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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

CREDN-SF: Itamaraty precisa explicar postura sobre Plano Trump para a Palestina

Governo deve explicar ao Senado posição brasileira sobre plano de Trump

10 de fevereiro de 2020 às 14:53 
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi convidado pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado a participar de uma audiência pública para explicar a posição do Brasil em relação ao chamado “acordo do século” proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para uma pretensa paz entre Israel e Palestina.
O convite foi proposto na última quinta-feira (6) pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) e aprovado pela comissão. Os parlamentares querem saber porque o o Ministério das Relações Exteriores divultou uma nota elogiando o plano de Trump, na qual o governo diz tratar-se de ” iniciativa valiosa que, com a boa-vontade de todos os envolvidos, permite vislumbrar a esperança de uma paz sólida para israelenses e palestinos, árabes e judeus, e para toda a região”.
A manifestação em favor de uma posição já abraçada por Israel mas condenada pelos palestinos indica uma mudança de posição da diplomacia brasileira, na opinião do senador.
“O Brasil tem uma história de relação tanto com Israel quanto com a Palestina. Nenhum país do mundo tem uma relação tão diplomática, tão intensa. Chamar o ministro para explicar essa mudança da posição do Brasil não significa contestar. Mas ignorar isso, creio que seria uma irresponsabilidade “- disse Amim.
Não é a primeira vez que Ernesto Araújo é convidado pela comissão a explicar a mudança no tratamento dos temas sobre a Palestina pelo Itamaraty. Há cerca de um ano, ele recebeu convite semelhante para explica a posição da diplomacia brasileira no Conselho de Direitos Humanos da ONU, quando votou contra resoluções que pediam a condenação de Israel por repressão a civis na fronteira da Faixa de Gaza.
À época, o ministro se manifestou por meio de um twitter, classificando a política anterior brasileira de “tratamento discriminatório contra Israel ” e “tradição espúria e injusta” com a qual estava rompendo.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Conflito EUA-Irã: generais Santos Cruz e Santa Rosa contra a adesão aos EUA

Generais Santos Cruz e Santa Rosa: Brasil deve ficar neutro em conflito

Depois do general Sérgio Etchegoyen comentar ao jornalista Tales Faria o ataque americano que matou o iraniano Qassim Suleimani, dois outros generais falaram à coluna sobre o assunto. Maynard Santa Rosa e Carlos Alberto dos Santos Cruz, ambos ex-integrantes do governo do presidente Jair Bolsonaro, defendem que o Brasil deve manter a neutralidade em relação ao conflito entre Estados Unidos e Irã.
Ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Santos Cruz afirma, em texto enviado à coluna (leia a íntegra abaixo), que estimular a resolução pacífica dos confrontos é uma tradição brasileira. "Qualquer posicionamento, nesse caso, fora da neutralidade e imparcialidade é falta de noção de consequência e irresponsabilidade", escreveu ele.
Em breve entrevista (leia a integra abaixo), o general Santa Rosa, que até o início de novembro era o responsável pela Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Bolsonaro, diz não enxergar risco direto para o Brasil, por ser um país que tem boa relação com as duas partes. A atual postura de proximidade ao governo americano não seria um problema. "Esse alinhamento é mais um discurso do que uma práxis", analisa Santa Rosa.
Os dois generais da reserva, que estão entre os mais experientes e respeitados do Exército Brasileiro, também analisaram o contexto politico-econômico do ataque.
A seguir, a entrevista de Santa Rosa e o texto de Santos Cruz:

ENTREVISTA DO GENERAL MAYNARD SANTA ROSA
UOL - Como o sr. interpreta o ataque americano que matou o general iraniano Suleimani em solo iraquiano?
General Santa Rosa - Do ponto de vista estratégico, vejo o incidente como uma forma de os Estados Unidos voltarem a exercer protagonismo e a ocupar um espaço midiático na região, perdido para a Rússia e a China, após o revés sofrido na Síria e o fiasco político no Iraque.
Quais os riscos para o Brasil?
Não há risco direto para o Brasil. Temos bom relacionamento com ambas as partes.
Mesmo com nosso atual alinhamento diplomático com os Estados Unidos?
Esse alinhamento é mais um discurso do que uma práxis.
O efeito será global, pela desestabilização causada. Pode haver reflexos no preço do petróleo, afetando o interesse chinês. Pode refletir-se na Turquia, colocando Erdogan em cheque. Mas, favorece a Arábia Saudita e seus aliados sunitas.
Qual a avaliação do posicionamento do governo Bolsonaro sobre o assunto, até aqui?
A melhor estratégia deveria ser o silêncio.
O melhor termômetro para medir a crise será a posição de Putin. Até o momento, permanece enigmática.

TEXTO DO GENERAL CARLOS ALBERTO DOS SANTOS CRUZ
Esse ataque dos Estados Unidos que matou o general Suleimani, sem dúvida deve gerar reações da parte iraniana, que não precisam necessariamente ser imediatas. As animosidades entre os dois países já são antigas e esse tipo de escalada de conflito sempre tem consequências ruins.
Para o Brasil, as reações imediatas em bolsas de valores e preço do petróleo por exemplo, são absolutamente normais e possíveis de administração sem nenhum problema mais significativo. Normalmente essas alterações são passageiras e perfeitamente administráveis. Também não acredito que os dois países vão entrar numa guerra clássica de alta intensidade. A comunidade internacional toda está empenhada em solicitar cautela.
Os atritos e os conflitos entre EUA e Irã já têm uma longa história, que começa depois da Revolução Islâmica em 1979 quando foi retirado do poder o Mohammed Reza Palhavi. O Brasil jamais tomou partido nessa animosidade. Não tem razões para isso.
O nosso país tem excelentes relações com EUA e Irã e o melhor caminho é a neutralidade e a imparcialidade no caso. A participação do Brasil é importante para somar sua voz à comunidade internacional que se manifesta pelo equilíbrio, pelo bom senso e pela desescalada do conflito.
Isso não é pela preservação de relações comerciais do Brasil. As manifestações por uma solução pacífica devem ser genuinamente pelo desejo do Brasil de sempre colaborar com a paz mundial e de estimular a resolução pacífica de conflitos. Essa é a nossa tradição e característica. Qualquer posicionamento, nesse caso, fora da neutralidade e da imparcialidade é falta de noção de consequência e irresponsabilidade.

sábado, 8 de março de 2014

Venezuela: prematuro o envio de missao da OEA ao pais: afinal, sao apenas 21 mortos ate agora...

Acho que vamos ter de esperar por 30 ou 40 mortos, ou mais, e, talvez, alguns 300 ou 500 feridos, mais 2 mil presos, e mais alguns meios de comunicações fechados, para voltar a examinar novamente a questão...
Ainda é prematuro: nunca se perde por esperar o melhor, dos decisores políticos.
Ou o pior...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil vota contra missão da OEA na Venezuela

  • O Itamaraty votou contra o envio de uma missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) e se opôs a uma reunião de chanceleres do grupo para tratar da situação do país
O Globo, 7/03/2014

A presidente Dilma Rousseff e o presidente da República da Venezuela, Nicolás Maduro, seguram uma imagem de Hugo Chávez em Brasília Givaldo Barbosa / Agência O Globo-9-5-2013
BRASÍLIA - O Itamaraty informou nesta sexta-feira que o Brasil votou contra o envio de uma missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) à Venezuela, bem como se opôs à realização de uma reunião de chanceleres dos países que compõem a OEA para tratar especificamente da situação venezuelana.
Segundo o Itamaraty, a posição do governo brasileiro é que seria prematuro adotar qualquer uma das propostas neste momento, pois isso só serviria para acirrar tensões na Venezuela.
As duas propostas foram levantadas durante reunião extraordinária da OEA que se realiza desde quinta-feira, em Washington, na sede da entidade. Ambas foram rejeitadas. A reunião ainda está em andamento. O representante interino do Brasil na OEA é o ministro de segunda classe Breno Dias da Costa.

Países aliados a Maduro impedem resolução da OEA

  • Chanceler venezuelano considera uma vitória que organização não envie missão ao país
  • Reunião termina sem decisão sobre como responder à crise
WASHINGTON — Devido à divergência entre seus membros, o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) terminou uma reunião de oito horas na madrugada de sexta-feira sem chegar a um acordo sobre o texto de uma declaração política e convocar chanceleres para analisar a crise na Venezuela. As deliberações serão retomadas nesta manhã e, na quarta-feira, os países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reunirão no Chile para tratar novamente da situação no país, onde 20 pessoas morreram em um mês de violentos protestos antigoverno. Para o chanceler venezuelano, Elias Jaua, no entanto, o fato de não ter sido considerado o envio de uma missão da organização ao país é considerado uma vitória.
— Nosso povo tem que estar satisfeito pelo respeito, amor e admiração que semeou Hugo Chávez por nosso país e esse amor semeado na América Latina teve uma nova colheita, rechaçando qualquer tipo de intervenção na pátria de Simón Bolívar — disse Jaua, que em entrevista à Telesur ressaltou o apoio recebido dos países latino-americanos, destacando o do Brasil e lembrando que em 2002 o governo brasileiro enviou combustível diante de uma crise que o país atravessava.
O apoio dos blocos da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) e Caricom ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, determinou que nem fosse contemplada a possibilidade de se convocar os chanceleres da OEA para discutir a resposta conjunta da organização, nem o envio de uma missão de observação, duas opções que haviam sido duramente criticadas pelo presidente Maduro durante os atos de homenagem do aniversário de um ano da morte de Hugo Chávez.
O embaixador da Venezuela, Roy Chaderton, classificou os objetivos da OEA de “intervencionistas”.
— O que está claro é que eles foram bem-sucedidos em retardar propósitos intervencionistas dos organizadores deste Conselho — afirmou Chaderton, depois de uma maratona de reuniões a portas fechadas que começou por volta das 17h30 e terminou na madrugada desta sexta-feira.
O embaixador panamenho Arturo Vallarino disse no final da jornada que uma quantidade substancial de países membros considerou prematura sua solicitação de convocar os chanceleres do continente para analisar a situação na nação sul-americana, pelo que se pôs de lado essa ideia para se concentrar em uma declaração proposta pela Bolívia.
Mas o diplomata panamenho indicou que não se chegou a um acordo sobre nenhum dos cinco pontos incluídos no texto boliviano e atribuiu o fracasso ao fato da Venezuela e seus aliados terem rejeitado uma proposta peruana para que o secretário geral da OEA desse continuidade ao diálogo que o presidente Nicolás Maduro iniciou com alguns setores da oposição.
— O que dá conteúdo à resolução é a proposta do Peru de dar seguimento através do secretário-geral, mas eles têm rejeitado — indicou Vallarino.
Os três governadores da oposição se ausentaram de uma reunião convocada no mês passado por Maduro como protesto pela prisão do líder da oposição Leopoldo López, que consideram ilegal.
A sessão começou com quase quatro horas de atraso depois de uma votação em que se decidiu mantê-la a portas fechadas. A embaixadora americana Carmen Lomellin qualificou como inaceitável que este hemisfério fique calado, que não fale por meio de sua instituição mais importante sobre o que ocorre na Venezuela.
As deliberações acontecem enquanto em Caracas um agente da Guarda Nacional e um civil morreram baleados em meio a um violento confronto entre vizinhos e grupos armados em motocicletas que tentavam retirar uma barricada, o que eleva para 21 o número de mortos nos protestos contra o governo de Maduro.
Chanceleres da Unasul discutirão crise na Venezuela
Os ministros das Relações Exteriores dos países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reunirão em Santiago na próxima quarta-feira, na ocasião da posse da presidente eleita Michelle Bachelet, e aproveitarão para discutir o impasse político na Venezuela. .
- Haverá uma reunião de chanceleres da Unasul, mas para ter essa iniciativa primeiro consultaremos o governo venezuelano por cortesia - anunciou na quinta-feira o presidente do Equador, Rafael Correa.
Correa ressaltou que a Venezuela “é um país soberano” e que “dentro dos protestos há pessoas que recebem financiamento exterior, visando desestabilizar o governo legítimo de Nicolás Maduro”.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/paises-aliados-maduro-impedem-resolucao-da-oea-11809211#ixzz2vLR8yPTY 
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