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sábado, 5 de agosto de 2023

O Brasil aos olhos do mundo: como era antes, como ficou agora? - Paulo Roberto de Almeida (revista Crusoé)

Meu artigo mais recente publicado:  

4415. “O Brasil aos olhos do mundo: como era antes, como ficou agora?”, Brasília, 13 junho 2023, 3 p. Artigo sobre a diminuição da credibilidade diplomática do Brasil de Lula 3, para a revista Crusoé. (4/08/2023; link: https://crusoe.uol.com.br/edicoes/275/o-brasil-aos-olhos-do-mundo-como-era-antes-como-ficou-agora/). Relação de Publicados n. 1518. 

O Brasil aos olhos do mundo: como era antes, como ficou agora?

 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Artigo para a revista Crusoé. 

 

Todo país, toda nação, exibe uma imagem aos olhos do mundo, por vezes com base em estereótipos simplistas, mas ainda assim identificados com alguma característica da nação em questão. Marco Polo deixou um testemunho direto da China sob a dominação mongol, com alguns exageros involuntários, o que alimentou a curiosidade dos europeus pelo fabuloso Celeste Império. A riqueza em ouro e prata dos impérios pré-colombianos no México e no Peru atuais atiçou a cobiça dos conquistadores ibéricos, prontamente seguidos por piratas e corsários de outros reinos europeus, saqueando galeões carregados dos preciosos metais. 

O Brasil da era do café e seus barões apreciadores dos cabarés de Paris suscitaram a criação de uma figura cenográfica, o “Brésilien d’operette”, o pródigo ricaço do interior, que acendia charutos com notas de 100 francos e bebia champagne nos sapatos das dançarinas de can-can. A prática era tão comum que deu origem ao termo, momentaneamente inscrito nos dicionários franceses, de paulistade, significando gastar à tripa forra nos cabarés. Mais tarde, na fase da aliança com os Estados Unidos da era Vargas, o típico carioca de Carnaval se transmutou no Zé Carioca do Walt Disney, junto com a cantora Carmen Miranda, acolhida por Hollywood, encantando a todos com seus balangandãs e a coroa de frutas na cabeça.

A imagem do Brasil esteve associada, durante muitas décadas, ao Carnaval e às selvas luxuriantes, mais adiante a Pelé, seguramente o brasileiro mais famoso do mundo, no tempo em que a Bossa Nova se juntou ao jazz para brindar ao mundo inteiro os encantos da praia de Ipanema ao ritmo das músicas de Tom Jobim e na voz suave de Astrud Gilberto. A ditadura militar ofuscou muito desse brilho, com a repressão truculenta na política e na cultura, mais as notícias pouco edificantes de extermínio dos indígenas, de destruição ambiental, de pobres dormindo nas ruas. A inflação astronômica, as crises financeiras e da dívida externa também grudaram na imagem do país durante as décadas seguintes, até praticamente o período recente, quando a corrupção política colocou o país, junto a várias ditaduras, nos primeiros lugares do ranking da Transparência Internacional. 

(...)

Um editorial do Globo, do dia 23 de maio de 2023, resumiu o revés que representou a reunião do G7 para os planos de Lula: “As potências ocidentais que saudaram sua chegada ao poder como um vento benfazejo depois do furacão Jair Bolsonaro já não parecem encará-lo com a mesma deferência. (...) Lula volta de Hiroshima menor do que chegou.” Esta parece ser a imagem que agora passa a marcar o Brasil de Lula no contexto mundial: uma promessa de inclusão no campo das democracias que ficou perdido no pequeno clube dos revisionistas da ordem global liberal. O Brasil já não é o que poderia ter sido...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4415, 13 junho 2023, 3 p.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Pensando no que é relevante para a imagem do Brasil no mundo - Paulo Roberto de Almeida

Pensando no que é relevante para a imagem do Brasil no mundo

Paulo Roberto de Almeida


Um dos critérios básicos, eu até diria imprescindíveis, para uma política externa de boa qualidade é a defesa do Estado de Direito, o que, no plano internacional, significa o pleno respeito à Carta da ONU.

Lula deveria pensar nisso ao definir suas diretrizes para a condução da diplomacia brasileira: quem, no mundo, acata as normas mais elementares do Direito Internacional, e quem se empenha em violar flagrantemente tais princípios que, desde o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa, estão na essencia da concepção doutrinal da diplomacia nacional?

Basta mirar-se no exemplo do que fizeram chanceleres como Oswaldo Aranha, nos momentos mais sombrios da ascensão do nazifascismo, ou como San Tiago Dantas, numa conjuntura de prepotência imperial no confronto com normas tradicionais do Direito Internacional.

Não é equivocado pensar na construção de uma nova ordem internacional ou em ajudar a promover a multipolaridade, desde que isso se faça no acatamento das normas do Direito Internacional, ou seja, da Carta da ONU, e na condenação das ações que confrontem tais princípios e valores, que sempre foram os da nossa diplomacia, antes mesmo que existisse a ONU (mas já existia a Liga das Nações, que exibia, ainda que pró-forma, princípios similares).

Registre-se que, em pleno Estado Novo, a diplomacia brasileira não reconheceu a usurpação pela força do território da Polônia, iniciada por Hitler, em setembro de 1939, depois coadjuvada por forças da União Soviética, assim como não reconheceu a ocupação ilegal dos três países bálticos independentes — com os quais o Brasil manteve relações diplomáticas desde 1919-1921 até os anos 1960 — invadidos por Stalin em 1940.

Tais atitudes, mesmo de uma ditadura simpática ao autoritarismo das potências nazifascistas, deveriam servir de reflexão para se pautar a postura da diplomacia brasileira num momento em que violações similares às de Hitler e Stalin são perpetradas na conjuntura atual, na qual alguns maus conselheiros são seduzidos pela ilusão de uma “nova ordem internacional” patrocinada por duas grandes autocracias e por concepções equivocadas do que significa multipolaridade.

Como diria Rui Barbosa, não pode haver neutralidade entre a Justiça e o crime.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 17/01/2023

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Como o mundo está vendo e avaliando o Brasil? Conversa com Jamil Chade - República do Amanhã

 Como o mundo está vendo e avaliando o Brasil? 

Conversa com Jamil Chade. 

Parte 1/2

128 visualizações
21 de abr. de 2021
https://www.youtube.com/watch?v=sglXuzJ2Wto


O think tank República do Amanhã convidou o jornalista Jamil Chade, para discutir o tema: Como o mundo está vendo e avaliando o Brasil: o alcance das sequelas da imagem do país no exterior. Residente em Genebra desde 2000, Jamil é formado em Relações Internacionais pela PUC-SP, com mestrado pela Universidade de Genebra. É correspondente internacional de vários veículos de imprensa e foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo até 2016. Integra a rede de jornalistas no combate à corrupção da Transparência Internacional. Presidiu a Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e foi pesquisador da Comissão Nacional da Verdade. É autor de cinco livros, dois deles finalistas ao Prêmio Jabuti. Não bastasse a degradação de imagem do país que já ocorria com a leitura que o mundo faz do desapego de Bolsonaro com a democracia, com valores civilizatórios e com o meio ambiente, o desprezo governamental com a tragédia social na pandemia macula ainda mais a imagem que o mundo faz do país. Essa combinação é explosiva: governante desprezível e dramática tragédia social na pandemia. O encontro virtual, organizado em 17/04/2021, foi mediado pelo jornalista Eugênio Bucci. A segunda parte do vídeo está disponível no nosso canal youtube https://youtu.be/899QQAsCaR0 Visite nosso site http://republicadoamanha.org​​​​