O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador matérias de imprensa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador matérias de imprensa. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Alucinações exteriores da diplomacia da estupidez: matérias da imprensa, 25/11/2020

Itamaraty reage a “tom ofensivo” da China contra Eduardo Bolsonaro

Declaração da que o deputado teria que "arcar com as consequências" de suas críticas foi duramente criticada pelas Relações Exteriores

Metrópoles | Carlos Estênio Brasilino | 25/11/1010, 22h37

O Ministério das Relações Exteriores tomou as dores do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e reagiu às críticas feitas pela China ao filho 03 do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, anteriormente, havia acusado o Partido Comunista chinês da prática de espionagens cibernéticas.

Nessa terça-feira, em nota na web, os diplomatas chineses pediram que o parlamentar “cesse as desinformações e calúnias” e enfatizaram: “Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”.

Nesta quarta-feira (25/11), num tom bem acima do diplomático, o Itamaraty enviou uma carta à Embaixada da China no Brasil onde, entre outros pontos, diz: “Não é apropriado aos agentes diplomáticos da República Popular da China do Brasil tratarem dos assuntos da relação Brasil-China através das redes sociais”. As informações são do jornalista Caio Junqueira, da CNN.

De acordo com a nota, o fato de a manifestação da China contra Eduardo ter sido feita através das redes sociais “não é construtivo, cria fricções completamente desnecessárias e apenas serve aos interesses daqueles que, porventura, não desejam promover as boas relações entre Brasil e China”.

Para o Itamaraty, o tom “ofensivo e desrespeitoso” com o qual a declaração chinesa se referiu ao deputado “prejudica a imagem da China junto à opinião pública brasileira”.

Aspirações e interesses

O documento das Relações Exteriores ainda aponta que não cabe à Embaixada da China opinar sobre as aspirações e interesses da sociedade brasileira, “assim como a Embaixada do Brasil na República Popular da China se abstém de opinar sobre as aspirações e interesses da China”.

O ministério ainda ressalta que o Brasil deseja manter e promover as “excelentes relações” entre ambos os países. Mas dá um novo puxão de orelhas nos diplomatas chineses: “Desrespeitar a diversidade de pensamento e opinião existente no Brasil, garantida por nossa Constituição democrática e por nossa legislação, não contribui para o avanço das relações”.

Clean Network

Em postagem nas redes sociais. posteriormente apagada por Eduardo Bolsonaro, ele afirmou que o Brasil irá aderir a um programa de tecnologia que “pretende proteger seus participantes de invasões e violações às informações particulares de cidadãos e empresas”. Eduardo se referia ao programa Clean Network, do governo federal.

Sem provas, o filho do presidente Bolsonaro disse que as espionagens cibernéticas “ocorrem em entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”.

As declarações não repercutiram positivamente. Em nota, os representantes chineses afirmaram que a fala de Eduardo “não são condignas com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Isso é totalmente inaceitável e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento”, reforçou a nota.

https://www.metropoles.com/brasil/itamaraty-reage-a-tom-ofensivo-da-china-contra-eduardo-bolsonaro

 

 

EDUARDO BOLSONARO IRRITA SÓCIA CHINESA DA PETROBRAS NO MAIOR CAMPO DE ÁGUAS PROFUNDAS DO MUNDO

Executivos se incomodam há tempos com histórico do filho do presidente nas redes

Época | Guilherme Amado | 25/11/2020, 18h03

A postagem recente de Eduardo Bolsonaro contra a China irritou os executivos da Corporação Nacional de Petróleo da China, a CNPC, empresa petrolífera semi-estatal e sócia da Petrobras no Campo de Búzios, o maior do mundo em águas profundas e considerado hoje a vaca-leiteira da estatal.

O histórico de Eduardo Bolsonaro nas redes contra a China incomoda há tempos os executivos, que dizem ser inaceitável um parceiro comercial ser destratado pelo filho do presidente por razões ideológicas.

Búzios, localizado na Bacia de Santos, é responsável atualmente por cerca de 27% da produção de óleo da companhia no Brasil e deve chegar ao final da década com a produção diária acima de 2 milhões de barris de petróleo por dia.

https://epoca.globo.com/guilherme-amado/eduardo-bolsonaro-irrita-socia-chinesa-da-petrobras-no-maior-campo-de-aguas-profundas-do-mundo-1-24765421

 

 

Postagem de Eduardo Bolsonaro 'é de uma burrice estratégica impressionante'

Momento da Política, CBN | Merval Pereira | 25/11/2020

O mais grave da atitude do deputado Eduardo Bolsonaro é que, ao colocar no twitter a acusação de que a China usa a tecnologia 5G para fazer espionagem, está refletindo o pensamento do presidente Bolsonaro e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. É uma posição ideológica burra. O Brasil não tem que entrar neste embate geopolítico com EUA e China. Tem que fazer uma análise técnica, ver qual é a melhor tecnologia para nós e aproveitar o melhor dos dois mundos, EUA e China. A tecnologia 5G da China é mais adiantada e se adapta melhor ao nosso sistema. Então, é preciso ver qual a vantagem de optar por outra tecnologia. A nota do governo chinês foi dura, fora dos padrões diplomáticos, assim como a mensagem de Eduardo Bolsonaro, que não entende nada de diplomacia e não tem a menor capacidade, nem mesmo de diálogo. Não precisamos criar embates com nosso maior parceiro comercial.

https://audioglobo.globo.com/cbn/podcast/feed/65/momento-da-politica

 

 

Empresários lançam estudo para defender negócios do Brasil com a China

Estratégia de longo prazo propõe ver país asiático como referência e oportunidade

Folha de São Paulo | Eduardo Cucolo | 25/11/2020, 23h45

SÃO PAULO - Estudo encomendado pelo Conselho Empresarial Brasil-China propõe que os brasileiros olhem o parceiro asiático cada vez menos como competidor e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade, em especial para diversificar a pauta de exportação e absorver novas tecnologias.

O documento, que foi batizado de “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China”, será divulgado nesta quinta-feira (26) pela entidade em um evento que prevê a presença do vice-presidente Hamilton Mourão.

O conselho reúne diplomatas brasileiros e empresários que já mantêm relações com a China ou têm interesse no parceiro comercial. Entre os associados estão instituições financeiras e empresas como Banco do Brasil, Bradesco, BRF, CPFL Energia, Embraer, Itaú e Vale.

O estudo é lançado num momento de seguidas controvérsias políticas e econômicas, em que o país asiático é apontado como ameaça pelo governo Jair Bolsonaro e no contexto de uma disputa comercial e tecnológica mais acirrada com os Estados Unidos.

No capítulo mais recente, Eduardo Bolsonaro postou na sua conta no Twitter, na segunda-feira (23), que o programa Clean Network, ao qual o Brasil declarou apoio, protege seus participantes de invasões e violações. Segundo ele, a iniciativa afasta a tecnologia da China e evita a sua espionagem.

No dia seguinte, o governo chinês rebateu. A embaixada da China no Brasil afirmou na terça-feira (24) que o deputado segue os Estados Unidos para caluniar a China e pediu que a retórica norte-americana seja abandonada para evitar "consequências negativas".

O embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, afirma esperar uma boa recepção das propostas pelo governo brasileiro, mas diz que o alvo prioritário é a iniciativa privada.

“Eu chamaria a atenção de que ele está sendo apresentado ao vice-presidente da República. Esperamos que receba uma boa acolhida por parte do governo brasileiro, mas lembraria que somos um conselho empresarial, formado por empresas privadas que têm interesses em fazer negócios com a China, em vender, investir e receber investimentos”, afirma Castro Neves.

Hamilton Mourão faz parte da Comissão Sino-Brasileira presidida pelos vice-presidentes dos dois países, que voltará a se reunir em 2021.

O estudo foi elaborado pela diplomata e economista Tatiana Rosito, que integra o Comitê Consultivo da entidade e representou o Brasil como diplomata e como chefe do escritório da Petrobras em Pequim.

Ele indica três principais caminhos para aproveitar as oportunidades geradas pelo avanço da economia chinesa. Também aponta três eixos (econômico, institucional e de sustentabilidade) e três agendas (infraestrutura, finanças e tecnologia) para o relacionamento com a China.

O primeiro caminho é a agregação de valor às commodities exportadas pelo Brasil para a China, por meio da intensificação das relações com o mercado chinês e da descoberta de novos nichos.

A proposta cita também a adoção pelo país de tecnologias ou de partes das cadeias de produção que deixarão a China, além de uma combinação de importações de commodities industriais chinesas com a agregação de valor para consumo no Brasil ou exportação.

“Tão importante quanto o que o Brasil pode exportar para a China é o que o Brasil importa ou pode importar e como pode construir canais estáveis e eficientes para absorção de novas tecnologias em que a China oferece liderança crescente”, diz o documento.

“Há ainda oportunidades a serem exploradas pelas empresas brasileiras fornecedoras de matérias-primas para a China no desenvolvimento de negócios que possam ir ao encontro das necessidades chinesas, inclusive através da criação de novos mercados mediante a educação dos consumidores chineses para produtos sustentáveis produzidos no Brasil ou associados a marcas brasileiras.”

Dentro da ideia de que uma estratégia para a China de longo prazo deve estar ligada a uma estratégia nacional de desenvolvimento, Tatiana utilizou como ponto de partida um documento divulgado em 2018 pelo governo Michel Temer, revisto e consolidado pelo atual governo na Estratégia Federal de Desenvolvimento 2020-2031, que tem como diretriz principal elevar a renda e a qualidade de vida da população brasileira, com redução das desigualdades sociais e regionais.

“Se esses são os nossos objetivos, faz mais sentido olhar a China como uma nova potência na área de inovação, científica e tecnológica, do que só olhar pela ótica da competição com produtos brasileiros e da exportação. O estudo é mais um alerta. A gente tem logrado excelentes resultados na área comercial, especialmente no comércio agrícola, mas é necessário sair um pouco disso e pensar o longo prazo”, afirma Rosito.

A diplomata diz que os dois países já possuem o que ela chama de uma moldura institucional que só é comparável ao que o Brasil tem com países do Mercosul. Ela cita como exemplo a própria comissão sino-brasileira.

“Isso permite que a gente continue tendo uma relação com a China pragmática, uma relação de Estados, mesmo em um momento em que a China sofre críticas de certos setores no Brasil. Essa moldura nos permite continuar trilhando esse caminho de aproximação”, afirma a diplomata.

Segundo a autora do trabalho, a recente eleição americana aponta para uma distensão em alguns temas nas relações entre Estados Unidos e China e abre uma oportunidade para que o Brasil também possa repensar a relação com o país asiático.

No comércio exterior, por exemplo, os resultados positivos para o Brasil têm oscilado ao sabor da demanda chinesa, com uma concentração em poucos produtos que não é considerada saudável por nenhum dos dois lados, segundo Rosito.

De acordo com o documento, estima-se que a classe média da China seja de 400 milhões de pessoas (30% da população urbana, ante 50% nos EUA) e espera-se que a urbanização e o crescimento de renda per capita incorporem mais centenas de milhões de pessoas até 2050, um mercado potencial consumidor para o Brasil.

Segundo a diplomata, entre os principais desafios para ampliação e diversificação das exportações brasileiras para a China estão a baixa presença de empresas brasileiras e de associações de classe em solo chinês e a ausência de uma campanha coordenada de imagem do Brasil.

“A gente explora pouco o imenso mercado chinês. Você poderia a partir de ecommerce identificar nichos para exportações de produtos em áreas como cosméticos, alimentos processados, áreas ligadas a bioeconomia e sustentabilidade, mesmo as pequenas comunidades poderiam chegar a nichos de mercado na China, mas para isso você precisa entender o consumidor chinês. Tudo isso é um mundo novo que poderia estar aberto para nós”, afirma Rosito.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/11/empresarios-lancam-estudo-para-defender-negocios-do-brasil-com-a-china.shtml

 

 

Diplomacia da extrema direita aproxima o país de prejuízos reais

Para ex-embaixador, política externa funciona à base de 'alucinações, fantasias e teorias conspiratórias'

Folha de São Paulo | Bruno Boghossian |25/11/2020, 23h15

A diplomacia brasileira conseguiu cometer uma barbeiragem dupla. Nas últimas semanas, o governo desprezou o próximo presidente dos EUA e enviou sinais hostis para a China. Amarrado a Donald Trump e às bandeiras da direita radical, o país pode sofrer prejuízos concretos na relação com seus dois principais parceiros comerciais.

Na terça (24), a embaixada chinesa ameaçou o Brasil com “consequências negativas” depois que Eduardo Bolsonaro publicou uma mensagem que ligava a tecnologia de 5G do país asiático com atos de espionagem.

“Essa talvez seja a mais enfática advertência para os danos que Eduardo e seus cúmplices podem causar às relações com a China”, diz Roberto Abdenur, que foi embaixador brasileiro em Pequim e Washington. Para ele, o silêncio de Jair Bolsonaro sobre a declaração do filho “endossa essa barbaridade”.

O diplomata vê uma escalada nas manifestações do governo chinês, com uma ameaça real de retaliação nos investimentos e no comércio. “O Brasil se ilude ao achar que teremos eternamente a posição privilegiada de grandes exportadores de soja, carne, minério de ferro e açúcar”, diz.

Ainda que existam questionamentos sobre a segurança da tecnologia chinesa de 5G, o governo brasileiro usa uma retórica infantil para satisfazer sua base ideológica. Abdenur afirma que o país enfrentará tempos difíceis se não souber manter uma equidistância entre China e EUA.

O desafio pode ser ainda maior porque Bolsonaro escolheu “uma posição de subserviência” em relação a Trump, segundo Abdenur –o que criou uma política externa baseada em “alucinações, fantasias e teorias conspiratórias”.

Para o ex-embaixador em Pequim e Washington, a atuação de Eduardo e do ministro Ernesto Araújo na diplomacia funciona como elo entre a extrema direita americana e a extrema direita brasileira, “que é uma sucursal da extrema direita americana”. “A não ser que haja uma guinada nessa postura, o que eu não acredito, nós vamos ter problemas”, avalia.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bruno-boghossian/2020/11/diplomacia-da-extrema-direita-aproxima-o-pais-de-prejuizos-reais.shtml

 

"Pito" da China em Eduardo Bolsonaro foi também alerta ao Brasil pós-Trump

UOL | Jamil Chade | 26/11/2020, 4h03

Um dos mitos mais repetidos sobre a diplomacia chinesa se refere a um comentário do primeiro-ministro Zhou Enlai. Em 1971, ele teria sido questionado por Henry Kissinger (diplomata e posteriormente secretário de Estado americano) sobre o que pensava sobre o impacto da Revolução Francesa. Sua resposta: "É muito cedo para dizer".

Décadas depois, o mito foi desfeito. Zhou não tinha entendido a pergunta e pensava que o americano o questionava sobre os protestos estudantis em Paris, em 1968. Mas, entre parte dos diplomatas e analistas, o erro era "delicioso demais" para ser desmentido.

Seja qual for o motivo do engano, a realidade é que a resposta cabia como uma luva na narrativa que começava a ser construída sobre a paciência e visão de longo prazo da diplomacia chinesa. E, de fato, esse passou a ser um tom adotado por Pequim, construindo relações com metas ambiciosas e prazos alargados. Entre diplomatas europeus, correm ainda comentários sobre como cálculos de hoje no "Império do Meio" não visam ações imediatas, mas sua hegemonia a partir de 2050.

Diante de tal realidade, a decisão da China de emitir um comunicado violento contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, foi recebido como um recado claro dentro do Itamaraty de que a paciência dos chineses teria chegado a um limite.

No dia 23 de novembro, Eduardo Bolsonaro foi às redes sociais para acusar a China de praticar espionagem cibernética e defendeu a iniciativa dos Estados Unidos de criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia 5G de Pequim.

Na quarta-feira, a embaixada da China em Brasília respondeu com um ataque direto, acusando o filho do presidente — e seus aliados — de serem uma ameaça para a relação bilateral e apontando que o Brasil poderia sofrer consequências diretas e "negativas" se tal comportamento fosse mantido.

Recado ressalta que era Trump vai ficando para trás, e Brasil pode ficar também

O comunicado surpreendeu por seu tom ameaçador e de alerta, rompendo com uma postura dos mandarins da diplomacia de buscar consenso e pensar no longo prazo.

Mas o gesto não seria apenas o fim da paciência. A ação chinesa também ocorreu por canais diplomáticos, criando um mal-estar em Brasília. Para uma parcela dentro do governo, a elevação do tom por parte de Pequim obedeceria a outra lógica: a percepção de que, a partir de agora, o governo Bolsonaro não tem mais como se esconder de baixo da saia da administração de Donald Trump em ataques coordenados contra a China.

No fundo, a ameaça de Pequim não é de retaliação imediata. Mas de um alerta que, sozinho, o Brasil não tem o poder que imagina que possa desempenhar. E que, se continuar a fazer ataques contra a China, enfrentará as consequências sem o apoio de seu aliado derrotado em Washington.

Entre analistas estrangeiros, muitos apontam que o democrata Joe Biden não deve reduzir a pressão sobre a China. Biden, segundo interlocutores que trabalharam em sua campanha, pretende costurar uma aliança global para se contrapor a Pequim.

Mas, por suas escolhas para ocupar os cargos na diplomacia americana, a opção não será por uma confrontação pública e nem por meio da geração de crises deliberadas.

O raro pito chinês, portanto, foi um alerta: vocês estão sozinhos.

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/11/26/pito-da-china-em-eduardo-bolsonaro-foi-tambem-alerta-ao-brasil-pos-trump.htm

 

 

Revealed: UK supermarket and fast food chicken linked to deforestation in Brazil

The Guardian | Jonathan Watts, Andrew Wasley, Alexandra Heal, Alice Ross, Lucy Jordan, Emma Howard and Harry Holmes | 25/11/2020, 15h

Supermarkets and fast food outlets are selling chicken fed on imported soya linked to thousands of forest fires and at least 300 sq miles (800 sq km) of tree clearance in the Brazilian Cerrado, a joint cross-border investigation has revealed.

Tesco, Lidl, Asda, McDonald’s, Nando’s and other high street retailers all source chicken fed on soya supplied by trading behemoth Cargill, the US’s second largest private company. The combination of minimal protection for the Cerrado – a globally important carbon sink and wildlife habitat – with an opaque supply chain and confusing labelling systems, means that shoppers may be inadvertently contributing to its destruction.

The broadcaster and campaigner Chris Packham said the revelations showed that consumers needed to be given more information about their food. “Most people would be incredulous when they think they’re buying a piece of chicken in Tesco’s which has been fed on a crop responsible for one of the largest wholesale tropical forest destructions in recent times,” he said.

“We’ve got to wake up to the fact that what we buy in UK supermarkets, the implications of that purchase can be far and wide and enormously damaging, and this is a prime example of that.”

The UK slaughters at least a billion chickens a year, equivalent to 15 birds for every person in the country. Many are fattened up on soya beans imported into the UK by Cargill, which buys from farmers in the Cerrado, a woody tropical savanna that covers an area equal in size to Britain, France, Germany, Italy and Spain combined.

Analysis of shipping data shows that Cargill imported 1.5m tonnes of Brazilian soya to the UK in the six years to August 2020. Biome-level export figures, collated by the supply-chain watchdog Trase, indicate that nearly half of Cargill’s Brazilian exports to the UK are from the Cerrado.

Among the most recent shipments were 66,000 tonnes of soya beans that landed in Liverpool docks in August on a Cargill-leased bulk tanker, BBG Dream. This was the focus of a collaborative investigation by the Bureau of Investigative Journalism, Greenpeace Unearthed, ITV News, and the Guardian.

The ship’s hold had been loaded in Cotegipe port terminal in Salvador, Brazil, with beans that had come from the Cerrado’s Matopiba region, including some from Formosa do Rio Preto, the Cerrado’s most heavily deforested community. As well as Cargill, the suppliers included Bunge (Brazil’s biggest soya exporter) and ADM (another leading US food producer).

After crossing the Atlantic, the entire shipment was unloaded into Cargill’s Seaforth soya crush plant in Liverpool, according to maritime and shipping records. The investigation tracked the way that grain crushed there is then trucked to mills in Hereford and Banbury, where it is mixed with wheat and other ingredients to produce livestock feed. From there, it is taken to chicken farms contracted to Avara.

Avara is a joint venture between Cargill and Faccenda Foods. It fattens up birds, which are slaughtered, processed and packaged for distribution to Tesco, Asda, Lidl, Nando’s, McDonald’s and other retailers. Avara thrives in relative obscurity. “You might not have heard of us but there’s a good chance you’ve enjoyed our products,” the company’s website says.

So where, exactly, is this soya originating from? Avara’s supplier, Cargill, buys soya from many suppliers in the Cerrado, at least nine of which have been involved in recent land clearance. Analysis by the consultancy Aidenvironment of the land owned or used by these companies since 2015 found 801 sq km of deforestation – an area equivalent to 16 Manhattans. It also detected 12,397 recorded fires.

As recently as last month, drone footage taken in Formosa do Rio Preto showed huge fires burning on Fazenda Parceiro, a farm run by SLC Agrícola, which is a supplier to Cargill. Satellite data shows the fires burned 65 sq km of the farm. More than 210 sq km has been cleared on SLC Agrícola land over the past five years, according to the Aidenvironment analysis. Cargill said it broke no rules, nor their own policies, by sourcing from the farm in question and made clear it does not source from illegally deforested land. SLC Agrícola were approached for comment but declined.

Despite this destruction, produce from these areas can be labelled as legal and sustainable in Brazil. This highlights the shortcomings of an international trade system that relies on local standards, which are often influenced by farmers focused on short-term economic profit, rather than long-term global good, which would incorporate the value of water systems, carbon sinks and wildlife habitats.

The Brazilian government has steadily relaxed controls on deforestation – and sometimes tacitly encouraged it – over the past decade, most notably by the relaxation of the Forest Code in 2012.

This is particularly true in the Cerrado, Brazil’s second biggest biome, which is being sacrificed to boost exports, keep global food prices low and reduce the impact on its neighbour, the Amazon. Farmers can legally cut and burn a higher proportion of trees in this savannah compared with the internationally scrutinised Amazon.

Many biologists believe this policy is shortsighted. The trees, shrubs and soil of the Cerrado store the equivalent of 13.7bn tonnes of carbon dioxide – significantly more than China’s annual emissions. It is the origin of so many rivers it is known as “the birthplace of waters” and home to 1,600 species of birds, reptiles and mammals (including jaguars, armadillos and anteaters) and 10,000 types of plant, many not seen anywhere else in the world.

Scientists say it will be hard – if not impossible – to save Amazonia without conserving the Cerrado. But the latter has suffered double the deforestation even though it is half the size. Between 50% and 80% of the original biome has been replaced by cattle ranches and soya farms, making this the world’s most rapidly expanding agribusiness frontier and one of the fastest shrinking areas of nature.

Whether or not Brazil deems soya from this area legal, many consumers do not want to buy products associated with deforestation.

The UK imports 700,000 tonnes of raw soya beans each year, many from the Cerrado, It also buys almost three times this quantity of processed soya feed, the majority from Argentina. The environmental impact varies hugely from country to country. But shoppers have little way of knowing whether their chicken breast or burger contributed to the problem of the Cerrado because labels provide insufficient information about origins, crops from sustainable and deforested sources can be mixed, and many firms rely on offsets.

The companies involved say they are working to lower the environmental impact of their offerings, but progress varies.

McDonald’s and Nando’s cover the volumes of soya they uses for chicken feed with sustainability “certifications”, which includes purchasing “credits” – similar to carbon offsetting. The credits support farmers producing sustainably but the actual soya in the supply chain is not necessarily from these producers and can come from deforesting farms.

McDonald’s said it aimed to eliminate deforestation from its global supply chains by 2030. A spokesman said: “We’re proud of the progress we’ve made, yet recognise there is more to do, and will continue to work hard to progress toward our goals.”

Nando’s did not provide a target date to completely phase out deforestation from its supply chain, but it said it was looking at alternatives to soya. “We recognise that there is more work to do which is why we are also investing in research looking at more sustainable feed alternatives and look forward to being able to share the results as soon as possible.”

Asda and Lidl said they were working towards buying only “physically certified” sustainable soya by 2025, but this can mean different things. Asda takes it to mean “segregated” deforestation-free soya – meaning the actual product in its supply chain must be sustainable for it to meet its goal – but Lidl clarified it was including a scheme where sustainable grain can be mixed in with product from deforesting farms. Lidl said it is currently the largest buyer of credits to offset its soya footprint.

Tesco said that it has set itself an “industry-leading” target for its soya to come from verified deforestation-free “areas” by 2025. “Setting fires to clear land for crops must stop,” a spokesperson said. “We’ve played a leading role in convening industry and government to protect the Cerrado, including committing £10m to protect the region’s biodiversity. We need our suppliers, industry, NGOs and governments to work with us to end deforestation and protect our natural environment.”

Avara, Cargill’s joint venture, said it was at the forefront of the UK’s soya purchasers, covering all its soya purchases with certification, and working to achieve much higher transparency in the supply chain. “We welcome the UK government’s proposed legislation aimed at illegal deforestation as this is aligned with these objectives and an important first step.” Avara is part of the Statement of Support for the Cerrado Manifesto and sits on the steering group of this initiative.

McDonald’s, Nando’s and the three supermarkets named have publicly expressed their support for a new agreement, similar to the moratorium in the Amazon, to stop deforestation for soya in the Cerrado, but opposition in Brazil has meant nothing has materialised.

Cargill – one of the most important players in the supply chain – has publicly said it opposes a Cerrado moratorium. At the time, it announced $30m (£22.6m) in funding efforts to address deforestation but did not specify where this would be spent. The Guardian asked Cargill why it had rejected a moratorium, but the company did not comment on this.

It expressed its commitment to a deforestation-free supply chain, however, and to supporting farmers who are working sustainably. It said: “Cargill estimates that 95.68% of our soya volumes in Brazil for the 2018-19 crop year were deforestation- and conversion-free.” The company is continuing to expand its certification programme in Brazil and Paraguay, but put the emphasis on the Brazilian legal system. “Cargill – along with our industry, farmers, local governments and customers – has accountability for transforming the food supply chain, and we are engaging with stakeholders every day to make progress,” it said. “Deforestation in that biome is, in most cases, a criminal act by Brazilian law. It must be treated that way.”

The investigation shows, however, that merely treating it as a Brazilian matter is not enough.

https://www.theguardian.com/environment/2020/nov/25/revealed-uk-supermarket-and-fast-food-chicken-linked-to-brazil-deforestation-soy-soya

 

Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China - Tatiana Rosito (CEBC); matérias de imprensa

Português: http://cebc.org.br/download/5614/

Inglês: http://cebc.org.br/download/5615/ 

Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China

ACESSE (PORTUGUÊS) ACESSE (INGLÊS) ACESSE (MANDARIM)

.

Tatiana Rosito – A pandemia da COVID-19 trouxe novos desafios para as relações Brasil-China num contexto de acirramento da rivalidade estratégica China-EUA e também da aceleração e ampliação de tendências globais que alteraram o cenário para a evolução das relações bilaterais. Ao encerrar-se o ano de 2020, o aprofun­damento dos laços comerciais e as expectativas na área de investimentos e cooperação tecnológica do Brasil com a China ocorrem ao tempo em que as ambições do diálogo político são redimensionadas e aumentam as incertezas em relação ao futuro. Nesse contexto, o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) entende ser oportuna a rea­lização de uma reflexão abrangente sobre as relações de longo prazo, que possa contribuir para a construção de estratégia brasileira para a China a ser amplamente debatida.

A crescente e emblemática inter-relação entre economia e segurança nacional oferece contornos institucionais à disputa China-EUA e ajuda a disseminá-la para o resto do mun­do. É muito possível que se conviva com um “decoupling” em setores relacionados à segu­rança nacional ou tecnologias duais, em paralelo a uma continuada integração comercial e financeira da China com o mundo, especialmente na área de serviços.

A China tem influência econômica evidente em diversos setores da economia brasileira via comércio e investimentos, mas essa influência é limitada se comparada ao impacto poten­cial da China através dos vetores de crescimento do século XXI, baseados na integração dos serviços à indústria e na economia digital, em que se configuram claramente dois polos muito distantes dos demais: China e Estados Unidos.

A China vem assumindo nos últimos anos um papel crescente e mais assertivo no cenário internacional, condizente com sua transformação em grande potência econômica. Ele se expressa não somente no peso da China como nação comerciante e investidora, mas tam­bém como participante ativa e engajada das instituições internacionais; crescente fonte de recursos para o financiamento do desenvolvimento e difusora de um modelo de desenvol­vimento; promotora da internacionalização da sua moeda, o renminbi; e participante ativo na definição de regras e padrões internacionais.

Lidar com a China envolve dinâmicas de cooperação e competição, com complementari­dades e assimetrias que remetem o Brasil à necessidade de repensar seu próprio caminho de desenvolvimento. A China desponta cada vez menos como competidora e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade, inclusive de como a ação governamental concertada pode estimular a transformação estrutural e a diversificação econômica. Por suas particularidades, relacionar-se com a China demanda dedicação, paciência e esforços que requerem estratégia de longo prazo. O Brasil também tem muito a oferecer à China e isso é parte importante de uma estratégia.

O governo federal publicou, em 2018, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Econômi­co e Social (ENDES) para o período 2020-2031, que foi revista e consolidada em janeiro de 2020 e atualizada recentemente pela Estratégia Federal de Desenvolvimento – EFD 2020-2031. A diretriz principal da ENDES é “elevar a renda e a qualidade de vida da população brasileira, com redução das desigualdades sociais e regionais”. A China e a Ásia podem dar importante contribuição para o alcance das diretrizes relacionadas não somente à inserção externa, mas também à economia, à infraestrutura e ao meio ambiente.

Os resultados do comércio Brasil-China nos últimos anos expressam uma agenda exito­sa de complementaridade com poucos paralelos no mundo. Mas também denotam que o Brasil não tem sido capaz de implementar a contento as suas declaradas prioridades nas relações com o principal parceiro comercial – diversificação e agregação de valor à pauta de exportações. A velocidade das transformações e o papel das tecnologias digitais requerem grandes esforços e coordenação se o Brasil quiser se beneficiar da China com agregação de valor aos seus produtos. Tão importante quanto o que o Brasil pode exportar para a China, é o que o Brasil importa ou pode importar da China, e como pode construir canais estáveis e eficientes para absorção de novas tecnologias em que a China oferece liderança crescente.

Aproveitar as oportunidades relacionadas à contínua transformação estrutural da China deve ser o foco de uma estratégia para aquele país que coloque a produtividade e a com­petitividade no centro. Há três principais caminhos: agregação de valor às exportações brasileiras, mediante intensificação das relações com o mercado chinês (inclusive mediante o e-commerce) e “descoberta” de novos nichos; adoção de tecnologias ou de partes das cadeias de produção que deixarão a China; e combinação de importações de commodities industriais chinesas com agregação de valor para consumo no Brasil ou exportação.

É preciso que Brasil e China confiram claramente ao comércio agrícola e a tudo o que ele representa em termos comerciais, de sustentabilidade e segurança alimentar no longo prazo a devida centralidade e previsibilidade em termos de compromissos estratégicos e diálogo maduro e profundo, mitigando riscos por meio do planejamento e do fortaleci­mento da confiança mútua. É imperativo para o Brasil buscar estabelecer com a China moldura de cooperação e de acordos comerciais formais que permitam reduzir os riscos da concentração da pauta e abrir caminho para necessária diversificação.

Uma agenda do Brasil para a China na área de infraestrutura demanda visão de longo pra­zo e envolve a aplicação da experiência recente e de bom senso para a solução de questões como mitigação de assimetrias de informação, aproximação de matriz de riscos e criação de ambiente favorável. O desafio principal é como promover, no novo ecossistema de PPPs em evolução no País, diálogo tempestivo e de qualidade entre investidores chineses, es­truturadores privados, bancos públicos e privados e governos. Possivelmente haverá dimi­nuição da ambição chinesa para projetos no exterior com a incerteza do ambiente político internacional. Isso aumenta a importância da fluidez do diálogo político e de sinalizações claras aos investidores.

O planejamento brasileiro pode se beneficiar de diálogo ampliado com empresas, aca­demia e think tanks, inclusive na identificação de temas para a contratação de estudos e realização permanente de agendas de seminários. Há grande potencial para a mobilização de recursos humanos e técnicos que podem contribuir para a construção de uma estraté­gia e de planos de governo. Essa reflexão não deve ocorrer somente no setor público ou voltada para ele, mas também no setor empresarial, nas universidades e no terceiro setor, o que contribuirá para elevar a qualidade e a consistência de uma estratégia nacional e das respectivas estratégias setoriais e empresariais. Este trabalho apresenta moldura e bases de uma estratégia com vistas a contribuir para reflexão abrangente e de longo prazo do Brasil sobre a China.

================

barraclipping.gif
cabecaclipping.gif

Edição Especial 

Cobertura do lançamento do estudo "Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para China"

O Conselho Empresarial Brasil-China lançou hoje o documento "Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China", elaborado por Tatiana Rosito, diplomata e economista com 10 anos de experiência na Ásia. O estudo tem o objetivo de contribuir para o debate sobre a relação bilateral e a elaboração de políticas públicas relativas ao país asiático, propondo uma moldura para o relacionamento com a China desenhada em torno de três eixos (econômico, institucional e de sustentabilidade) e três agendas estruturantes (infraestrutura, finanças e tecnologia).

Acesse aqui o estudo completo

DESTAQUES DO DIA:

Empresários lançam estudo para defender negócios do Brasil com a China 
25/11/2020_Folha de S. Paulo, Portal Contexto 
Estratégia de longo prazo propõe ver país asiático como referência e oportunidade

Eduardo Cucolo (São Paulo) - Estudo encomendado pelo Conselho Empresarial Brasil-China propõe que os brasileiros olhem o parceiro asiático cada vez menos como competidor e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade, em especial para diversificar a pauta de exportação e absorver novas tecnologias.

O documento, que foi batizado de “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China”, será divulgado nesta quinta-feira (26) pela entidade em um evento que prevê a presença do vice-presidente Hamilton Mourão.

[...] “Eu chamaria a atenção de que ele está sendo apresentado ao vice-presidente da República. Esperamos que receba uma boa acolhida por parte do governo brasileiro, mas lembraria que somos um conselho empresarial, formado por empresas privadas que têm interesses em fazer negócios com a China, em vender, investir e receber investimentos”, afirma Castro Neves. 

[...] “Tão importante quanto o que o Brasil pode exportar para a China é o que o Brasil importa ou pode importar e como pode construir canais estáveis e eficientes para absorção de novas tecnologias em que a China oferece liderança crescente”, diz o documento.

vm.giflinha.gif
Empresários lançam estratégia para incrementar negócios com a China, em meio a tensões com 5G 
26/11/2020_O Globo, O Vale 
Documento, que será entregue a Mourão, defende alinhamento dos dois países em torno de três prioridades comerciais: infraestrutura, tecnologia e finanças

Henrique Gomes Batista (São Paulo) - Apesar dos recentes ruídos entre Brasília e Pequim, depois das reações da embaixada chinesa às críticas feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro esta semana, Brasil e China devem revisar, em 2021, o plano decenal de cooperação entre as duas maiores economias emergentes do planeta.

[...] Para o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), que publica nesta quinta-feira “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China”, o momento é do Brasil focar em três áreas específicas: tecnologia, infraestrutura e finanças. 

[...] — Uma revisão sobre a nossa relação com a China acaba nos forçando a uma reflexão sobre a nossa ideia de desenvolvimento nacional. Uma abordagem de longo prazo nos permite aproveitar as oportunidades desta relação. A China pode ser uma porta de entrada para nós nas transformações do século 21 — afirmou a diplomata e economista Tatiana Rosito, autora do estudo que será entregue ao vice-presidente e especialista no país, depois de servir nas embaixadas do Brasil em Pequim e Cingapura e ser representante-chefe da Petrobras na China de 2017 a 2019.

[...] "Há muito o que fazer em matéria de dever de casa: investir em infraestrutura e capital humano, além de fortalecer e tornar mais ágil o ambiente de negócios, pré-requisitos essenciais para habilitar o Brasil a ser mais competitivo e eficiente no aproveitamento sustentável das janelas de oportunidade que a China oferece”, afirma, no documento, o embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China.linha.gifEmpresários lançam nesta quinta estudo sobre as relações comerciais Brasil-China 

26/11/2020_Estado de S. Paulo 
Documento sugere o estreitamento das relações entre os dois países e a ampliação do comércio bilateral, apesar da recente troca de farpas envolvendo a rede 5G

Lorenna Rodrigues - [...] Apesar de o atual governo ter se distanciado diplomaticamente dos chineses, um estudo que será lançado nesta quinta-feira, 26, pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) sugere soluções que vão em caminho oposto, como a negociação de acordos comerciais e a ampliação da presença de representantes de instituições brasileiras no país asiático.

[...] A ideia do estudo é dar linhas gerais para a estratégia de relacionamento do Brasil com a China. Na visão de especialistas no assunto, isso será importante apesar da troca de farpas entre o governo Bolsonaro e representantes chineses, que, acreditam, não chegou no comércio entre os dois países, que continua em alta. 

[...] De acordo com Castro Neves, a ideia do estudo foi identificar as “enormes janelas de oportunidade” que a China oferece na área comercial. “O objetivo é mostrar que podemos ganhar mais na relação com a China, que pode contribuir mais para o nosso desenvolvimento”, completa a economista e diplomata Tatiana Rosito, especialista em Ásia e responsável pelo documento.

Uma das conclusões é que é necessário dar uma “moldura formal” para a relação entre os dois países, o que seria possível por meio de acordos como de facilitação de comércio, investimentos e bitributação. “Se nós não tivermos elementos objetivos colocados, como acordos comerciais e regulatórios, é muito difícil diversificar e agregar a pauta de exportações brasileira”, completa Tatiana.

[...] O estudo aponta ainda a necessidade de ampliar e reforçar a presença institucional brasileira na China. O documento também sugere “campanha de imagem” que faça o Brasil ser mais conhecido nos mercados chineses. Por enquanto, no entanto, a campanha que tem sido feita nas redes sociais pode acabar tendo o efeito contrário do desejado pelos empresários. 

linha.gif
Brasil não deve discriminar 5G da China, diz entidade empresarial 
25/11/2020_Folha de S. Paulo 
Documento diz que é possível estabelecer cooperação e conciliar objetivos de segurança nacional

Eduardo Cucolo - A China está a caminho de se tornar uma potência tecnológica e digital e deve ser do interesse brasileiro potencializar as oportunidades para se beneficiar dessas mudanças, segundo o documento “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China”, divulgado pelo CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China)

De acordo com o conselho, que reúne diplomatas brasileiros e empresários que mantêm interesses ou relações com a China, “essas parcerias podem se ver dificultadas caso se venham a estabelecer restrições à participação chinesa na área de infraestrutura de telecomunicações (e.g. 5G) ou mesmo pelo próprio ambiente internacional para atuação de empresas chinesas de alta tecnologia”.

“Por outro lado, essa pode ser uma oportunidade para o Brasil, se o país conseguir estabelecer plano e padrões de cooperação que sejam positivos para os dois lados e que se enquadrem nos objetivos de segurança nacional. Para a China, o mais importante é evitar atitudes discriminatórias”, diz o texto da proposta elaborada pela diplomata e economista Tatiana Rosito, que integra o Comitê Consultivo do CEBC.

[...] Segundo o conselho, a decisão do Brasil de vetar ou não a participação dos chineses no leilão do 5G previsto para o primeiro semestre de 2021 “constituirá um marco importante para o posicionamento brasileiro em relação ao binômio economia-segurança e à própria rivalidade estratégica China-EUA.” vm.giflinha.gif

Documento propõe “passo adiante” na relação com a China 
26/11/2020_Valor Econômico 
Propostas incluem acordos comerciais, redesenho de fundo e institucionalização de mecanismos permanentes para criação de estratégias nas relações com o país asiático 

Marta Watanabe (São Paulo) - O Brasil tem “histórias de sucesso” em relação às exportações para a China e à recepção de investimentos do país asiático. Mas mudanças na política chinesa e no cenário internacional demandam medidas para que se efetive a diversificação e a agregação de valor das exportações e, no campo dos investimentos se aproveitem oportunidades dadas pela complementaridade entre os dois países. Acordos comerciais, redesenho do Fundo Brasil-China e institucionalização de mecanismos permanentes para criação de estratégias nas relações com o país asiático, sob coordenação do governo federal, estão entre as ações que podem contribuir para isso.

As considerações constam do estudo “Bases para uma estratégia de longo prazo do Brasil para a China”, que deve ser divulgado hoje pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). De autoria da diplomata e economista Tatiana Rosito, ex-secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), o documento também aponta, no horizonte de curto prazo, para as expectativas em relação ao leilão do 5G, previsto para o primeiro semestre de 2021. A decisão, diz o documento, constituirá um marco importante para o posicionamento brasileiro em relação ao binômio economia-segurança e à própria rivalidade estratégica China-EUA. 

linha.gif
Empresariado afasta visão da China como ameaça em estudo sobre parceria com o Brasil 
26/11/2020_Gazeta do Povo 
Cristina Seciuk - O Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) lança nesta quinta-feira (26) um estudo que aposta na parceria entre os dois países como indutor de oportunidades para os negócios e a economia nacional, com acesso mais veloz a novas tecnologias e possibilidades de diversificação da exportação.

[...] A área de comércio e investimentos, caracterizada por Rosito como o "motor" da relação Brasil-China, é abordada tanto do ponto de vista da avaliação de êxitos e limites para as trocas entre os parceiros como das oportunidades abertas pela tecnologia – entre as quais o e-commerce, ainda pouco explorado pelo Brasil.

Rosito também analisa mudanças no cenário internacional, seus impactos para a China, o Brasil e as relações bilaterais, além de apresentar as transformações que a China deve experimentar até 2050 e os possíveis impactos desse movimento para o Brasil.

"A China desponta cada vez menos como competidora e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade, inclusive de como a ação governamental concertada pode estimular a transformação estrutural e a diversificação econômica", diz o documento. 

Conforme destacado no estudo, "a velocidade das transformações e o papel das tecnologias digitais requerem grandes esforços e coordenação se o Brasil quiser se beneficiar da China com agregação de valor aos seus produtos". "Tão importante quanto o que o Brasil pode exportar para a China é o que o Brasil importa ou pode importar da China, e como pode construir canais estáveis e eficientes para absorção de novas tecnologias em que a China oferece liderança crescente", avalia.

[...] O estudo tem por objetivo contribuir para o debate sobre a relação bilateral e a elaboração de políticas públicas relativas ao país asiático, como subsídio para os formuladores e executores da política exterior do Brasil para a China, segundo o presidente do CEBC, embaixador Luiz Augusto de Castro Neves.

Limitar atuação da China no 5G pode dificultar parcerias e investimentos, alertam empresários 
26/11/2020_Reuters Brasil, Uol 
Lisandra Paraguassu (Brasília) - Uma limitação à atuação da Huawei nas redes de 5G no Brasil poderia diminuir a atração de investimentos no país e dificultar parcerias com a China em diversas áreas, avalia o Conselho Empresarial Brasil-China, organismo que reúne empresários e diplomatas com interesses no país asiático.

O documento “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China”, preparado pela diplomata Tatiana Rosito e divulgado hoje pelo CEBC, apontada que não apenas a China caminha para se tornar uma potência digital como esta é uma das principais metas do país para os próximos anos.

“A China está a caminho de tornar-se uma potência tecnológica e digital e deve ser do interesse brasileiro potencializar as oportunidades para que o Brasil possa se beneficiar das transformações chinesas nas mais diversas áreas, como economia digital (5G, computação em nuvem, internet das coisas), inteligência artificial, e-commerce”, diz o estudo.

A limitação de investimento estrangeiro com base em questões de segurança nacional, alerta o CEBC, pode ser feito com limitações em áreas sensíveis sem discriminar nacionalidades. De acordo com a autora do estudo, a legislação brasileira é aberta a investimentos estrangeiros e não prevê mecanismos de ‘screening’, como acontece nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, para limitar esses investimentos a alguns parceiros. Bastaria uma atuação ativa das agências reguladoras para garantir o cuidado em relação a questões de segurança nacional, sem necessidade de discriminar determinados países. 

“Tudo leva a crer que limites à atuação chinesa em certos setores não somente extrapolariam posições brasileiras tradicionais de não discriminação e tratamento nacional, mas também criariam insegurança jurídica e poderiam reduzir a atratividade dos investimentos no Brasil num momento em que o País precisará contar com a poupança externa para ultrapassar seus gargalos, sobretudo em infraestrutura”, diz o documento.

vm.gif 
linha.gif

 

completo.gif

As matérias divulgadas no Clipping não necessariamente refletem a opinião do CEBC, associados e patrocinadores.

 
 
 SOBRE O CEBCseta.gif 
linhacheia.gif
Quem somos 
Diretoria 
Associados 
Como se associar 
CEBC ALERTA 2020seta.gif 
linhacheia.gif
Comércio Bilateral 
Economia 
Política 
PUBLICAÇÕESseta.gif 
linhacheia.gif
Investimentos chineses no Brasil 
Investimentos brasileiros na China 
Carta Brasil-China 
Seleção de Artigos 
 


quinta-feira, 25 de julho de 2019

Foro de S.Paulo: importante ou desimportante? - Jornal Metropoles (Bsb), Paulo Roberto de Almeida

Meus comentários sobre o Foro de S. Paulo e o espantalho que a direita pretende criar
Paulo Roberto de Almeida

O Foro de S. Paulo existe desde 1990, o ano em que os castristas descobriram que o "mensalão soviético", iria realmente acabar, e que tempos duros viriam pela frente. De fato, na primeira metade dos anos 1990, com a cessação dos subsídios soviéticos – a própria URSS desapareceu no final de 1991 – Fidel Castro teve de enfrentar o que eles chamaram de "período especial", uma espécie de "cura de emagrecimento" das mais duras enfrentadas por uma ilha já de ordinário miserável, por força do falido regime socialista, e totalitário, criado pelos irmãos Castro, mantido por repressão severa contra toda a população cubana.
Só uns poucos idiotas da esquerda – e alguns supostos "intelequituais" descerebrados – continuavam apoiando Cuba no Brasil, entre eles os companheiros petistas, cujos "guerrilheiros reciclados" na direção do PT seguiram fielmente as ordens dos comunistas cubanos para criar esse Foro.
O Foro de SP nada mais é do que uma espécie de Cominform castrista, tomando exemplo nessa organização do stalinismo tardio para tentar controlar os partidos comunistas (sobretudo na Europa, contra a dissidência titoista), depois que o Stalin teve de desmantelar o Komintern criado por Lênin.
Quem não souber nada disso pode ler o livro sobre o comunismo do Archie Brown, disponível no Kindle, em inglês, mas também publicado no Brasil.
O fato é que eu, conhecedor da história do comunismo mundial, e da esquerda brasileira, fui um dos primeiros a chamar a atenção para o papel do Foro de S. Paulo na estratégia cubana para os partidos de esquerda na AL. Vou buscar os meus textos do início dos anos 1990 para comprovar o que acabo de dizer. Reconheço que Olavo de Carvalho – que já tinha sido comunista e que portanto sabia das táticas dos comunistas cubanos – também foi um dos primeiros a denunciar esse instrumento dos comunistas cubanos, e continuou assim fazendo nos últimos 20 anos, mas com sua paranoia habitual, segundo a qual, os comunistas brasileiros, e seus aliados continentais, pretendem "implantar o comunismo no Brasil". 
Acho risível esse tipo de postura, uma vez que nem o PCdoB, muito menos os comunistas cubanos pretendem implantar o comunismo no país, e não por qualquer ideologia liberal, e sim por puro oportunismo e pragmatismo: de onde eles iriam tirar dinheiro para sobreviver se não junto aos capitalistas (e trabalhadores) que produzem riquezas, que eles podem extorquir? Se eles são minimamente espertos – e imagino que sejam –, sabem que o socialismo é uma porcaria completa, e se precisasse de alguma prova a Venezuela está aí mesmo ao lado para provar que ele só produz miséria e pobreza.
Tentei explicar tudo isso a uma jornalista do Globo, que me entrevistou na semana passada, para produzir sua matéria no último domingo, que reproduzi aqui neste espaço: 
https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/07/foro-de-s-paulo-um-espantalho-util.html

De tudo o que lhe disse, ela só conseguiu extrair duas frases, que obviamente não refletem toda a evolução histórica do comunismo mundial e do socialismo cubano, e o que o Foro realmente significa para o PT e para os demais partidos da região: apoio estratégico – diplomático, político, financeiro – ao falido regime da ilha escravizada pelos Castros, e também uma maneira de carrear recursos para a sobrevivência do nefando sistema, por meios legais (porto de Mariel, programa Mais Médicos, acordos internacionais diversos) e sobretudo ilegais (super e subfaturamento em dezenas de contratos comerciais privados, mas nos quais os companheiros têm alguma participação). 

O "anti-Foro de S.Paulo" que agora se pretende criar, com os bolsonaristas no poder significa apenas continuar a agitar o espantalho do comunismo, do marxismo, que é importante nessa mobilização que a extrema direita faz em apoio às suas teses. Ou seja, é um espelho exato do que eles pretendem combater, agitando a iniciativa de uma "Internacional Conservadora" que essa direita sem qualquer doutrina pretende fundar. 

Termino dizendo que o Foro de S. Paulo não tem nenhuma importância em si mesmo – mais do que a ação própria dos partidos nacionais – a não ser como correia de transmissão e mecanismo de controle que os comunistas cubanos exercem em direção dos partidos de esquerda na região. Eles precisam disso, para sobreviver e se abastecer financeiramente. Não tem absolutamente nada de ideológico: apenas necessidade de manutenção de uma "bolsa pró-Cuba" a ser generosamente concedida por regimes afins (chavismo na Venezuela, lulopetismo no Brasil) e pelos partidos da esquerda na AL que eventualmente cheguem ao poder. As fontes estão secando, mas os partidos continuam sob vigilância dos cubanos, e as quermesses – de esquerda e de direita – continuam agitando bandeiras.
Os dirigentes sabem bem o que fazem, manipulando esses foros, e os militantes ingênuos continuam se mobilizando de forma canhestra.
O PT continua em sua missão VERGONHOSA de defender as ditaduras castrista em Cuba e chavista-madurista na Venezuela, assim como todos os regimes totalitários no mundo.
A nova "direita" brasileira se engaja no mesmo circo para tentar se contrapor aos desmiolados da esquerda, mas usam o espantalhos para fins políticos próprios.
Considero ambos os grupos potencialmente totalitários – só que não conseguem, por motivos óbvios, implantar uma ditadura no Brasil – e tento manter um mínimo de racionalidade e de objetividade na avaliação dessas manifestações equivocadas.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 25 de julho de 2019


Foro de São Paulo começa na 6ª. Afinal, o que é realmente o grupo?

Encontro de partidos de esquerda marcado para este fim de semana na Venezuela é alvo de críticas da ala olavista do governo Bolsonaro

Jornal Metrópoles24/07/2019

Entre esta sexta-feira (26/07/2019) e domingo (28/07/2019), a capital venezuelana, Caracas, receberá o 25° encontro do Foro de São Paulo. O evento, que reúne cerca de 200 partidos considerados de esquerda da América Latina, entre eles PT, PDT, PCdoB, PCB e PSB, ocorre pelo menos desde 1990 e já passou por diversas cidades da região.
Nos últimos dias, contudo, o tema voltou ao centro das atenções da nova – e muitas extrema – direita brasileira, personificada no professor on-line de filosofia Olavo de Carvalho. O ideólogo bolsonarista e seus seguidores atribuem ao Foro de São Paulo uma espécie de “superpoder” comunista, veem o grupo como um instrumento maléfico da esquerda.
O “perigo” alertado pela militância olavista não é recente. O próprio escritor, por exemplo, fala do tema pelo menos desde a década de 1990, como gosta de destacar em seus vídeos.
Os discípulos do guru dão voz à pauta. Vários integrantes do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), entre eles o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), dão destaque ao Foro de SP e tratam constantemente do tema no Congresso e mesmo em conversas internacionais.

Visões conflitantesEduardo Grin, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV), descreve o Foro de SP como um encontro que surgiu nos anos 1990, logo depois da queda do muro de Berlim, que tem por finalidade “preservar o legado de uma visão mais progressista e que reúne, portanto, vários governos, partidos e organizações de esquerda” da América Latina.
“Foi um espaço de encontro, de troca de ideias, com uma visão de um segmento mais progressista, que nem todos eram alinhados a uma visão a ‘la cubana’, mais radical. Mas havia um pensamento de que era possível criar fórmulas de acabar ou controlar com o capitalismo e de subverter várias formas de dominação política”, explica o professor.
Para Olavo de Carvalho, no entanto, o Foro de São Paulo é “a maior organização política que já existiu no continente latino-americano”, que reúne mais de 200 partidos políticos “e quadrilhas de narcotraficantes e sequestradores”, com o objetivo de “divulgar e implantar o comunismo”. Segundo Olavo, a função do PT é fornecer dinheiro para o movimento. “É um negócio monstruoso”, exclama.
“O Foro de São Paulo é um vasto plano de ocupação do continente inteiro pelo comunismo. E tudo o que está sendo roubado do Brasil é para financiar esse grupo”, disse em vídeo publicado no último final de semana. Em seguida, ele acusou os militares do governo, sobretudo o vice-presidente, Hamilton Mourão, de omissão.
Como de praxe no discurso olavista, as críticas voltam-se também à imprensa. Segundo o morador da Virgínia (EUA),há um “conluio” da imprensa para transformar o Foro em “uma reunião discreta”.

“Sem consequências”
Exagerado? Para o doutor cientista político David Fleischer, muito. Mestre em estudos latino-americanos pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, o especialista explica que o Foro de SP é, na verdade, apenas um pingo em um copo de água. Ou seja, não tem todo o valor que divulga a nova direita do país.
“O Foro de SP é encarado como o grande inimigo, mas não contribui para nada. Porque não se vê muitas consequências a partir dessa reuniões”, explica o americano naturalizado brasileiro. O cientista político lembra que a opinião de Olavo de Carvalho sobre a ida de Eduardo, “filho 03” do presidente, para a embaixada brasileira nos Estados Unidos teve como base essa ideia.
Na ocasião, o guru do bolsonarismo desaprovou a indicação pois o deputado teria uma “missão histórica” no Brasil bem mais importante que ser diplomata em Washington. Na sua opinião, Eduardo é o “guerreiro” responsável por eliminar o “esquerdismo maldito” através da “destituição do Foro de SP”.
Como deputado, Eduardo assinou, em junho deste ano, requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação do Foro. O comitê, na realidade, é coordenado pela deputada federal Chris Tonietto (PSL-RJ), mas seria o deputado paulista o “verdadeiro líder”.

Assinei hoje requerimento para criação da CPI DO FORO DE SÃO PAULO junto com o Presidente Civil da Frente Cidadã, Maciel Joaquin. O Foro de SP, cujo um dos integrantes é o PT e aliado de Maduro e FARC.

View image on Twitter

3,636 people are talking about this
Os “antiforistas” culpam o grupo pela ascensão de governos de esquerda na América Latina nos primeiros anos do século 21. David Fleischer, entretanto, considera mais um exagero por parte da extrema-direita. Ele explica, paulatinamente, o que realmente teria motivado o crescimento da esquerda no continente, o que é uma “circunstância local de cada país”.
“O Foro não teve nada a ver com isso. Os governos de esquerda subiram ao poder devido às circunstâncias de cada país. No Equador e no Peru, por exemplo, foi por causa de gestões corruptas de conservadores. Na Argentina, os peronistas estavam governando há muito tempo, antes mesmo da criação do Foro”, explica o doutor em Ciência Política.
Para o deputado Ivan Valente (PSol-SP), o atual governo, junto a seus aliados, usa o Foro como um tipo de “contrapropaganda” bolsonarista para, assim, tentar criar certos fantasmas. “O Foro é muito mais uma troca de ideias do que uma articulação internacional que tenha peso”, disse o deputado.
Paulo Kramer, cientista político aposentado da UnB, nega, contudo, o caráter minimalista que os críticos dão ao Foro de SP. “Ele serviu como um espaço de troca de ideias e de informações que acabou fortalecendo em conjunto dessa esquerda, no momento em que ela protagonizou uma onda conquistando o governo de vários países. É um erro minimizá-lo”, avalia.
Segundo Kramer, o próximo encontro, em Caracas, servirá para “lamber as feridas de seu fracasso em vários países e articular uma estratégia de sobrevivência”.
Bolsonarismo e o 25° Foro de SPO evento, marcado para este final de semana, tem como slogan o título: “Pela paz, a soberania e a prosperidade dos povos: unidade, luta, batalha e vitória.” As reuniões contam com grupos de esquerda europeu, afrodescendentes, povos originários, mulheres, jovens, parlamentares progressistas do mundo, artistas, intelectuais e movimentos sociais.
Mais sobre o assunto
  • Igo Estrela/Metrópoles
  • Foto: Marcos Corrêa/PR
As pessoas interessadas em participar do 25º Foro de SP, em Caracas, devem pagar US$ 50 (cerca de R$ 187) pela entrada, segundo a organização do evento. Já o valor da entrada para partidos, movimentos e organizações é de US$ 250 (cerca de R$ 935). A Venezuela cobrirá os custos de hospedagem, alimentação e transporte interno para duas pessoas de cada delegação nacional.
Entre os temas que serão debatidos durante os três dias de encontro, estão a “elaboração de um plano comum de luta”; “Perspectivas e Enigmas da Economia Mundial”, “Experiências e Perspectivas dos Governos Progressistas da América Latina e Caribe” e “A Luta do Povo Venezuelano pela Democracia, a Paz e a Soberania Nacional”, dentre outros.
Para o chanceler Ernesto Araújo, “o Foro de São Paulo infelizmente está vivo e se reunirá em Caracas para fortalecer a coligação nefasta que fundamenta esse projeto de poder: socialismo-narcotráfico-corrupção-crime organizado-terrorismo”. O ministro diz, sem apresentar provas, que o “ataque insidioso ao ministro Moro e à Lava Jato obviamente faz parte dessa estratégia do Foro.”
O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o “filho 02”, concordou. “Fomos governados por décadas pelas diretrizes do Foro de SP. Se engana quem diz que estão mortos. Seus filhos maldosamente inteligentes, que sabem o que fazem para manipular, continuam sedentos pelo poder e evitar o término da roubalheira que nos destruiu financeira e moralmente”, tuitou.
A ideia levantada por integrantes do governo Bolsonaro logo é contestada por Eduardo Grin. O cientista político explica que, esse “combate” ao Foro de SP é muito mais político do que real. Ou seja, algo simbólico desenvolvido pela nova direita e que não tem efetividade alguma.


2/O Foro de São Paulo infelizmente está vivo e se reunirá em 25/7, em Caracas, para fortalecer a coligação nefasta que fundamenta esse projeto de poder: socialismo-narcotráfico-corrupção-crime organizado-terrorismo.
3/De fato, o Foro de São Paulo hoje é isso: marxistas instrumentalizando traficantes e vice-versa, com o apoio de forças que, há 60 anos, tentam submergir a América Latina no totalitarismo e no atraso, destruindo a liberdade de nossos povos.

663 people are talking about this
“Esse é um governo que, se não tem algum inimigo, ele cria. Tem sempre uma força estranha e oculta, que não se sabe quem é, tentando fazer alguma coisa contra o país. Tem sempre o comunismo a espreita tentando de maneira clandestina se organizar. Estou usando essas expressões um pouco caricatas porque é dessa maneira que o governo vê o mundo”, diz o professor da FGV.
Para Eduardo Grin, o governo pensa, sobretudo, nas próximas eleições. “O bolsonarismo está retomando uma discussão de 30 anos atrás. Quem é que fala no comunismo hoje em dia? Mas, na construção ideológica do governo é importante manter esse discurso, pois temos que entender o contexto da luta política se está fazendo, já pensando nas próximas eleições”, complementa.
O PT no 25° Foro de SPA presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), não participará do encontro. Desde quando assumiu a presidência da sigla, em 2017, esta é a primeira vez que ela não participará. A assessoria de imprensa do partido informou que Gleisi não irá ao Foro por “questões de agenda”.
A direção nacional do PT, fundador do encontro, enviou uma nota, publicada nessa segunda-feira (22/07/2019), a respeito do 25º Foro de SP. A carta, postada em íntegra no site oficial do partido e no do encontro (leia), recomenda seis temas para debater durante o período. Entre eles, o recorrente “Lula livre!”.
Além de discutir a libertação do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril do ano passado, a sigla quer trabalhar com a paz na Venezuela e na Colômbia, pôr fim ao bloqueio econômico imposto pelos EUA contra Cuba e apoiar as candidaturas “progressistas e de esquerda” no continente.
Sendo assim, as diretrizes do PT para o 25º Encontro do Foro de São Paulo serão:
  1. Paz na Colômbia: pelo cumprimento dos Acordos de Paz de 2016, pelo fim do genocídio dos líderes sociais, pela apuração e punição dos responsáveis pelos 500 líderes sociais assassinados desde a assinatura dos Acordos;
  2. Paz na Venezuela: pelo fim da ingerência estadunidense nos assuntos internos da Venezuela, pelo fim das sanções econômicas, pelo direito à auto determinação do povo venezuelano e apoio aos Diálogos de Negociação entre as partes, auspiciados pelo Governo da Noruega, que ocorrem em Barbados.
  3. Fim do bloqueio econômico a Cuba e contra o acirramento das sanções econômicas recentemente determinadas pelo governo estadunidense (título 3 da Lei Helms-Burton).
  4. Apoio às candidaturas que representam os campos progressista e de esquerda nas eleições presidenciais de outubro deste ano na América do Sul: Alberto Fernández, na Argentina; Evo Morales, na Bolívia; e Daniel Matinez, da Frente Ampla, no Uruguai.
  5. Em defesa da democracia na região e contra a perseguição política e judicial das lideranças políticas e sociais da Região.
  6. Lula Livre!