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segunda-feira, 4 de julho de 2016
Cambio e comercio exterior: entrevista com Rubens Barbosa - O Antagonista
Quando é que isso vai acabar?
Eu não sei: mas ouso afirmar que será quando os capitalistas brasileiros se organizarem para liquidar com o Estado brasileiro. Atenção, eu disse LIQUIDAR, e I mean it...
Paulo Roberto de Almeida
Câmbio não é livre em lugar algum, diz Rubens Barbosa
Por Márcio Juliboni
O Antagonista, 03 de Julho de 2016
Passado o susto com a decisão dos britânicos de deixar a União Europeia, o dólar voltou a recuar em relação ao real. O movimento foi reforçado pela sensação dos investidores de que a nova diretoria do Banco Central não iria mesmo intervir na taxa de câmbio. Mas o cenário mudou após o BC vir a campo na sexta-feira (1), realizando a primeira intervenção no mercado de câmbio desde 18 de maio.
O movimento de alta da moeda norte-americana ganhou força ao longo do dia, após as declarações do presidente do BC, Ilan Goldfajn, de que estão abertas as condições, no Brasil e no exterior, para reduzir os estoques de swaps cambiais. Goldfajn reafirmou, contudo, seu compromisso com o regime de câmbio flutuante. Pelo sim, pelo não, o movimento foi interpretado pelo mercado como o estabelecimento de um novo piso para o dólar: R$ 3,20.
Para o embaixador Rubens Barbosa, presidente do conselho superior de comércio exterior da Fiesp, a reação do BC é bem-vinda e necessária. Ele lembra ainda que a indústria defendia a medida havia tempos. Embora o câmbio flutuante faça parte do tripé macroeconômico que sustentou a estabilização do país desde o Plano Real, é temerário segui-lo ao pé da risca. “Nenhum país do mundo tem um câmbio totalmente flutuante, livre, hoje em dia”, afirma Barbosa a O Financista. “Todos os países administram suas taxas: Estados Unidos, China...”. Leia a seguir os principais trechos da conversa:
O Financista: Como o senhor avalia a intervenção do BC nessa sexta-feira?
Rubens Barbosa: Ela foi muito importante. Foi positiva e bem-vinda, porque a indústria já pedia, havia tempos, alguma reação do Banco Central.
O Financista: O mercado interpretou a intervenção como o estabelecimento de um novo piso de R$ 3,20 para o câmbio. Esse patamar é bom para a indústria?
Barbosa: Eu acredito que a intervenção não teve o objetivo de estabelecer um novo piso. Acho que o BC agiu para mostrar que está atento ao câmbio. Agora, o novo piso é algo que deve ser discutido mais adiante.
O Financista: Mas seria o caso de manter o câmbio ao redor de R$ 3,50?
Barbosa: Do ponto de vista dos exportadores, sim. Mas o BC não pode tomar decisões isoladas do mundo. Agora, se o país não criar condições para que as exportações voltem a crescer, a balança comercial será prejudicada. O que estou dizendo é que não se pode pensar na política macroeconômica desvinculada da política industrial e comercial, algo que os economistas brasileiros estão acostumados a fazer. Além disso, nenhum país do mundo tem um câmbio totalmente flutuante, livre, hoje em dia. Todos os países administram suas taxas: Estados Unidos, China...
O Financista: Para a indústria, é melhor que o BC intervenha no câmbio?
Barbosa: O BC precisa acompanhar o que ocorre no mundo. Há toda essa instabilidade recente dos mercados, e o BC tem todo os dados para avaliar a situação. Agora, do ponto de vista macroeconômico, a queda do dólar ajuda apenas pontualmente, como no caso da importação de feijão. Mas manter os juros elevados, em um cenário de inflação convergindo para a meta e câmbio em queda... Isso cria uma situação delicada para alguns setores industriais.
O Financista: Segundo o último boletim Focus, do BC, a expectativa é de um saldo comercial de US$ 50,76 bilhões neste ano. No atual patamar de câmbio, esse saldo pode cair?
Barbosa: Acho que essa projeção foi feita com um câmbio estimado ao redor de R$ 3,50. A queda do dólar tem um efeito muito negativo para a indústria. Como o Custo Brasil é elevado, muitos setores conseguem ser competitivos na exportação por causa do câmbio. Os empresários com quem converso dizem que, com a taxa entre R$ 3,50 e R$ 3,70, conseguem uma pequena margem nas exportações, mas conseguem. Abaixo desse patamar, há um problema sério, porque a margem acaba. O câmbio não é tudo, mas ajuda.
O Financista: O saldo comercial pode cair, então?
Barbosa: Os setores que mais se beneficiaram com a alta do dólar, como o têxtil, calçadista, papel e celulose e máquinas e equipamentos, já estão sentindo dificuldades. As importações estão caindo, mas o problema é que as exportações podem crescer num ritmo menor que o atual. Com isso, o saldo pode desacelerar. Desse jeito, não sei se a projeção poderá ser mantida.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Russia e Brasil: ah, essas vibrantes potencias economicas emergentes...
O gato comeu?
O dólar comeu, para ser mais exato...
Toda essa exaltação com grande números de PIB, ficar entre as dez maiores economias do planeta, se pavonear que somos maiores que essas economiazinhas da Europa, enfim, tudo isso é feito à base de muito anabolizante, ou seja, valorização cambial.
Basta o dólar dar uns pulinhos, ou melhor, basta a moeda nacional dar uns saltinhos para baixo, feito de baixo crescimento do PIB, perda de competitividade nas exportações (que seja de matérias primas ou de manufaturados, não importa muito), desequilíbrio nas transações correntes, e zut, lá vai a economia deslizando ladeira abaixo, e com ela o nosso PIB per capita.
A Rússia e o Brasil tinham uma economia mais ou menos equivalentes em peso, eles com uma população um quarto menor e um PIB per capita proporcionalmente mais elevado.
Pronto: bastou o Putin fazer o diabo na Ucrânia, e o petróleo vir abaixo, que acabou a alegria dos magnatas russos e também da classe média alta. Já não vai dar mais para esquiar na Suíça, vão ter de se contentar com as montanhas da Chechênia mesmo...
Os brasileiros ainda continuam indo a Paris, Orlando, Miami e Nova York, mas se o deslizar do câmbio continuar, vai ficar mais caro, assim como para os russos.
Eles chegaram a ficar mais pobres do que os brasileiros, mas depois se recuperaram um pouco, assim como os brasileiros, com as fortes intervenções dos dois bancos centrais nos mercados de câmbio.
Mas, se as notícias continuarem ruins, nem os bancos centrais vão aguentar o tranco.
Compilei estatísticas de conjuntura, para mostrar essa desgraça toda...
Paulo Roberto de Almeida