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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Minha homenagem a Oswaldo Aranha - Paulo Roberto de Almeida

        Por ocasião do lançamento, no Itamaraty e na Casa Thomas Jefferson, na Asa Sul de Brasília, de dois livros apresentando uma iconografia quase completa, e uma coletânea de textos escritos, entrevistas e discursos de Oswaldo Aranha, preparei um texto em homenagem ao grande estadista, ao chanceler brasileiro, o maior no século XX, depois de Rio Branco.
De fato, Oswaldo Aranha foi, depois do Barão do Rio Branco, o maior chanceler brasileiro em todo o século XX, segundo uma frase, que figura nos dois livros aqui apresentados, do embaixador Rubens Ricupero, ele mesmo autor de um outro monumento à inteligência nacional, que é o seu livro recém publicado, A Diplomacia na Construção do Brasil, 1750-2016 (Rio de Janeiro: Versal Editores, 2017). 

Não há nenhuma dúvida a esse respeito, como justamente testemunham os dois livros agora lançados: Oswaldo Aranha: uma fotobiografia, de Pedro Corrêa do Lago, ajudado por seu irmão Luiz Aranha Corrêa do Lago, bem como a coletânea Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro, em dois volumes, publicada pela Fundação Alexandre de Gusmão, um trabalho de coleta, organização e refinamento editorial, por funcionários do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, da Funag, dos textos mais significativos de Oswaldo Aranha. 

As duas obras prestam uma justa homenagem à personalidade ímpar e à ação política e diplomática excepcionais, ao longo de nossa história, entre os anos 1930 e 1960, do famoso político gaúcho, um dos líderes, senão O Líder, da Revolução liberal de 1930, seguidamente ministro da Justiça e ministro da Fazenda no governo provisório de Getúlio Vargas (entre 1931 e 1934), logo depois embaixador em Washington (de 1934 a 1937), cargo a que renunciou imediatamente após, e em protesto ao golpe do Estado Novo, em novembro de 1937, finalmente chanceler do Brasil, de 1938 a 1944, num dos períodos mais decisivos do século XX, e um dos mais dramáticos na história do Brasil, quando ele soube corajosamente ancorar o Brasil junto ao bloco das Nações Aliadas que resistiam à fúria militar, devastadora e tirânica, das potências agressoras nazifascistas. Aranha também foi, mais uma vez e finalmente, ministro da Fazenda no governo constitucional de Getúlio Vargas, de meados de 1953 até o suicídio do ex-ditador, em agosto de 1954, quando novamente ele salva o Brasil de graves ameaças em sua economia e balanço de pagamentos, como já tinha feito nos anos 1930.
As duas obras se completam, se complementam, em suas vocações respectivas, ao oferecer um painel ricamente ilustrado, por imagens e textos, sobre o homem, o político, o estadista que, mais do que qualquer outro em nossa história, soube preservar, nos anos sombrios da depressão e das ameaças totalitárias nos anos 1930, os valores democráticos da nação brasileira e as melhores tradições da nossa diplomacia mais do que centenária, bissecular.
A Fotobiografia, uma obra extremamente rica, inédita em toda a nossa história editorial, oferece, graças aos esforços de pesquisa e trabalho, durante mais de duas décadas, dos dois irmãos Aranha aqui presentes, mais de 600 imagens e cerca de 500 depoimentos sobre o grande homem que foi Oswaldo Aranha. Os dois volumes agora publicados pela Funag conseguiram coletar, por sua vez, a partir de uma enorme massa de material primário, até aqui dispersa em arquivos diversos e publicações avulsas, tudo o que de mais importante Oswaldo Aranha escreveu ou falou entre 1930 e 1959, deixando infelizmente de lado suas atividades da primeira fase, já examinadas em obra historiográfica de Luiz Aranha Corrêa do Lago, que examina a sua carreira até a Revolução de 1930.
A atenção dos dois volumes da Funag esteve focada na obra diplomática de Oswaldo Aranha, e ele merecia esta homenagem no ano em que comemoramos os 70 anos da sessão da Assembleia Geral da ONU, por ele presidida, em 1947, que votou pela partilha da Palestina, até então sob mandato britânico, determinando a criação de dois estados independentes na região. Oswaldo Aranha, obviamente, merece esta homenagem por bem mais do que isso, já que ele foi um dos mais extraordinários modernizadores e construtores do Brasil tal como o conhecemos hoje, plenamente democrático e inserido na economia mundial, exibindo valores e princípios já defendidos desde o início do século XX por estadistas como o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa, dois homens, dois pensadores, dois historiadores e diplomatas aos quais Oswaldo Aranha devotava incontida admiração e apreço.
Cabe justamente recordar que Oswaldo Aranha, quando jovem estudante na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, como registrado na importante biografia que dele fez o brasilianista Stanley Hilton, publicada no ano do seu centenário, em 1994, fez um discurso de homenagem a Rui Barbosa, em 1916, quando este retornava de Buenos Aires, na condição de representante diplomático do Brasil nas comemorações do primeiro centenário da República Argentina, em cuja capital ele tinha pronunciado o célebre discurso sobre “os deveres dos neutros”, motivado pela invasão da Bélgica, neutra, por tropas do Império alemão. Ele retomou o mesmo discurso, e as mesmas invectivas de Rui contra a Alemanha, quando suas tropas novamente romperam e violaram a neutralidade da Bélgica, nas horas mais sombrias da Segunda Guerra Mundial, relembrando ao ditador Getúlio Vargas que ser neutro não significava ser imparcial ante o crime e a injustiça. Ele soube, assim, mais adiante, na conferência extraordinária dos chanceleres americanos, realizada no Rio de Janeiro em janeiro de 1942, depois do traiçoeiro ataque japonês em Pearl Harbor, interromper a neutralidade brasileira em face da guerra europeia, e romper as relações diplomáticas do Brasil com as potências agressoras, no momento em que a guerra se tornava mundial.
Graças em grande medida aos esforços de Oswaldo Aranha, o Brasil soube fazer uma escolha decisiva num dos momentos mais cruciais de sua história, como ainda nos lembra o embaixador Rubens Ricupero, em seu livro de história diplomática, colocando nosso país do lado não apenas vencedor na contenda global, mas do lado mais justo e mais legítimo, o das nações democráticas, defensoras dos direitos humanos e das liberdades. Este foi o  chanceler Oswaldo Aranha, e a ele devemos nossas justas homenagens, como agora se faz com o lançamento destas duas obras de valor.

Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro 
Sérgio Eduardo Moreira Lima; Paulo Roberto de Almeida; Rogério de Souza Farias (organizadores); 
Brasília: Funag, 2017; 
disponível na Biblioteca Digital da Funag: 
volume 1, 568 p.; ISBN: 978-85-7631-696-1; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=913
volume 2, 356 p.; ISBN: 978-85-7631-697-8; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=914

sábado, 9 de setembro de 2017

Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro - Rogerio S. Farias, Paulo R. Almeida (livro)

Rogerio de Souza Farias e eu estamos nos aproximando da etapa final da construção desta importante obra, em dois volumes, que pretende ser um “reader” relativamente completo dos textos mais importantes redigidos ou assinados por Oswaldo Aranha, com ênfase nos campos da diplomacia e da economia (sem considerar, portanto, suas atividades essencialmente regionais da primeira fase). 
Acreditamos que ele possa constituir uma obra de referência, inclusive no plano historiográfico. A capa será ilustrada com o famoso retrato de OA por Portinari e está reproduzida em sua versão preliminar (os organizadores são, na verdade, editores, e o subtítulo entre parênteses será suprimido). O Embaixador Ricupero se encarregará da quarta capa. 
Ele será publicado pela Funag, para lançamento conjunto em Brasília, no Palácio Itamaraty, em 20 de outubro, junto com a magnífica fotobiografia de Oswaldo Aranha por Pedro Corrêa do Lago (Editora Capivara), já lançada em SP e Rio. 
Este livro promete ser um dos grandes lançamentos editoriais da Funag, num ano em que se comemoram os 70 anos da sessão especial da AGNU, quando Oswaldo Aranha presidiu à partilha da Palestina. 
Creio, pessoalmente, que ele faz um bom “companion” à fotobiografia do Pedro, por trazer textos geralmente completos, organizados tematicamente, e devidamente introduzidos contextualmente e historicamente. Terá a vantagem de ficar livremente disponível para todos os interessados e estudiosos, na Biblioteca Digital da Funag.
Aguardem
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 9 de setembro de 2017


Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro

Rogério de Souza Farias
Paulo Roberto de Almeida
(editores)
(Brasília: Funag, 2017; Coleção Memórias Diplomáticas)

Prefácio – Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima
Cronologia
Introdução: Oswaldo Aranha, um estadista brasileiro – Rogério de Souza Farias

Parte 1: Oswaldo Aranha diplomata (1934-1939)
Introdução – Rogério de Souza Farias

Entre a Europa e a América (1934)
A chegada nos Estados Unidos (1934)
Um elogio à civilização americana (1936)
Limite, fronteira e paz (1937)
Retorno da Embaixada em Washington (1937)
Posse no Ministério das Relações Exteriores (1938)
Paz para a América: assinatura da paz do Chaco (1938)
A vulnerabilidade das Américas (1939)
Panamericanismo (1939)
Retorno da Missão aos Estados Unidos (1939)
Avaliação da Missão Aranha (1939)
Reassumindo o Itamaraty (1939)

Parte 2: O chanceler no conflito global (1939-1945)
Introdução – Paulo Roberto de Almeida
Fronteiras e limites: a política do Brasil (1939)
A preparação para a guerra (1939)
Conferência sobre a história diplomática brasileira (1940)
Reunião de consulta dos chanceleres americanos (1942)
O papel do Itamaraty na política do Brasil (1942)
O torpedeamento de navios brasileiros (1942)
O Brasil e a comunidade britânica (1942)
A carta a Vargas: planejando o pós-guerra (1943)
A América no cenário internacional (1943)
Um ano da entrada do Brasil na guerra (1943)
A Sociedade dos Amigos da América (1945)
Comício das quatro liberdades (1945)
Liga da Defesa Nacional (1945)

Parte 3: Multilateralismo e pós-guerra (1947-1958)
Introdução – Rogério de Souza Farias

A conception of world order (1947)
Homenagem nas Nações Unidas (1947)
A profile of Brazil (1947)
Sessão Especial da ONU: Partilha da Palestina (1947)
Abertura da II Assembleia Geral da ONU (1947)
A new order through the United Nations (1947)
A crise da consciência universal (1948)
Regional systems and the future of U.N. (1948)
A ONU e a nova ordem mundial (1948)
Entre a paz e a guerra (1949)
Formatura no Instituto Rio Branco (1950)
O Brasil e o pós-guerra (1950)
Estados Unidos e Brasil na Guerra Fria (1953)
A última missão na ONU (1957)
Um balanço da Assembleia Geral da ONU (1957)
Dez anos nas Nações Unidas (1957)
Reatamento das relações com a União Soviética (1958)
Discurso na ESG: o bloco soviético (1958)

Parte 4: Oswaldo Aranha: o estadista econômico (1931-34, 1953-54)
Introdução – Paulo Roberto de Almeida
Renegociação da dívida externa (1934)
Nacionalismo econômico na Constituinte (1934)
Comparando as economias do Brasil e dos Estados Unidos (1936)
Cada país deve buscar soluções nacionais para seus problemas (1937)
Tratado de integração econômica Brasil-Argentina (1941)
The rise of interdependence (1947)
De volta ao Ministério da Fazenda (1953)
A situação financeira e econômica do país (1953)
O parlamento e as finanças (1953)
Os fundamentos do Plano Aranha (1953)
O problema da dívida brasileira (1954)
O café e o Brasil (1954)

Parte 5. Oswaldo Aranha: o estadista político
Introdução – Rogério de Souza Farias, Paulo Roberto de Almeida
Oswaldo Aranha: o estadista nacional - Stanley Hilton
Oswaldo Aranha e os refugiados judeus - Fábio Koifman
Oswaldo Aranha e Franklin D. Roosevelt - Carlos Leopoldo Chagas Cruz
A Revolução (1930)
Despedida do Ministério da Justiça (1931)
Roosevelt: o único estadista mundial (1945)
A relevância de Rui Barbosa (1945)
Democracia, Estado Novo e Relações Internacionais (1945)
Os governos e o povo (1947)
Discurso no túmulo de Vargas (1954)
Compreendendo o suicídio de Vargas (1954)
A despedida do estadista (1959)

Bibliografia
[Índice preliminar: 9/09/2017]

Formacao da Diplomacia Economica no Brasil, 3ra edicao disponivel - Paulo Roberto de Almeida

Finalmente disponível a nova edição, revista, atualizada, agora em dois volumes:

FUNAG lança a terceira edição do livro “Formação da Diplomacia Econômica no Brasil” - Paulo Roberto de Almeida
rotativo vol I II diplomacia economica
A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) publica a 3ª edição da obra “Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império”, do diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) e diplomata Paulo Roberto de Almeida. O livro examina, em dois volumes, a formação da diplomacia econômica no Brasil, desde as primeiras etapas (1808 e 1822), até a emergência, mais perto do final do Império, de uma diplomacia madura e segura na defesa dos interesses nacionais. A obra analisa ainda o desenvolvimento dessa diplomacia econômica ao longo da era republicana, numa síntese quanto aos elementos de ruptura e de continuidade de nossas relações econômicas internacionais. A apresentação é do embaixador Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras.
O livro está disponível para download gratuito na Biblioteca Digital da Funag
(Brasília: Funag, 2017, 2 volumes; Coleção História Diplomática; ISBN: 978-85-7631-675-6; obra completa; 964 p.); Volume I, 516 p.; ISBN: 978-85-7631-668-8; link: http://funag.gov.br/biblioteca/download/1212-Formacao-da-diplomacia-economica-no-brasil-VOL1.pdf) e Volume II, 464 p.; ISBN: 978-85-7631-669-5; link: http://funag.gov.br/biblioteca/download/1213-Formacao-da-diplomacia-economica-no-brasil-VOL2.pdf).

Minha ficha de registro dessa obra é esta aqui: 


1265. Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império. 3ra. edição, revista; apresentação embaixador Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras; Brasília: Funag, 2017, 2 volumes; Coleção História Diplomática; ISBN: 978-85-7631-675-6 (obra completa; 964 p.; Volume I, 516 p.; ISBN: 978-85-7631-668-8; Volume II, 464 p.; ISBN: 978-85-7631-669-5 ). Relação de Originais n. 1351.