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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Venezuela: retratos de um pais excessivamente democratico... - Moises Naim

Tão democrático, como diria um ex-presidente, que Unasul e Mercosul não precisam fazer nada, apenas continuar no seu marasmo moribundo que ninguém vai lhes cobrar coerência com suas respectivas cartas e instrumentos democráticos firmados pelos países.
Para que, não é mesmo?
Para nada...
E a OEA, já morreu?
Paulo Roberto de Almeida

Postais da Venezuela
Moisés Naím
El País, 12/05/2014

Relatório do Human Rights Watch constata violações dos direitos humanos

Primeiro postal: "Moisés Guánchez tem 19 anos e trabalha como garçom em um restaurante nos arredores de Caracas. Em 5 de março, ao sair do trabalho, encontrou-se preso junto com outras 40 pessoas em um estacionamento. Membros da Guarda Nacional Bolivariana que estavam reprimindo um protesto nessa área começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo e a disparar balas de borracha contra o grupo onde estava Guánchez. Ao tentar sair de lá, um membro da Guarda Nacional o impediu, disparando balas de borracha no seu rosto. Embora não encontrassem nenhuma resistência, dois guardas se revezaram a espancá-lo, enquanto um terceiro atirou à queima-roupa na sua pélvis. Guánchez teve que passar por cirurgia nos braços, na perna e no testículo".

Segundo: "José Romero, de 17 anos, foi detido em 18 de março ao sair de uma estação de metrô em Caracas. Um guarda nacional pediu a sua identificação e, quando Romero a entregou, o guarda lhe deu um tapa e o prendeu sem maiores explicações. Foi levado a um lugar desconhecido onde ficou incomunicável, ameaçado de morte e espancado. Foi obrigador a ficar de joelhos por 12 horas sem água, comida ou poder ir ao banheiro. Durante a noite, os guardas lhe disseram que o estuprariam e um deles levantou sua camiseta e o queimou. Isso aconteceu três vezes".

Terceiro: "Em 21 de março, na cidade de Valencia, Daniela Rodríguez estava filmando, com o seu celular, uma passeata que ficou violenta. Rodríguez correu para casa e trancou a porta. Trinta membros da polícia e do serviço de inteligência entraram à força na sua casa, prendendo-a e o seu irmão Luis".

Quarto: "Em 13 de fevereiro, Juan Manuel Carrasco, de 21 anos, e dois amigos correram para fugir de confrontos violentos entre a Guarda Nacional e manifestantes na cidade de Valencia. Entraram no carro de um deles, mas foram rodeados por 15 guardas em motos. Obrigaram-nos a sair, bateram neles, pegaram seus celulares e outros pertences e colocaram fogo no carro. Em seguida, eles foram levados para um parque onde foram forçados a ficarem deitados no chão enquanto eram agredidos e pisoteados no rosto com as botas dos guardas. Um deles colocou o fuzil no pescoço de Carrasco e foi baixando o cano da arma pelas costas, baixou a sua roupa interior e penetrou o seu reto com a arma, causando uma hemorragia. Os outros detidos foram obrigados a deitarem de costas enquanto um guarda passava três vezes por suas pernas com uma moto".

Esses são apenas quatro casos de um longo inventário de horrores compilado pela organização internacional Human Rights Watch (HRW) durante uma visita a Venezuela, em março. A leitura do relatório completo (disponível na internet) é tão assustadora quanto obrigatória. Cada incidente está documentado com evidências que não deixam espaço para dúvidas sobre a veracidade do que é relatado. Os especialistas do HRW visitaram Caracas e três estados venezuelanos, entrevistaram mais de 90 vítimas, os médicos que as atenderam, testemunhas, jornalistas e organizações de defesas dos direitos humanos. Coletaram centenas de fotografias, vídeos, relatórios médicos e documentos legais.

Nas palavras de José Miguel Vivanco, diretor do HRW para as Américas: "A magnitude das violações dos direitos humanos que documentamos na Venezuela e a participação de membros das forças de segurança e funcionários judiciais nesses crimes demonstram que não se tratam de incidentes isolados, nem do excesso de alguns indisciplinados. Pelo contrário, fazem parte de um padrão preocupante de abusos que representa a crise mais grave que presenciamos na Venezuela em anos".

O relatório do HRW prova que o governo de Nicolás Maduro faz uso ilegal de força contra manifestantes desarmados e inclusive contra simples pedestres. Os espancamentos graves, o uso indiscriminado de munições reais, balas de borracha e gás lacrimogêneo e os disparos à queima-roupa com chumbo grosso contra pessoas que estavam sob custódio são rotineiros. Também se comprovou um abuso contínuo e sistemático dos detidos, que em alguns casos pode até ser considerado tortura.


O principal conflito na Venezuela hoje em dia não é entre os que promovem o socialismo e os que acreditam no capitalismo, entre ricos e pobres ou entre os simpatizantes dos Estados Unidos e os que repudiam a superpotência. Está entre os que defendem um governo que usa a violação dos direitos humanos como política de Estado e os que estão dispostos a sacrifícios para impedi-lo.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Venezuela: estudantes contra a ditadura, sem a solidariedade da UNE no Brasil

Estudantes universitários, por definição, em qualquer país do mundo, em qualquer época, sempre são contra ditaduras, e são sempre os primeiros sacrificados na luta dos civis contra ditaduras e tiranias. Eles costumam receber a solidariedade de seus colegas ao redor do mundo.
Menos no Brasil, claro, pelo menos agora, e pelo menos enquanto durar a canalhice da direção PCdoB na UNE, que está totalmente submetida ao poder (e ao dinheiro) dos totalitários companheiros, e se fizerem alguma manifestação, totalmente mercenária, será em favor da tirania.
Triste constatar isso, mas assim são as coisas com os totalitários e fascistas.
Paulo Roberto de Almeida

Students, university attacked in central Venezuela


 

ASSOCIATED PRESS

At least three people were wounded Tuesday in the central Venezuela city of Barquisimeto when student protesters blocking streets were attacked by unknown gunmen, a university official in the city said.
The attacks came one day after a student leader was shot to death by unidentified attackers in the western city of San Cristobal.
Francesco Leone, rector of the Universidad Centroccidental Lisandro Alvarado in Barquisimeto, said two protesters suffered bullet wounds while blocking roads around the university Tuesday. Another was injured by rubber bullets. The victims said their attackers appeared to be pro-government civilians.
Barquisimeto is about 365 kilometers (about 225 miles) west of Caracas in the opposition-led state of Lara.
Leone told The Associated Press there were National Guardsmen in the area around the protest, but they did not intervene when the student protesters were attacked. The allegedly pro-government supporters then entered the university grounds where they set fire to five vehicles, the student center and library, he said.
Student-led protests in various Venezuelan cities have been erupting for a month. Many members of the middle class tired of shortages of some basic items, inflation that reached 56 percent last year and soaring violent crime have joined the demonstrations. President Nicolas Maduro has argued the political opposition is attempting to overthrow his democratically elected government. At least 22 people have died in street protests, according to the government.
A student leader in the western city of San Cristobal was killed by a gunshot Monday and two other youths were wounded by bullets.
Venezuela's government deployed hundreds soldiers in the western city Tuesday, and the troops used armored personnel carriers and heavy equipment to clear dozens of barricades put up by anti-government protesters.
San Cristobal Mayor Daniel Ceballos said by phone that soldiers were also blocking entrances into the city.
He said 24-year-old student leader Daniel Tinoco was manning a barricade when unidentified gunmen shot him in the chest Monday night. Ceballos said the two wounded students were with Tinoco.
Ceballos said there were indications that armed pro-government groups known as "colectivos" were involved in the shooting. He and opposition leaders have demanded the government disarm the colectivos.
Prosecutors said they would investigate Tinoco's death.

Associated Press writers Vivian Sequera in Bogota and Jorge Rueda in Caracas contributed to this report.

Read more here: http://www.miamiherald.com/2014/03/10/3985401/security-forces-attack-barricades.html#storylink=cpy