena história econômica, desastrosa, do mundo (e do Brasil)
Paulo Roberto de Almeida
Nota sobre a destruição do mundo por Mister Trump
Não sei se a realidade atual do “comércio” bilateral Brasil- EUA, assim como a dos EUA para com o mundo inteiro, é ubuesca, surrealista, talvez kafkiana, ou apenas e simplesmente psiquiátrica: vcs escolhem a melhor opção.
Milhares de empresários e de trabalhadores, milhões de consumidores americanos e brasileiros, várias centenas de intermediários (nos documentos de crédito, financiamentos e pagamentos correntes), ou seja, toda a cadeia produtiva, comercial, atacadista e varejista dos dois paises, está à mercê dos humores de dois presidentes que não conseguem, não querem e não podem iniciar negociações, sequer uma primeira conversa a respeito da absurda medida adotada pelo presidente americano de taxar pesadamente, unilateralmente e ilegalmente (pelas regras do GATT) as exportações brasileiras para os EUA.
Todo o espetáculo grotesco dos contínuos tarifaços trumpistas, dirigidos de forma circense, aos 196 países da comunidade internacional, conforma algo tão inédito na história do GATT e da economia mundial que os futuros historiadores da área terão dificuldade em como classificar esses atos arbitrários e incompreensiveis, ao atingir pesadamente os interesses de todos, começando pelos interesses do seu próprio país e do seu povo.
Parece algo similar à decisão de um novo Átila imperial mobilizando todos os seus guerreiros armados e colocando-os na linha de frente de invasões sucessivas de territórios estrangeiros, simplesmente com o objetivo de destruir o que encontram pela frente, sem qualquer critério de conquista e incorporação a uma nova ordem imperial: se trata de pura destruição do que existe, instituições que os próprios EUA tinham concebido e criado ao cabo da IIGM, depois dos equívocos monumentais que eles próprios tinham perpetrado em 1930 e 1934, ao adotar medidas comerciais e cambiais totalmente desastrosas, que aprofundaram a crise iniciada em 1929 e que mergulharam o mundo na Grande Depressão dos anos 1930, e que culminaram na maior guerra global (até aqui) na história da humanidade.
Trump, por ignorância excepcional, arrogância doentia e impulsividade demencial, está simplesmente desmantelando tudo o que os “pais fundadores” americanos tinham concebido e implementado, como nova ordem econômica global, começando em Bretton Woods (1944), aprofundado em Londres e Genebra (1946-47), e que durante 80 anos serviu para trazer paz e prosperidade ao mundo (sobretudo “ocidental”, pois que Stalin vetou a incorporação da URSS e do império soviético a essa nova ordem econômica), uma arquitetura comercial e financeira confirmada e ampliada a partir dos anos 1990.
Trump ignora tudo isso e se dispõe a destruir tudo o que existe, atingindo centenas de milhões, alguns bilhões de seres espalhados em praticamente todos os países do globo. Infelizmente a ONU não dispõe de um “esquadrão psiquiátrico emergencial” capaz de deter o tresloucado dirigente que se crê um imperador mundial.
O novo Átila continua solto…
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 21/07/2025