Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Um filme sobre as glorias do passado na politica externa: A Era dos Gigantes, de Mauricio Costa
O documentário #EraDosGigantes, do o cineasta, e diplomata Maurício Costa terá sua estreia nacional no 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em sessão com entrada franca, no dia 25 de setembro, domingo, às 11h, no Cine Brasília.
Divulgação da sessão do filme, no seguinte link:
https://www.facebook.com/eradosgigantes.com.br/photos/a.459940794187713.1073741829.427162360798890/635337226648068/?type=3&theater
Entrevista com o diretor, sobre o filme, num site especializado, no seguinte link:
http://cinemacao.com/2016/09/20/entrevista-mauricio-costa-eradosgigantes/
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O título do filme remete ao conhecido livro de um dos ideólogos da política externa lulopetista, Samuel Pinheiro Guimarães, mas a sua versao em inglês não ajuda nisso, porque remete a uma famosa frase do mundo dos pesquisadores, desde os iluministas a Darwin.
Tenho a impressão que grande parte do filme é apologia dos companheiros e seus propagandistas dentro e fora da diplomacia.
Paulo Roberto de Almeida
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terça-feira, 13 de setembro de 2016
Balanço da politica externa do governo Dilma - Rubens Barbosa (OESP)
Minha observação é que esse balanço não se aplica apenas ao governo Dilma, mas ao "universo mental" (que reputo deformado) de toda a diplomacia lulopetista, pois Madame Pasadena nunca mandou nada, de fato, em seu governo, pelo menos não em política externa, onde o partido decidia qual deveria ser a linha a ser imposta à diplomacia profissional, e essa linha era a do "comitê central" do partido neobolchevique, mas fortemente influenciada, quando não dirigida, pelos companheiros de outras paragens.
A cidadania precisa se dar conta de uma triste realidade: assim como fomos governados, desde 2003, por uma organização criminosa -- e repito, um partido mafioso --, na política externa estivemos subordinados a interesses que não eram apenas os nossos, ou mais exatamente os do Brasil, e sim os de um grupo obscuro de mandantes na política externa que deram uma orientação bolivariana, para não dizer castrista.
Como sempre, assino embaixo do que escrevo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13 de setembro de 2016
Balanço da política externa do governo Dilma
quarta-feira, 27 de julho de 2016
Celso Amorim rebaixa uma politica externa que se diferencia da diplomacia lulopetista - Outras Palavras
Apenas uma amostra da entrevista:
"Chanceler nos dois governos Lula, Amorim protagonizou, junto com o então presidente, uma espécie de exceção transformadora. Em sua área, houve de fato uma virada estrutural. O Brasil abandonou a posição da subalternidade às potências hegemônicas – estabelecida desde a Colônia – e ensaiou no mundo sua condição diversa, mulata e, em certo sentido, moleque contra os poderes estabelecidos. A primeira vítima foi a ALCA...".
O vídeo pode ser visto no link abaixo.
Paulo Roberto de Almeida
Outro Brasil: hora de um novo projeto de país
Celso Amorim abre a série: “não estamos condenados à pequenez!”
Por Antonio Martins
Dois meses após o golpe parlamentar que levou ao poder um projeto várias vezes rejeitado pelas urnas, o cenário é de devastação. Por não ter pretensões eleitorais futuras, o governo Temer avança sobre direitos sociais e conquistas históricas sem pudores ou vacilações. Sente-se confortável pra mirar tanto objetivos imediatos (como o congelamento dos gastos sociais) quanto para promover retrocessos estratégicos (entrega do pré-sal, privatizações irrestritas, ataque aos direitos previdenciários e às garantias conquistadas pelos trabalhadores há décadas). Conta com confortável maioria parlamentar. Bloqueia o debate público de seus atos graças à blindagem de uma mídia que, agora, julga razoável tais medidas serem comandadas por um ministério repleto de denunciados pela Lava Jato. Desnorteada, a esquerda institucional ajuda a eleger, para a presidência da Câmara, um deputado claramente comprometido com o programa das contra-reformas. Como recuamos tanto, tão rapidamente? Como sair desta enrascada?
Em parceria com a produtora de vídeos Mova Filmes, Outras Palavras lança esta semana uma iniciativa que busca ajudar a encontrar respostas. Uma série de entrevistas, com pensadores e ativistas que se destacam pela profundidade e pelo compromisso com as lutas sociais, serão convidados a refletir sobre outro projeto para o país. A sequência é aberta por Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores. Ao comentar o abandono da postura internacional ativa e o retrocesso à velha posição subalterna, comandados por José Serra, Amorim reage e dispara: “Não estamos condenados à pequenez”.
Reconstruir um novo projeto nacional é indispensável por ao menos duas grandes razões. A primeira prende-se aos erros do passado recente. Aos poucos, fica claro: entre 2003 e 2016, o Brasil viveu um período de mudanças sociais importantes – porém, frágeis e superficiais. As estruturas que asseguraram cinco séculos de dominação jamais foram arranhadas. Preservou-se o sistema político oligárquico, o poder da aristocracia financeira, as isenções e privilégios tributários dos mais ricos, a concentração da propriedade da terra, o oligopólio que controla as comunicações de massa. Acreditou-se ingenuamente que poderiam seguir a orientação dos novos governos. Quando os verdadeiros donos do poder enxergaram uma conjuntura favorável, foi-lhes muito fácil livrar-se dos intrusos no Planalto e ministérios.
Mas se as reformas estruturais foram por tanto tempo adiadas, é porque se acreditou que não era necessário pensar um outro país. Bastava lutar para que, mantidas as mesmas dinâmicas, uma parcela maior da riqueza nacional fosse apropriada pelos desfavorecidos. Não se tratava de questionar a submissão das cidades ao automóvel – mas de estender a todos a chance de comprar um carro novo. Não era o caso de questionar o controle da terra pelo agronegócio (e todas as suas consequências devastadoras), mas de garantir que ninguém passasse fome, e que a proteína animal comparecesse mais vezes no prato de cada brasileiro.
A segunda razão crucial para Outro Brasil é a potência incompleta das novas lutas sociais – que têm como marco o Junho de 2013. Ecos das Jornadas continuam a ressoar. Reverberam hoje nas ocupações urbanas (dos sem-teto, dos secundaristas, dos produtores culturais). Ressurgem nos que teimam em acompanhar e solidarizar-se à luta indígena. Refermentam-se nos coletivos de jovens dispostos a articular trabalho profissional com ações pelo Direito à Cidade. Reaparecerão, em breve – agora com cheiro de multidão — nas campanhas dos trabalhadores para defender os direitos previdenciários e laborais, que o governo ilegítimo tentará atropelar com ímpeto, caso o golpe seja consumado.
Mas não parece claro, igualmente, que estas lutas precisam tramar um horizonte coletivo? Que país novo construiremos, se nos limitarmos a atitudes de defesa? Uma escola sem as velhas relações hierárquicas; um plano de preservação da Amazônia preservando a natureza e as culturas dos povos originários; uma nova inserção do Brasil na divisão internacional do trabalho e da produção; uma modelo agrícola que nos livre dos agrotóxicos e transgênicos; cidades onde Centro e Periferia não sejam reencarnações de Casa Grande e Senzala – nada disso sera possível sem a dura tarefa de voltar a formular um projeto de pais. De enxergar tanto as forças sociais reprimidas que ele poderá liberar quanto as resistências que enfrentará; os caminhos para vencê-las; as possíveis brechas no cenário mundial e brasileiro.
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domingo, 5 de junho de 2016
A politica externa brasileira na era lulopetista: uma selecao de trabalhos de Paulo Roberto de Almeida (2002-2016)
Meus trabalhos possuem caráter geralmente acadêmico, mas não posso recusar certa orientação opinativa (e portanto subjetiva, mas bem informada, pela minha condição de diplomata) sobre esses tempos não convencionais nas relações exteriores do Brasil, um período no qual a diplomacia brasileira esteve associada ao Foro de São Paulo (uma organização controlada pelos comunistas cubanos) e aos chamados bolivarianos.
Agora que isso passou, posso ser mais crítico, e incisivo, sobre esses anos de chumbo da diplomacia brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de junho de 2016; revisão e atualização: 22/06/2016.