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domingo, 23 de setembro de 2018

Roque Callage contra a equiparação da revista IstoE

Roque Callage pronuncia-se claramente contra a equiparação moral feita na revista ISTOÉ entre um chefe de quadrilha encarcerafo por seus crimes provados e um pretenso Messias salvador da pátria agredida pelos mafiosos representantes de uma esquerda anacrônica.
Creio que ele tem razão. Fatos passados não podem ser apagados.
Calamidades futuras podem ser controladas pela ação previdente de democratas e instituições comprometidas com a estabilidade política e a correção moral da nação.
Considero que se deva afastar o risco do retorno dos corruptos, dos ineptos e, sobretudo, dos totalitários. Os perigos futuros trataremos no devido tempo.
Paulo Roberto de Almeida

A capa abaixo da revista Isto É tenta tornar igual o que não é igual . Mas esta ainda é a que menos histeria faz. 
Já os intelectuais do PSDB , alguns grupos conhecidos de universidades federais e da USP e a Rede Globo estão em  surto psicótico, achando que o PT é o campeão da democracia, que sempre apoiou causas democráticas, que nunca quis comprar ninguém, que nunca corroeu a administração e assaltou as estatais no Brasil, que não é uma organização criminosa, que está limpinho, que Haddad é bom moço e que  Bolsonaro é um vilão maldoso, que vai comer criancinhas e mulheres e instalar o nazismo no Brasil...
Fernando Henrique sempre ele, quer formar uma aliança nacional democrática contra Bolsonaro.
Tanta gente que gosta de PIXULECO  contra Bolsonaro, deve ser porque ele contraria muitos interesses.
Vejo muita histeria na midia e em alguns assim ditos formadores de opinião da cultura que se sabe bem sua origem.. Acho que sim,o que há é o  golpismo da máfia política que domina o País e está em pleno andamento e atividade febril como sempre esteve. 
* José Dirceu solto, a organização criminosa que reúne políticos dos partidos cúmplices tentando se reciclar com o jovem moço obediente ao chefão criminoso direto da cadeia, um atentado programado e comandado com dinheiro pago adiantado ao esfaqueador que tinha até cartão de crédito internacional e que até agora não foi esclarecido, Recursos suspeitos do Exterior na mão de um ditador africano que ele alegou iam ser entregues a um médico (!) - conta outra ...a PF já está investigando para que campanha iria este enorme soma.Um terrorista procurado no mundo inteiro passeando na fronteira ao estilo bolivariano (simples coincidência? Sim, pode até ser, mas a PF está investigando esta coincidência) . 
Estas são as ameaças reais, o resto é conversa de botequim de gente sempre ociosa no uso do pensamento e dada a exercícios de Napoleões de hospício.    


domingo, 29 de maio de 2016

Paulo Freire continua atrasando a educacao brasileira, e pedagogos equivocados continuam a apoia-lo

Meu amigo Roque Callage, gaúcho consciente das coisas boas e más do nosso país, entre estas últimas a educação, se espanta com que uma das candidatas à Vice-Reitoria da UFRGS se orgulhe de colocar as obras do grande idiota da educação brasileira Paulo Freire gratuitamente à disposição dos interessados em página que recomendou.
Concordo inteiramente com ele, e volto a repetir: os problemas econômicos atuais do Brasil, que foram causados pela Grande (enorme) Destruição lulopetista, poderão ser eventualmente  "reparados" em alguns anos (embora a atual geração e as duas seguintes devam continuar pagando o custo do buraco, e a gigantesca dívida pública acumulada durante as próximas DÉCADAS), mas os atrasos da educação brasileira, que não são da era do Nunca Antes, mas históricos, embora agravados em 250% na gestão companheira, levarão DÉCADAS, justamente, para serem consertados.
Mas isso, if and when, se e quando as políticas corretas começarem a ser aplicados na esfera educacional, o que não está NEM PERTO DE OCORRER, uma vez que as mentalidades freireanas permanecem por inteiro nas cabeças de milhares de pedagogos no Brasil. Um quadro realmente lamentável.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29/05/2016

Mensagem recebida de Roque Callage em 29/05/2016, às 16:24: 

Paulo Freire atrasou a educação brasileira em aproximadamente em 60 anos, deixando-a congelada nos anos 60, sub-desenvolvida. Adaptando erradamente Piaget, que falava em construtivismo pedagógico pela ATENÇÃO PERMANENTE que educadores DEVERIAM TER à construção dos educandos no processo de educação, pois a educação é um processo de construir significados e tornar-se presente  através de si próprio, com fases sucessivas, tendo o educador a missão de oportunizar os significantes, os conteúdos desta educação, Freire se meteu a inventar uma "revolução cultural".

Os educandos seriam os únicos construtores dos conteúdos  da educação, e os educadores, meros agentes observadores acompanhantes desta revolução. Para fazer melhor, seriam treinados como gerentes da revolução social, do oprimido contra opressor, já que a educação até então seria apenas transmissora de opressão contra o oprimido.

RESULTADO:  a educação no Brasil deixou de ensinar genuínos conteúdos educacionais, nas mais diversas áreas, e passou a fazer proselitismo ideológico de luta de classes , emburrecendo a inteligência e a capacidade de aprender dos alunos, como também paralisava a capacidade de ensinar dos professores, que se tornaram idiotas militantes políticos.     

Algo similar ao que se passou na China de Mao Tsé-Tung, que regrediu médicos, dentistas, filósofos, professores, especialistas, à categoria de militantes partidários e treinadores de ideologias políticas.Não surpreende que este imbecilizado pedagogo tenha sido alçado à condição de patrono da educação brasileira exatamente no governo do PT e que os indicadores de aprendizado do Brasil estejam entre os mais baixos do mundo.


Jane Tutikian compartilhou um link.
Ontem [28/05/2016] às 10:10 ·

Obra completa de Paulo Freire grátis para download
Acervo digital disponibiliza toda a obra de Paulo Freire. Estão disponíveis para download gratuito vídeos de aulas, conferências, palestras,…
PRAGMATISMOPOLITICO.COM.BR

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Hangout sobre politica internacional, Cezar Roedel, Roque Callage e Paulo Roberto de Almeida

Acabamos de realizar um hangout de 2 horas sobre um conjunto de temas que vão da política externa brasileira, passando pela herança do Império e da Velha República, indo para a miopia da chamada diplomacia Sul-Sul, examinando nossas relações com a vizinha Argentina, e a situação desse país, tratando igualmente de questões econômicas brasileiras -- como o endividamento -- e do fenômeno dos blocos comerciais.
Tudo isso disponibilizado aqui, para quem tiver paciência de ver e ouvir:

https://plus.google.com/events/cei86brqh3ug6bco1pj7q7hbrt4

Terminei com uma resposta à pergunta do Prof. Cezar Roedel, sobre como eu veria uma capa da The Economist sobre o Brasil agora.
Respondi que não via, justamente, talvez uma capa sobre o renascimento argentino, Argentina revival, mas não uma capa sobre o Brasil, a não ser aqueles gráficos negativos no terreno econômico.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15 de janeiro de 2016

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Debate: os ricos sao ricos porque roubam, porque o capitalismo e' desigual, ou o que?

Não tenho ainda a resposta, ou melhor, eu a tenho, mas não em relação ao que vai abaixo, que ainda não li. Resolvi postar aqui apenas por causa da provocação inicial de meu amigo Roque Callage, mas ainda não conheço os argumentos do entrevistado, e não sei se são bons ou maus,
Provavelmente vou discordar dele, porque essa história de "capitalismo" é coisa de acadêmico com a cabeça nas nuvens. As economias de mercado são o que são, os intelectuais é que inventam um tal de capitalismo e jogam toda a culpa neles.
Mas, eu me antecipo.
Reproduzo aqui mensagem recebida e reação preliminar, tentativa, da minha parte.
Volto ao debate, que está aberto a cada um -- e a cada uma, para ser politicamente correto -- de vocês.
Paulo Roberto de Almeida

    Meu caro Roque,
    Comento ainda antes de ler a entrevista, apenas com base em seus argumentos iniciais.
    Eu nunca tenho, tive ou terei esse sentimento de despeito, de inveja dos ricos. Posso ter tido raiva, em minha juventude marxista, mas depois de conhecer TODOS os socialismos e TODOS os capitalismos, tenho uma visão bem mais matizada do mundo.
    Começo por dizer que não é o capitalismo que cria desigualdades, e sim instituições mantidas por homens, ou grupos (pode chamar de classe) que permitem a alguns acumular mais do que ocorreria numa economia de livres mercados.
    É justamente porque os mercados não são livres que alguns ganham mais do que outros, sempre com base em alguma atividade regulamentada, cartelizada, monopolizada.
    Vou ler com atenção o texto, para depois me pronunciar.
    Creio que este é um bom debate…
    O abraço do
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Paulo Roberto de Almeida

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On Nov 10, 2014, at 21:08, Roque Callage . <xxxxxxx@gmail.com> wrote:

Paulo, não chame isto de inveja dos ricos, porque não é...conheço Antonio Cattani há muito tempo, é um excelente sociólogo. Está mostrando que os monopólios criados pelos super ricos e suas formas ilegais de fazer dinheiro e acumular ser trabalhar legitimamente são a grande fraude que alimenta a desigualdade da sociedade e mina o empreendedorismo democrático que distribui renda e gera oportunidades maiores a imensa maioria
Roque Callage

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Fortuna de super-ricos é 'incontrolável" diz sociólogo
Ruth Costas
Da BBC Brasil em São Paulo10/11/2014

O sociólogo Antonio David Cattani, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul com formação na Paris-Sorbonne, diz ter escolhido um caminho diferente de 99% de seus colegas.

Enquanto a maioria dos cientistas sociais se debruçam sobre questões relativas a pobreza e a miséria, Cattani resolveu desbravar o outro lado da problemática da desiguandade social´: a extrema riqueza, ou os super-ricos.

A escolha já foi mais difícil de ser justificada. Desde que o francês Thomas Piketty tornou-se um best-seller com a tese de que o capitalismo está concentrando renda em vários países, o que ocorre no topo da pirâmide social global tem ganhado um pouco mais de espaço nos debates de economistas e sociólogos --ao menos no exterior.

Para Cattani, no Brasil a situação é um pouco diferente da de outros países, porque aqui ao menos se avançou no combate à pobreza. "Mas só isso não basta. Precisamos reduzir a distância entre ricos e pobres para termos uma sociedade equilibrada, com qualidade de vida e sem violência", defende.

Em "A Riqueza Desmistificada" (ed. Marcavisual) --livro escrito durante um ano de estudos na Universidade de Oxford, no Reino Unido-- o pesquisador defende que a extrema riqueza precisa deixar de ser um "tabu" para que possamos entender o papel dos multimilionários na economia, na política e na sociedade brasileria.

Confira abaixo a entrevista concedida por Cattani à BBC Brasil:

BBC BRASIL: O que o caso Eike Batista diz sobre o modo como encaramos a riqueza em nossa sociedade?

Cattani - Eike teve uma ascenção meteórica que envolveu o uso de recursos públicos e, aparentemente, também informação previlegiada. Mas havia um certo deslumbramento da opinião pública por ele. No auge de sua carreira, centenas de pessoas pareciam dispostas a pagar US$ 1.000 ou US$ 2.000 para ouvir uma palestra sua. E não havia qualquer questionamento sobre a forma como seu império foi construído - um gigante com os pés de barro.

De certa forma isso ocorreu porque há um fascínio em torno da riqueza, um deslumbre. Os grandes empresários, executivos, e ricos de uma maneira geral são tratados como superiores.

É natural que a riqueza seja vista como algo positivo, que todos almejam. Isso é até legítimo. Mas esse deslumbramento tem impedido uma análise mais rigorosa sobre como algumas dessas fortunas são construídas - o que pode envolver processos abusivos e predatórios, monopólios, vantagens junto ao poder público e outros subterfúgios, como no caso de Eike.

BBC BRASIL: Por que o sr. escolheu estudar os ricos?

Cattani - Cerca de 99% dos estudos na área de ciências sociais se debruçam sobre os pobres, a classe média e a classe trabalhadora. Poucos estudam os ricos. Mas em um dos países mais desiguais do mundo o estudo da riqueza é crucial. É o topo da pirâmide social que controla os meios de comunicação, as grandes empresas, os negócios e processos políticos e eleitorais, tomando decisões que afetam todo o resto da população. Ou seja, os ricos e super-ricos ajudam a influenciar processos que determinam a estrutura da sociedade.

Os pobres são milhões mas têm um poder mais limitado, não estão organizados, estão sob a influência dos meios de comunicações. Às vezes, meia dúzia de megaempresários influencia decisões econômicas que alteram a vida de todos.

O financiamento das empresas às campanhas políticas, por exemplo, me parece inconveniente. Por que elas dão milhões para esse ou aquele candidato? De alguma forma, querem retorno - e isso não ajuda a melhorar a qualidade de nossa democracia.

Alguns dados apontam que 1% da população controla de 17% a 20% de toda riqueza nacional. E os ricos, como os pobres, não são autorreferentes ou autoexplicativos. Ou seja, a riqueza ajuda a explicar a pobreza - e vice-versa. Por isso, temos de entender como se estrutura essa sociedade de alto a baixo. Não que os estudos sobre os pobres não sejam importantes, mas eles precisam ser complementados com análises de economistas e sociólogos sobre o topo da pirâmide - e sobre de que forma esse topo está acumulando sua fortuna.

BBC BRASIL: Por que é tão difícil estudar o topo da pirâmide social?

Cattani - A riqueza é tratada em nossa sociedade como um objeto de veneração, um totem, algo superior que precisa ser respeitado. É um tema proibido.

Além dessa dimensão ideológica, há as dificuldades práticas. Os pobres são acessíveis. Os pesquisadores podem entrar em suas casas e fazer as perguntas mais inconvenientes sobre todos os aspectos de suas vidas. Eles respondem porque esperam que isso possa ajudá-los a melhorar a sua situação.

Já os multimilionários não respondem às pesquisas porque não têm interesse em informar sobre a origem e a exata dimensão de sua riqueza. Não querem que ninguém vá bisbilhotar seu patrimônio. E o resultado é que os dados estatísticos sobre eles são extremamente fracos. Não dá para confiar apenas na declaração de imposto de renda - até porque poucos ricos são assalariados. E é difícil obter dados sobre o patrimônio. Muitos multimilionários mantêm parte de sua riqueza no exterior - têm imóveis em Paris, Londres ou Miami e escondem fortunas em paraísos fiscais.

Para completar, eles são protegidos por mecanismos legais e jurídicos, como o sigilo bancário e de declaração do imposto de renda.

BBC BRASIL: Piketty tenta há alguns anos estudar o Brasil, mas um de seus colaboradores relatou a BBC Brasil ter dificuldade em acessar dados da Receita Federal...

Cattani - Acho que no Brasil há regras específicas que garantem o sigilo desses dados e pouca colaboração das autoridades.

BBC BRASIL: Quem são esses ricos?

Cattani - É difícil quantificar isso. No Brasil, em geral as pesquisas demográficas e sociais estabelecem um patamar de renda de R$ 6.000, às vezes R$ 10 mil por mês --elas dizem: todo mundo que está acima disso é rico, é classe A. Mas precisamos estabelecer melhor as diferenças dentro desse grupo. Quem ganha R$ 6.000 por mês pode ter um bom padrão de vida, mas seu poder e o impacto na sociedade é muito diferente do que quem ganha centenas de milhares de reais.

A partir de um certo patamar, o indivíduo em questão dispõe de uma corte de serviçais, assessores tributaristas e advogados para ajudar a multiplicar sua fortuna, assessores de marketing pessoal e institucional. Faz parte do topo da pirâmide que verdadeiramente tem poder. No caso dos super-ricos eu trabalho com um percentual de 0,1% da população adulta, por exemplo.

Também há um patamar em que a riqueza gera riqueza continuamente - mesmo em situação de crise, quando a economia real sofre. Uso um conceito interessante que é o de "riqueza substantiva" - essa riqueza tão grande que escapa até ao controle político. Quem é assalariado não tem noção do que é ganhar milhões de dólares, mês após mês, ano após ano. Nem quem tem uma pequena empresa, um apartamento na praia e um mesmo automóvel do ano. Tem lá seu capital, alguns trabalhadores - mas não tem uma riqueza que se multiplica continuamente.

BBC BRASIL: O sr menciona no livro a série de TV Mulheres Ricas, de 2012. Temos os colunistas sociais, revistas sobre ricos e famosos... Até que ponto o mundo dos super-ricos está mesmo oculto, como o sr diz?

Cattani - Um famoso apresentador de TV pode tirar uma foto em seu iate para mostrar como é bem sucedido. Mas essa publicidade é pouco relevante - e eles só mostram o que interessa. O próprio Eike era uma excessão. Há toda uma camada de ricos do setor financeiro, do agronegócio que são discretissimos, não tem interesse nenhum em se mostrar. Circulam incolusive em outra esfera, internacional.

BBC BRASIL: Afinal, há algum problema em ser milionário ou bilionário? Não é "justo" que um indivíduo talentoso e trabalha duro possa gozar dos frutos de seus esforços?

Cattani - A partir de um certo nível muitas fortunas não tem mais origem no empreendedorismo, mas em situacões de poder. É esse o caso dos monopólios, por exemplo, que reduzem a eficiência da economia como um todo. Ao anular a concorrência, um determinado grupo impõe seu preço, sua prática de negócios, se vale de mecanismos tributários para aumentar sua riqueza.

É um mito essa ideia de que toda riqueza é produto de talento e trabalho duro. Há fortunas que são, sim resultado de um esforço legítimo e talentos empresariais. Mas há também herdeiros que não fazem bom uso do que receberam, multimilionários de mentalidade rentista, riquezas montadas a partir de privilégios e práticas ilegítimas. A riqueza extrema também pode ser nefasta para os negócios, para a democracia e para o próprio capitalismo.

BBC BRASIL: O Brasil é um dos poucos países em que a desigualdade de renda teria diminuído nos últimos anos. Estamos no caminho certo?

Cattani - Estamos no caminho correto das políticas públicas para redução da pobreza, mas as distâncias entre os ricos e os demais ainda são imensas. Há muito a fazer no tema da concentração de renda.

O problema é que quem está no topo da pirâmide quer manter seus privilégios. No Brasil, o pobre paga proporcionalmente mais imposto, por exemplo. Não há impostos sobre heranças e doações, como em muitos países desenvolvidos. Também não há imposto sobre dividendos e rendimentos do capital. Quem ganha milhões com dividendos não paga nada, enquanto um assalariado a partir de dois mil, três mil reais já paga imposto de renda. Precisamos de uma reforma na área tributária, além de um combate mais firme a paraísos fiscais.

BBC BRASIL: Por que é importante combater a desigualdade? Não basta combater a pobreza?

Cattani - Enquanto não avançarmos nessa área, não teremos uma sociedade mais equilibrada, com mais qualidade de vida e no qual todos tenham boas oportunidades de trabalho para desenvolver suas capacidades. Há estudos que mostram que a violência está diretamente relacionada às distâncias sociais, por exemplo. Além disso, a partir de determinado patamar, a concentração de renda prejudica a eficiência de uma economia, tira dinamismo do mercado interno. É melhor ter uma fortuna reinvestida na produção, gerando emprego, do que imobilizada em uma mansão luxuosa ou em contas no exterior.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sobre a fraude quilombola: mais uma mistificacao dos petistas e militantes do Apartheid

Um amigo me envia este artigo sobre a indústria dos quilombos, fabricados artificialmente para não se sabe que finalidades políticas, econômicas ou sociais. Certamente não estão sendo inventados para melhorar o Brasil, mas talvez sim a vida de certos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida 


Sobre Quilombo e caviar

            Roque Callage Neto, Doutor em Ciências Sociais pela UNB
Recentemente, o presidente da Fundação Palmares brindou o público com um artigo no jornal Zero Hora do Rio Grande do Sul, intitulado “Quilombo e caviar”, no qual traçava analogia entre ambos. Sugerindo ser a apreciação cultural sobre quilombo uma refinada iguaria e preciosidade como o caviar, lamentava o que chamava de ignorância que cerca o assunto.
            A analogia não poderia ser mais feliz, contribuindo para demarcar perfeitamente como devem ser a análise e  debate sobre tão relevante tema. Para que os brasileiros possamos todos apreciar  e respeitar a memória da africanidade  de resistência à escravidão de nossos irmãos negros, é preciso porém atentar que quilombos necessariamente são raros e poucos – pois  correspondem a um período passado, do qual restaram como remanescentes. .Por isto mesmo apreciados como preciosidade no espaço nacional.
Entretanto , não é isto o que tem ocorrido, porque vulgarizam-se declarações de autodefinição, multiplicando-se em progressão geométrica a partir do decreto lei 4.887/2003 na presidência Lula da Silva, que pretendeu regulamentar o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitorias da Constituição de 1988. Dando às comunidades a prerrogativa da autodefinição como remanescentes de quilombos, e sempre usando critérios ambíguos e abstratos, considera terras ocupadas pelos remanescentes as “utilizadas para garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural”. E ainda aponta que para  medição das terras, serão levadas em conta os “critérios de territorialidade apontados pela comunidade”.
Para ampliar ainda mais a insegurança jurídica e a incerteza conceitual que predominam na questão, antropólogos  afoitos ou mesmo militantes da causa, declararam em documentos que a noção de quilombo deve ser “móvel” ou em deslocamento, sofrendo  ressignificação ou ressemantização, pois ela não deve ficar “congelada” no tempo. Crtiticaram a noção colonial do jurista Perdigão Malheiros ou do Conselho Ultramarino, que consolidavam uma visão de quilombos como negros fugidos em arranchamento ou não em números definidos, sendo mais do que cinco. Assim, quilombo deveria ser uma visão dinâmica que se estenderia no tempo, para atingir situação contemporânea de uma resistência sempre presente.
Ledo engano.
Para entendimento preliminar deve-se dizer, desde logo, que quilombo não é uma abstração inerente a cada sujeito social particular, ou auto identificação suposta a cada grupo que assim o deseje segundo suas reminiscências específicas. Mas uma organização social com características de cidadania civil, perfeitamente identificável por sua rebeldia contra a ordem colonial e  monárquica nos séculos XVIII e XIX; formada por comunidades majoritariamente africanas (incluindo outros participantes), com hierarquia politica e estabilidade e permanência mínima no território.Visava abrigar fugitivos, construindo esboço de uma ordem política republicana, ou seja, conflagrando-se à ordem política existente. Não pode haver quilombo sem esta representação diferenciada sobre a ordem então existente – a ordem imperial monárquica ou ordem colonial e inclusive esta é sua auto-definição sociológica, tipificada pela antropologia jurídica.. Não tratamos aqui das diversas conotações que quilombo possa ter na terminologia ancestral africana, mas sim da que teve no território colonial e imperial brasileiro. É desta que os Constituintes de 1988 trataram.
Seja qual fôr o tamanho e a proporção do quilombo, estaremos diante de uma organização social com direitos civis diferentes dos súditos da Coroa portuguesa ou brasileira , hierarquizados politicamente por obediência a chefes constituidos de forma precocemente republicana. Foram variados no Brasil, e os quilombos de Minas Gerais chegaram a ter ampla constituição territorial, lideranças consentidas ou legitimadas pelos liderados, comercio ativo entre suas subdivisões territoriais, fluxo constante de produtos, abastecimento, grande divisão e  especialização de trabalho, especialização doméstica e vários ofícios.
Quilombolas, são, portanto, os representantes desta comunidade, e não têm qualquer conotação étnica, mas sim representam uma identidade civil de várias etnias africanas.Mais bem caracterizando uma etnia social compósita, antes que se viesse a formar a vasta macro-etnia de afro-brasileiros.
            A partir da abolição mas principalmente da República, não há o menor sentido falar-se em “quilombos” , e por isto mesmo,  exemplarmente os Constituintes de 88, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias escreveram que .."aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos".
            Os negros ex-escravos se tornarão após camponeses em comunidades rurais, proletários urbanos, artesãos, serviçais ou peregrinarão pelas cidades buscando ocupações. Por certo, este período representará uma das mais injustas páginas da história brasileira, onde as terras, principalmente terras públicas, foram negadas a quem certamente deveria nelas trabalhar.Mas o que realmente ocorre, é a formação de mocambos, cortiços, favelas, nunca de quilombos. Estes não existem mais, apenas, bem acentuaram os Constituintes de 88, como remanescentes.
Por isto mesmo, são raros e poucos, merecendo a analogia com o caviar, feita pelo presidente da Fundação Palmares. E são raridades que nos convocam à seriedade, , cuidado, apreciação e até reverência.Um País que se quer uma potência social e econômica certamente deseja um futuro onde esta lembrança ocorra mais como metáfora do que como realidade de injustiça.
Entretanto, a  justiça deve ser feita sem cometer outra.
Nos últimos anos, a partir do decreto já citado, que equivocamente franqueou a auto-atribuição do imaginário mítico como regra fundamental para caracterização e  delimitação de quilombos, proliferaram pedidos de reconhecimento em todo o Pais. Um surto de novos quilombolas se estabeleceu de norte a sul. Enquanto de 1995 a 2002, haviam sido identificados 743 quilombos , a partir de 2003 até 2009, depois do decreto 4887, este numero passou para 3.524, sendo que 1.342 foram certificados pela Fundação Palmares. Até 2011, o total de certificações atingiu 1.711. A certificação é o passo inicial para a ação do Incra e a eventual desapropriação.
Se o movimento quilombola  acusava o governo anterior de lentidão em fazer justiça, o posterior passou a ser geométrico, certificando quilombos em toda a parte. A partir do decreto 98/2007, houve alguma sobriedade, e a Fundação Palmares passou a exigir maiores procedimentos ao que era simples reconhecimento completo de auto-definição. Mesmo assim, os movimentos sociais continuam a pressionar por reivindicações duvidosas, que não resistem a laudos criteriosos de contestação à sua demanda. Simplesmente, camponeses rurais não são quilombolas, e agricultores negros tampouco o são, faltando o essencial: sua definição civil e sua organização hierárquica básica que os caracterizaram como descendentes do periodo em questão como contestadores   à ordem existente.
O passo posterior normalmente requerido é o do laudo antropológico  e o relatório técnico, quando então estas comunidades podem vir a ser em tituladas. A titulação é coletiva, criando uma propriedade comunista do solo com usufruto, algo que já está sendo contestado pelos próprios beneficiários. Todas as experiências mundiais de comunização da agricultura fracassaram pela falta de produtividade e ambição individual em produzir, e basta-se verificar o que ocorreu nos kolkhozes soviéticos para se ter certeza na inevitabilidade deste fracasso. Se os ancestrais quilombolas a praticavam na ordem monárquica , nada indica que os contemporâneos a desejem.
            É justamente toda esta concepção de fazer justiça que está congelada, contrariando o que dizem alguns antropólogos, até reunidos em associações profissionais. Laudos se apressam a justificar reivindicação de amplas áreas para supostos quilombolas com argumentos de que as comunidades precisam reproduzir seu histórico modo de vida . Mesmo que se admitisse  suposta hereditariedade quilombola em várias regiões reivindicadas, pesquisas demonstram que netos e bisnetos de quilombolas não têm o menor interesse em trabalhar na terra como seus antepassados e muito menos de viver em territórios negros fechados. Mas sim em usufruirem da vida urbana , de estudarem e terem bom emprego moderno.Não têm o menor vínculo com suposto ritual mítico que os unificaria a uma causa quilombola, mas sim, uma interação constante com suas familias miscigenadas, ativos na brasilidade de suas vidas republicanas nas cidades e em seus projetos de classe média .Consideram-se sim, afro-ibero-europeus-brasileiros e mantém estas conquistas étnicas como patrimônio, desejando desenvolvê-las. Para eles, a identidade civil de quilombola  não é relevante. Não estão congelados no tempo e não querem ser congelados por antropólogos que lhes prometem o apartheid social.
            Estes antropólogos, influenciados por teorias antropológicas internacionais que visualizam o conflito permanente como forma de uma consciência diacrítica (diferenciadora)  da identidade, subscrevem documentos de apoio à segregação étnica e à constituição de territórios racialmente homogêneos. Isto acaba revivendo a noção antropogeográfica de “espaço vital”, surgida com Friedrich Ratzel e que levou ao nacional-socialismo. Não há o menor sentido em aplicar políticas de identidade sobre territórios fechados, denominados como “quilombolas”, expulsando agricultores familiares brancos ou miscigenados, incluindo familias mistas brancas e negras - todas convivendo há mais de um século em aceitação recíproca.E há muitos casos assim..
            A política quilombola terá que necessariamente passar por profunda revisão. A  melhor forma de homenagear os sobreviventes culturais de um passado de injustiça que se quer eliminar para o futuro , mantendo-o somente como metáfora simbólica em patrimônio cultural não congelado, é expor este patrimônio à convivência diária multicultural com vizinhos bem contemporâneos de nossa civilização brasileira em construção.Titulando a quem mereça, mas sem desapropriações absurdas e fantasiosas.