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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O Banco Central insiste no bolivarianismo; e eu quero ser processado pelo BC - Paulo Roberto de Almeida

A diretoria, talvez o presidente, querem transformar o BC na mesma instituição orwelliana, totalitária, na qual os companheiros se esforçam para tornar o Brasil?
Eles conseguem ser apenas ridículos e patéticos....

Como pretendo me solidarizar com meu colega blogueiro e amigo Alexandre Schwartsman, vou pedir à Diretoria Jurídica do BaCen, e ao seu Departamento de Casos Ridículos e Esquizofrênicos, que me processe pelas seguintes difamações (desculpem a caixa alta mas é para chamar atenção):

O BC COMETE CRIME ECONÔMICO CONTRA TODOS OS BRASILEIROS, AO NÃO CUMPRIR A  DETERMINAÇÃO DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, NO SENTIDO DE MANTER A TAXA DE INFLAÇÃO NA META (JÁ ALTA) FIXADA EM 4,5%. NUNCA CUMPRIU, E ISSO RETIRA PODER DE COMPRA (BEM ACIMA DESSA TAXA) DE TODOS OS CIDADÃOS, SOBRETUDO OS MAIS POBRES.

O PRESIDENTE DO BC MENTIU AO CONGRESSO QUANDO PROMETEU, EM 2011, ENTREGAR EM 2012, UMA TAXA NA META.


Ou ele mentiu deliberadamente, ou acomodou-se ao resto do governo que nunca pretendeu cumprir a meta, pois seus economistas keynesianos de botequim acreditam, como todos os furtadianos, que um "pouquinho" de inflação não tem importância, pois o mais importante é garantir crescimento e emprego. Os incompetentes não conseguiram crescimento e não contiveram a inflação.

Pronto, já fiz a minha difamação. Quero ser processado pelo BaCen.

Paulo Roberto de Almeida

BC vai recorrer contra declarações de Schwartsman

Valor Econômico, 8/08/2014, 08h14

BRASÍLIA  -  A Procuradoria-Geral do Banco Central (BC) vai recorrer contra a decisão da Justiça Federal que negou seguimento à queixa-crime oferecida contra o economista Alexandre Schwartsman por críticas duras à gestão da instituição no combate à inflação.
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A lista de queixa-crime do Banco Central deve aumentar?

Como a norma do Brasil agora é processar quem fala mal de algumas instituições, vou fazer o meu dever de cidadão e ajudar o Banco Central a mapear quem fala mal desta instituição. Talvez seja o caso de começar uma queixa-crime contra cada um dos nomes abaixo. Ou não? O melhor seria levar isso para o debate econômico e não para a justiça.
(1) Luiz Gonzanga Beluzzo: 27 de janeiro de 2007 no portal vermelho (clique aqui).
O que faz hoje? É um dos conselheiros da Presidente Dilma
Crime: acusou Banco Central de ser incompetente
“Na opinião de Belluzzo, uma dessas falsas políticas vem sendo implantada pelo Banco Central (BC). O professor da Unicamp é duro crítico da gestão Henrique Meirelles. “O Banco Central executa uma política de câmbio e juros desastrosa e incompetente”.
(2) Aloízio Mercadante: 10 de outubro de 2002 (clique aqui).
O que faz hoje? Ministro chefe da Casa Civil da Presidenta Dilma
Crime: acusou o Banco Central de favorecer especulação no mercado cambial para favorecer candidato do governo José Serra.
“Falta ação do BC e do governo com o compromisso com a estabilidade”, disse Mercadante a jornalistas no comitê de campanha do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, da coligação encabeçada pelo PT.
Espero que esse movimento (do câmbio) não seja mais uma vez uma aliança preocupante entre a especulação imediatista de setores do mercado, que têm títulos indexados ao câmbio com vencimento dia 17, e setores do governo que acham que a instabilidade e a crise ajudam a candidatura do governo…”
(3) Luciano Coutinho – 25 de dezembro de 2005 (clique aqui)
O que faz hoje? Presidente do BNDES.
Crime: acusou o Banco Central de tomar decisões pouco sensatas e o Copom de incompetente, o que nos levou, em 2005, crescimento magro do PIB (Produto Interno Bruto), dívida mobiliária inflada, câmbio superapreciado, investimentos prejudicados.
“O ano de 2005 termina com resultados macroeconômicos bisonhos, aquém das promessas e das expectativas…..Essa mediocridade foi provocada, como sabemos, pela política de juros reais muito altos que o Banco Central perseguiu desde o ano passado.
…… O custo da incompetência do Copom está aí, inegável: no plano fiscal, cerca de 2,2 pontos percentuais do PIB em encargos adicionais de juros (a bagatela de R$ 42 bilhões!); no plano econômico, uma taxa de crescimento anêmica, com sacrifício de decisões de investimento”
…. Enfim, no que tange ao funcionamento do Copom/BC, a sociedade não pode mais continuar refém de um arranjo institucional mal-ajambrado, em que convivem falta de independência formal com arbítrio informal, auto-suficiente e sem responsabilização por erros onerosos que poderiam ter sido evitados.”
(3) Luiz Inácio Lula da Silva – 6 de julho de 2001 (clique aqui)
O que faz hoje? Palestrante e politico influente.
Crime: acusou o Banco Central de tomar decisões para controlar taxa de câmbio em 2001 que prejudicavam os brasileiros.
“O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que a medida anunciada pelo governo para conter a alta do dólar é “uma pedrada jogada na cabeça do povo brasileiro”: “Um governo que resolve destinar US$ 1 bilhão por mês para garantir o não-aumento do dólar é um governo que deveria reconhecer que a nossa economia está debilitada.”
PS: Hoje o Banco Central gasta muito mais de US$ 1 bilhão por mês para controlar a taxa de câmbio. 
(4) Maria da Conceição Tavares – 26 de outubro de 2004 (clique aqui)
O que faz hoje? Professora da UNICAMP e UFRJ.
Crime: acusou os diretores do Banco Central de serem todos débeis mentais, ignorantes e piranhas financeiras”.
Ela não poupou, porém, a atual gestão do Banco Central, instituição que classificou de “fraca” e “ruim”. Sem citar nomes, chamou os diretores do banco de “bando de falcõezinhos”, “débeis mentais” e “ignorantes”, que usam o prestígio adquirido no governo para depois voltarem ao mercado e fazerem fortunas.
Quem está sentado na Fazenda e no BC, em geral, é conservador. Daí a ser vendido, débil metal, ignorante, piranha financeira e fazer um rentismo [privilegiar os ganhos de capital, no lugar da produção] desvairado, as coisas mudam de figura.”
CONCLUSÃO
A lista acima poderia continuar e seria longa. Mas os nomes acima servem para dar uma boa ideia da importância do Banco Central resgatar sua honra e começar uma queixa-crime contra cada um dos nomes acima. Será que é isso que esperamos do Banco Central? 
Se isso acontecesse, toda a diretoria do BACEN perderia o emprego no dia seguinte. Imaginem o BACEN processar um ministro de estado e pessoas simpatizantes do partido no poder. É claro que estou brincando e o correto não é processar quem fala mal do Banco, mas aceitar essas criticas porque isso sempre aconteceu e o Banco Central precisa saber conviver com essas criticas ácidas. Até porque se o PT sair do governo a critica será ainda mais feroz.
A grande diferença no caso atual da queixa-crime do Banco Central contra o economista Alexandre Schwartsman é que antes se falava MUITO mal do Banco Central e nem por isso Meirelles e Armínio Fraga mandavam abrir um processo de queixa-crime. Hoje, ao que parece, a prática mudou. O que me deixa entristecido e MUITO preocupado.
O Banco Central criou um barulho desnecessário e colocou em xeque sua independência (estou falando aqui do ponto de vista estritamente técnico). E se isso começou acontecer até mesmo com Banco Central do Brasil, que tem uma quadro técnico excelente, imaginem o que está por vir ……. “Senhor, eu tenho dúvidas (e medo)”

A politica brasileira ficou inerentemente corrupta...

...e o governo dos companheiros ainda a converteu em desavergonhadamente, indecentemente, geneticamente corrupta, muito mais corrupta do que ocorreria naturalmente pelos instintos dos políticos.
Isso por uma razão muito simples; políticos em geral são pessoas que sabem mentir, isso a pretexto de fazerem o bem: promete-se bondades que sabem que jamais serão cumpridas, emprego, aumento de salário, casas, etc. Nisso eles recebem contribuições de empresas, de lobistas, de sindicatos, porque precisam desses recursos para se eleger, e cuidar dos seus próprios instrumentos para adquirir fortuna pessoal, prestígio político, e novos sucessos eleitorais.
O PT introduziu uma dimensão nova nesse jogo: a da organização política. Antes a corrupção era um empreendimento individual, em escala artesanal, ou manufatureira, se ouso dizer.
Agora a corrupção se tornou em um empreendimento gigantesco, escala industrial e de grande corporação. Isso não impede a continuidade das outras formas de corrupção, que seguem seus próprios canais.
Sendo uma associação mafiosa, o PT elevou a corrupção a uma escala inimaginável na história brasileira. Nunca Antes na história do Brasil tínhamos tido uma máfia tomando o Brasil de assalto, e mais ainda, querendo tornar isso permanente, pelos instintos bolcheviques e totalitários que eles têm.
Se o Brasil não se livrar da máfia agora, não vai conseguir, não digo eliminar, mas controlar diminuir as outras formas de corrupção, que vão continuar existindo, pois isso é uma forma "normal" do jogo político.
Paulo Roberto de Almeida 
Sempre que Gilberto Carvalho fala, o mundo, o Brasil em particular e, muito especialmente, a política se tornam menos pudorosos, menos decentes, menos inteligentes e inteligíveis, menos sensatos, menos honrados. É impressionante a capacidade que este senhor, que é secretário-geral da Presidência, tem de penetrar no terreno do grotesco, do absurdo e do asqueroso. Neste domingo, algum figurão do Planalto tinha de vir a público para tentar dar uma resposta às graves acusações que Paulo Roberto Costa, o engenheiro da Petrobras que está preso, fez em depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Ora, para tarefa tão espinhosa, só mesmo alguém da, digamos, estatura de Carvalho.
Segundo Paulo Roberto, as empreiteiras que faziam negócios com a Petrobras pagavam uma comissão a um grupo de políticos que incluía três governadores de Estado, seis senadores, um ministro, um ex-ministro, 25 deputados e o tesoureiro de um partido. É o petrolão. O esquema fraudulento funcionou nos oito anos do governo Lula — que, afirma Paulo Roberto, sempre soube de tudo — e estava a pleno vapor na gestão Dilma, até ser desbaratado pela Polícia Federal. A denúncia atinge em cheio três partidos: PP, PMDB e, muito especialmente, o PT.
A candidata Dilma Rousseff falou sobre o assunto — o que deixo para outro post. Carvalho se manifestou, reitero, como a voz do governo. E não viu mal nenhum em falar uma penca de barbaridades, que indicam o buraco no qual o país pode estar a se meter caso Dilma Rousseff seja reeleita.
Gilberto Carvalho, acreditem, para escândalo da lógica, do bom senso e da vergonha na cara, disse o seguinte: “Enquanto houver financiamento empresarial de campanha, e as campanhas tornarem-se o momento de muita gente ganhar dinheiro e de se mobilizarem muitos recursos, eu quero dizer: não há quem controle a corrupção enquanto houver esse sistema eleitoral. Isso é com todos os partidos. Não há, infelizmente, nenhuma exceção”. O que Carvalho está dizendo é o seguinte: “Nós, do PT, somos corruptos, sim, mas todos são”.
Ora, o que o financiamento privado de campanha tem a ver com o antro em que se transformou a Petrobras? Digamos que o dinheiro do estado financiasse os partidos. Será que a empresa estaria protegida contra larápios? A resposta, obviamente, é “não”. Ao contrário: no dia em que o financiamento privado for proibido, aumentará o volume de caixa dois nas campanhas, e as estatais estarão ainda mais sujeitas ao assalto.
Para lembrar: a lista dos que receberiam propina do Petrolão inclui, entre outros, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB). Paulo Roberto acusa ainda Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, e atinge o coração do Congresso: estão no rol o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). PT, PMDB e PP seriam os três beneficiários do esquema, que teria também como contemplados os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR), e os deputados  João Pizzolatti (PP-SC) e Candido Vaccarezza (SP), além de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.
Carvalho tentou, adicionalmente, desqualificar a acusação, como se tudo não passasse de uma tramoia da oposição. Até parece que Paulo Roberto Costa procurou a sede do PSDB para fazer sua denúncia. Errado! Ele já gravou 42 horas de depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público.
Um dos principais ministros de Dilma, vejam vocês, quer aproveitar mais um escândalo que pega em cheio o PT como pretexto para fazer uma reforma política que privilegiaria o seu partido e ainda elevaria exponencialmente o volume de caixa dois nas campanhas, o que deixaria as estatais ainda mais sujeitas à sanha dos companheiros.
Texto publicado originalmente às 4h19

A frase da semana: patriotismo e dedicacao ao pais

A frase da semana, a propósito das formas corretas de patriotismo:

Não existe forma maior de patriotismo do que ser um crítico implacável do próprio país, saber que é praticamente impossível consertá-lo durante o período da própria vida e mesmo assim não pensar em nenhum momento em desistir de devotar sua vida a serví-lo.

Rafael Pavão,
Grupo de Estudos Lobos da Capital
Brasília

Across the Empire (11): de Portland, OR a Tacoma, WA, pelo Pacífico


Crossing the Empire, 2014 (11)
De Portland, OR a Tacoma, WA, pelo Pacífico

Paulo Roberto de Almeida
Postado no blog Diplomatizzando (8/09/2014; link: )

            Domingo, 7 de setembro, foi um dia inteiramente dedicado a uma nova etapa da viagem: saímos de Portland, Oregon, em direção a Tacoma, no estado de Washington, o mais setentrional e ocidental nos EUA, no canto superior esquerdo (não contando o Alaska), em face da Colúmbia Britânica, do Canadá, onde fica Vancouver, nossa etapa seguinte. Em vez de seguir diretamente, pela autoestrada 5, decidimos ir pela costa do Pacífico, e hoje foi verdadeiramente o dia em que acabamos de viajar em direção ao ocidente, parando no Pacífico. Literalmente, banhei minhas mãos nas águas do Pacífico, tendo viajado desde Portland para a costa via estradas 26 e 6, através de uma floresta estatal enorme, milhões de pés de pinheiro, provavelmente replantados.
            Ao subir a costa norte do Pacífico, pela estrada 101– que já conhecíamos de largos trechos na Califórnia –, paramos numa cidade chamada Garibaldi, mas que provavelmente não tem nada a ver com o próprio, a não ser alguma homenagem singela ao libertador italiano por alguns precoces habitantes oriundi. Foi lá que fiz a única foto da viagem, reproduzindo a fachada do museu marítimo. A escultura em bronze do pátio fronteiro não tem nada a ver com Garibaldi, e sim com o explorador John Gray, quem primeiro devassou as costas do Oregon.

            Depois disso, almoçamos num excelente restaurante perto dali: Pirate’s Cove. Comi um sole com amêndoas, e Carmen Lícia um halibut empanado, com fritas, e eu com salada verde. Para acompanhar, dois pinots do Oregon, eu um branco, Carmen Lícia um tinto. No resto da viagem foram apenas paradas para descanso e para reabastecimento. Chegamos a Tacoma, no estado de Washington, cerca de 21hs, para descansar num Holiday Inn. Amanhã passeios na cidade e depois vamos para Seattle.
            Paulo Roberto de Almeida
            Tacoma, 8 de setembro de 2014

Amazon Brasil em funcionamento: descobri livros meus, com precos interessantes...

Avisado por um amigo, fui verificar: de fato, lá estava um dos meus livros, oferecido, ao que parece, a preços inferiores aos de uma concorrente. Procurando pelo nome em http://www.amazon.com.br/, acabei achando outros...
Neste link.
Paulo Roberto de Almeida
(PS.: Desculpem a desordem do arranjo abaixo: copiar e colar nunca funciona muito bem com colunas pré-formatadas...).

Clique para abrir visualização expandida

Os Primeiros Anos Do Século XXI por Paulo Roberto de Almeida (7 Nov 2005)


O Brasil e o Multilateralismo Econômico por Paulo Roberto de Almeida

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A Grande Mudança por Paulo Roberto de Almeida (1 Jan 2003)

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Relações Internacionais E Politica Externa Do Brasil [Português] [Capa comum]

Paulo Roberto de Almeida
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O Príncipe, revisitado: Maquiavel para os contemporâneos por Paulo Roberto Almeida e Pedro Paulo Palazzo de Almeida (8 Set 2013)

 

Powers and Principles: International Leadership in a Shrinking World por Michael Schiffer, David Shorr, Suzanne Nossel e Nikolas Gvosdev (31 Dez 2008)

A pergunta de dois milhoes de dolares: como demitir a si mesm@???!!!

Primeiro as notícias: 
(da coluna diária do jornalista Políbio Braga)

Dilma diz que quer ver "provas concretas" antes de decidir se demite seu ministro de Minas e Energia

A presidente Dilma Rousseff reafirmou, neste domingo que aguardará informações oficiais dos órgãos de investigação sobre o teor do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, para só então decidir se demite o ministro Edison Lobão.
. A presidente diz que não há informação do que ele foi acusado:

- A revista “Veja”, que deu essa matéria, ela mesma diz, e depois toda a imprensa diz que o depoimento foi criptografado e colocado num cofre. Eu gostaria muito de ter acesso a essas informações de forma oficial. Eu preciso dos dados que digam respeito, ou que tenham alguma interferência no meu governo. Enquanto não me derem os dados oficialmente, não tenho como tomar uma providência. Ao ter os dados, eu tomarei todas as providências cabíveis, tomarei todas as medidas, inclusive se tiver de tomar medidas mais fortes.
. Dilma está sendo apenas esperta, porque o caso não atinge apenas seu ministro das Minas e Energia, mas parlamentares e governadores da sua base aliada, inclusive o tesoureiro do seu Partido, o PT, João Carlos Vaccari. 
. O caso só está começando. 
 

Aécio avisa que Dilma "sempre soube de tudo sobre as propinas na Petrobrás".

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, cobrou uma manifestação mais contundente da presidente Dilma Rousseff sobre a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que denunciou um esquema de propinas envolvendo políticos do PT e da base do governo na Câmara e no Senado em obras da Petrobras. Aécio voltou a chamar o episódio de "mensalão dois".
. Aécio vem subindo o tom e poderá usar o tema no seu programa de terça-feira:
- Não dá para a presidente Dilma dizer que não sabia o que vinha acontecendo. A marca mais perversa do governo do PT é o aparelhamento do Estado. Eles têm um plano para se perpetuar no poder, causando situações como esta da Petrobras.


Agora a pergunta:
Havendo provas, @ chefe do Executivo deveria demitir todos os envolvidos, certo?
Isso implica demitir a si mesm@?
A questão é apenas filosófica...
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 7 de setembro de 2014

Banco Central bolivariano? - Selva Brasilis

Apenas transcrevendo os propósitos de um economista indignado, como eu, com a atitude do Banco Central.

Então, qualquer político, qualquer sindicalista, qualquer industrial pode acusar o Banco Central e seus diretores de estarem a serviço dos banqueiros, de serem apenas um instrumento dócil nas mãos do tal de capitalismo financeiro internacional, e não acontece nada com eles?

E um economista sério, que faz artigos com opiniões fundamentadas sobre as c......s que o Banco Central vem fazendo em termos de política monetária, merece uma denúncia, uma queixa-crime, como se fosse um inimigo do Brasil?

Ridículo, patético, inaceitável.

Paulo Roberto de Almeida 

 

O Ridículo, Covarde e Boçal Bacen Bolivariano

Blog Selva Brasilis, 6/09/2014
Se o Bacen ainda tinha alguma reputação ele acabou de perdê-la ao abrir um processo ridículo contra o economista Alexandre Schwartsman por ter feito críticas a péssima condução da política monetária pelo Bacen. Com esse processo covarde e boçal de intimidação o Bacen joga no lixo uma grande conquista do plano Real, que foi a recuperação do seu nome e reputação. O Bacen se cobre de ignomínia e ridículo ao macaquear a típica reação autoritária dos idiotas bolivarianos.

A Super Mafia, em todos os seus estados (petralhas, claro)

Impressionante o número, e os montantes, dos desvios, das malversações, falcatruas, roubalheiras e todos os tipos de patifarias que a Mafia instalada no poder é capaz de perpetrar. Eles não tinham limites. Está mais do que na hora de escorraçá-los do poder, para que o Brasil possa respirar aliviado.
Paulo Roberto de Almeida 

 Governo e PT perderam a bússola da campanha

• ‘Sobram razões para temor’

Primeira consequência das revelações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ao Ministério Público Federal, na tentativa de garantir benefícios previstos na lei de delação premiada extensivos aos familiares: o governo, o PT e a presidente-candidata Dilma Rousseff perderam a bússola no planejamento da campanha a 26 dias da eleição.

Até a manhã de sexta-feira, no Palácio do Planalto e no comando do PT debatia-se uma miríade de táticas regionais para tentar levar Dilma imediatamente a outro patamar nas pesquisas. O objetivo era reduzir a grande diferença (de sete pontos percentuais) que a separa de Marina Silva (PSB) na preferência dos eleitores para a disputa em segundo turno. A vantagem de Marina não é pequena: equivale à soma do eleitorado dos estados do Centro-Oeste, ou seja, 10 milhões de votos.

Mudou tudo, a partir do vazamento de informações sobre as denúncias do ex-diretor da Petrobras contra políticos do PT, PMDB, PP, PR e PTB. Ontem, de passagem por São Paulo, a candidata dissimulou e prometeu tomar “providências cabíveis” no dia em que souber de alguma coisa.

Para o Palácio do Planalto e o comando do PT, a principal dificuldade agora é como conter danos à candidatura de Dilma, porque o caso só tende a crescer às vésperas do pleito(o rito entre a Procuradoria e o Supremo Tribunal Federal obedece a um calendário de 20 dias para formalização de inquérito, coincidindo com a semana da eleição.)

Sobram razões para temor. Entre elas está uma irrefutável linha do tempo: Paulo Roberto Costa ocupou a Diretoria de Abastecimento da Petrobras — em pelo menos duas dezenas de ocasiões, foi presidente interino—, durante os nove anos nos quais Dilma apareceu como a voz de comando na estatal, em sucessivos papéis de ministra das Minas e Energia, presidente do Conselho de Administração, chefe da Casa Civil de Lula e presidente da República.

O enredo protagonizado por Costa e associados começou no governo Lula, em 2003, quando o chefe da Casa Civil José Dirceu se dedicava à construção da “maior base política do Ocidente”. Sob patrocínio do PP do então deputado José Janene, indiciado no mensalão, ele transformou Abastecimento numa diretoria autônoma, com apoio do então presidente Sérgio Gabrielli, o “embaixador” de Lula na estatal. Depois, Costa passou a representar um condomínio partidário (PT-PMDB-PP-PTB-PR) cujo poder de influência nos negócios da Petrobras se estende do Brasil à África.

A Costa foi entregue, entre outros, o maior empreendimento da empresa, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Durante sete anos (de 2004 a 2012), ele e Gabrielli mantiveram sob sigilo o orçamento de contratação de serviços e equipamentos para essa refinaria, cujos custos subiram nove vezes e até novembro devem somar US$ 20,1 bilhões. Inúmeras vezes o Tribunal de Contas da União pediu planos e estimativas de custos, mas só começou a recebê-los no ano passado. A estatal ocultou até os estudos de viabilidade econômica, técnica e ambiental do empreendimento.

Costa e Gabrielli sempre contaram com respaldo governamental. No Congresso, Costa se tornou conhecido como caso raro de diretor de estatal com bancada própria. Sabe-se, agora, que eram pelo menos 25 parlamentares federais — entre eles, caciques do PMDB e do PT fluminenses. Coincidência ou não, alguns figuraram em episódios investigados na CPI dos Correios — inclusive em manobras com fundos de pensão estatais —, mas, por variadas razões, ficaram à margem do processo do mensalão.

Se é imprevisível a dimensão do impacto das denúncias na disputa presidencial, é certo que a presidente-candidata passa ao centro do alvo dos adversários. Certa, também, é a tendência à rápida difusão do caso pelo interior do país: há 7,3 mil candidatos a uma das vagas disponíveis na Câmara e no Senado, e pelo menos 25 parlamentares federais estão na vitrine, citados por Costa como beneficiários de propinas.

Até ontem, vazaram poucos nomes de políticos. No conjunto, o que já é conhecido sugere algo muito mais amplo do que a listagem de mensaleiros e suas mesadas. Até porque na Petrobras desvios de quantias inferiores a US$ 10 milhões são quase um problema menor, de “assuntos internos”. Trata-se de uma empresa com cerca de cinco mil fornecedores cujos contratos geralmente ascendem a US$ 100 milhões.

O TCU, por exemplo, há quatro anos investiga superfaturamentos a partir de US$ 400 milhões em contratos de obras, equipamentos e serviços da refinaria de Pernambuco.

Os valores manejados por Costa na estatal em benefício do condomínio partidário governista tendem a pontuar com um tom de escândalo a reta final desta campanha eleitoral.
(José Casado - O Gobo)

Propina da Petrobrás inclui governadores e ministro, diz revista

• Em depoimento de delação premiada, ex-diretor Paulo Roberto Costa cita envolvimento de Edison Lobão, Sérgio Cabral, Roseana Sarney e Eduardo Campos; nome de Renan foi antecipado pelo 'Estadão'

- O Estado de S. Paulo

Governadores de três Estados que receberam investimentos da Petrobrás – Eduardo Campos, de Pernambuco, Sérgio Cabral, do Rio, e Roseana Sarney, do Maranhão – foram citados pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, em depoimentos à Polícia Federal, como supostos beneficiários do esquema de desvios de recursos e lavagem de dinheiro investigado na Operação Lava Jato. O ex-governador e então candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, morreu em um acidente aéreo no dia 13 de agosto, no litoral paulita.

Segundo informa a revista Veja desta semana, também estão na lista de citados por Costa o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, além de seis senadores e pelo menos 25 deputados federais. O portalestadão.com.br antecipou, na tarde de sexta-feira, 5, que o ex-diretor havia revelado à PF os nomes de pelo menos 30 parlamentares que teriam recebido dinheiro do esquema. Entre eles, estaria o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

De acordo com a revista, Paulo Roberto Costa também teria mencionado o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), além dos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados, estariam Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC).
Foram citados ainda pelo ex-diretor da estatal o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que faria a “ponte” do esquema com o partido. O nome de Vaccari já havia aparecido nas investigações da Operação Lava Jato. Ele teria visitado empresas do doleiro Alberto Youssef, a principal engrenagem do esquema investigado na operação da PF.

Nas conversas com a PF, o ex-diretor teria dito que, quando estava na Petrobrás, entre 2004 e 2012, conversou diretamente com o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, para tratar de assuntos da empresa. Nos bastidores políticos, Costa era apontado como um homem que resolvia problemas.

Segundo a revista, Costa demonstrou “mágoa” em relação à presidente Dilma Rousseff, que foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil na época em que ele atuava na estatal. Isso porque ela ataca abertamente os ex-diretores pegos na investigação, embora tenha sido indiretamente beneficiada pelo esquema. O esquema, diz a revista, teria funcionado até 2012, servindo para garantir a base de apoio político a Dilma no Congresso nos dois primeiros anos de seu mandato. Mas, até o momento, Costa nada disse que incriminasse a presidente.

O conteúdo das conversas com o ex-presidente Lula ainda será detalhado pelo ex-diretor. Da mesma forma, ele ainda vai explicar a participação de cada um dos políticos no esquema.

Nas mais de 40 horas de depoimentos, dados num esquema de delação premiada, Costa tem ajudado os investigadores a mapearem o esquema que se instalou na Petrobrás. Ele confirmou o que já era suspeita: que, para fechar contratos com a estatal, as empresas eram obrigadas a pagar um “pedágio”.

Esses recursos eram “lavados”, com a ajuda de Youssef, e depois utilizados para irrigar a base aliada do governo no Congresso.

Esse esquema teria funcionado, por exemplo, na compra da refinaria de Pasadena (EUA), que causou prejuízo de US$ 792 milhões para a estatal, segundo o Tribunal de Contas da União. Segundo a revista, Costa teria dito que esse negócio também serviu para distribuir recursos a partidos aliados. A compra da refinaria passou a ser investigada por duas CPIs depois que o Estado revelou, em março, que o negócio teve a bênção de Dilma, então presidente do conselho de administração da estatal. Pasadena será tema de depoimento específico. O delegado responsável vai a Curitiba, onde Costa está preso, para ouvi-lo.

A Veja diz que Costa decidiu contar o que sabe porque teme repetir a história do publicitário Marcos Valério. Operador do mensalão, Valério optou pelo silêncio e acabou condenado a quase 40 anos de prisão.

As informações de Costa estão sendo repassadas à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal. Eles entraram no caso porque as denúncias atingem políticos com direito a foro privilegiado.

Uruguai. Em outra reportagem, a revista relata negócios suspeitos no ramo imobiliário de outro ex-diretor da Petrobrás investigado no caso Pasadena, Nestor Cerveró. O apartamento em que ele viveu durante cinco anos na zona sul do Rio, avaliado em R$ 7,5 milhões, pertence a uma offshore uruguaia que tem como representante no Brasil o advogado Marcelo Oliveira Mello, que seria amigo do ex-diretor.

A obsessão antiamericana de Samuel Pinheiro Guimaraes - Paulo Roberto de Almeida


A obsessão antiamericana de um ideólogo diplomático dos companheiros: algumas ideias fixas de Samuel Pinheiro Guimarães

Paulo Roberto de Almeida

Antigamente, muito antigamente, quando ele andava discordando publicamente das posições diplomáticas do ancien régime neoliberal dos tucanos no poder, o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães costumava me mandar por e-mail (eu no exterior) os artigos que ele dizia pretender publicar, e solicitava comentários. Ingênuo, como muitos acadêmicos abertos ao debate, eu afastava certas tarefas urgentes para comentar imediatamente os textos geralmente polêmicos que ele me enviava; pena perdida: assim que eu terminava de redigir minhas réplicas em total sinceridade, o artigo em questão já tinha sido postado e estava circulando em todos os quadrantes.
Depois que ele foi ascendido a conselheiro principal da nova política externa dos companheiros no poder (ativa, altiva e soberana), ele nunca mais me mandou artigo nenhum, mesmo continuando a publicar intensamente, em meio às suas novas funções de Secretário-Geral da Casa que outrora era conhecida como sendo de Rio Branco (deixou de sê-lo durante todo o reinado dos companheiros, a despeito deles pretenderem retomar a tradição). Ele fez mais do que isso: bloqueou um convite que eu tinha do Diretor do Instituto Rio Branco para assumir a direção do programa de mestrado que estava então sendo montado, com a tarefa de dirigir pesquisas, editar uma revista, etc. Fiquei no deserto do Itamaraty – mais conhecido por Departamento de Escadas e Corredores – durante toda a gestão da dupla Samuel-Amorim (nessa ordem) à frente da diplomacia lulo-petista. Não que isso me incomodasse muito: eu me incomodaria muito mais se tivesse de defender algumas das posições malucas, e anti-diplomáticas, que eles imprimiram àquela instituição, ao arrepio de todas as posições de direito e de bom senso. Ficando no deserto, eu pude ler, escrever e publicar livremente, o que deve ter aumentado ainda mais a antipatia de ambos por minhas posições.
Em todo caso, nunca deixei de comentar os textos de Samuel, mesmo se ele não me mandava mais nada. E é por isso que comento agora sua mais recente entrevista, publicada simultaneamente em dois veículos companheiros: “EUA apostam em Marina”. Os interessados e admiradores do Embaixador Samuel (SPG) podem ler a entrevista completa no site de Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Samuel-Pinheiro-Guimaraes-EUA-apostam-em-Marina/4/31754) ou no jornal Correio do Brasil (http://correiodobrasil.com.br/destaque-do-dia/com-aecio-fora-do-jogo-eua-se-inclinam-para-marina-afirma-pinheiro-guimaraes/726801/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20140907); eu também a postei no meu blog (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/eleicoes-2014-desespero-companheiro-ve.html), todos com data de 6/09/2014.
Como sempre faço, vou destacar apenas alguns trechos, algumas frases, ou ideias do Embaixador Samuel (SPG: ) e comentar imediatamente após (PRA: ). Como sempre, também, eu não discuto pessoas, e sim ideias, ou posições políticas, e tenho o hábito de dizer sinceramente o que penso a respeito. Acredito que SPG goze de um imenso prestígio entre milhares de acadêmicos, professores e alunos, e suas ideias são seguidas quase religiosamente por toda essa tribo de universitários convencidos de que aquelas posições são as melhores possíveis, de acordo com os interesses nacionais. Como eu discordo em praticamente tudo do que eles pensam, mas não disponho da mesma audiência ou prestígio, meu combate é de retaguarda, e apenas de caráter idealista, mas creio que vale a pena persistir. Chamo o meu esforço de quilombo de resistência intelectual e acho que, como quilombo, ele permanecerá relativamente isolado e sem maiores consequências imediatas ou futuras. Mas não me importo com isso: basta eu conservar coerência metodológica e honestidade intelectual. Isso me basta.

SPG: “Considero que a candidata Marina Silva encarne a anulação do progresso conquistado nestes 12 anos. Ela e os setores que representa buscam outro modelo de inserção internacional. Um pensamento que se traduz no propósito de enfraquecer o Mercosul com o pretexto de torná-lo aberto ao mundo”
PRA: Não me interessa nada o que pensa ou deixa de pensar a candidata sobre política externa. Permito-me apenas registrar que SPG já sabe que Marina Silva (MS) vai enfraquecer o Mercosul, o que me parece redundante, pois ele já foi enfraquecido tremendamente nos últimos doze anos pelas ações combinadas (mas não entre si) de argentinos e brasileiros, estes sempre apoiando as arbitrariedades e ilegalidades dos primeiros. Também registro que SPG não quer que o Mercosul se abra ao mundo.

SPG: “...há interesses dos Estados Unidos que foram prejudicados durante os governos de Lula e Dilma, e é claro que o candidato de que mais gostavam era o Aécio. (...) Quando o Aécio fica fora do jogo, os Estados Unidos se inclinam para a Marina, por pragmatismo e porque ela representa o oposto ao PT. Além disso, é alguém sem quadros próprios e, segundo dizem, tem bons contatos nos Estados Unidos, e que demonstrou estar aberta para desmontar o Estado, reduzir sua capacidade e autonomia internacional. Interessa aos Estados Unidos que o Mercosul sejam desmontado e que projetos da era tucana sejam retomados, não nos enganemos: nestas eleições, está em jogo a retomada do processo privatizador, parcial ou total, da Petrobras, do Banco do Brasil e do BNDES.”
PRA: Se existe uma obsessão tipicamente samuelística – não que ela lhe seja exclusiva, mas é que ele a mantém de forma “extraordinária”, como gosta de repetir – esta é o antiamericanismo renitente, entranhado, exibido e até orgulhoso, sem que ele explique muito bem as razões dessa oposição de princípio ao grande império. Talvez seja porque SPG, como seu amigo Moniz Bandeira, acredita que os EUA nasceram e cresceram imperialistas desde que eram uma colônia, e isso se desenvolveu, de forma “extraordinária” diria ele, a partir da ascensão industrial daquele país. Para SPG, os EUA sempre têm um golpe baixo pronto para sacar do coldre de intenções maléficas, e tudo o que eles fazem é ditado pelo seu próprio interesse egoísta, e obviamente contra os interesses dos demais povos, contra quem eles se esforçam por dominar, submeter, ou em todo caso impedir o desenvolvimento e a ascensão. SPG não é marxista, muito menos leninista, mas ele também acha que o capitalismo dos países avançados é necessariamente perverso e interessado apenas na dominação de outros povos e nações. Ele acredita piamente nas bobagens construídas por Ha-Joon Chang, um pretenso economista historiador – que nem é bom economista, muito menos historiador – que construiu uma nova versão da teoria da dependência e do cepalianismo prebischiano, com todos os requintes dos antiglobalizadores atuais, inclusive retomando a teoria conspiratória do Consenso de Washington (que as metrópoles do capitalismo avançado aplicariam antes mesmo que ele existisse, depois de se terem desenvolvido aplicando políticas exatamente contrárias ao CW). Esse manancial de bobagens, apenas um pouco mais trabalhadas do que as imensas bobagens de um Eduardo Galeano e suas “Veias Abertas da América Latina” – das quais ele se redimiu recentemente –, constitui toda uma doutrina anti-imperialista e antiamericana que não difere muito das bobagens mais antigas que haviam sido criadas por Rosa Luxemburgo e repetidas por Lênin.
Não existem provas de que os EUA tramem contra o Mercosul e queiram desmantelá-lo, mas a questão para SPG é de fé, não de provas. Quem tem fé, não precisa de provas, e para SPG os EUA sempre serão contra o Mercosul e atuantes para desmontá-lo. Não se sabe de documentos do Departamento de Estado, algum wikileaks que demonstre isso, mas não é preciso provas documentais para demonstrar a perversidade imperial, não é mesmo? Quanto às intenções – dos EUA, de MS? – de privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e o BNDES não se sabe bem de onde veio isso, nem estava na pergunta do repórter.

SPG: “Avalio que [o desmantelamento do Mercosul] possa começar com a eliminação da cláusula que obriga os países do Mercosul a negociar conjuntamente acordos de livre comércio com outros blocos. Este ponto, que até agora não conseguiram derrubar, é uma cláusula que vem desde o Tratado de Assunção (assinado em 1991, na formação do Mercosul).”
PRA: É surpreendente que SPG, um diplomata que negociou os primeiros acordos de integração Brasil-Argentina – baseados em protocolos setoriais, e não no livre comércio automático, como seria o caso do Mercosul – e que assistiu ao nascimento do Mercosul, com o qual ele não estava de acordo, diga-se de passagem – e isso desde a Ata de Buenos Aires, que trocou a metodologia de integração entre o Brasil e a Argentina, abrindo caminho para o Mercosul, menos de um ano depois, não saiba que não existe, no Tratado de Assunção, nenhuma cláusula de negociação conjunta de acordos de livre comércio com terceiros países ou outros blocos. Repito: nenhuma. O que existe, sim, é um compromisso, constante do artigo primeiro de um tratado que foi expressamente mencionado como provisório (o TA), pelo qual os países membros estabeleceriam uma política comercial comum, o que jamais foi cumprido, além da implementação da Tarifa Externa Comum (TEC), que começou a ser furada desde o seu início. O que existiu, logo em seguida, foi uma resolução do Conselho de Ministros, durante a fase de transição, comprometendo os países a negociarem conjuntamente acordos com terceiros, e a não oferecerem a esses maiores vantagens, sem consulta aos outros membros. Esse compromisso, sempre sob a forma de uma resolução do CMM, foi reafirmado, já na fase em que o Mercosul era, supostamente, uma união aduaneira (UA) e possuía, hipoteticamente, personalidade de direito internacional.
Ora, sabemos perfeitamente que a TEC nunca foi respeitada integralmente pelos quatro países, que eles criaram e mantiveram exceções nacionais, e não comuns, à TEC, e que jamais houve coordenação suficiente ente eles para o estabelecimento de uma política comercial comum. O que havia era um consenso negativo, pelo qual os quatro membros recusavam acordos com terceiros (países ou blocos) e se juntavam apenas no mínimo denominador comum (que era absolutamente mínimo, ou seja, irrisório). Na verdade, o Mercosul jamais chegou a completar sequer a sua zona de livre comércio e sua UA nunca funcionou, a começar que nunca teve uma autoridade aduaneira comum e sequer um código aduaneiro funcional e efetivamente aplicado (o que pode parecer bizarro, para uma UA, mas é o que de fato ocorre com o Mercosul). Enfim, o certo é que não existe cláusula desse tipo no TA, e isso SPG parece ignorar.

SPG: “Uma vez eliminada essa cláusula, o caminho estará aberto para a assinatura de acordos do Brasil com a União Europeia, sem a participação dos outros quatro integrantes do Mercosul.”
PRA: SPG parece ignorar que, logo no início do Mercosul, a Argentina insistiu em assinar um acordo com os EUA, e depois Uruguai e Paraguai também bateram na mesma tecla. Foi o Brasil quem se opôs, até “hegemonicamente”, que isso acontecesse, não por uma defesa de sagrados princípios, ou cláusula fundacional, do Mercosul, mas porque simplesmente essa “proibição” inteiramente política garante que o Mercosul continue sendo uma reserva de mercado para suas próprias indústrias, um interesse egoísta portanto. Foi aliás o Brasil quem “forçou a mão” dos outros três membros para a imposição de alíquotas aduaneiras bem mais elevadas do que seria o gosto dos demais, numa série de produtos que eles teriam interesse em importar mais barato, para atender seu mercado interno, consumidores ou industriais. Essa foi uma das razões para que a TEC nunca funcionasse efetivamente, uma vez que o Brasil se desviava da alíquota para cima – consoante seus instintos eternamente protecionistas – e os outros países o faziam para baixo, com tarifa zero ou muito reduzida para os produtos de seu interesse importador. Como as pautas eram diferentes, tendo em vista os níveis diferenciados de intensidade industrial, o Mercosul passou a conviver com essas perfurações da TEC, mantendo ainda assim a ficção de que constituía uma UA.
É certo que, uma vez eliminado o compromisso – que não é cláusula, voltamos a repetir –, o que pode ser feito mediante uma simples decisão do Conselho, todos os países, e não só o Brasil, poderão, teoricamente, negociar acordos de livre comércio com terceiras partes. E a existência da TEC, pergunta-se prontamente? Pois bem: uma vez que existem desvios, basta que o acordo com terceiros seja consagrado como um desvio da TEC, à condição que todo e qualquer favor e vantagem concedido a uma terceira parte seja automaticamente estendido a todos os membros do Mercosul, consoante a cláusula de nação-mais-favorecida (esta sim uma cláusula, não do Mercosul, mas um velho princípio do direito comercial internacional, que os países se obrigaram respeitar pelo Gatt, não por um acordo regional, onde ele também vigora).

SPG: “Mas se a cláusula continuar em pé, seria igualmente perigoso um pacto entre todo o Mercosul e a União Europeia. E essa negociação, que já se iniciou mas avança lentamente, provavelmente será acelerada durante o governo de Marina.”
PRA: Bem, parece que SPG é contra qualquer acordo de livre comércio entre o Mercosul e qualquer parceiro que não seja do seu agrado, e estes são apenas os do Sul (mas provavelmente não a China). Ou seja, o Mercosul deve permanecer puro e intocado, como uma vestal, ou apenas transacionando internamente, não com estranhos. Ele também já sabe, profeta que é, que isso seria acelerado sob um governo MS. Bem, é seu direito achar isso, embora vários expoentes já tenham dito, inclusive a própria presidente de plantão, sem saber que feria uma “cláusula férrea” do Mercosul.

SPG: “...uma [das consequências que um acordo do Mercosul com a UE traria] é a redução considerável das tarifas [de importações] industriais europeias afetando nossas fábricas. Defendo faz tempo que esta aproximação, que agrada os economistas da Marina, é o passo inicial rumo ao fim do Mercosul.”
PRA: Ou seja, SPG é contrário qualquer acordo que reduza tarifas, o que realmente faz sentido em quem defende a inexistência de qualquer acordo com a UE, pois supostamente ele teria essa consequência. SPG acredita que o Mercosul está muito bem ao manter tarifas elevadas, e que a sua redução significaria o fim do Mercosul. Este, na visão de SPG, seria tão frágil a ponto de não poder suportar qualquer acordo externo. Não se venha argumentar com os supostos acordos Sul-Sul, pois estes são ridiculamente inexpressivos, irrelevantes, marginais, consistindo geralmente na redução negociada de algumas poucas tarifas fixas, sem qualquer incidência sobre o comércio real, já que abrindo mercados onde eles são os menos importantes.

SPG: “...a assinatura de um acordo entre os dois blocos significará uma extraordinária vantagem para empresas europeias que poderão exportar para cá sem que cobremos taxas, enquanto não haverá grandes benefícios para os exportadores sul-americanos.”
PRA: Para SPG, os negociadores brasileiros, ou mercosulianos, que não ele, seriam tão incompetentes, e entreguistas, que fariam um acordo que só daria vantagens à outra parte, sem qualquer benefício para os seus próprios países e seu bloco. Para ele não importa que nossas empresas também tenham tarifa zero (se beneficiando ainda de mão-de-obra mais barata, eventualmente energia e outros insumos, que podem contar à altura de 60% do custo de um produto), o que vale mesmo é que as vantagens estejam todas pré-determinadas para um só lado. Trata-se, aqui também, de um artigo de fé.

SPG: “E acrescento que se este acordo acontecer, afetará outra instituição fundamental do Mercosul, que é a Tarifa Externa Comum, fixada para terceiros países. Se isto acontece, a união aduaneira é pulverizada, qualidade central do Mercosul.”
PRA: Supreendentemente, só SPG se lembra da TEC, quando nenhum outro ator relevante sequer a mencione nos seus planos estratégicos ou cálculos de abertura de mercados, uma vez que ela é tão desrespeitada que parece uma colcha de retalhos, e ninguém parece dar muita bola para ela. Em todos esses anos, nunca consegui obter de algum economista dos quatro países membros – ou de algum funcionário da Secretaria do Mercosul – uma informação completa, fiável e credível sobre o quanto do comércio dos membros é feito ao abrigo da TEC, pois as entradas e saídas do mecanismo são tão intensas, recorrentes e arbitrárias que esse cálculo seria muito complicado, talvez impossível, de ser feito. E assim ficamos: ninguém sabe qual a cobertura da TEC para o comércio efetivo do Mercosul, e SPG ainda pretende defendê-la. Na verdade, como disse acima, não é certo que a TEC seja desrespeitada num acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE, e se o for, as mesmas vantagens passam a valer para todos, automaticamente, em virtude da cláusula (essa sim, férrea) de NMF. De resto, nunca haverá um acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, mas sim um simples acordo de liberalização comercial, o que é muito diferente.

SPG: “E uma vez que chegarmos à hipotética assinatura do pacto de livre comércio com os europeus, os Estados Unidos reaparecerão.”
PRA: É surpreendente, mais uma vez, que SPG não saiba que os europeus só “apareceram” porque havia a ameaça de um acordo de livre comércio entre os EUA e os países da América Latina, que os companheiros, com SPG à frente, se encarregaram de sabotar e de implodir rapidamente, uma vez chegados ao poder. Isso não porque tenham feito cálculos e estimações econômicas sobre os eventuais efeitos nefastos da Alca para os países latino-americanos, e sim por pura prevenção ideológica, por simples anti-imperialismo primário, por antiamericanismo infantil e paranoico. Tanto não foi assim que, uma vez implodida a Alca, vários países da região correram para assinar acordos de livre comércio com os EUA: eles o fizeram porque são todos submissos ao império, porque são vendidos ao imperialismo, porque são entreguistas, ou por interesse próprio e de suas economias? Tanto não foi assim que grande parte do Congresso americano – em grande medida formado por protecionistas caipiras – e a quase a totalidade dos sindicatos de trabalhadores americanos também eram contra a Alca: eles assim o fizeram contra o interesse imperial de explorar outros países? Ou seja, de obter vantagens unilaterais contra nossos próprios interesses? SPG parece pensar que todos são ingênuos e desinformados, e apenas ele é clarividente e sábio.

SPG: “Os meios e os grupos de interesses brasileiros que se sentirem representados pela Marina só falam de um acordo com a União Europeia por oportunismo, pela boa imagem dos europeus, que seriam maravilhosos, educados, que nos abririam as portas do primeiro mundo. Uma retórica para ocultar que o acordo será prejudicial para nós. Quem quiser saber o que nos espera com esse acordo que pergunte aos gregos e aos espanhóis como a velha Europa é tratada.”
PRA: SPG deveria perguntar aos gregos e espanhóis se eles se sentem explorados pelos velhos imperialistas da Europa setentrional, e se eles pretendem realmente sair da UE, já que essa integração seria prejudicial para eles. Mas aqui também é um artigo de fé: SPG já sabe que um acordo seria prejudicial para o Brasil e o Mercosul, e por isso ele o recusa por princípio, antes mesmo de fazer estudos a respeito. Ele prefere que o Mercosul permanece soberanamente isolado do mundo, ou só se relacione cm outros iguais a ele, ou seja, protecionistas e introvertidos.

SPG: “Agora tudo isso nos leva ao começo desta conversa, que são os Estados Unidos. Por quê? Porque uma vez assinado o pacto UE-Mercosul, no outro dia, Washington vai querer igualdade de condições comerciais que europeus conquistaram, exigindo de nós um acordo de livre comércio. Os Estados Unidos nunca se esqueceram do espírito da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).”
PRA: Ah, as velhas obsessões nunca desaparecem: os imperialistas americanos (ou estado-unidenses?) estão sempre sorrateiramente à espreita, prontos para abocanhar mais um pedaço do continente se deixarmos. Ainda bem que SPG está vigilante. Mas, parece que os EUA desistiram de vez dessa ideia de fazer uma Alca: muito complicado, aliás inútil. Como deveria saber SPG, ao império convém melhor a estratégia “divida e domine”. Para que se aborrecer com um esquema multilateral se é muito melhor negociar separadamente com cada parceiro – ou conjuntamente com um bloco de pequenos – e assim impor as condições que melhor lhes apetecem, do que ficar se chateando com protecionistas históricos como Brasil e Argentina

SPG: “Tudo me leva a pensar que o projeto norte-americano de integração hemisférica comercial, de eliminação de barreiras, de sanção de um sistema de leis que privilegiam suas multinacionais etc., continua em vigor. É preciso prestar atenção na Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile).”
PRA: Engano de SPG: os EUA já abandonaram essa ideia, que foi um mau passo dado por Bush pai, querendo ser generoso para os pobres latinos, endividados (ao propor a “Iniciativa para as Américas”), mau passo reiterado por Bill Clinton, com sua ideia de uma Alca (mais uma vez querendo ser bonzinho). Os realistas dos EUA já chegaram à conclusão que é muito melhor negociar separadamente, tanto é assim que assinaram diversos acordos bilaterais de livre comércio com vários tipos de países.
Quanto à menção à Aliança do Pacífico, não está muito claro o que SPG quis dizer com essa “atenção”. Seria algo como: “atenção, eles são traiçoeiros, já se aliaram ao império, todos eles, e agora vão querer seduzir o Mercosul também; não caiamos nessa, olha lá hem!” Só pode ser isso. Pois do contrário o que poderiam esses quatro países contra os poderosos dois grandes do Mercosul: obrigá-los a entrar num acordo iníquo e desigual com o império? Mas a Aliança do Pacífico não tem tanto a ver com o comércio regional – aliás nem entre eles, que é pequeno – e sim com uma estratégia de negociação conjunta com a bacia do Pacífico, o grande eixo da integração produtiva, comercial e tecnológica, que se desenha rapidamente naquela vasta região, e que deve superar os fluxos e intercâmbios econômicos norte-atlânticos dentro de mais alguns anos, superando, assim, o cenário geopolítico dos últimos cinco séculos.

SPG: “suas posições [de MS] sobre política externa refletem as aspirações se setores empresariais, de banqueiros e grandes meios de comunicação que demonstraram certa saudade da dependência colonial.”
PRA: Uau! SPG não deixa por menos e não vai por quatro caminhos. Para ele, nossos empresários e banqueiros, tão protecionistas e introvertidos, sentiriam saudades de uma suposta dependência colonial. Mas seria possível? 200 anos depois? Ou seria a dependência dos EUA ainda muito em voga nos anos anteriores à gloriosa era do Nunca Antes? Não se sabe, exatamente, mas é bom ficar prevenido, alerta ele. Se algum outro presidente se instalar, que não seja um companheiro, vai logo sacrificar o Brasil nos braços do império.

SPG: “No segundo mandato, a presidenta [Dilma] deveria ter como objetivo reduzir a vulnerabilidade externa do país, a dependência de capitais especulativos para o pagamento da dívida e tudo isto cria um círculo vicioso que aumenta as taxas de juros. É falso, é um mito que as taxas sobem para combater a inflação.”
PRA: Surpresa: em 12 anos os companheiros, dispondo de um Congresso submisso, de uma oposição castrada e inoperante, e de toda a simpatia de gregos e goianos, vale dizer, de toda a comunidade acadêmica, empresarial e banqueira, não conseguiram diminuir a tal de vulnerabilidade externa, nem a dependência de capitais especulativos, nem a dívida externa, nem os juros, nem a inflação? Incompetentes eles são, não é mesmo? Mas o que eles fizeram exatamente? Durante anos, seus economistas esquizofrênicos, os seus keynesianos de botequim ficaram azucrinando nossos ouvidos, acusando os neoliberais tucanos de terem feito tudo aquilo, e quando chega a vez deles, necas de pitibiribas, não conseguem fazer nada? Aliás, seria preciso dizer ao Banco Central para abaixar os juros, pois isso não serve para combater a inflação. Inflação se combate com produção, com oferta, com investimentos, não é mesmo? O resto é conversa de economista neoliberal, ou monetarista...

SPG: “...em um segundo governo a presidenta Dilma terá que trabalhar para diversificar nosso comércio exterior, para reduzir nossa vulnerabilidade comercial devido ao crescimento das exportações de produtos primários cujos preços não somos nós quem decidimos. Quando digo diversificar penso em base para reforçar exportações industriais porque o Brasil corre o risco de seguir rumo a uma especialização regressiva na produção agropecuária e mineral, acompanhada de uma contração do setor industrial, aliada a uma atrofia de sua capacidade tecnológica.”
PRA: Mas, tudo isso não foi construído justamente sob os três governos lulo-petistas? SPG quer agora que um quarto governo lulo-petista faça exatamente o contrário do que eles fizeram até aqui? Mas que contradição! Eles tiveram doze anos para fazer tudo isso, implementaram cinco ou seis políticas industriais, inventaram uma fabulosa teoria da “nova geografia do comércio internacional” – comércio Sul-Sul, que era Sul-Sul só para o Brasil, não para os outros do Sul – e assistiram passivamente à nova dominação das exportações primárias sobre o conjunto do comércio exterior brasileiro, e agora SPG vem dizer que vão fazer tudo ao contrário! Dá para acreditar?
Será que o tal banco dos Brics, mais o Banco do Sul, proposto por Chávez, vão ajudar nessa reconquista? Mas será que o problema do comércio ou dos investimentos é falta de dinheiro? Não parece! Dinheiro abunda no mundo, e cada vez mais concentrado (se acreditarmos num tal de Piketty), e o que faz falta são projetos consistentes e sólidos para fazer jus aos capitais produtivos.
Não parece que os companheiros sejam capazes de reconhecer o que fizeram de errado, e que levou o Brasil justamente a esses impasses mencionados por SPG. Se eles mesmos não reconhecem o que está errado, como e por que deveríamos dar-lhes novo crédito de confiança para que continuem especulando com as políticas econômicas? Eles merecem isso? Se até SPG aponta o que está errado, por que é que nós, que não temos nada a ver com o que foi feito de errado, deveríamos renovar o contrato? Não é melhor mudar a direção do barco? Com a palavra o sábio, o profeta Samuel...

Paulo Roberto de Almeida
Portland, 7 de setembro de 2014.