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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Debate: os ricos sao ricos porque roubam, porque o capitalismo e' desigual, ou o que?

Não tenho ainda a resposta, ou melhor, eu a tenho, mas não em relação ao que vai abaixo, que ainda não li. Resolvi postar aqui apenas por causa da provocação inicial de meu amigo Roque Callage, mas ainda não conheço os argumentos do entrevistado, e não sei se são bons ou maus,
Provavelmente vou discordar dele, porque essa história de "capitalismo" é coisa de acadêmico com a cabeça nas nuvens. As economias de mercado são o que são, os intelectuais é que inventam um tal de capitalismo e jogam toda a culpa neles.
Mas, eu me antecipo.
Reproduzo aqui mensagem recebida e reação preliminar, tentativa, da minha parte.
Volto ao debate, que está aberto a cada um -- e a cada uma, para ser politicamente correto -- de vocês.
Paulo Roberto de Almeida

    Meu caro Roque,
    Comento ainda antes de ler a entrevista, apenas com base em seus argumentos iniciais.
    Eu nunca tenho, tive ou terei esse sentimento de despeito, de inveja dos ricos. Posso ter tido raiva, em minha juventude marxista, mas depois de conhecer TODOS os socialismos e TODOS os capitalismos, tenho uma visão bem mais matizada do mundo.
    Começo por dizer que não é o capitalismo que cria desigualdades, e sim instituições mantidas por homens, ou grupos (pode chamar de classe) que permitem a alguns acumular mais do que ocorreria numa economia de livres mercados.
    É justamente porque os mercados não são livres que alguns ganham mais do que outros, sempre com base em alguma atividade regulamentada, cartelizada, monopolizada.
    Vou ler com atenção o texto, para depois me pronunciar.
    Creio que este é um bom debate…
    O abraço do
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Paulo Roberto de Almeida

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On Nov 10, 2014, at 21:08, Roque Callage . <xxxxxxx@gmail.com> wrote:

Paulo, não chame isto de inveja dos ricos, porque não é...conheço Antonio Cattani há muito tempo, é um excelente sociólogo. Está mostrando que os monopólios criados pelos super ricos e suas formas ilegais de fazer dinheiro e acumular ser trabalhar legitimamente são a grande fraude que alimenta a desigualdade da sociedade e mina o empreendedorismo democrático que distribui renda e gera oportunidades maiores a imensa maioria
Roque Callage

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Fortuna de super-ricos é 'incontrolável" diz sociólogo
Ruth Costas
Da BBC Brasil em São Paulo10/11/2014

O sociólogo Antonio David Cattani, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul com formação na Paris-Sorbonne, diz ter escolhido um caminho diferente de 99% de seus colegas.

Enquanto a maioria dos cientistas sociais se debruçam sobre questões relativas a pobreza e a miséria, Cattani resolveu desbravar o outro lado da problemática da desiguandade social´: a extrema riqueza, ou os super-ricos.

A escolha já foi mais difícil de ser justificada. Desde que o francês Thomas Piketty tornou-se um best-seller com a tese de que o capitalismo está concentrando renda em vários países, o que ocorre no topo da pirâmide social global tem ganhado um pouco mais de espaço nos debates de economistas e sociólogos --ao menos no exterior.

Para Cattani, no Brasil a situação é um pouco diferente da de outros países, porque aqui ao menos se avançou no combate à pobreza. "Mas só isso não basta. Precisamos reduzir a distância entre ricos e pobres para termos uma sociedade equilibrada, com qualidade de vida e sem violência", defende.

Em "A Riqueza Desmistificada" (ed. Marcavisual) --livro escrito durante um ano de estudos na Universidade de Oxford, no Reino Unido-- o pesquisador defende que a extrema riqueza precisa deixar de ser um "tabu" para que possamos entender o papel dos multimilionários na economia, na política e na sociedade brasileria.

Confira abaixo a entrevista concedida por Cattani à BBC Brasil:

BBC BRASIL: O que o caso Eike Batista diz sobre o modo como encaramos a riqueza em nossa sociedade?

Cattani - Eike teve uma ascenção meteórica que envolveu o uso de recursos públicos e, aparentemente, também informação previlegiada. Mas havia um certo deslumbramento da opinião pública por ele. No auge de sua carreira, centenas de pessoas pareciam dispostas a pagar US$ 1.000 ou US$ 2.000 para ouvir uma palestra sua. E não havia qualquer questionamento sobre a forma como seu império foi construído - um gigante com os pés de barro.

De certa forma isso ocorreu porque há um fascínio em torno da riqueza, um deslumbre. Os grandes empresários, executivos, e ricos de uma maneira geral são tratados como superiores.

É natural que a riqueza seja vista como algo positivo, que todos almejam. Isso é até legítimo. Mas esse deslumbramento tem impedido uma análise mais rigorosa sobre como algumas dessas fortunas são construídas - o que pode envolver processos abusivos e predatórios, monopólios, vantagens junto ao poder público e outros subterfúgios, como no caso de Eike.

BBC BRASIL: Por que o sr. escolheu estudar os ricos?

Cattani - Cerca de 99% dos estudos na área de ciências sociais se debruçam sobre os pobres, a classe média e a classe trabalhadora. Poucos estudam os ricos. Mas em um dos países mais desiguais do mundo o estudo da riqueza é crucial. É o topo da pirâmide social que controla os meios de comunicação, as grandes empresas, os negócios e processos políticos e eleitorais, tomando decisões que afetam todo o resto da população. Ou seja, os ricos e super-ricos ajudam a influenciar processos que determinam a estrutura da sociedade.

Os pobres são milhões mas têm um poder mais limitado, não estão organizados, estão sob a influência dos meios de comunicações. Às vezes, meia dúzia de megaempresários influencia decisões econômicas que alteram a vida de todos.

O financiamento das empresas às campanhas políticas, por exemplo, me parece inconveniente. Por que elas dão milhões para esse ou aquele candidato? De alguma forma, querem retorno - e isso não ajuda a melhorar a qualidade de nossa democracia.

Alguns dados apontam que 1% da população controla de 17% a 20% de toda riqueza nacional. E os ricos, como os pobres, não são autorreferentes ou autoexplicativos. Ou seja, a riqueza ajuda a explicar a pobreza - e vice-versa. Por isso, temos de entender como se estrutura essa sociedade de alto a baixo. Não que os estudos sobre os pobres não sejam importantes, mas eles precisam ser complementados com análises de economistas e sociólogos sobre o topo da pirâmide - e sobre de que forma esse topo está acumulando sua fortuna.

BBC BRASIL: Por que é tão difícil estudar o topo da pirâmide social?

Cattani - A riqueza é tratada em nossa sociedade como um objeto de veneração, um totem, algo superior que precisa ser respeitado. É um tema proibido.

Além dessa dimensão ideológica, há as dificuldades práticas. Os pobres são acessíveis. Os pesquisadores podem entrar em suas casas e fazer as perguntas mais inconvenientes sobre todos os aspectos de suas vidas. Eles respondem porque esperam que isso possa ajudá-los a melhorar a sua situação.

Já os multimilionários não respondem às pesquisas porque não têm interesse em informar sobre a origem e a exata dimensão de sua riqueza. Não querem que ninguém vá bisbilhotar seu patrimônio. E o resultado é que os dados estatísticos sobre eles são extremamente fracos. Não dá para confiar apenas na declaração de imposto de renda - até porque poucos ricos são assalariados. E é difícil obter dados sobre o patrimônio. Muitos multimilionários mantêm parte de sua riqueza no exterior - têm imóveis em Paris, Londres ou Miami e escondem fortunas em paraísos fiscais.

Para completar, eles são protegidos por mecanismos legais e jurídicos, como o sigilo bancário e de declaração do imposto de renda.

BBC BRASIL: Piketty tenta há alguns anos estudar o Brasil, mas um de seus colaboradores relatou a BBC Brasil ter dificuldade em acessar dados da Receita Federal...

Cattani - Acho que no Brasil há regras específicas que garantem o sigilo desses dados e pouca colaboração das autoridades.

BBC BRASIL: Quem são esses ricos?

Cattani - É difícil quantificar isso. No Brasil, em geral as pesquisas demográficas e sociais estabelecem um patamar de renda de R$ 6.000, às vezes R$ 10 mil por mês --elas dizem: todo mundo que está acima disso é rico, é classe A. Mas precisamos estabelecer melhor as diferenças dentro desse grupo. Quem ganha R$ 6.000 por mês pode ter um bom padrão de vida, mas seu poder e o impacto na sociedade é muito diferente do que quem ganha centenas de milhares de reais.

A partir de um certo patamar, o indivíduo em questão dispõe de uma corte de serviçais, assessores tributaristas e advogados para ajudar a multiplicar sua fortuna, assessores de marketing pessoal e institucional. Faz parte do topo da pirâmide que verdadeiramente tem poder. No caso dos super-ricos eu trabalho com um percentual de 0,1% da população adulta, por exemplo.

Também há um patamar em que a riqueza gera riqueza continuamente - mesmo em situação de crise, quando a economia real sofre. Uso um conceito interessante que é o de "riqueza substantiva" - essa riqueza tão grande que escapa até ao controle político. Quem é assalariado não tem noção do que é ganhar milhões de dólares, mês após mês, ano após ano. Nem quem tem uma pequena empresa, um apartamento na praia e um mesmo automóvel do ano. Tem lá seu capital, alguns trabalhadores - mas não tem uma riqueza que se multiplica continuamente.

BBC BRASIL: O sr menciona no livro a série de TV Mulheres Ricas, de 2012. Temos os colunistas sociais, revistas sobre ricos e famosos... Até que ponto o mundo dos super-ricos está mesmo oculto, como o sr diz?

Cattani - Um famoso apresentador de TV pode tirar uma foto em seu iate para mostrar como é bem sucedido. Mas essa publicidade é pouco relevante - e eles só mostram o que interessa. O próprio Eike era uma excessão. Há toda uma camada de ricos do setor financeiro, do agronegócio que são discretissimos, não tem interesse nenhum em se mostrar. Circulam incolusive em outra esfera, internacional.

BBC BRASIL: Afinal, há algum problema em ser milionário ou bilionário? Não é "justo" que um indivíduo talentoso e trabalha duro possa gozar dos frutos de seus esforços?

Cattani - A partir de um certo nível muitas fortunas não tem mais origem no empreendedorismo, mas em situacões de poder. É esse o caso dos monopólios, por exemplo, que reduzem a eficiência da economia como um todo. Ao anular a concorrência, um determinado grupo impõe seu preço, sua prática de negócios, se vale de mecanismos tributários para aumentar sua riqueza.

É um mito essa ideia de que toda riqueza é produto de talento e trabalho duro. Há fortunas que são, sim resultado de um esforço legítimo e talentos empresariais. Mas há também herdeiros que não fazem bom uso do que receberam, multimilionários de mentalidade rentista, riquezas montadas a partir de privilégios e práticas ilegítimas. A riqueza extrema também pode ser nefasta para os negócios, para a democracia e para o próprio capitalismo.

BBC BRASIL: O Brasil é um dos poucos países em que a desigualdade de renda teria diminuído nos últimos anos. Estamos no caminho certo?

Cattani - Estamos no caminho correto das políticas públicas para redução da pobreza, mas as distâncias entre os ricos e os demais ainda são imensas. Há muito a fazer no tema da concentração de renda.

O problema é que quem está no topo da pirâmide quer manter seus privilégios. No Brasil, o pobre paga proporcionalmente mais imposto, por exemplo. Não há impostos sobre heranças e doações, como em muitos países desenvolvidos. Também não há imposto sobre dividendos e rendimentos do capital. Quem ganha milhões com dividendos não paga nada, enquanto um assalariado a partir de dois mil, três mil reais já paga imposto de renda. Precisamos de uma reforma na área tributária, além de um combate mais firme a paraísos fiscais.

BBC BRASIL: Por que é importante combater a desigualdade? Não basta combater a pobreza?

Cattani - Enquanto não avançarmos nessa área, não teremos uma sociedade mais equilibrada, com mais qualidade de vida e no qual todos tenham boas oportunidades de trabalho para desenvolver suas capacidades. Há estudos que mostram que a violência está diretamente relacionada às distâncias sociais, por exemplo. Além disso, a partir de determinado patamar, a concentração de renda prejudica a eficiência de uma economia, tira dinamismo do mercado interno. É melhor ter uma fortuna reinvestida na produção, gerando emprego, do que imobilizada em uma mansão luxuosa ou em contas no exterior.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Desigualdade: desaba a lenda da desconcentracao - Clovis Rossi

Os dados registrados num estudo, que ainda preciso conferir, confirmam que a
desigualdade na distribuição de renda, que sempre foi escandalosa no Brasil, tornou-se, ao contrário do proclamado pelo governo, maior e mais profunda justamente no período do distributivismo companheiro. Dava para desconfiar: eles deram umas migalhas para os pobres e muito mais para eles mesmos e para a burguesia e os mandarins do Estado. 

Leiam a matéria abaixo:

E, apesar de que a PNAD não constitui exatamente um instrumento ideal para a medição da desigualde, como demonstra o estudo citado na matéria acima, outro estudo mostra que a pobreza até aumentou. Acabaram os motivos para as mentiras companheiras ao que parece.
Paulo Roberto de Almeida

Com correção na Pnad, pobreza cai e miséria aumenta

Parcela de brasileiros miseráveis aumentou em 409 mil pessoas
Apesar de os dados da Pnad 2013 corrigidos pelo IBGE mostrarem a continuidade do processo de queda da desigualdade, a redução da pobreza ocorreu em ritmo menor e o contingente de miseráveis teve inclusive um leve aumento no ano passado. Depois de o instituto reconhecer que superestimou os dados das regiões metropolitanas de sete estados com impacto no resultado global de concentração de renda, os pesquisadores do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) Andrezza Rosalém e Samuel Franco refizeram os cálculos e constataram um cenário levemente pior.
A pobreza continuou cedendo no ano passado, mas num ritmo mais lento — menos que a metade verificada entre 2003 e 2013. Ao todo, 1,644 milhão deixaram o contingente. De acordo com os dois pesquisadores, 17% da população brasileira estava abaixo da linha de pobreza (de R$ 248 per capita) ante 18% do ano anterior. A pesquisa anterior mostrava um percentual de 16,9%. Já os miseráveis eram 6% da população brasileira, contra 5,8% de 2012.
Antes da correção da Pnad, já tinha mostrado aumento dessa parcela, mas em 0,1 ponto percentual. A despeito da ampliação das políticas de transferência de renda para esse público, com o Brasil Carinhoso (que complementa a renda dos beneficiários do Bolsa Família), houve o acréscimo de 409 mil pessoas nesse grupo. Eles levam em conta desigualdade medida pela renda domiciliar per capita, ao contrário do instituto.
Segundo Andrezza, do Iets, apesar de o Gini apontar queda, houve uma piora qualitativa. Os 10% mais pobres tiveram queda de 2,5% nos rendimentos ao contrário das divulgações passadas, em consequência da deterioração do mercado de trabalho, de um lado e da corroção da inflação, de outro.
— O mercado de trabalho tem um efeito não tão favorável para os mais pobres, que formam uma parcela menos escolarizada. O ideal é que o Gini melhore quando se aproximam as pontas. Esse modelo não está funcionando tanto. É uma piora qualitativa. Chegamos a um nível de se pensar num passo dois, analisar as políticas ofertadas para essa população — afirma Andrezza.
Consultado, o IBGE disse que não se pronunciaria sobre as declarações de ministros e da presidente a respeito da permanência da presidente Wasmália Bivar.
Paulo Roberto de Almeida Paulo Roberto de Almeida p

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Piketty distorceu dados sobre concentracao de renda - Herbert Grubel

De fato, o economista francês isolou o capital como personagem principal de sua história, da mesma forma como Marx havia feito, no século XIX, em relação ao "modo burguês de produção", tendo "demonstrado" todas as perversidades do "capital" contra a classe trabalhadora. As teses de Marx, equivocadas como eram, conquistaram milhões ao redor do mundo, porque tocaram numa corda sensível que impacta diversos estratos sociais em todas as sociedades: existem pessoas mais ricas do que eu, logo elas são ricas porque eu sou pobre, e portanto, a riqueza delas se faz em detrimento do meu bem-estar.
Esta é exatamente a operação mental que levou Piketty a agrupar os dados sobre riqueza ao longo do tempo e decretar, tão equivocadamente quanto Marx, que os ricos estavam ficando mais ricos, e os pobres, ou a classe média, estava bloqueada nas baixas faixas de renda.
Portanto -- e esta é a solução absolutamente ilógica, equivocada, distorcida, mas que corresponde aos desejos difusos dos mais pobres por maior grau de "igualdade"  na sociedade -- a solução consiste em taxar pesadamente os muito ricos e redistribuir esse patrimônio, essa riqueza, essa renda extra dos super-ricos entre os mais pobres, assim a sociedade ficará mais "igualitária", todos se sentirão melhor e a felicidade está instalada (pelas mãos do governo, claro). Parece simples, mas é totalmente equivocado, dificilmente implementável na prática e redundaria em menor crescimento econômico (e portanto em menos oportunidades para os mais pobres).
É o que se constata pela leitura desta nota abaixo.
Piketty deixa de considerar a dinâmica dos estratos sociais que ascendem temporariamente à riqueza, e embaralha a todos sob essa roupagem marxista do "capital". Tão equivocado quanto o barbudo alemão do século XIX.
Paulo Roberto de Almeida

What Piketty Misses

Herbert Grubel
The Winnipeg Free Press, May 26, 2014
Thomas Piketty’s book, Capital in the Twenty-First Century, is a global best seller that has attracted more reviews from academics and public intellectuals than any other economics book in recent memory.
But none of these many reviews point out that the voluminous statistics used by Piketty are of limited relevance for reaching his neo-Marxian conclusion about the inevitability of rising inequality and the collapse of existing market economies. The statistics he uses are snapshots of the distribution of income taken of a population whose composition changes with every picture taken.
What is more relevant to the assessment of future income distribution and the likelihood of the demise of market economies is information that traces the incomes of the same individuals through time. Only in recent years have governments begun to publish this information sporadically. In the United States, one set of data has been authored by the Treasury. In Canada, Statistics Canada has published some data which received virtually no attention. The Fraser Institute published a study using data specifically compiled by the agency at considerable cost.
The Canadian data provides information that surprises many. Out of 100 workers who were in the lowest income quintile in 1990, 87 had moved to higher income quintiles 19 years later, with 21 of them having reached the very top quintile. Income mobility also results in downward movements. Of 100 Canadians in the highest income quintile in 1990, 36 were in lower quintiles 19 years later.
Another important finding of the Fraser Institute data puts a lie to the many reports about the demise of the middle class. The same Canadian families who had inflation-adjusted incomes in the lowest quintile in 1990 had incomes 280 per cent higher by 2009. During the same period, families in the top quintile initially experienced an increase of only 112 per cent. The incomes of the middle three quintiles rose by 153 per cent. The data show that all Canadians have become richer, the poor more so than the rich and the middle class has more than kept pace with the rich.
The income distribution dynamics revealed by these statistics is primarily the result of the life-time pattern of income, which most readers have experienced firsthand. Pay and productivity are low in one’s first job but rise with age and work experience and later decrease with the onset of age-related disabilities and retirement.
The time pattern of incomes of individuals is also caused by short-lived influences on the ability to work, such as illnesses and personal decisions about raising children, further education and changes in life style. In Western market economies, the impact of these events on income is limited through access to social security benefits and private insurance.
High incomes also tend to be earned only for limited periods of time as a result of one-off events like the realization of capital gains and earning performance bonuses. Statistics Canada data show that in recent years, earners in the top one per cent did not have incomes at that level five years earlier. The Forbes data on billionaires shows that only 10 per cent of those on the 1982 list were still on the list in 2012, even after adjustment for inflation over the 30 years.
Most of the extra-ordinary recent growth in the income of top earners, the infamous one per cent, is due to the growth in the market for their services, which has been driven by the introduction of new electronic media, globalization and the growth in incomes of audiences. For example, professional athletes, creative artists and entertainers now reach millions rather than the hundreds who used to fit into arenas or thousand in movie theaters.
The globalization of commerce has increased the size of firms and raised the dollar value of the contributions managers can make to their bottom line. A firm with domestic sales of $100 million can offer a top manager expected to raise sales by one per cent less than it can pay after globalization raised this same firm’s sales to $10 billion. The earnings of Bill Gates and Steve Jobs and their top managers would have been much smaller if their innovations had been sold only in the United States rather than in the entire world.
Piketty errs when he concludes that the rich are getting richer and the poor are getting poorer. Dynamic income statistics show everyone is getting richer, the poor more so than the rich. The bottom line: Piketty’s case for confiscatory income taxes and imposts on wealth to prevent “potentially terrifying” events is simply based on the use of wrong data.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Existem pessoas e ONGs que acham que os ricos nao deveriam ser ricos...

Não deveriam, não devem e não podem, segundo alguns...
Em lugar de encontrar maneiras de criar ainda mais riquezas num mundo aberto aos talentos, às inovações e sobretudo às iniciativas individuais e associativas, certas pessoas e grupos acham que a riqueza está "mal distribuída" e a partir daí se empenham ativamente em reparti-la, atuando, portanto, sobre os estoques de riqueza, quando poderiam concentrar esforços em aumentar os fluxos.
Paulo Roberto de Almeida 

Desigualdade

Fortuna dos 85 mais ricos é igual à soma da riqueza de metade da população mundial

Segundo estudo divulgado pela ONG Oxfam nesta segunda-feira, patrimônio dos mais ricos é de 1,7 trilhão de dólares, o equivalente ao dinheiro dos 3,5 bilhões mais pobres

Cerca de metade da riqueza mundial é detida por 1% da população (cerca de 70 milhões de pessoas) afirmou nesta segunda-feira a ONG Oxfam, em estudo elaborado especialmente para o Fórum Econômico Mundial de Davos. Segundo a Oxfam, as desigualdades econômicas se intensificaram após a crise financeira, sobretudo nos países desenvolvidos. A ONG ainda aponta que o valor da riqueza das 85 pessoas mais ricas do mundo (1,7 trilhão de dólares) é o mesmo que a soma do patrimônio das 3,5 bilhões mais pobres. 
De acordo com o estudo, a fortuna dos 1% mais ricos é de 110 trilhões de dólares, ou 65 vezes o valor da soma do patrimônio da metade mais pobre da população mundial. A Oxfam alerta que o valor pode ser ainda maior devido ao fato de que a maior parte da população rica mantém contas escondidas no valor de 18,5 trilhões de dólares em offshores em paraísos fiscais.
No relatório intitulado "Governar para as Elites: Sequestro Democrático e Desigualdade Econômica", a Oxfam conclui que a concentração de 46% da riqueza em mãos de uma minoria supõe um nível de desigualdade "sem precedentes" que ameaça "perpetuar as diferenças entre ricos e pobres até as tornar irreversíveis".
Segundo a Oxfam, o nível de avanço da fortuna dos mais ricos é o termômetro da desigualdade. Os cerca de 1% mais ricos de países como a China e os Estados Unidos mais do que duplicaram os rendimentos nacionais desde 1980. E, mesmo nas nações mais igualitárias, como Suécia e Noruega, a variação da riqueza da população mais abastada foi de 50%.
Segundo os dados da Oxfam, 210 pessoas entraram em 2013 no clube dos bilionários, formado por 1.426 pessoas.
O relatório ainda aponta que as desigualdades são intensificadas pelo poder político, que age de acordo com interesses próprios e perpetua privilégios que são transferidos entre gerações. Aos participantes de Davos, a organização apela para um seja acordado um “compromisso” para não se utilizarem paraísos fiscais, não trocar dinheiro por favores políticos e exigir aos governos para que garantam a saúde básica, a educação e a proteção social dos cidadãos com a arrecadação de receitas fiscais.
O Fórum Econômico Mundial, que se reúne a partir de quarta-feira em Davos, na Suíça, com a presença de mais de 2.500 empresários, políticos e líderes de todas as áreas identificou as desigualdades econômicas como um importante risco para o progresso. Um dos principais pontos da agenda do Fórum é o avanço do capitalismo com menos desigualdade.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

FMI virou socialista: quer mais igualdade no mundo

Não é função do FMI se ocupar da distribuição de riquezas entre os cidadãos dos países ou sequer entre nações, já que se trata de uma organização intergovernamental. Sua função precípua é ajudar à criação de riquezas, contribuindo para o bom funcionamento dos pagamentos internacionais e a liberalização das transações correntes.
Quem se preocupa com o tema tem sempre aquela postura de achar que os ricos tem algo indevido e que eles devem ser expropriados em favor dos mais pobres. Acaba-se provocando menos crescimento e criação de riquezas, como fizeram todos os socialismos.
Paulo Roberto de Almeida

Le FMI s'inquiète que 0,5 % de la population détienne plus de 35 % des richesses

Le Monde.fr avec AFP
Le FMI s'inquiète de plus en plus de "l'aggravation des inégalités de revenus" dans le monde. C'est le constat exposé, mercredi 15 mai, par sa directrice générale, Christine Lagarde, lors d'un discours prononcé à Washington. "Cela n'est pas passé inaperçu : le printemps arabe et le mouvement Occupy, même s'ils étaient différents, ont été en partie motivés par cette tendance", croit savoir Mme Lagarde.
Aux Etats-Unis, point de départ du mouvement Occupy Wall Street en 2011, 1 % de la population perçoit 18 % des revenus totaux avant impôts, contre 8 % il y a vingt-cinq ans, a souligné Mme Lagarde. Au niveau mondial, 0,5 % de la population détient plus de 35 % des richesses. "L'aggravation des inégalités de revenus est une préoccupation croissante des dirigeants politiques à travers le globe", assure-t-elle. Traditionnellement, les questions d'inégalité sont de la compétence de la Banque mondiale, et non du FMI.
"LA SITUATION EST DIFFICILE"
Le FMI, souvent critiqué pour ses programmes d'austérité et ses appels à couper dans les dépenses publiques, estime cependant que l'impact des politiques budgétaires sur les inégalités se réduit depuis 2000. "Parce que de nombreux pays ont adopté des réformes qui ont réduit la générosité des aides sociales et fait baisser les taux d'imposition sur les revenus, notamment sur les tranches supérieures". Plus globalement, Mme Lagarde a estimé que la réduction des exemptions d'impôts et la lutte contre l'évasion fiscale pouvaient permettre aux pays de doper leurs recettes et d'avoir des sources de revenus plus "fiables".
Au lendemain des manifestations du 1er mai, Mme Lagarde avait publiquement affirmé qu'il n'y avait "pas d'alternative à l'austérité". Lors de cet entretien de quinze minutes, visible sur le site Internet de la RTS, Mme Lagarde a ajouté que "la situation est difficile" et qu'il faut à la fois observer "une discipline budgétaire" et "favoriser les éléments de croissance", afin de promouvoir les "investissements et l'emploi""Refaire des déficits" n'est pas une option envisageable, a-t-elle dit, au même titre qu'une "politique de relance, car cela signifie plus de dettes".