Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 2 de junho de 2020
Manifesto de 2017 de diplomatas reciclado - BBC Brasil (Washington)
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Governo: e a prometida reducao de cargos e de gastos? - Congresso Em Foco
Congresso em Foco, 17/10/2016
Seis meses após ter chegado ao Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer ainda não cumpriu a promessa de reduzir os cargos no governo federal. Levantamento feito pelo jornal O Globo no Portal da Transparência mostra que o total de cargos de confiança e funções gratificadas aumentou nos meses de governo interino. Passou de 107.121, em maio, para 108.514 em 31 de agosto. A data marca a cassação do mandato da ex-presidente Dilma e a última atualização do banco de dados do portal. O aparelhamento do Estado era uma das principais críticas feitas pela antiga oposição – hoje no bloco de apoio a Temer – à gestão petista.
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão atribui o aumento ao processo de reformulação das equipes do novo governo, com remanejamentos, demissões e contratações. No último dia 10, uma lei federal extinguiu 10,4 mil cargos de chefia no governo federal que podiam ser ocupados por qualquer pessoa indicada e os substituiu por gratificações que só podem ser dadas a funcionários públicos de carreira.
O governo Temer estima uma economia anual de R$ 632,3 milhões com a eliminação desses cargos chamados de Direção e Assessoramento Superiores (DAS). Mas o alívio para os cofres públicos será menor devido à criação das gratificações, batizadas de Funções Comissionadas do Poder Executivo (FCPE), que preveem um gasto de R$ 379,4 milhões. Na prática, ressalta oGlobo, a alteração provocará uma economia anual de R$ 252,9 milhões.
O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), nega que o governo Temer esteja promovendo um “aparelhamento” do Estado. “Esse número de cargos vai diminuir com certeza. Não sei precisar para quanto, mas vai diminuir. Até porque quando o governo apresenta uma PEC (241) que limita gastos públicos, o próprio governo tem que dar o exemplo. E está dando exemplo deixando a máquina funcionando dentro das suas necessidades, sem apadrinhamento, sem cabide de emprego”, declarou ao jornal.
De acordo com o Globo, os aliados de Temer começaram a ocupar cargos de chefia antes mesmo da conclusão do processo de impeachment, em substituição a petistas. As negociações começaram por volta do dia 17 de abril, quando a Câmara aceitou a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma.
sexta-feira, 1 de julho de 2016
Brasil: perto do equilibrio? Duvidas de Gilberto Simoes Pires
Gilberto Simões Pires
Ponto Crítico, XIV - 416/15 - 01/ 07/ 2016
Antes de tudo, ainda que venha a desagradar e/ou contrariar muitos leitores, que se mostram mais confiantes com o governo Temer, por questão de formação e princípio tenho o dever de deixar bem claro aquilo que muito está me preocupando.
Até o presente momento, no que diz respeito ao Custo Brasil, o governo Temer atendeu demandas que, uma vez aprovadas, a ordem é pagar. Ou seja, não cabe mais qualquer arrependimento. É o caso, por exemplo, dos aumentos concedidos ao Judiciário e MPF, Bolsa Família, carência da dívida dos Estados, valor entregue ao RJ para garantir as Olimpíadas, que já somam R$ 125 bilhões.
Há quem diga e repita, nas várias mensagens que recebo, que as bondades que o governo Temer vem concedendo nada mais são do que o preço que os brasileiros precisam pagar para que os obstáculos que, desde sempre, impedem o crescimento e o desenvolvimento econômico do país, sejam removidos.
Ora, o meu ceticismo quanto ao êxito das propostas de Reformas e Privatizações que vem sendo anunciadas é procedente. Afinal, ao longo da minha existência não foram poucas as promessas deste tipo que jamais se concretizaram.
Como o preço (altíssimo) já foi pago (não tem mais volta) e não há a mínima garantia de que a contrapartida seja atendida, não há como ser otimista.
Só para esclarecer: o que me agrada, aplaudo. O que me prejudica, critico. Com fundamentos. Mais: também quero que o Brasil vá em frente. Aliás, só pelo fato do Brasil ter se livrado do PT, de Lula e de Dilma já é muita coisa. Só por aí já é possível ser mais confiante. Entretanto, o que não me satisfaz nem um pouco é aceitar pagar um preço alto sem garantia de coisa alguma. É isto que me deixa preocupado.
Volto a dizer que PRIVATIZAÇÕES não se tornaram necessárias depois da descoberta dos incontáveis atos de CORRUPÇÃO NAS ESTATAIS. Tirar empresas das mãos e pés do Estado é questão de eficiência e respeito com o dinheiro dos pagadores de impostos.
Alguns, neste momento, estão se dizendo favoráveis às PRIVATIZAÇÕES, por CONVENIÊNCIA; outros por CONVICÇÃO. Pouco importa. O fato é que PRIVATIZAR é ótimo para a saúde do país.
A partir desta edição, com a colaboração do pensador Vinicius Boeira, os leitores poderão se familiarizar ainda mais com o importante PARLAMENTARISMO. Para tanto dou início à série - VOCÊ SABIA... Eis o primeiro:
VOCÊ SABIA... Que, atualmente, a única via possível para que tenhamos o sistema parlamentarista no Brasil é com a aprovação da PEC 20A (Proposta de Emenda Constitucional no 20A, de 1995)?
E que essa PEC já tramitou, sendo aprovada em todas as comissões e está pronta para ir à plenário?
quarta-feira, 30 de março de 2016
Marcelo de Paiva Abreu sobre o Day-After: como deveria ser um governo Temer?
Comparto de todos os argumentos e recomendações dele, mas iria além.
Michel Temer precisaria desaparelhar completamente TODO o Estado, e dar ordens a seus auxiliares da Inquisição (se tiver algum) para sanear toda a máquina do Estado, eu disse toda, pois se trata de uma medida de profilaxia necessária, do contrário petistas, petralhas e assemelhados vão sabotar o seu governo.
Eu acho que ele precisaria ordenar perseguição criminal contra TODOS, sobretudo e principalmente contra o mafioso chefe, pois esses caras querem continuar roubando.
Não acho que ele vá fazer isso.
Em todo caso, numa próxima postagem, vou colocar minha lista de tarefas...
Paulo Roberto de Almeida
O dia seguinte
Levando tudo em conta, são dois os cenários básicos a analisar quanto ao dia seguinte à decisão sobre o impeachment pelo Congresso Nacional. Ou a presidente sobrevive ao impeachment ou é de fato afastada e sucedida por Michel Temer. Isso envolve deixar de lado a hipótese que tem sido aventada por segmentos mais inconformados do PT quanto a assegurar “na marra” a sobrevivência política da presidente. A última vez que se ouviram tais destemperos, os resultados não foram exatamente os esperados. Será excesso de otimismo pressupor que a crise política não resultará em tal convulsão política e social?
A eventual sobrevivência política da presidente com a derrota do impeachment resultaria em continuidade do atual quadro de desgoverno, que poderia, em princípio, durar até 2018. Evitar derrotas no Congresso não removeria, entretanto, a possibilidade de cassação da chapa Rousseff-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E, caso ocorresse essa improvável sucessão de vitórias do governo, é difícil de imaginar que a presidente possa reverter a atual débâcle política e econômica, embora não sejam nada claros os formatos que assumiriam as crises futuras.
Caso o impeachment seja aprovado, é essencial que Michel Temer seja capaz de mobilizar ampla frente suprapartidária, compondo um gabinete de “salvação nacional”. Isso é condição necessária, mas longe de suficiente, para que seja possível implementar programa econômico capaz de reverter a atual crise. A aguda crise política está ofuscando a percepção de quão grave é a crise econômica, com alta probabilidade de persistir até 2018 e, além disso, sinalizando um desempenho econômico medíocre em prazo mais longo.
A escolha de uma equipe econômica que explicite além-fronteiras o fim da insistência em expansionismo fiscal com o objetivo (frustrado) de assegurar o desenvolvimento é importante como ponto de partida. Mas a tarefa à frente é monumental. A reversão da crise obriga a sinalização de austeridade fiscal com resultados imediatos. Será inevitável o aumento da carga tributária, viabilizado pela maior legitimidade do novo governo, e corte na carne de despesas. O pacto político com base ampla deverá permitir, inclusive, o corte de despesas mandatórias. Como já se disse, o ambiente não está muito distante da situação grega no passado recente. A agravante é que, em contraste com a Grécia, que foi incentivada a retomar o caminho da prudência pelas disciplinas da União Europeia, no Brasil, a prudência deve ser gerada essencialmente por autodisciplina. No longo prazo, a reforma fiscal necessária inclui profunda reforma previdenciária, maior tributação de heranças, eliminação de regimes especiais na taxação de rendas, entre outras.
A composição de um governo baseado em nova coalizão terá de incluir segmentos dos partidos que apoiaram o governo Rousseff antes da sua desagregação. Se possível, até os quadros do PT que não escondem o seu agudo desapontamento com as práticas corruptas adotadas pelo partido e que comprometeram seu compromisso com a redistribuição de renda e de oportunidades.
Similarmente, a composição de uma nova coalizão deve repudiar a inclusão de forças antidemocráticas que têm explicitado seu radicalismo em manifestações recentes associando o impeachment ao golpe militar de 1964. O novo governo deve insistir no estrito respeito à legalidade, a despeito das incitações de radicais de direita e do esperneio do fisiologismo petista.
*DOUTOR EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE, É PROFESSOR TITULAR NO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA PUC-RIO