Parcela de brasileiros miseráveis aumentou em 409 mil pessoas
Apesar de os dados da Pnad 2013 corrigidos pelo IBGE mostrarem a continuidade do processo de queda da desigualdade, a redução da pobreza ocorreu em ritmo menor e o contingente de miseráveis teve inclusive um leve aumento no ano passado. Depois de o instituto reconhecer que superestimou os dados das regiões metropolitanas de sete estados com impacto no resultado global de concentração de renda, os pesquisadores do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) Andrezza Rosalém e Samuel Franco refizeram os cálculos e constataram um cenário levemente pior.
A pobreza continuou cedendo no ano passado, mas num ritmo mais lento — menos que a metade verificada entre 2003 e 2013. Ao todo, 1,644 milhão deixaram o contingente. De acordo com os dois pesquisadores, 17% da população brasileira estava abaixo da linha de pobreza (de R$ 248 per capita) ante 18% do ano anterior. A pesquisa anterior mostrava um percentual de 16,9%. Já os miseráveis eram 6% da população brasileira, contra 5,8% de 2012.
Antes da correção da Pnad, já tinha mostrado aumento dessa parcela, mas em 0,1 ponto percentual. A despeito da ampliação das políticas de transferência de renda para esse público, com o Brasil Carinhoso (que complementa a renda dos beneficiários do Bolsa Família), houve o acréscimo de 409 mil pessoas nesse grupo. Eles levam em conta desigualdade medida pela renda domiciliar per capita, ao contrário do instituto.
Segundo Andrezza, do Iets, apesar de o Gini apontar queda, houve uma piora qualitativa. Os 10% mais pobres tiveram queda de 2,5% nos rendimentos ao contrário das divulgações passadas, em consequência da deterioração do mercado de trabalho, de um lado e da corroção da inflação, de outro.
— O mercado de trabalho tem um efeito não tão favorável para os mais pobres, que formam uma parcela menos escolarizada. O ideal é que o Gini melhore quando se aproximam as pontas. Esse modelo não está funcionando tanto. É uma piora qualitativa. Chegamos a um nível de se pensar num passo dois, analisar as políticas ofertadas para essa população — afirma Andrezza.
Consultado, o IBGE disse que não se pronunciaria sobre as declarações de ministros e da presidente a respeito da permanência da presidente Wasmália Bivar.
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