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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Across the Empire, 2014 (24): Toronto: cultura e pequenos prazeres...


Across the Empire, 2014 (24): Toronto: cultura e pequenos prazeres...

Paulo Roberto de Almeida

Toronto estava em festa neste fim de semana, inclusive com a praça do Legislativo fechada para as comemorações da batalha de York, contra os americanos. Em todo caso, preferimos passar o dia no que estava programado para esta cidade: a visita ao novo museu das imediações, Aga Khan, como já antecipado.

Não vou resumir aqui a história do homem ou de sua religião, pois todos podem encontrar muita informação sobre tudo isso, e sobre o museu, na internet. Em todo caso, uma recomendação: Carmen Lícia comprou este livro, que detalha a história dos ismaelitas. Custou exatamente 85 dólares canadenses na lojinha do museu e é um livro imponente (mais 11,05 de imposto, ou seja, um total de $ 96,05).
Eu conheci um pouco da história dos ismaelitas por circunstâncias fortuitas: em 1971 ou 1972, eu estudando na Bélgica, aquele ditador de circo chamado Ido Amin Dada – uma espécie de predecessor do Hugo Chávez – para compensar sua absoluta incompetência em matéria econômica – exatamente como o Chávez, aliás – resolveu encontrar um bode expiatório a quem culpar pelos problemas econômicos que ele mesmo criou em Uganda: resolveu então expulsar todos os imigrantes da época inglesa, que em geral eram trabalhadores do subcontinente indiano, entre eles paquistaneses da seita ismaelita. Algumas dezenas, ou centenas, foram parar na Bélgica. Conheci então uma jovem ismaelita, cujo nome nunca esqueci – por uma razão muito simples, ela se chamava Ruhina – e que me relatou a história de sua família e da imigração de seus antepassados para Uganda, inclusive pormenores da seita ismaili, já com menções a Aga Khan, o benfeitor da comunidade. Muito simpática, e nos entendíamos numa mistura de inglês e de francês, o que bastava para aferir o drama imenso daquelas milhares de família que tiveram, do dia para a noite, abandonar tudo, para buscar uma nova vida em outros países. Imagino como deve ter sido a expulsão dos judeus e dos mouros da península ibérica, a de vários outros povos submetidos a ditadores sanguinários – como Hitler, Stalin e os Castros – e fico pensando como a humanidade ainda comporta seres tão primitivos quanto esses brutos. Mas voltemos ao museu Aga Khan
O museu tinha de tudo o que pessoas cultas podem desejar: exposições de alta qualidade, música ao vivo, uma lojinha muito diversificada (onde comprei uma gravata de seda manufaturada com a temática do museu, bastante cara, por sinal) e Carmen Lícia comprou vários livros, além de um par de brincos na mesma temática, aliás que combinam com um colar que compramos no museu de Detroit, também muito bonito), pessoal simpático, instalações muito confortáveis, com garagem subterrânea (totalmente indispensável num país que neva 1 metro de altura, com 40 negativos). Recomendo altamente, como aliás Carmen Lícia, que aparece nesta foto sorridente.
Endereço para os distraídos: 77 Winford Drive, Toronto, ON M3C 1K1. 
Fizemos dezenas de fotos, Carmen Lícia provavelmente mais de duas centenas, de todos os objetos interessantes fotografáveis, com plaquetas informativas bilíngues.
Eu apareço na companhia deste barbudo, que é o Fathali Shah Qajar, um governante iraniano (ou persa) do início do século 19.
Carmen Lícia preferiu ficar entre esse casal de príncipes iranianos do mesmo período.

Os iranianos, ou persas, nunca foram fundamentalistas, em matéria de religião, de arte, de música, de poesia, e até de afinidades etílicas que seriam condenadas em outras partes, pelo menos até chegar o bando de bárbaros guiados pelo Khomeiny.
Depois do museu, fomos ainda ao centro religioso, ao lado, e que aparece nesta foto escura que fiz ao cair da tarde. 

Estavam preparando uma reunião religiosa, mas ainda assim pude sentar na pequena biblioteca do local, para folhear este Atlas que fiquei com vontade de comprar, mas acabei não achando na lojinha do museu, quando voltamos a ele.

Carmen Lícia também viu frustrado seu desejo de comprar um sexto ou sétimo livro, que também folheou na biblioteca, mas que tampouco estava disponível no momento. Este aqui. Fica para encomendas na Amazon ou na Abebooks.

Depois, ainda percorremos a cidade, indo até essa imensa torre que distingue a cidade, no mesmo modelo da que tínhamos visto em Seattle, com o inevitável restaurante circular, etc.

Carmen Lícia me fotografou na fonte-cascata em frente da torre, com perfis metálicos de peixes (suponho que sejam os famosos salmões do Canadá), subindo as corredeiras dos rios para desovar a montante.

Finalmente, ainda circulamos pela cidade, e sem vontade de sair para um restaurante, passamos num comércio de Fine Foods e compramos um húmus e mais alguns apetrechos para um pequeno lanche ao cair da noite. Terminei mais uma garrafa de vinho, esta que vocês veem na foto, ao lado do azeite com trufas brancas, que ainda perfumou o meu húmus com alho grelhado e cebola...
Agora estou degustando uma legítima Miller, uma das cervejas mais famosas da região, enquanto termino de redigir estas notas.
Amanhã, ou dentro de algumas horas, empreendemos o caminho de volta, não sem antes passar novamente por Corning, onde está o maior museu do vidro do mundo.
Depois conto...

Paulo Roberto de Almeida
Toronto, 21 de setembro de 2014

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