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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 28 de setembro de 2021

Bozo, o aprendiz de genocida - Celso Rocha de Barros (FSP)

 Bozo, o aprendiz de genocida (Mao e Stalin mataram muito mais), só porque não teve tempo de matar mais…

Paulo Roberto de Almeida

A CPI provou tudo

Celso Rocha de Barros, Folha de S. Paulo (27/09/2021)

A CPI encontrou os documentos, fez a conta e descobriu o CPF dos culpados

A CPI da Pandemia, que se aproxima de seu fim, provou a ocorrência do maior crime da história republicana brasileira. Encontrou os documentos certos, fez as contas certas e descobriu o CPF dos culpados.

A CPI provou, com documentos, que Jair Bolsonaro se recusou a comprar as vacinas oferecidas pela Pfizer e pelo Instituto Butantan, e que só comprou metade da oferta do consórcio Covax Facility.

Tudo documentado.

Com esse número de vacinas não compradas e os documentos que provam as datas em que elas poderiam estar disponíveis, os cientistas foram trabalhar. Eles sabem o quanto o número de mortes costuma cair conforme a vacinação progride.

Na conta do epidemiologista Pedro Hallal, feita a pedido da Folha, só as vacinas da Pfizer e do Butantan teriam salvado cerca de 90 mil pessoas. Bolsonaro matou essa gente só com duas decisões.

Por sua vez, o jornal O Estado de S. Paulo calculou que, só com as vacinas recusadas do Butantan, todos os idosos brasileiros teriam sido imunizados com duas doses até o fim de fevereiro, estando, portanto, todos imunizados a partir do meio de março. Entre o meio de março e o momento em que a reportagem foi publicada (27 de maio), 89 mil idosos morreram de Covid. Supondo que a mortalidade pós-vacinação de idosos fosse igual à do Chile (20% dos doentes), Bolsonaro matou, com uma única decisão, cerca de 70 mil idosos só entre o meio de março e maio deste ano.

Todas essas contas, que ainda não usam os números de vacinas que Bolsonaro se recusou a comprar do consórcio Covax Facility, foram apresentadas à CPI. O Ministério da Saúde tem gente que saberia refutá-las, se elas estivessem erradas. Ninguém se pronunciou.

A CPI também descobriu o que Bolsonaro estava fazendo em vez de comprar vacina: mandando os trabalhadores brasileiros para a rua para adoecer, mentindo que haveria remédio caso eles ficassem doentes.

A CPI documentou a existência de um gabinete paralelo de médicos estelionatários que, por dizerem o que Bolsonaro queria ouvir, tornaram-se mais influentes do que os técnicos do Ministério da Saúde. Foram eles que promoveram os tratamentos com remédios como a cloroquina, muito depois da ciência ter demonstrado que eles eram ineficazes.

Mais recentemente, veio à luz o caso da Prevent Senior, que executou experimentos em pacientes inocentes com o protocolo bolsonarista de cloroquina e similares. O tratamento fracassou, os pacientes morreram, mas os dados foram falsificados para que não se soubesse que os pacientes haviam morrido de Covid.

Finalmente, a CPI descobriu que o governo Bolsonaro se esforçou para que uma, e só uma, vacina específica fosse aprovada: a Covaxin, que ofereceu suborno à turma do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara. O negócio foi denunciado antes de ser efetivado, mas não por iniciativa de Bolsonaro.

Em resumo, a CPI provou que Bolsonaro matou mais de cem mil brasileiros, mentiu para eles que haveria remédio caso adoecessem, e acobertou gente de seu governo que tentava roubar dinheiro de vacina.

As revelações da CPI terão algum efeito político? Tem gente poderosa trabalhando para que não. Mas as provas que a CPI recolheu não vão embora. Ficarão lá, à espera de um Brasil que volte a ter instituições que não se vendam nem tenham medo do próprio Exército.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

A Economist diz claramente que o Brasil só se recupera SEM Bolsonaro: Special Survey

A Economist, junto com o Wall Street Journal,  foi um dos poucos, pouquíssimos veículos da mídia mundial que apoiaram a eleição de Bolsonaro, supostamente por representar o liberalismo, contra um candidato da esquerda. Ambos já devem estar arrependidos desse gesto, pois se tem uma coisa que o Bolsonaro NUNCA foi é liberal, tendo até votado com o PT em diversas matérias econômicas.


 Mas, eles não tinham ideia de que o presidente brasileiro também fosse o ÚNICO NEGACIONISTA do planeta, e mais do que isso um verdadeiro GENOCIDA, por se opor a medidas preventivas e por se opor, de forma ESTÚPIDA, à aquisição de vacinas.

Está justificada, portanto, esta capa.



Reproduzo abaixo resumo da matéria da Época Negócios sobre esse relatório especial da Economist


Economia 

Com Cristo no oxigênio, Economist diz que Brasil precisa tirar Bolsonaro em 2022 para sair de crises

A revista não sugere qual candidato seria o mais indicado para governar o Brasil

Revista Época Negócios, 03 Jun 2021  

 


Capa da revista 'The Economist' mostra Cristo Redentor com máscara de oxigênio e a manchete "Na beira" (Foto: Reprodução)


Um relatório especial da revista britânica The Economist, publicado nesta quinta-feira (03/06), afirma que o Brasil vive hoje "sua maior crise desde o retorno à democracia em 1985" e atribui a maior parte dos problemas ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

A capa do relatório — que contém sete reportagens em 11 páginas — traz uma imagem do Cristo Redentor usando uma máscara de oxigênio e a manchete "On the brink" ("Na beira").

"Seus desafios [do Brasil] são assustadores: estagnação econômica, polarização política, ruína ambiental, regressão social e um pesadelo ambicioso. E teve de suportar um presidente que está minando o próprio governo. Seus comparsas substituíram funcionários de carreira. Seus decretos têm forçado freios e contrapesos em todos os lugares", diz o texto de abertura do relatório assinado pela correspondente do Economist no Brasil, Sarah Maslin.

No artigo que conclui o relatório — intitulado "Hora de ir embora" — a revista diz que o futuro do Brasil depende das eleições de 2022, e que a prioridade mais urgente do país é se livrar de Bolsonaro.

"Os políticos precisam enfrentar as reformas econômicas atrasadas. Os tribunais devem reprimir a corrupção. E empresários, ONGs e brasileiros comuns devem protestar em favor da Amazônia e da constituição", diz a revista.

"Será difícil mudar o curso do Brasil enquanto Bolsonaro for presidente. A prioridade mais urgente é votar para retirá-lo do poder."

A revista não sugere qual candidato seria o mais indicado para governar o Brasil.

"As pesquisas sugerem que Lula ganharia em um segundo turno [contra Bolsonaro]. Mas, à medida que a vacinação e a economia se recuperam, o presidente pode recuperar terreno. Lula deve mostrar como a forma de [Bolsonaro de] lidar com a pandemia custou vidas e meios de subsistência, e como ele governou para sua família, não pelo Brasil. O ex-presidente deve oferecer soluções, não saudades."

A revista, fundada em 1843 e lida por muitos empresários e políticos em todo o mundo, costuma fazer relatórios detalhados do Brasil. A imagem do Cristo Redentor costuma ser usada nas capas da revista como analogia para a sua opinião sobre o país.


 Em 2009, uma capa mostrava o Cristo Redentor decolando, como se fosse um foguete, com a manchete "O Brasil decola" — elogiando políticas econômicas da época. Mas em 2013, em uma imagem semelhante, o mesmo Cristo Redentor aparecia na capa como um foguete desgovernado e a manchete "O Brasil estragou tudo?". Naquela edição, a revista criticava uma mudança de rumo nas políticas econômicas.


Cristo Redentor foi usado pelo 'Economist' para ilustrar a opinião da revista sobre o Brasil em 2009 e 2013; em 2019, uma capa falava sobre o desmatamento na Amazônia (Foto: Reprodução)


'Década de desastres'

A publicação afirma que o Brasil já enfrentava uma "década de desastres" antes mesmo da chega do presidente ao poder, mas que agora o país está retrocedendo — com Bolsonaro e com a pandemia de covid-19.

"Antes da pandemia, o Brasil sofria de uma década de problemas políticos e econômicos. Com Bolsonaro como médico, o Brasil agora está em coma."

A Economist argumenta que Bolsonaro não deu um golpe de Estado — como alguns temiam que pudesse acontecer —, mas possui instintos autoritários que enfraqueceram as instituições democráticas brasileiras, com suas constantes agressões.

"Muitos especialistas disseram que as instituições brasileiras resistiriam a seus instintos autoritários. Até agora, eles provaram estar certos. Embora Bolsonaro diga que seria fácil realizar um golpe, ele não o fez. Mas, em um sentido mais amplo, os especialistas estavam errados. Seus primeiros 29 meses no cargo mostraram que as instituições do Brasil não são tão fortes quanto se pensava e se enfraqueceram sob suas agressões."

A revista diz que Bolsonaro encerrou a investigação da Lava Jato após acusações feitas contra seus filhos — beneficiando "políticos corruptos e grupos criminosos organizados" —, não promoveu mais reformas significativas desde a reforma da Previdência de 2019 e causou danos à Floresta Amazônica, por se solidarizar com madeireiros, mineiros e fazendeiros que promovem o desmatamento.

"Ele levou uma motosserra para o Ministério do Meio Ambiente, cortando seu orçamento e forçando a saída de pessoal competente. A redução do desmatamento requer um policiamento mais firme e investimento em alternativas econômicas. Nenhum dos dois parece provável."

Em outra reportagem, a revista afirma que depois de uma "geração de progresso", a mobilidade social está desacelerando no país. Segundo a revista, anos de políticas voltadas para o controle da inflação e diminuição da pobreza foram seguidos por uma "década de políticas ruins e sorte pior ainda".

A revista critica as gestões do PT por investirem pouco em infraestrutura, abandonarem reformas pró-negócios e por adotarem políticas semelhante à substituição de importação. Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, também são criticados.

" Guedes se gabava de que seriam feitas reformas para simplificar o código tributário, reduzir o setor público e privatizar empresas estatais ineficientes. No entanto, o espírito reformista se mostrou fugaz. Bolsonaro não é muito liberal. Seu desgosto por reformas duras tornou fácil para o Congresso ignorar a agenda de Guedes."

O relatório traz também análises sobre corrupção e crime, Amazônia, reformas políticas e eleitores evangélicos.


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Transcrição da matéria principal:


The captain and his country

Brazil is backsliding. Politicians, businesses and voters must act before it is too late, says Sarah Maslin

Jun 3rd 2021

One day in April, as Brazilian hospitals ran out of oxygen and 3,000 people a day were dying from covid-19, Jair Bolsonaro’s 64-year-old chief of staff, Luiz Eduardo Ramos, got jabbed. It was his turn but he went in secret. His boss is anti-vaccine. When asked why Brazil was blocking approval for the Pfizer vaccine, the president joked that jabs turn people into crocodiles.

That Mr Ramos, a four-star general who once commanded peacekeeping troops in Haiti, had to sneak off reveals the depths to which Brazil has fallen under Mr Bolsonaro, whose career as an army captain stood out only when he was jailed for insubordination. Mr Ramos confessed his jab in a meeting he didn’t know was being broadcast. “Like every human being, I want to live,” he said.

Before the pandemic, Brazil was suffering from a decade of political and economic ailments. With Mr Bolsonaro as its doctor, it is now in a coma. More than 87,000 Brazilians died from covid-19 in April, the worst monthly death toll in the world at the time. Vaccines are so scarce that people under 60 will not get them until September. And a record 14.4% of workers are unemployed.

Yet on May 1st bolsonaristas draped in Brazilian flags took to the streets. Unfazed by a parliamentary commission of inquiry (CPI) into the president’s handling of covid-19, they applauded his refusal to wear a mask, his support for hydroxychloroquine and his wish to send the army to obstruct stay-at-home orders. Fans in São Paulo begged for “military intervention”. One woman told a visitor that Brazil had never had a civil war. “It’s about time,” she said.

Swap Portuguese for English and green and yellow for red, white and blue, and the rally could have been in the United States last year. Mr Bolsonaro borrowed heavily from Donald Trump’s tactics to win election in 2018: populism, nationalism, chauvinism and fake news. Brazil was traumatised from corruption, recession, worsening public services and violent crime. Brazilians were fed up with politicians who had failed to solve these problems. Mr Bolsonaro channelled their frustration.

He portrayed himself as an outsider even though he had spent 27 years as a backbench congressman, making news only when he said something offensive about women, indigenous people or gays. A fan of the military dictatorship of 1964-85, he often posed with his thumbs and forefingers cocked as if he were shooting a machinegun. Once in office, he aimed it straight at Brazil’s democratic institutions.

Good times, bad times

Ten years ago, Mr Bolsonaro’s election would have been unthinkable. After the dictatorship Brazil reformed itself. A constitution signed in 1988 created independent institutions. A new currency in 1994 tamed inflation. A commodity boom in the 2000s brought jobs. With cash in their wallets, Brazilians saw their lives improve. Under the presidency of Luiz Inácio Lula da Silva, Brazil joined Russia, India and China in the BRIC bloc of fast-growing emerging economies. It led climate talks and was awarded both the 2014 football World Cup and the 2016 Olympic games.

Then the commodity boom ended. Protests in 2013 over a rise in bus fares turned into protests aimed at bringing down the left-wing Workers’ Party ( PT) government. An anti-corruption probe launched in 2014, known as Lava Jato (Car Wash), found that dozens of companies had paid bribes to politicians in exchange for contracts with Petrobras, the state oil firm. The economy crashed after irresponsible spending by Lula’s successor, Dilma Rousseff. Bigger, angrier demonstrations led to Ms Rousseff’s impeachment in 2016. Her replacement, Michel Temer, was accused of graft and barely escaped impeachment in 2017.

Mr Bolsonaro’s election followed these traumas. He had little funding or airtime, but was boosted when he was stabbed while campaigning. Casting himself as Brazil’s saviour, he won 55% of the vote. His support was highest in the south and south-east, the richest and whitest regions, and among conservatives like farmers and evangelicals. Millions backed him out of anger at the PT. Mr Bolsonaro seemed to many voters to be the lesser of two evils.

Many pundits said that Brazil’s institutions would withstand his authoritarian instincts. So far they have proved right. Although Mr Bolsonaro says it would be easy to carry out a coup, he has not done it. But in a broader sense, the pundits were wrong. His first 29 months in office have shown that Brazil’s institutions are not as strong as was thought, and they have weakened under his battering. Cláudio Couto, a political scientist at Fundação Getulio Vargas, a university in São Paulo, likens them to brakes on a car hurtling down a hill. “If pushed too hard they can fail,” he says.

Take the judiciary. Lava Jato seemed the triumph of the decade. Brazilians hoped anti-corruption reforms would usher in cleaner lawmakers who would act for the people not themselves. But some Lava Jato prosecutors and judges had a political agenda. This paved the way for Mr Bolsonaro, in the face of allegations against his sons, to shut down the investigation. Its closure helped not only corrupt politicians, but also organised-crime groups.

The economy badly needs reforms to curb the growth of public spending, boost competitiveness and tackle inequality. As a candidate, Mr Bolsonaro briefly professed belief in liberal economics. He hired Paulo Guedes, a free-marketeer educated at the University of Chicago, as economy minister. Then he abandoned both, refusing to back changes that might cost votes. After a pensions revamp in 2019, Mr Guedes’s reform agenda stalled. Six of the ten members of his economic “dream team” have quit or been fired.

The pandemic has wiped out all net jobs created since the recession of 2014-16, sending millions of people back into poverty. None of Mr Bolsonaro’s four education ministers created a workable distance-learning system. One lasted just five days before he was found to have padded his résumé with fake degrees from Argentina and Germany. Some 35m children have been out of school for 15 months, a drag on social mobility for years to come.

In politics “the promise of renewal was a big lie,” says Mr Couto. In 2018 voters kicked out much of the traditional political class. For the first time Congress has more novices than incumbents. A tiny group committed to fiscal responsibility and other reforms offers hope for the future. But most politicians remain gluttons of pork and patronage. After denouncing the system, Mr Bolsonaro joined it to save himself from over 100 impeachment petitions.

He has done most damage to the Amazon rainforest, which in Brazil now emits more carbon than it stores because of climate change and deforestation. The president does not believe in the first and sympathises with those doing the second: loggers, miners and ranchers. He took a chainsaw to the environment ministry, cutting its budget and forcing out competent staff. Reducing deforestation requires firmer policing and investment in economic alternatives. Neither looks likely.

At first covid-19 helped Mr Bolsonaro. Big spending on businesses and the poor distracted from his failure to pass fiscal reforms. His approval ratings briefly hit their highest since he took office. Last July he contracted covid-19 and recovered quickly, as he had promised he would. It seemed that the economy might do the same, paving the way for his re-election in 2022.

Then, in early 2021, Brazil was hit by a second wave with a more infectious variant from the Amazon city of Manaus. As social media filled with images of people in nearby Chile lining up for jabs, gravediggers in Brazil were busy. Mr Bolsonaro continued to rail against lockdowns and vaccines. In a cabinet shake-up he fired the defence minister, who had reportedly refused to pledge his loyalty. The heads of the three armed forces resigned in protest, briefly fuelling rumours of a coup.

It did not happen. Yet this special report argues that Brazil is facing its biggest crisis since the return to democracy in 1985. Its challenges are daunting: economic stagnation, political polarisation, environmental ruin, social regress and a covid-19 nightmare. And it has had to endure a president who is undermining government itself. His cronies have replaced career officials. His decrees have strained checks and balances everywhere. Consider Diário Oficial da União, where every legal change is published, says Lilia Schwarcz, a historian. “There is a coup every day.”■

Full contents of this special report
* Brazil: The captain and his country
The economy: A dream deferred
Corruption and crime: Sliding back
The Amazon: Money trees
Politics: In need of reform
Evangelicals: Of Bibles and ballots
The prospects: Time to go

This article appeared in the Special report section of the print edition under the headline "The captain and his country"

https://www.economist.com/special-report/2021/06/05/the-captain-and-his-country


sexta-feira, 2 de abril de 2021

A MAIOR tragédia brasileira em todos os tempos - Paulo Roberto de Almeida, Juarez Q Campos

 Uma mensagem contundente de Juarez Q Campos para lembrar, simplesmente, que o Brasil vai continuar acumulando mortos sobre mortos enquanto tivermos um genocida no poder. Políticos, militares e o chamado grande capital, mas também certa esquerda que acha que é preciso deixar o genocida se desacreditar de vez, são cúmplices, voluntários ou involuntários, nessa grande tragédia humana, social, econômica, política, cultural, total. Parabéns, senhores (e senhoras), vocês estão permitindo que continue a maior catástrofe deliberadamente construída na história do Brasil, o mandato que produziu o maior descalabro em toda a nossa trajetória como nação, e nisso eu coloco os quase cinco séculos desde que D. Tomé de Souza, o primeiro governador-geral do Brasil desembarcou nas costas da Bahia. Jamais tivemos dirigente tão néscio, tão parvo, tão idiota, tão despreparado, tão perverso e desumano quanto o capitão degenerado e genocida.

Sempre assino embaixo do que afirmo:

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 2/04/2021


Juarez Q Campos:

Em sua live, o psicopata questionou mais uma vez as medidas de isolamento e informou que será o último brasileiro a tomar vacina. Instruiu a AGU a pedir a suspensão de decretos que proíbam cultos e missas no país, e repetiu mais uma vez "o meu Exército brasileiro não vai às ruas agir contra o povo".

Ao politizar a pandemia, Bolsonaro mergulhou o país na maior crise humanitária da nossa história, e vamos lembrar que genocídio é crime coletivo. 

Há quase uma centena de pedidos de impeachment hibernando na gaveta do presidente da Câmara, enquanto o país caminha para mais de 400 mil mortos, e milhões brasileiros já estão abaixo da linha da miséria.

Mas o impeachment não interessa a ninguém, nem ao Congresso, nem ao Lula, Ciro, Dória, Mandetta, Boulos, partidos, governadores, militares, STF e empresariado.

Criminosos, são todos cúmplices do genocida.


quarta-feira, 24 de março de 2021

Um registro das MENTIRAS do inepto dirigente - Folha de S. Paulo

 

Veja, em 11 pontos, as diferenças entre a realidade da pandemia e pronunciamento de Bolsonaro

Após minimizar pandemia durante um ano, presidente afirma que sempre combateu o vírus

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SÃO PAULO

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um pronunciamento em cadeia nacional na noite desta terça-feira (23), mesmo dia em que o Brasil cruzou pela primeira vez a marca das 3.000 mortes registradas em 24 horas, para defender sua gestão no combate à pandemia do novo coronavírus, iniciada há pouco mais de um ano.

Com o aumento desenfreado no número de mortes no país, onde já morreram quase 300 mil pessoas (100 mil apenas de meados de janeiro até agora), Bolsonaro tem sido pressionado a modular seu discurso sobre a crise sanitária no país, cuja gravidade, além de deixar uma montanha de mortos, afeta as perspectivas econômicas, sociais, políticas e de relações exteriores do país, cada vez mais isolado.

No pronunciamento, de quatro minutos, o presidente disse que seu governo é "incansável" no combate ao vírus —que por 12 meses ele minimizou— e se solidarizou com as famílias e amigos das quase 300 mil vítimas, após ter debochado do temor e do luto da população em diferentes ocasiões.

Folha checou como 11 afirmações de Bolsonaro no discurso desta terça se comparam com suas declarações passadas, suas ações e a realidade da pandemia.

“Em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus quanto para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome”

O presidente Bolsonaro pessoalmente minimizou a pandemia em diferentes ocasiões. Em março de 2020, afirmou que “está superdimensionado o poder destruidor desse vírus”, “não é isso tudo que a grande mídia propaga” e que “não podemos entrar numa neurose, como se fosse o fim do mundo.” Ademais, ele próprio provocou aglomerações e recusou usar máscaras.

Além disso, seu governo apostou no uso de remédios sem eficácia comprovada contra a doença, como a hidroxicloroquina.

Na parte econômica, o governo federal propôs um auxílio emergencial mais tímido do que o que foi aplicado. Em março, a gestão Bolsonaro havia proposto uma ajuda de R$ 200, depois subiu para R$ 300, e o Congresso aumentou para R$ 600.

Neste ano, com a piora da pandemia e nova rodada de fechamentos, o governo resistiu de novo a conceder o auxílio, mas depois se dispôs a pagar uma ajuda média de R$ 250, que pode variar de R$ 150 a R$ 375 a depender da composição familiar. Bolsonaro ainda vetou outras ajudas econômicos, como um aporte de R$ 4 bilhões ao setor de transportes de passageiros, que ficou próximo da falência com a queda de passageiros.

“Somos o quinto país que mais vacinou no mundo. Temos mais de 14 milhões de vacinados e mais de 32 milhões de doses de vacina distribuídas para todos os estados da Federação”

De acordo com dados da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford, o Brasil é o quinto país que mais aplicou doses em números absolutos, atrás de Estados Unidos, China, Índia e Reino Unido.

Quando se analisa o número de doses aplicadas por mil habitantes, no entanto, o Brasil aparece na 73ª posição, atrás de outros países como Israel, que encabeça a lista, países europeus e mesmo os latinos Panamá e Argentina.

Dados do consórcio de veículos de imprensa mostram que só 2,69% da população brasileira acima de 18 anos recebeu a segunda dose da vacina, podendo, dessa forma, ser considerados efetivamente imunizados.

O consórcio junto às secretarias estaduais de saúde também apontam que 12,8 milhões de pessoas já receberam ao menos uma dose da vacina. O próprio Ministério da Saúde apresenta em seu site um número diferente do informado pelo presidente. De acordo com a pasta, 11,4 milhões de pessoas receberam ao menos uma dose do imunizante, e 30 milhões de vacinas foram distribuídas pelo país.

“Em julho de 2020, assinamos um acordo com a Universidade Oxford para produção na Fiocruz de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca. E liberamos em agosto R$ 1,9 bilhão”

O governo Bolsonaro realmente fechou acordo e liberou recurso para a compra e produção do imunizante no país.

Especialistas afirmam, no entanto, que o erro foi ter apostado em uma única vacina, e recusado doses de outras fabricantes, como a Pfizer, que já teriam entregue uma parcela dos imunizantes ao país. Nesta terça (23), o Ministério da Saúde reduziu pela quinta vez a expectativa de entrega de vacinas, depois que a Fiocruz, que produz o imunizante da AstraZeneca no país, baixou a previsão de 30 para 18 milhões de doses.

“Em setembro de 2020, assinamos outro acordo com o consórcio Covax Facility para a produção de 42 milhões de doses. O primeiro lote chegou no domingo passado e já foi distribuído para os estados”

É verdade que o país entrou no consórcio liderado pela Organização Mundial da Saúde, mas, das 42 milhões de doses acordadas, o país recebeu apenas 1 milhão. Outras 1,9 milhão de doses devem desembarcar no país até o final do mês de março, e mais 9,1 milhões de doses devem chegar ao país até maio. Esse cronograma, segundo o Ministério da Saúde, está sujeito a alterações.

“Em dezembro liberamos mais R$ 20 bilhões, o que possibilitou a aquisição da Coronavac, através do acordo com o Instituto Butantan”

De fato, em dezembro, o presidente assinou uma medida provisória que liberava R$ 20 bilhõespara a compra de vacinas em geral.

Mas o acordo fechado em janeiro com o Instituto Butantan para a produção da Coronavac, desenvolvida pela fabricante chinesa Sinovac, só veio depois de rejeitar e criticar o imunizante diversas vezes. Em outubro do ano passado, por exemplo, depois que o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que o governo compraria a vacina, Bolsonaro afirmou: “Mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”. Em rede social, falou em traição e disse que não compraria a “vacina chinesa de João Doria.”

Bolsonaro chegou a comemorar em novembro quando os testes foram suspensos. "Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar todos os paulistanos a tomá-la", escreveu o presidente como resposta. "O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha."

"Logo seremos autossuficientes na imunização"

A afirmação não é realista. Apesar de haver fabricação de duas vacinas contra a Covid no Brasil, a Coronavac, pelo Instituto Butantan, e a Covishield, pela Fiocruz, têm ocorrido atrasos constantes no cronograma de entrega de vacinas.

Nesta terça, por exemplo, a Fiocruz informou que entregará ao Ministério da Saúde de 11 a 12 milhões de doses a menos do que estava previsto do imunizante em abril. Pela Fiocruz, espera-se a entrega, até o meio do ano, cerca de 100 milhões de doses. Até agosto, o Butantan deve entregar o mesmo número de doses.

Considerando os brasileiros acima de 15 anos (169.277.800), porém, seriam necessárias mais de 330 milhões de doses. A compra de outras vacinas, porém, como a da Pfizer, devem garantir a vacinação de todo o país, até algum momento de 2022.

"Sempre disse que compraríamos qualquer vacina desde que aprovada pela Anvisa"

A afirmação é falsa. Bolsonaro, por diversas vezes, menosprezou a vacina Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, e chegou a falar que o país não compraria a vacina. "Da China nós não comparemos, é decisão minha. Eu não acredito que ela [vacina] transmita segurança suficiente para a população pela sua origem", declarou o presidente.

"Acredito que teremos a vacina de outros países, até mesmo a nossa, que vai transmitir confiança para a população. A da China, lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população, até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido lá", disse.

Bolsonaro também chegou a desautorizar a compra das vacinas do Butantan, após acordo firmado pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

"Intercedi pessoalmente com a fabricante Pfizer para a compra de mais doses"

A afirmação é verdadeira, mas há ressalvas. Bolsonaro só se encontrou com o CEO mundial da Pfizer, Albert Bourla, recentemente, no início de março, momento em que o país enfrentava colapsos e números altíssimos de Covid pelo total descontrole da pandemia. Antes, o governo ignorou e rejeitou propostas da farmacêutica para fornecimento de milhões de doses, com possibilidade de aplicação já a partir de dezembro de 2020.

Até fevereiro de 2021, estavam previstas 3 milhões de doses. Antes do encontro com Bourla, Bolsonaro repetidas vezes falava sobre efeitos colaterais relacionados à vacina, mais especificamente ao contrato com a farmacêutica, o qual a isenta de responsabilização em caso de possíveis efeitos colaterais da vacina.

Se tomar e virar um jacaré é problema seu. Se virar um super-homem, se nascer barba em mulher ou homem falar fino, ela [Pfizer] não tem nada com isso”, afirmou Bolsonaro, em 17 de dezembro.

“Muito em breve retomaremos nossa vida normal”

Pesquisadores afirmam que a lenta velocidade na vacinação e a possibilidade do surgimento de novas variantes, mais transmissíveis e agressivas, devem fazer com que a imunidade de rebanho não seja atingida ainda neste ano.

Por isso, médicos e pesquisadores dizem que na volta à "vida normal”, mesmo quando a vacinação tiver avançado, as pessoas deverão continuar seguindo regras de distanciamento social e uso de máscara, pois a proteção ideal estará longe de ser atingida. Medidas que têm sido atacadas por Bolsonaro desde o início da pandemia.

O presidente, inclusive, continua tentando impedir governadores de adotar ações para controlar a disseminação do vírus. Na última sexta (19), Bolsonaro moveu ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o decreto dos governos do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul com restrições à circulação de pessoas durante o momento mais crítico da pandemia. O ministro Marco Aurélio Mello negou o pedido liminar.

“Solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em suas famílias, que Deus conforte seus corações”

A frase dita no pronunciamento destoa do discurso que vem sendo adotado pelo presidente nos últimos meses. Bolsonaro já usou as palavras histeria e fantasia para classificar a reação à pandemia. No começo deste mês, também afirmou que a população precisa enfrentar o problema.

“Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, disse em viagem a São Simão (GO), em 4 de março. Na quinta (18), Bolsonaro disse que “parece que só se morre de Covid” no Brasil. ​

“Somos incansáveis na luta contra o coronavírus. Essa é a missão e vamos cumpri-la”

Desde o início da pandemia o presidente tem sido contrário e desestimulado as medidas defendidas para o combate à disseminação do vírus. Bolsonaro incentivou aglomerações, espalhou informações falsas sobre a Covid-19, fez campanha de desobediência a medidas de proteção, como uso de máscara , e defendeu e distribui remédios sem eficácia comprovada contra a doença.

No último domingo (21), no pior momento da pandemia, o presidente comemorou seu aniversário com centenas de apoiadores aglomerados em frente ao Palácio da Alvorada. Bolsonaro, inclusive, retirou a máscara para discursar.