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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

BC tem primeiro ano sem fazer leilões extras de dólar desde o início do câmbio flutuante, em 1999 (FSP)

 BC tem primeiro ano sem fazer leilões extras de dólar desde o início do câmbio flutuante, em 1999

Folha de S. Paulo | Mercado
10 de janeiro de 2024
O texto abaixo foi gerado automaticamente e não foi revisado.

BC tem primeiro ano sem fazer leilões extras de dólar desde o início do câmbio flutuante, em 1999

Nathalia Garcia

brasília O Banco Central atravessou 2023 sem ter realizado leilões extras de dólar em meio a um cenário de baixa volatilidade do real e de forte fluxo comercial. Essa foi a menor intervenção da autoridade monetária desde a adoção do regime de câmbio flutuante no país, em 1999.

A informação foi publicada pelo Valor e confirmada pela Folha. No ano passado, o BC não fez leilões extraordinários de contratos de swap cambial e conduziu apenas as rolagens integrais já previstas no cronograma ao longo dos meses.

Em uma operação chamada de "swap" (troca, em inglês), o BC opera com contratos financeiros. Nela, há simultaneamente a troca de taxas ou rentabilidade de ativos.

O objetivo é prover proteção contra variações excessivas do dólar em relação ao real (hedge cambial) e liquidez ao mercado doméstico.

A compra de contrato de swap pelo BC funciona como injeção de dólares no mercado futuro e quem compra está protegido em caso de desvalorização do real.

É um instrumento usado para evitar disfunção no mercado de câmbio, assegurando que haja oferta para atender a um aumento de procura pela moeda estrangeira.

Em 2023, o BC também não efetuou compra ou venda de dólares no mercado à vista.

Nessa modalidade, a autoridade monetária vende reservas internacionais, sem compromisso de recompra, e o dinheiro é injetado no mercado.

Foi uma alternativa mais recorrente no governo de Fernando Henrique Cardoso, durante o câmbio fixo.

A instituição também não promoveu novos leilões de linha no ano passado. Nesse caso, o BC também vende reservas internacionais no mercado à vista, mas com o compromisso de recompra em um prazo determinado.

Além de aliviar as pressões por demanda de dólar em momentos mais sensíveis, preserva o colchão financeiro por funcionar como uma espécie de empréstimo de moeda estrangeira.

BC não viu necessidade de fazer novos leilões ao longo de 2023 por causa do comportamento "um pouco mais benigno" do câmbio no ano. A cotação do dólar caiu de R$ 5,34 a RS 4,84 em 2023.

Ela ressalta o cenário mais positivo da economia brasileira ao término do ano, com recuo da inflação, ciclo de queda de juros e elevação da nota de crédito soberano do Brasil por agências de classificação de risco, o que colabora para um câmbio mais comportado.

Para Carlos Kawall, sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, a menor intervenção do BC é explicada principalmente pelo forte fluxo comercial de câmbio no mercado à vista, impulsionado pelo superávit recorde da balança comercial de quase US$ 100 bilhões.

O economista ressalta que o país passa por mudanças estruturais, tendo o superávit comercial sido puxado pelo forte aumento dos volumes exportados de commodities agrícolas, minérios e petróleo.

"Ficamos menos dependentes dos fluxos financeiros. O déficit em contas correntes caiu de uma média de 3% do PIB [Produto Interno Bruto] nos últimos dez anos para cerca de 1,5% do PIB."

De acordo com Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital e ex-diretor do BC, o fluxo "muito positivo" de 2023 talvez tenha contrabalançado um movimento que vinha de anos anteriores e pesava na volatilidade do câmbio, como a desalavancagem - redução das dívidas - de grandes empresas, como a Vale.

Ele cita também como contribuição para "calmaria" o fim do overhedge cambial, que é uma proteção excessiva dos bancos em moeda estrangeira no exterior.

"Foi o suficiente para manter o mercado irrigado sem necessidade de o BC comprar dólar. Sempre que tem menos intervenção é bom para a economia, principalmente para quem tem cabeça mais liberal", afirma ele.

Para 2024, os economistas consideram que a volatilidade do câmbio no Brasil dependerá da condução da política de juros do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) e de riscos geopolíticos no cenário global.

No ambiente doméstico, a trajetória das contas públicas é a principal preocupação dos economistas. Há ceticismo com a viabilidade da meta de déficit zero neste ano, como defendida pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).

"O risco é a nossa situação fiscal, que se fragilizou com o déficit e a dívida pública em alta", diz Kawall.

Quartaroli acrescenta que o país deve ter menor arrecadação de receitas neste ano com a projeção de crescimento menor do PIB. "Se a gente continuar aumentando o gasto e a conta fiscal não fechar, isso tende a ser um risco", afirma.

Sobre a atuação do BC para o cenário à frente, Le Grazie diz que é difícil descartar futuras interferências no caso de países emergentes, como o Brasil, que ficam mais sujeitos a variações cambiais.

"No pronto [mercado à vista] e em swap, não vejo mudança de atuação, de estratégia. Acho que houve uma mudança de comportamento em 2023 em função das condições de mercado. É difícil imaginar que a gente, daqui em diante, nunca mais vai ter de fazer intervenção", diz.

"Já no [leilão] de linha, ficou evidente que o mercado se ajeita e não precisa da participação do BC", afirma

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Copom: enxugando gelo e enganando os incautos - Comunicado do BC

Desde 2011 que o presidente do Banco Central promete alinhar a inflação com o centro da meta para o ano seguinte, e nunca cumpriu.
Em qualquer país sério, o Congresso já teria exigido sua substituição por alguém capaz de manter suas promessas, e de tomar as medidas necessárias para que isso se faça. Aliás, um presidente que se respeita jamais teria aceito abaixar os juros por decreto, apenas por ordem da presidente, uma inepta em economia. Teria dito simplesmente: "isso é o Copom quem decide e os diretores não querem sugestões externas, eles sabem errar sozinhos, sem precisar de erros externos."
Mas parece que vamos continuar nas promessas vazias.
Alguém aí é capaz de acreditar que a inflação estará no centro da meta em 2017?
O Brasil tem por dez anos mais para ter taxas de juros normais, graças aos crimes econômicos cometidos pelo bando de keynesianos de botequim que nos destruiram nos últimos anos.
Paulo Roberto de Almeida

BRASIL - Copom: navegando as incertezas atuais
Itaú Macroeconômica, 26/11/2015

O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) manteve a taxa Selic em 14,25% a.a.. Embora a decisão tenha sido em linha com o esperado - tanto pelos analistas como pela curva de juros - houve um dissenso dentro do Comitê. Dois (de oito) membros da diretoria votaram para uma elevação de 0,50 p.p. na taxa Selic, para 14,75%.

O comunicado que acompanhou a decisão foi lacônico e não traz maiores detalhes além da votação dividida. Abaixo o comunicado completo:

“Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela elevação da taxa Selic em 0,50 p.p.. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 14,25% a.a. os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram pela elevação da taxa Selic para 14,75% a.a. os seguintes membros do Comitê: Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.”

Nas últimas semanas, o Copom vinha sinalizando que adotará as medidas necessárias para trazer a inflação ao centro da meta (4,5%) ao final de 2017.   

Apesar da recente apreciação cambial (o real se valorizou em cerca de 5% frente ao dólar desde a última reunião do Copom), as incertezas políticas/fiscais seguem pressionando as expectativas de inflação e trazendo riscos para a política monetária. Desde a reunião do Copom de 21 de outubro, a mediana das projeções dos analistas para o IPCA de 2016 subiu de 6,12% para 6,64% (marcando a 16ª alta semanal consecutiva). As projeções para 2017 tambem começaram a mostrar pequena elevação, saindo de 5,00% para 5,10% na última semana. As estimativas de inflação implícita nos títulos públicos também se encontram em patamar elevado - as taxas a termo se situam entre 8-9% para intervalos de 1 a 2 anos, e entre 7,0-7,5% para prazos de 3 a 5 anos  - embora estes cálculos reflitam a existência de prêmio de risco nos ativos brasileiros. Esse aumento nas expectativas de inflação piora o balanço de riscos para a inflação, o que  poderia levar o Copom a retomar o ciclo de alta de juros. Estes fatores devem ser as razões para os votos a favor de um aumento de juros.

No entanto, a atividade permanece bastante fraca, o que ajuda a conter os efeitos secundários da depreciação cambial e dos ajustes de preços administrados. Além disto, a piora em curso nas condições do mercado de trabalho tem potenciais efeitos desinflacionários em setores mais intensivos em mão de obra (serviços). A incerteza política/fiscal atual também recomenda cautela na definição da política monetária, de forma a contribuir para a redução da volatilidade nos mercados. Estes fatores contribuem para mitigar as possibilidades de um aperto monetário no curto prazo, e provavelmente foram preponderantes na decisão do restante do colegiado (seis membros do Copom) que optaram pela manutanção da taxa Selic.

Diante de fatores relevantes para a dinâmica inflacionária atuando em direções opostas, e tendo em mente as elevadas incertezas no cenário (especialmente na parte política/fiscal), entendemos que o alongamento do prazo para convergência inflacionária ofereceu maior tranquilidade ao Copom para ajustar a politica monetária apenas no caso de a inflação se mostrar pressionada em prazos mais longos. Desta forma, acreditamos que o Copom não mudará a postura da política monetária, a menos que ocorram alterações relevantes na projeção do Copom para a inflação de 2017.

Assim, mantemos nosso cenário de Selic estável em 14,25% até o fim de 2016.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O Banco Central insiste no bolivarianismo; e eu quero ser processado pelo BC - Paulo Roberto de Almeida

A diretoria, talvez o presidente, querem transformar o BC na mesma instituição orwelliana, totalitária, na qual os companheiros se esforçam para tornar o Brasil?
Eles conseguem ser apenas ridículos e patéticos....

Como pretendo me solidarizar com meu colega blogueiro e amigo Alexandre Schwartsman, vou pedir à Diretoria Jurídica do BaCen, e ao seu Departamento de Casos Ridículos e Esquizofrênicos, que me processe pelas seguintes difamações (desculpem a caixa alta mas é para chamar atenção):

O BC COMETE CRIME ECONÔMICO CONTRA TODOS OS BRASILEIROS, AO NÃO CUMPRIR A  DETERMINAÇÃO DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, NO SENTIDO DE MANTER A TAXA DE INFLAÇÃO NA META (JÁ ALTA) FIXADA EM 4,5%. NUNCA CUMPRIU, E ISSO RETIRA PODER DE COMPRA (BEM ACIMA DESSA TAXA) DE TODOS OS CIDADÃOS, SOBRETUDO OS MAIS POBRES.

O PRESIDENTE DO BC MENTIU AO CONGRESSO QUANDO PROMETEU, EM 2011, ENTREGAR EM 2012, UMA TAXA NA META.


Ou ele mentiu deliberadamente, ou acomodou-se ao resto do governo que nunca pretendeu cumprir a meta, pois seus economistas keynesianos de botequim acreditam, como todos os furtadianos, que um "pouquinho" de inflação não tem importância, pois o mais importante é garantir crescimento e emprego. Os incompetentes não conseguiram crescimento e não contiveram a inflação.

Pronto, já fiz a minha difamação. Quero ser processado pelo BaCen.

Paulo Roberto de Almeida

BC vai recorrer contra declarações de Schwartsman

Valor Econômico, 8/08/2014, 08h14

BRASÍLIA  -  A Procuradoria-Geral do Banco Central (BC) vai recorrer contra a decisão da Justiça Federal que negou seguimento à queixa-crime oferecida contra o economista Alexandre Schwartsman por críticas duras à gestão da instituição no combate à inflação.
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A lista de queixa-crime do Banco Central deve aumentar?

Como a norma do Brasil agora é processar quem fala mal de algumas instituições, vou fazer o meu dever de cidadão e ajudar o Banco Central a mapear quem fala mal desta instituição. Talvez seja o caso de começar uma queixa-crime contra cada um dos nomes abaixo. Ou não? O melhor seria levar isso para o debate econômico e não para a justiça.
(1) Luiz Gonzanga Beluzzo: 27 de janeiro de 2007 no portal vermelho (clique aqui).
O que faz hoje? É um dos conselheiros da Presidente Dilma
Crime: acusou Banco Central de ser incompetente
“Na opinião de Belluzzo, uma dessas falsas políticas vem sendo implantada pelo Banco Central (BC). O professor da Unicamp é duro crítico da gestão Henrique Meirelles. “O Banco Central executa uma política de câmbio e juros desastrosa e incompetente”.
(2) Aloízio Mercadante: 10 de outubro de 2002 (clique aqui).
O que faz hoje? Ministro chefe da Casa Civil da Presidenta Dilma
Crime: acusou o Banco Central de favorecer especulação no mercado cambial para favorecer candidato do governo José Serra.
“Falta ação do BC e do governo com o compromisso com a estabilidade”, disse Mercadante a jornalistas no comitê de campanha do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, da coligação encabeçada pelo PT.
Espero que esse movimento (do câmbio) não seja mais uma vez uma aliança preocupante entre a especulação imediatista de setores do mercado, que têm títulos indexados ao câmbio com vencimento dia 17, e setores do governo que acham que a instabilidade e a crise ajudam a candidatura do governo…”
(3) Luciano Coutinho – 25 de dezembro de 2005 (clique aqui)
O que faz hoje? Presidente do BNDES.
Crime: acusou o Banco Central de tomar decisões pouco sensatas e o Copom de incompetente, o que nos levou, em 2005, crescimento magro do PIB (Produto Interno Bruto), dívida mobiliária inflada, câmbio superapreciado, investimentos prejudicados.
“O ano de 2005 termina com resultados macroeconômicos bisonhos, aquém das promessas e das expectativas…..Essa mediocridade foi provocada, como sabemos, pela política de juros reais muito altos que o Banco Central perseguiu desde o ano passado.
…… O custo da incompetência do Copom está aí, inegável: no plano fiscal, cerca de 2,2 pontos percentuais do PIB em encargos adicionais de juros (a bagatela de R$ 42 bilhões!); no plano econômico, uma taxa de crescimento anêmica, com sacrifício de decisões de investimento”
…. Enfim, no que tange ao funcionamento do Copom/BC, a sociedade não pode mais continuar refém de um arranjo institucional mal-ajambrado, em que convivem falta de independência formal com arbítrio informal, auto-suficiente e sem responsabilização por erros onerosos que poderiam ter sido evitados.”
(3) Luiz Inácio Lula da Silva – 6 de julho de 2001 (clique aqui)
O que faz hoje? Palestrante e politico influente.
Crime: acusou o Banco Central de tomar decisões para controlar taxa de câmbio em 2001 que prejudicavam os brasileiros.
“O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que a medida anunciada pelo governo para conter a alta do dólar é “uma pedrada jogada na cabeça do povo brasileiro”: “Um governo que resolve destinar US$ 1 bilhão por mês para garantir o não-aumento do dólar é um governo que deveria reconhecer que a nossa economia está debilitada.”
PS: Hoje o Banco Central gasta muito mais de US$ 1 bilhão por mês para controlar a taxa de câmbio. 
(4) Maria da Conceição Tavares – 26 de outubro de 2004 (clique aqui)
O que faz hoje? Professora da UNICAMP e UFRJ.
Crime: acusou os diretores do Banco Central de serem todos débeis mentais, ignorantes e piranhas financeiras”.
Ela não poupou, porém, a atual gestão do Banco Central, instituição que classificou de “fraca” e “ruim”. Sem citar nomes, chamou os diretores do banco de “bando de falcõezinhos”, “débeis mentais” e “ignorantes”, que usam o prestígio adquirido no governo para depois voltarem ao mercado e fazerem fortunas.
Quem está sentado na Fazenda e no BC, em geral, é conservador. Daí a ser vendido, débil metal, ignorante, piranha financeira e fazer um rentismo [privilegiar os ganhos de capital, no lugar da produção] desvairado, as coisas mudam de figura.”
CONCLUSÃO
A lista acima poderia continuar e seria longa. Mas os nomes acima servem para dar uma boa ideia da importância do Banco Central resgatar sua honra e começar uma queixa-crime contra cada um dos nomes acima. Será que é isso que esperamos do Banco Central? 
Se isso acontecesse, toda a diretoria do BACEN perderia o emprego no dia seguinte. Imaginem o BACEN processar um ministro de estado e pessoas simpatizantes do partido no poder. É claro que estou brincando e o correto não é processar quem fala mal do Banco, mas aceitar essas criticas porque isso sempre aconteceu e o Banco Central precisa saber conviver com essas criticas ácidas. Até porque se o PT sair do governo a critica será ainda mais feroz.
A grande diferença no caso atual da queixa-crime do Banco Central contra o economista Alexandre Schwartsman é que antes se falava MUITO mal do Banco Central e nem por isso Meirelles e Armínio Fraga mandavam abrir um processo de queixa-crime. Hoje, ao que parece, a prática mudou. O que me deixa entristecido e MUITO preocupado.
O Banco Central criou um barulho desnecessário e colocou em xeque sua independência (estou falando aqui do ponto de vista estritamente técnico). E se isso começou acontecer até mesmo com Banco Central do Brasil, que tem uma quadro técnico excelente, imaginem o que está por vir ……. “Senhor, eu tenho dúvidas (e medo)”

domingo, 7 de setembro de 2014

Banco Central bolivariano? - Selva Brasilis

Apenas transcrevendo os propósitos de um economista indignado, como eu, com a atitude do Banco Central.

Então, qualquer político, qualquer sindicalista, qualquer industrial pode acusar o Banco Central e seus diretores de estarem a serviço dos banqueiros, de serem apenas um instrumento dócil nas mãos do tal de capitalismo financeiro internacional, e não acontece nada com eles?

E um economista sério, que faz artigos com opiniões fundamentadas sobre as c......s que o Banco Central vem fazendo em termos de política monetária, merece uma denúncia, uma queixa-crime, como se fosse um inimigo do Brasil?

Ridículo, patético, inaceitável.

Paulo Roberto de Almeida 

 

O Ridículo, Covarde e Boçal Bacen Bolivariano

Blog Selva Brasilis, 6/09/2014
Se o Bacen ainda tinha alguma reputação ele acabou de perdê-la ao abrir um processo ridículo contra o economista Alexandre Schwartsman por ter feito críticas a péssima condução da política monetária pelo Bacen. Com esse processo covarde e boçal de intimidação o Bacen joga no lixo uma grande conquista do plano Real, que foi a recuperação do seu nome e reputação. O Bacen se cobre de ignomínia e ridículo ao macaquear a típica reação autoritária dos idiotas bolivarianos.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O BC aumenta os juros para evitar aumento de juros para o Governo,entendeu?

Não tem importância, eu explico: se o BC não aumentasse a Selic, os tomadores de títulos do Governo exigiriam juros mais altos do Tesouro.
Entendeu agora? OK!
Paulo Roberto de Almeida 
Alta da Selic gera custo extra de ao menos R$ 14 bilhões aos cofres públicosO Globo, 17/01/2014
Salto diz que sua estimativa é conservadora, pois considera apenas as operações compromissadas – instrumento do Banco Central (BC) para enxugar excesso de liquidez na economia pela venda de títulos públicos. Não está incluso o impacto dos juros sobre os títulos pós-fixados vendidos pelo Tesouro.
- Esses R$ 70 bilhões já representam três orçamentos do Bolsa Família. E o governo não vai conseguir mudar isso por decreto. É preciso mudar a base desta política fiscal expansionista, o que abriria espaço para uma política monetária mais decente – diz.
Pelos cálculos de José Roberto Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o aumento de gastos com o ciclo da Selic é um pouco maior, de R$ 15,3 bilhões. O número, também considerado conservador, tem como base a estimativa informada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) da União. Segundo o texto, o aumento de um ponto percentual da Selic provoca despesa extra com pagamento de juros de 0,09% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de produtos e serviços produzidos no país).
- A taxa de juros é o instrumento predominante de política monetária também em outros países, mas parece que existe monopólio disso aqui no Brasil – disse Afonso, lembrando que o governo também tem adotado outros caminhos para conter preços. – O governo está intervindo diretamente nos preços dos combustíveis, da energia elétrica. Os chamados preços administrados estão sendo mais administrados do que nunca.
Segundo Margarida Gutierrez, professora da UFRJ, o crescimento do custo de pagamento de juros pode ser maior este ano por causa das incertezas em torno do corte da nota de classificação de risco do Brasil pela agência Standard & Poor’s (S&P) e do ano eleitoral. Ela explica que, neste cenário, os investidores tendem a exigir maior rendimento nos títulos do país.
- Se o BC não elevasse a Selic, aumentaria ainda mais a incerteza e cresceria ainda mais a conta de juros.
Fonte: O Globo

terça-feira, 16 de abril de 2013

Inflacao alta: barbeiragem do BaCen, diz Alexandre Schwartsman

Está tudo dito...o que é possível de se dizer.
O que não é possível eu digo: o BC, ou o Copom, renunciou a ter postura própria; tornou-se um serviçal do Palácio do Planalto, e acredito que vários dos membros do Copom já estão pensando em pedir demissão. Se não pedem, é porque têm mais afeição a cargos que à honestidade intelectual.
Paulo Roberto de Almeida

Inflação elevada é barbeiragem do BC, diz Schwartsman
Beatriz Olivon
Revista Exame, 14/04/2013

Segundo o economista Alexandre Schwartsman, a autoridade monetária está “com pé trocado” e usa instrumentos errados para controlar a subida de preços
Para Schwartsman, se a Selic não subir amanhã, significa que o BC adiou para maio - e se não subir em maio significa que o BC não tem autorização para subir juros
anterior

São Paulo – Desde 2010 a inflação não encerra o ano no centro da meta (4,5%) ,  ou sequer próxima dele. Crítico do comando atual do Banco Central, o economista Alexandre Schwartsman, que já foi diretor de assuntos internacionais do BC em (2003-2006), e hoje é sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica, não vê independência nas decisões da instituição.

“O Banco Central abandonou o centro da meta de inflação há muito tempo e hoje se contenta em ter inflação abaixo de 6,5%”, disparou o economista, que vê “truques” ao invés de política monetária nas medidas adotadas recentemente pelo governo.

Confira os melhores trechos da entrevista concedida por Schwartsman à EXAME.com:

EXAME.com - O Banco Central está demorando para atuar sobre a inflação?
Alexandre Schwartsman - O Banco Central está com o pé trocado desde 2011. Não estamos com a inflação varando o teto da meta por acaso, isso foi barbeiragem de política monetária, e o BC segue na barbeiragem.

EXAME.com - O comportamento recente do BC é um indício de falta de independência?
Schwartsman - Não é indício, é documento assinado embaixo.

EXAME.com - Na semana passada, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que as medidas que forem necessárias para combater a inflação elevada seriam tomadas pelo governo, mesmo a elevação da taxa de juros quando necessário...
Schwartsman - Eu me espanto como isso passa batido, o Mantega diz que vai subir juros, mas não precisa de tiro de canhão, mas depois diz que não se manifesta sobre juros sendo que acabou de falar. Ele está se manifestando e a presidente da república a mesma coisa.  A Dilma faz uma reunião com três economistas de fora do governo, sendo que dois deles vendem serviço de consultoria, e os três abençoam alta modesta de juros. O BC é independente?

EXAME.com - Se, no final do ano, a inflação ficar acima do teto da meta, o que pode acontecer além da Carta Aberta? (quando ocorre o descumprimento da meta de inflação, o presidente do BC precisa enviar uma carta aberta para o ministro da Fazenda, com os motivos do descumprimento e as providências e prazo para o retorno)
Schwartsman - Talvez uns tapinhas nas costas. Como o governo poderia culpar o presidente do Banco Central por isso?  No máximo pode dizer que ele foi subserviente demais e que deveria ter sido mais altivo. Em outros tempos de BC o presidente do BC decidia e então havia o direito de cobrá-lo. Mas no máximo é uma cartinha.

EXAME.com - As medidas de manutenção do IPI, desoneração de cesta básica e outras do tipo, têm algum efeito sobre o crescimento?
Schwartsman - Maior crescimento não vai ter, o problema não é esse. Esse tipo de medida não é para crescer, é para impedir que a inflação ultrapasse o teto da meta. Se o corte nos preços de energia não tivesse sido feito, estaríamos contemplando a possibilidade de chegar ao teto da meta. Com o corte, ganhamos fôlego. A mesma coisa ocorre ao adiar aumento de IPI, segurar combustível, desonerar cesta básica, você consegue um fôlego extra para chegar abaixo de 6,5%. O objetivo é esse, mesmo dizendo que isso é para crescer mais e dividir renda.

EXAME.com - Há outros países que adotam esse tipo de medida para tentar diminuir a inflação?
Schwartsman  - Vemos em outros lugares (o uso desse tipo de medida para tentar diminuir a inflação) mas também é errado, se você pensar do ponto de vista do controle de inflação. Não erramos sozinhos, tem lugares que fazem coisas piores que isso, como a Argentina. Isso não quer dizer que têm sucesso em controlar a inflação. Se fosse possível controlar inflação controlando preços não haveria inflação em lugar nenhum do mundo. O que você consegue são efeitos temporários sobre o efeito de preços, mas não muda a trajetória de inflação, você só não deixa o termômetro marcar o montante preciso, se o objetivo é esse, não deixar o termômetro passar de 6,5%, você pode dizer que é um sucesso, se o objetivo é levar para a meta, foi um fracasso.

EXAME.com - Qual sua projeção para a Selic que será definida na reunião do Copom dessa semana?
Schwartsman - Todas as indicações mais recentes são de que o Comitê vai antecipar o começo do ciclo de aperto. Em algum momento parecia que ia começar em maio, agora parece mais provável que comece amanhã mesmo. O movimento agora é pequeno, de aumento de 0,25 ponto percentual (atualmente  a Selic está em 7,25% ao ano) e eu não vejo um ciclo total muito carregado, no máximo na casa de 1,50 ponto percentual, terminando o ciclo em 8,75%.

EXAME.com - Essa elevação de 0,25 ponto percentual faria efeito?
Schwartsman - Obviamente não. A questão não é subir 0,25 p.p. , o mais importante é o comportamento de taxas mais longas, que incorporam as expectativas de mercado sobre o tamanho do ciclo total. Não é o 0,25 que faz diferença se não fizer mais nada. É um ciclo, provavelmente o BC vai subir a taxa, mas não sei, a regra desapareceu, a gente não sabe exatamente o que o BC quer. As melhores estimativas hoje sugerem algo como dois trimestres ou mais para a taxa de juros afetar produto e mais um ou dois pra ela afetar a inflação, ou seja, uma defasagem de três a quatro trimestres. Mesmo que o mercado antecipe todo o (possível) aumento de juros hoje (150 pontos), se fala de perspectiva de efeitos sobre inflação provavelmente no começo de 2014 ou no segundo trimestre de 2014.

EXAME.com – Qual sua expectativa para a inflação nesse ano?
Schwartsman - Eu não espero que no final do ano a inflação esteja acima do limite da meta, espero que esteja por volta de 6,5%. Não vejo taxa de inflação convergindo em 4,5%, eu espero uma inflação inferior a 6,5% no final do ano, namorando o teto da banda em 2013 e namorando com mais compromisso em 2014.

EXAME.com – O que poderá ser feito com relação a inflação em 2014?
Schwartsman - Terão que tirar truques da cartola em 2014, inventar uma desoneração qualquer... Claro que o corte nas tarifas de energia foi decisivo para a inflação não varar 6,5% em 2013. Se o objetivo é não deixar passar de 6,5%, tira PIS/Cofins de gasolina, de alguma outra coisa, tanto faz. Isso é truque, não é politica econômica. O ponto principal é abandonar o centro da meta. O governo está lutando para não passar de 6,5% e com os instrumentos errados.

EXAME.com - E se a taxa básica de juros não subir nessa semana, o que isso indica sobre o Banco Central?
Schwartsman - Se não subir quer dizer que adiaram para maio. Se não subir em maio quer dizer que o BC não tem autorização para subir juros, porque todo seu discurso foi nesse sentido, então significaria que o BC foi desautorizado. Seria um salve-se quem puder.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Se eu fosse do Copom, eu me demitiria...

Para que Copom, não é mesmo?
Se a própria presidente substitui o presidente do Banco Central e todos os demais diretores, membros oficiais do Copom, e decide, com base no seu conhecimento superior de economia, nas suas previsões acertadas (se disser pibinho, acerta nisso, pelo menos), e no seu imenso ferramental econométrico, qual deve ser a taxa de juros no Brasil, qual a que melhor elimina riscos inflacionários e reflete o custo real (não o desejado) do dinheiro emprestado, quais os parâmetros que devem vigorar nos mercados de capitais, no sistema bancário, para que essa pantomima a cada 45 dias, de reunir um monte de gente durante dois dias, para depois anunciar o que a presidente quer?
Melhor poupar esforços e se basear na sua genial intuição, e na bola de cristal do preclaro ministro da Fazenda, para decidir o que já estava decidido. Mais simples assim, não é mesmo?
Por isso mesmo que o grau de volatilidade associado à economia brasileira vem aumentando cada vez mais. Depois colocam a culpa nas agências de classificação de riscos e nos tais de especuladores de olhos azuis de Wall Street e seus capitais vorazes...
Paulo Roberto de Almeida

G1, Quarta, 27/03/2013

Dilma diz que inflação está sob controle apesar de flutuações conjunturais

A presidente participa de reunião da cúpula do Brics.
A presidente Dilma Rousseff disse hoje, na reunião da cúpula do Brics, que a inflação brasileira está sob controle, embora aconteçam flutuações e alterações conjunturais. Dilma também sinalizou que o governo não vai elevar a taxa básica de juros para tentar conter a inflação.
Presidenta Dilma Rousseff posa para foto oficial com os chefes de Estado e de Governo na V Cúpula dos Brics (Crédito: Blog do Planalto /  Roberto Stuckert Filho) Presidenta Dilma Rousseff posa para foto oficial com os chefes de Estado e de Governo na V Cúpula dos Brics
(Crédito: Blog do Planalto / Roberto Stuckert Filho)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PR para BC: eu ordeno que voce seja livre e independente!; e nao discuta, ouviu?

Durma-se com um barulho desses; depois de ter manipulado o BC durante os últimos dois anos, agora a PR quer dar a impressão de que o Copom é independente; mas só impressão, não é?...
Paulo Roberto de Almeida

Governo vai reforçar discurso de BC autônomo
VALDO CRUZ
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
FSP, 19/02/2013
A presidente Dilma Rousseff orientou a equipe econômica a deixar claro que o BC tem total autonomia para decidir subir os juros quando considerar necessário.
O objetivo é influenciar nas expectativas de mercado, tentando afastar percepções de interferência sobre a condução da política da entidade.
Segundo assessores, Dilma quer transmitir esse recado porque estava se cristalizando o conceito de que o BC está de "mão atadas" e não subiria a Selic neste ano devido a pressões do Planalto.
Para interlocutores presidenciais, o próprio governo contribuiu para que fosse criada essa imagem de que o BC na era Dilma tem menos autonomia do que no governo Lula, o que dificulta a ação do banco em momentos mais turbulentos na economia.
Para reforçar a imagem de autonomia, assessores dizem que, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC pode emitir sinais de uma eventual mudança na taxa de juros, suprimindo suas últimas recomendações de manutenção da política atual por um "tempo suficientemente prolongado".
Essa mudança pode ocorrer caso o BC avalie que há riscos de alteração no cenário atual do banco sobre o comportamento da inflação. A previsão é que a inflação fique acima de 6% no primeiro semestre, recuando no segundo. Caso esse cenário se confirme, tanto o BC como o Palácio do Planalto consideram que o Copom pode ter condições de deixar inalterados os juros, hoje em 7,25%.

domingo, 20 de janeiro de 2013

O Banco Central rouba o seu dinheiro, caro leitor...

Só posso chegar a esta conclusão: o Copom, que estatutariamente deveria lutar pela inflação a mais baixa possível, está promovendo a inflação, e retirando o seu poder de compra, meu caro leitor.
Em qualquer país civilizado, um presidente de Banco Central que garantisse, como garantiu o atual presidente do BC, em setembro de 2011, entregar uma taxa de inflação dentro da meta, e que não o fizesse, seria demitido sumariamente pelo parlamento. Mas o nosso Congresso, na verdade, é cúmplice da inflação alta, pois os congressistas também acreditam que é melhor um pouco de inflação para se ter maior crescimento e menos desemprego. Pois acabam colhendo maior inflação e menor crescimento, sem que isso beneficie a população, quer empregada quer a desempregada.
Infelizmente, estamos entregues a um bando de amadores economistas que se acreditam desenvolvimentistas, e que só conseguem ser estagnacionistas...
Paulo Roberto de Almeida 
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O novo Copom opta pelo desenvolvimentismo

18 de janeiro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
Se ainda existissem dúvidas a respeito de uma mudança de 180° nas opções do Comitê de Política Monetária (Copom), desaparecem com a leitura do comunicado da reunião que, anteontem, manteve a taxa Selic em 7,25%.
O texto merece ser reproduzido em parte: "Considerando o balanço de riscos para a inflação que apresenta piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica menos intensa do que o esperado e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta". No passado, diante de uma piora do risco de inflação, o Copom anterior não recearia em elevar a taxa de juros básica. Hoje, em nome do desenvolvimento, opta por manter essa taxa para permitir um clima favorável à retomada do crescimento econômico.
Não faltarão economistas para ir buscar o exemplo dos EUA, ou da União Europeia, para justificar essa mudança da política monetária. Ocorre que, nessas duas regiões, é preciso aumentar a demanda doméstica para dar impulso à indústria, que está com capacidade de produção não utilizada. No Brasil, a situação é muito diferente: a demanda doméstica é "robusta", como gosta de assinalar o Banco Central, enquanto nossa indústria, sem a competitividade necessária, prefere importar os componentes dos produtos que oferece. Esse descasamento entre a demanda e a oferta foi sempre considerado, até agora, um foco de inflação, que exige conter o crescimento da demanda doméstica para, num primeiro tempo, modernizar a indústria e elevar sua competitividade, que lhe permitirá conquistar fatias do consumo doméstico em outros países.
O Copom atual comunga com uma visão totalmente diversa, menosprezando o fato de que a inflação sempre traz embutido um mecanismo que a autoalimenta e que é necessário contê-la o mais cedo possível, para evitar que sua disseminação comece a contagiar todos os preços da economia.
Na economia brasileira atual, só um fator pode realmente contribuir para reduzir os preços: os investimentos na infraestrutura. Eles adicionam valor à produção nacional, na medida em que o País disponha de um sistema de estradas rodoviárias capaz de reduzir o custo do transporte - custo que se torna ainda menor quando é possível utilizar ferrovias e vias fluviais que cheguem a portos marítimos bem equipados.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Populismo cambial? - Entrevista com Gustavo Franco (OESP)


"O câmbio hoje é tão fixo quanto na minha época"

Raquel Landim
O Estado de S. Paulo - 14/10/2012

Para economista, tripé da política econômica (superávit primário, câmbio flutuante e meta de inflação) está "machucado", mas "é preciso ter tolerância, porque o mundo mudou"
O economista Gustavo Franco está convic­to de que o Brasil abandonou o câm­bio flutuante e ado­tou limites para a va­riação da moeda - um regime igual ao do seu período no governo. "E tal qual o que praticávamos na mi­nha época. Gom a vantagem de que, se der tudo errado, as autoridades não vão se sentir falhando em seus compromissos."
A avaliação de Franco tem peso. Ele é o pai da "âncora cambial", que ajudou a garantir a vitória do Bra$il contra a hiperinflação, mas não re­sistiu a um ataque especulativo agu­do no fim do primeiro mandato de Fernando Henrique. Franco coman­dou o Banco Central (BC) de agos­to de 1997 a janeiro de 1999.
O Estado começa a publicar uma série de entrevistas com ex-presi­dentes do BC sobre a condução da política monetária, que define os ju­ros do País. Comandado por Alexan­dre Tombini, o BC enfrenta hoje um de seus maiores testes de credi­bilidade, com os investidores des­confiando da interferência da presi­dente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em suas decisões.
Franco afirma que o tripé da polí­tica econômica - superávit primá­rio, câmbio flutuante e meta de in­flação - está "machucado", mas "é preciso ter tolerância, porque o mundo mudou". Ele diz ainda que os juros altos não são "produto da ganância dos bancos", como a infla­ção não era culpa da "ganância dos supermercados".
A seguir, trechos da entrevista.
O tripé da política econômica se mantém no governo Dilma?
É preciso nunca esquecer que o tri­pé reflete coisas mais profundas, que são responsabilidade fiscal, abertura da economia e moeda sã. Ou seja, existem princípios estraté­gicos da boa política econômica, que podem assumir um aspecto táti­co conforme a circunstância. É pre­ciso ter um pouco de tolerância. As noções de disciplina monetária e au­tonomia do BC foram desarruma­das com a crise de 2008. Há uma perplexidade sobre qual é o novo mandato dos BCs. É claro que isso teve repercussão no Brasil. A infla­ção está bem comportada, após as agressões que o tripé sofreu. Mas o momento é muito perigoso.
Por quê?
É aquela história: você tira um tijoli- nho da parede e nada acontece, en­tão tira mais um, e quando tirar o décimo e a parede desabar, vai reclamar que houve reação exagerada. Só que você está destruindo a cons­trução faz tempo. Parece que pode­mos fazer uma política fiscal expansionista, com forte crescimento do BNDES, sem ter conseqüências. É surpreendente que a inflação não te­nha reagido a tantos desafios. A ve­lha senhora apanhou à beça nesses anos de estabilização, mas sabemos que é complicado se ela acordar.
O mandato do BC é controlar a infla­ção, mas os críticos dizem que agora também tem meta de crescimento e de câmbio. Qual é a sua opinião?
Mudaram bastante os entendimen­tos canônicos sobre o que é o man­dato do BC. Qualquer BC hoje tem cinco mandatos. É fácil atirar pedra dizer que obedecem a vários manda­tos ao mesmo tempo, mas é o que a conjuntura exige. Até certo ponto, ok. Mas fomos um pouco longe demais. A manutenção do tripé como uma dou­trina ensejou a busca de brechas, co­mo as medidas macroprudenciais e a emissão de dívida pública para empres­tar ao BNDES. Com essas brechas, o tripé fica descaracterizado. As pessoas vão achar que jogaram fora o tripé e não colocaram nada no lugar. Então di­gam que o tripé agora tem quatro per­nas e é uma cadeira. O mercado se acostuma com a ideia. Se não explicar, fica parecendo que são gambiarras.
Dilma quer entrar para a história co­mo a presidente que baixou os juros. Vai conseguir?
E muito bom que tenha esse objetivo. É o problema número um da econo­mia brasileira, como foi a inflação. E re­duzir os juros a níveis normais pode ter impacto comparável ao da estabili­zação. O objetivo está ok, mas não se pode errar no diagnóstico. No comba­te à inflação, erramos várias vezes. O exemplo mais canhestro foram as cha­madas causas inerciais, que davam a sensação de que o congelamento de preços acabaria com a inflação. Tive­mos a repetição desse remédio algu­mas vezes. Por que é tão complexo re­duzir os juros? Seguramente não é um ato de vontade. Os juros são um preço de mercado, que refletem sobretudo a decisão das pessoas de comprar títu­los públicos. Não são produto da ga­nância. Lembre-se do tempo em que achavam que a inflação era alta no Bra­sil por ganância dos supermercados e dos oligopólios. Agora vejo elementos desse tipo de campanha para cima dos bancos. É perda de tempo. Significa uma politização indevida do tema, sem mexer no que é importante.
O diagnóstico do governo Dilma sobre os juros está equivocado?
Reduzir os juros deveria começar pelo aumento do superávit primário. Quan­to mais o Tesouro se endivida, mais pu­xa os juros para cima. Isso é o princi­pal, mas o governo só enxerga a políti­ca fiscal como instrumento para au­mentar a demanda. Se continuarmos querendo resolver o problema dos ju­ros no braço, vamos repetir o insuces­so das políticas de estabilização.
Claro. Hoje temos uma situação sin­gular, que é uma combinação de ple­no emprego com demanda fraca. Se setor privado acordar, a economia sobreaquece. Por isso, a maior parte dos especialistas projeta que, se o impulso fiscal continuar e o setor privado se animar, a inflação vai bei­rar o limite de tolerância do sistema de metas em seis meses. Se isso ocorrer, vai ter de subir os juros.
O Brasil tem hoje pouco espaço para choques externos de alta de preços?
A situação de pleno emprego torna o País sensível a qualquer choque de oferta. Mas a inflação não é o nos­so principal problema. O governo acerta no entendimento de que é preciso trabalhar para o crescimen­to. De novo, o problema é o diagnós­tico. Já temos todos trabalhando. O que gostaríamos é que o Brasil pro­duzisse mais. Este é um problema de produtividade. E como elevar a produtividade? Com mais escolari­dade, mais competição. Seguramen­te não é o gasto público. O desafio hoje é mudar o mix: aumentar o gas­to privado com investimento e redu­zir o gasto público corrente. O go­verno é ruim para fazer investimen­to. Gasta-se um dinheiro insano pa­ra fazer ponte, estrada, estádio de futebol. Custa cinco vezes p preço e dá tudo quanto é problema no TCU (Tribunal de Contas da União).
Em meio à crise global, é justificá­vel um câmbio mais controlado para defender a indústria?
É preciso pragmatismo nesse assun­to. Filosoficamente todos somos favoráveis ao câmbio flutuante. Mas existem circunstâncias e circunstân­cias. Fui presidente do BC numa época em que a manutenção do câm­bio era muito importante para asse­gurar uma conquista da sociedade, que é a vitória sobre a hiperinflação. A âncora cambial não é uma coisa para se fazer em circunstâncias nor­mais, mas foi fundamental para ga­nhar essa batalha. Hoje as circuns­tâncias são outras. Na opinião das autoridades, a manutenção de uma taxa de câmbio muito apreciada é danoso demais para a indústria. Não sei se compartilho, mas o Brasil não é o único país que pratica inter­venções no mercado de câmbio. Na­da disso é ilegítimo. Do jeito que es­tá sendo feito agora é uma banda cambial - tal qual a que praticáva­mos na minha época -, porém, não proclamada, com números não espe­cificados, sem ferramentas claras. E com a vantagem de que, se der tudo errado e o câmbio começar a se apre­ciar, as autoridades não vão se sen­tir falhando em seus compromissos.
A meta de inflação de 4,5% é alta?
A diferença é muito pequena, espe­cialmente para alguém como eu que estava no BC quando a inflação atin­giu 40% ao mês ou 6.000% ao ano (ele foi diretor de assuntos internacio­nais do BC no fim do governo Itamar). 3,5% ou 4,5% é muito bom. Se man­ter a meta em 4,5% for o preço para ajustar as finanças públicas e ter ju­ros de primeiro mundo, é justificável. Mas acima de 4,5% seria ruim para a credibilidade do sistema.
Ainda há muita indexação no Brasil?
Não. Esse assunto de indexação é um falso problema. As economias li­vres de inflação não impõem restri­ção à indexação. No Brasil, é assim. Só é proibido fazer contrato indexa­do a um índice de preço com prazo menor que um ano. Hoje o sistema anual funciona. Todos assinam con­tratos de aluguel. As empresas que fornecem energia em contratos de 30 anos estão satisfeitas com o reajuste anual. A indexação é um segu­ro que beneficia as duas partes de uma relação contratual. Deixa a in­dexação, não vamos mexer nisso.
O Plano Real completou 18 anos e quem nasceu na década de 90 nem sabe o que é hiperinflação. Ainda há risco de inflação descontrolada?
É sempre bom guardar a memória da tragédia. Não existem bem essas fronteiras, mas sabemos que, quan­do os contratos deixam de ter rea­juste anual e passam a semestral, a inflação pula de 25% para 40%. Se fo­rem para três meses, vai a 100%. En­tre o governo Figueiredo e o fim do governo Sarney, o Brasil passou de 100% ao ano para 83% ao mês. Cla­ro que essas tragédias requerem muitas coisas dando errado e não creio que vamos viver isso de novo. Mas não quer dizer que todos os problemas estejam resolvidos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Piadas economicas e as metas de inflacao - Editorial do Estado

Antes de transcrever o editorial do Estadão, permito-me repetir um post de 2011, no qual o presidente do BC prometia que em 2012 a inflação iria convergir para o centro da meta:


QUARTA-FEIRA, 28 DE SETEMBRO DE 2011

A frase da semana, do mês, do ano (e de 2012, tambem...)

A inflação está sob controle e irá convergir para o centro da meta em 2012.

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em depoimento na Comissão Econômica do Senado Federal (28/09/2011)

Rendez-vous em 2012, para conferir...

Pois é, e agora, como é que fica?
Previsões não realizadas merecem multa pecuniária a quem as fez?
Metas são metas, e quem não alcança tem de ser cobrado.
Paulo Roberto de Almeida 


O humor negro do BC

Editorial O Estado de S.Paulo, 28 de setembro de 2012
A economia vai mal, a recuperação será lenta e os juros poderão continuar sem aumento até o fim do próximo ano, segundo as novas previsões e indicações do Banco Central (BC) em seu relatório trimestral de inflação. O crescimento econômico estimado para este ano caiu de 2,5% para 1,6%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou como piada a previsão de 1,5% divulgada em julho pelo banco Crédit Suisse. Se ele estiver certo, os economistas do BC parecem ter ingressado com grande entusiasmo na carreira de humoristas. Em junho do próximo ano a expansão acumulada em 12 meses ainda estará em 3,3%, segundo as projeções divulgadas nesta quinta-feira. Se forem confirmados cenários tão ruins para o Brasil e também para o exterior, dificilmente haverá novo aumento de juros até o fim de 2o13. Embora implícita, essa promessa parece bastante clara no documento e essa foi, também, a interpretação de economistas consultados pela imprensa. Se não surgir nenhuma surpresa, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsável pela política de juros, atenderá ao desejo manifestado pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro Mantega.
Mas o tom do relatório tende para o humor negro, talvez involuntariamente. A inflação, segundo o pessoal do BC, continuará convergindo para o centro da meta - 4,5% -, mas com desvios. A taxa anual, no cenário de referência, estará em 4,6% no terceiro trimestre de 2013 e voltará a 5,1% no segundo trimestre do ano seguinte. De toda forma, continuará dentro da margem de tolerância (o teto é 6,5%).
Essa previsão está condicionada ao recuo dos preços internacionais das commodities e a um crescimento econômico moderado no Brasil. Se o Brasil e alguns outros países colherem o suficiente para compensar a quebra da safra americana, as cotações agrícolas poderão recuar, mas isso também dependerá, provavelmente, do esfriamento da economia chinesa. Preços agrícolas menores podem ser bons para conter a inflação, mas são sempre ruins para as contas externas. Quanto ao crescimento brasileiro, a ideia é óbvia: um resultado muito melhor que o esperado pressionará a inflação, admitiu o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo.
A previsão de inflação abaixo do teto é o único detalhe mais ou menos róseo. A projeção de crescimento industrial é menor que a divulgada na quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a Confederação, a produção geral da indústria deve ficar estagnada em 2012. A indústria de transformação deve produzir 1,9% menos que em 2011. Nas contas do BC, o produto da indústria geral encolherá 0,1% e o do setor de transformação diminuirá 2,2%.
Pelas projeções do BC, o consumo continuará crescendo, neste ano e no próximo, mais rapidamente que a produção das fábricas. O investimento industrial tem sido insuficiente, segundo o relatório. A diferença entre o consumo, turbinado pela renda e pelo crédito, e a capacidade de resposta do setor produtivo resultará, naturalmente, em erosão da conta de comércio. Essa tendência tem sido clara há mais de um ano e deve continuar, segundo as projeções do BC. As novas estimativas indicam para 2012 uma receita de exportações 3,1% menor que a do ano passado e uma despesa com importações 1,7% maior. O complemento perfeito para esses números está no Informe Conjuntural da CNI: há limites para o modelo de crescimento pela expansão do consumo e por medidas anticíclicas. É preciso reforçar o investimento e aumentar a produtividade. Medidas na direção certa apenas começaram e seus primeiros resultados só deverão aparecer a partir do próximo ano.
Pelas estimativas do BC, o investimento em máquinas, equipamentos e construções continuará baixo em 2013. Para este ano, a estimativa é de uma redução de 2,2%. Para os 12 meses até o segundo trimestre do próximo ano, a expectativa é de um aumento de apenas 1,4%, insuficiente para compensar a queda.
Quanto às finanças públicas, são expansionistas, segundo o relatório, mas o BC ainda aposta no cumprimento da meta fiscal, embora sem mencionar o valor do superávit primário. Se os gastos desandarem, como ficará a política de redução de juros?

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Banco Central fica submisso ao governo (e esquece as metas de inflacao)


A Ata do Copom parece ter sido escrita pelo governo

Editorial O Estado de São Paulo, 27 de janeiro de 2012

A leitura da Ata da 164.ª reunião do Comitê e Política Monetária (Copom) deixa a estranha impressão de ter sido escrita pelo ministro da Fazenda - dado seu estilo otimista -, e não por autoridades monetárias independentes.
No passado recente, o Copom preocupava-se com atingir o centro da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (de 4,5%). Já não há sequer referência à meta, mas se assinala que a taxa poderá ser de 5,50% neste ano e de 5% em 2013, como se o foco agora fosse o intervalo de inflação.
Parece, pois, que a responsabilidade pelo controle da inflação deixou de ser da política monetária e passou para a evolução da situação internacional. Esta, com razão, preocupa as autoridades monetárias, que, no entanto, deveriam dar alguma informação sobre medidas que poderiam adotar para reduzir ao mínimo os efeitos, no Brasil, da crise que os países ricos atravessam.
Assim, é importante verificar, no texto do documento, a substituição da política monetária - que depende do Banco Central - como meio de combater a inflação pela política fiscal, que depende do governo. Sempre achamos que o Banco Central deveria alertar o governo sobre os efeitos inflacionários de uma política fiscal frouxa. Isso, todavia, não dispensa o Copom de firmeza na política monetária. Por outro lado, ao elogiar o governo pela obtenção de um superávit primário, as autoridades monetárias não parecem atentar para como ele foi obtido: se com aumento de receitas ou corte de despesas de custeio e de investimentos, esquecendo de que, dependendo do recurso usado, os efeitos sobre a inflação são muito diferentes.
Timidamente, todavia, ao recomendar ao governo que leve em consideração a necessidade de expansão moderada do crédito, os membros do Comitê advertem sobre o inconveniente das concessões exageradas de subsídios por intermédio de operações de crédito.
Embora reconheça que o descompasso entre as taxas de oferta e de demanda na economia é decrescente, o documento lembra, com toda razão, que a concessão de aumentos de salários deve ser compatível com aumento da produtividade, sob pena de favorecer as pressões inflacionárias.
O Copom acha que se deve reconhecer a contribuição que tiveram na redução das taxas de juros o aumento de oferta de poupança externa e a redução do seu custo de captação. Por isso enfatiza "a elevada probabilidade de concretização de um cenário que contemple a taxa Selic se deslocando para o patamar de um dígito".