Esse pessoal, inclusive o Brasil, não percebe que os abutres, como os abutres do mundo real, cumprem uma função útil num campo cheio de carniça, como são os processos de endividamento excessivo de governos irresponsáveis: eles obrigam os governos a se conterem, e a não comprometer o futuro de seus cidadãos com endividamento exagerado e depois calote, num ciclo infernal.
Todos os abutres, e os especuladores, desempenham um papel positivo, no sentido de conter as políticas erradas dos governos. Se especuladores pudessem especular com contas equilibradas, câmbio formado pelo mercado (e não como resultado da manipulação dos governos) e situações monetárias conformes à realidade das forças econômicas, não distorcidas pelos governos.
Abutres cumprem um papel profilático na natureza; o mesmo acontece com os dos mercados financeiros. Eles limpam os campos de governos apodrecidos, como era a Argentina, aliás...
Paulo Roberto de Almeida
ONU adota resolução que condena fundos abutres
Agência Brasil, 29/09/2014
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) adotou hoje (26), em Genebra, uma resolução que condena os chamados fundos abutres - como são chamados os fundos especulativos que compraram títulos da Argentina. O texto aprovado por 33 votos a favor, 5 contra (incluindo o voto dos Estados Unidos) e 9 abstenções.
O texto "condena as atividades dos fundos abutres pelos efeitos negativos diretos que exercem sobre a capacidade dos governos de cumprir suas obrigações em matéria de direitos humanos - sobretudo os direitos econômicos, sociais e culturais e o direito ao desenvolvimento - e o pagamento da dívida a esses fundos em condições predatórias".
O chanceler argentino, Héctor Timerman, disse, em coletiva de imprensa, que "a Argentina está muito orgulhosa de ter conseguido uma extraordinária vitória a favor dos direitos humanos". Ele acrescentou que os fundos abutres não vão parar até que sejam impedidos de continuar. "Os bilhões que os fundos abutres levam do Sul, traduzem-se em fechamento de escolas, em hospitais sem medicamentos, em famílias revirando o lixo para comer", acrescentou.
Brasil, Chile, Cuba, Rússia, Venezuela, Peru, Uruguai, Paraguai, El Salvador e Bolívia acompanharam a Argentina na apresentação da resolução. Os Estados Unidos justificaram o voto negativo com o argumento de que a discussão deveria ser técnica. "Se esse debate não for feito adequadamente, isso pode criar incertezas e elevar o custos dos empréstimos, levando inclusive ao corte de financiamento aos países em desenvolvimento".
A resolução também convoca os países a "participar nas negociações encaminhadas para estabelecer um marco jurídico multilateral para os processos de reestruturação da dívida soberana", previstas na Resolução 68/304 da Assembléia Geral da ONU.
A resolução, proposta por Argentina e G77+China, foi adotada pela Assembléia Geral da ONU no dia 9 de setembro com o objetivo de "elaborar e adotar, por meio de um processo de negociações intergovernamentais, um marco legal multilateral que permita reestruturações da dívida soberana". Segundo o texto, o marco legal será votado antes do fim do ano.
Buenos Aires mantém uma disputa legal com fundos especulativos, que classifica de "abutres", porque compraram os títulos da dívida desde 2001 e agora exigem 100% de seu valor, apesar de 93% dos credores da dívida argentina terem aderido à renegociação.
Os fundos conseguiram nos tribunais dos Estados Unidos o bloqueio dos pagamentos de 93% dos credores que aderiram à reestruturação em 2005 e 2010, o que levou a Argentina à moratória parcial em junho.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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