O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Brasil: uma democracia de baixa qualidade -Zaverucha, Nobrega, Domingues

Aliás, baixíssima, beirando a nulidade...
Paulo Roberto de Almeida 

Deterioração das instituições indica uma semidemocracia no país

Jorge Zaverucha
José Maria Nóbrega Jr.
Juliano Domingues 

Especial para o UOL

Duas correntes da ciência política analisam a redemocratização brasileira baseadas em premissas distintas. Logo, suas conclusões são díspares. Para o grupo majoritário, nossas instituições estão funcionando e a atual crise demonstraria o quanto nossa democracia está consolidada. A corrente minoritária, por outro lado, pergunta: será?

O que significa estar "funcionando"? Para quem? Como? Os questionamentos são inúmeros. O Congresso está funcionando, mesmo com a Câmara e o Senado comandados por parlamentares implicados na Operação Lava Jato?

O STF (Supremo Tribunal Federal) prendeu políticos e empresários, o que representa importante avanço institucional. Mas, em sua última decisão sobre o rito de impeachment, um dos ministros alertou, em plena sessão, sobre o risco de o STF se tornar uma corte "bolivariana". Não houve qualquer repreensão dos pares.

O Ministério Público também vem se comportando positivamente. Mas, por que deixa tanto a desejar em relação aos milhares de processos que envolvem, por exemplo, doentes, idosos e incapazes?

O Banco Central perde gradualmente credibilidade à mercê da politização de suas medidas. Ele está funcionando?

Ministros do TCU (Tribunal de Contas da União), aptos para julgarem as contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff, foram citados em investigações de crimes e dois deles são formalmente investigados no STF. O TCU está funcionando?

E o que dizer do Executivo? Em um dia, a presidente convida a oposição para um diálogo. No outro, chama a mesma de golpista. Sendo golpista, seus integrantes deveriam ser encarcerados. Por sinal, se estamos em uma democracia consolidada, por que as palavras golpe e golpismo aparecem com uma intensidade que não é vista desde 1985?

Eleições x democracia

O documento The Economist Intelligence Unit 2015 é preocupante. A nota que mede a qualidade da democracia brasileira foi rebaixada pela primeira vez desde 2006. Em relação ao ano passado, o país perdeu posições no ranking dos mais democráticos do mundo. Caiu de 44º para 51º lugar.

A queda foi drástica, sobretudo, nos critérios "cultura política" e "funcionamento do governo". O documento não inclui uma avaliação sobre violência ou instituições coercitivas. O número de homicídios e o despreparo de várias das nossas polícias para respeitar os direitos humanos rebaixariam ainda mais o nível de nossa democracia.

É preciso separar os conceitos de governo e regime. Este é algo mais amplo. Envolve não apenas o aspecto eleitoral, mas também a institucionalização de regras (in)formais. Portanto, é possível existir democracia eleitoral sem que o regime seja, necessariamente, democrático. Essa é a situação em que vivemos.

De importante fica a constatação de que vivemos numa semidemocracia –"flawed democracy",para o The Economist Intelligence Unit. Avanços eleitorais e institucionais convivem com retrocessos e/ou estagnações institucionais. De 2014 para cá, o pêndulo oscilou rumo a uma deterioração das nossas instituições.

E se a crise desembocar numa rebelião popular profunda? Não seríamos ainda mais rebaixados? As instituições estão funcionando? Será?

  • O texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
  • Para enviar seu artigo, escreva para uolopiniao@uol.com.br

JORGE ZAVERUCHA 

é doutor em ciência política pela Universidade de Chicago e professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) 

JOSÉ MARIA NÓBREGA JR. 

é doutor em ciência política e professor da Universidade Federal de Campina Grande 

JULIANO DOMINGUES 

é doutor em ciência política e professor da Universidade Católica de Pernambuco

Macri: revolucionando a Argentina

Enviado pelo meu amigo e colega Renato Marques, que a recebeu de outrem:

Se fez tudo o que está registrado, a proposta final é boa...


 Confesso que estou estarrecido com o Macri.


Para qualquer brasileiro, que sofre há anos com a paralaxe cognitiva da nossa política (quando não apenas a prática é dissociada do discurso, mas com frequência é o CONTRÁRIO dele), ver um político efetivamente fazendo aquilo que prega é um choque. A minha geração, possivelmente, nem sabia que tal coisa era possível.

Em dois meses de governo, Macri retirou todas as restrições de importações, zerou imposto de exportação de trigo, milho e carne, reduziu imposto sobre soja, automóveis e motos (AUMENTANDO a arrecadação no processo, e provando de uma vez por todas a validade da Curva de Laffer), denunciou o acordo com o Irã, expulsou médicos cubanos sob a justificativa de que não iria financiar ditaduras, já demitiu 19 mil funcionários públicos "nhoques" (aqueles que só aparecem dia 29 para receber, e que foram indicados politicamente), desmontou a "Ley de Medios" e anunciou que vai pagar todas as dívidas dos seus importadores, no importe de US$ 5 bilhões, 80% nas mãos de exportadores brasileiros.

Há duas semanas investidores internacionais fizeram fila em Davos para falar com ele. Essa semana o governo argentino ainda quitou com credores italianos uma dívida de US$ 2,3 bilhões (por US$ 1,350 bi), e está firme no caminho de pagar a parcela restante com fundos "abutres", de US$ 9 bi, com deságio de 30%. Se ele fizer isso, devolve a Argentina ao mercado mundial de capitais, depois de 10 anos de kirchnerismo em que a Argentina foi a leprosa do mundo.

Tudo isso, repito, em DOIS MESES. Enquanto isso, no Brasil, o Congresso estava parado e a presidente convoca rede nacional para anunciar que ainda precisamos nos livrar de uma doença medieval (depois do seu ministro da saúde sugerir que, na falta de uma vacina bancada pelo estado, tínhamos que torcer para que o próprio mosquito imunizasse as pessoas antes da idade fértil).

Será que o Macri não toparia prestar umas 4 horas semanais de trabalho voluntário aqui no Brasil, não? Se a Dilma concordasse em abrir mão do cargo por 20 horas/mês, acho que a gente podia até esquecer o papo do impeachment...

Rafael Guimarães Rosset


 

domingo, 6 de março de 2016

Livro: Dimensões do poder, capitulo sobre Relacoes Internacionais do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Finalmente recebi da Editora o arquivo em pdf do livro organizado em torno de um colóquio realizado na PUC-RS em 2014, e com o qual colaborei fazendo uma apresentação histórica sobre os padrões das relações internacionais do Brasil, bastante modificado, diga-se de passagem, com o advento dos companheiros ao poder.
Livro e capítulo disponíveis segundo as informações abaixo.
Paulo Roberto de Almeida


1186. Padrões e tendências das relações internacionais do Brasil em perspectiva histórica: uma síntese tentativa”, In: Marçal de Menezes Paredes et al. (orgs.), Dimensões do poder: história, política e relações internacionais (Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015, 191 p.; ISBN: 978-85-397-0714-0); pp. 135-164; livro disponível no site da Editora: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-0715-7.pdf; capítulo disponível na plataforma Academia.edu (https://www.academia.edu/14705154/110_Padroes_e_tendencias_das_RI_do_Brasil_2013-2015_); anunciado no blog Diplomatizzando (06/08/2015; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/08/padroes-e-tendencias-das-ri-do-brasil.html). Relação de Originais n. 2522.

PCdoB quer enquadrar e constranger militares, no Ministerio da Defesa - Leandro Mazzini

Os militares deveriam se dar um mínimo de respeito e dizer ao ministro da Defesa, que é do mesmo partido que tentou aniquilar as FFAA com a sua guerrilha do Araguaia, que sua nomeação não seria possível por falta dos requisitos mínimos de qualificação para ocupar o cargo. Como é possível conviver com tais humilhações (que aliás não são de hoje)?
Paulo Roberto de Almeida

COLUNA ESPLANADA

PCdoB incomoda militares em compras da Defesa

Nomeação da ex-deputada Perpétua Almeida como Secretária de Produtos de Defesa passou a incomodar altos oficiais das três Forças Armadas

PCdoB incomoda militares em compras da Defesa
Perpétua em seu discurso de posse. Secretária passou a dar a última palavra sobre compras, contratos, licitações (Foto: defesa.net)
Avalizada pelo ministro Aldo Rebelo, a recente nomeação da ex-deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) como Secretária de Produtos de Defesa passou a incomodar altos oficiais das três Forças Armadas no Ministério da Defesa. Perpétua passou a controlar contratos bilionários de aquisição de armamentos, munições, veículos e equipamentos, numa aérea antes comandada há anos por especialistas na pasta. Para monitorar de perto as ações da ex-deputada, os militares colocaram no gabinete um experiente general. A assessoria do ministério nega que haja ciúme dos militares, enquanto a caserna ferve.
Dona da caneta
Perpétua passou a dar a última palavra sobre compras, contratos, licitações. Está com a Base Industrial de Defesa nas mãos, com carteira de 220 fornecedores de grande porte.

sábado, 5 de março de 2016

Mini-maxi reflexao sobre a decadencia de certos povos - Paulo Robertode Almeida


Mini-reflexão sobre países, líderes políticos e tragédias nacionais

Paulo Roberto de Almeida

Ibere Lopes Rest escreveu o que segue numa sua postagem:
 “O PT mostrou seu lado fascista nas ruas: atacou repórteres, quebrou câmeras, ameaçou jornalistas ao vivo. Lembra o inicio do nazismo na Alemanha.”
O que me motiva a refletir sobre o destino de certos povos, outrora bem sucedidos, e num determinado momento, ou conjuntura, condenados a decair ou a sofrer pelas mãos (e pés) de certos líderes messiânicos que precipitaram a sua desgraça, ou que conseguiram simplesmente destruir o país, por sua ação esquizofrênica.
O primeiro, na era contemporânea – que aliás foi inaugurada por Robespierre, logo seguido por Napoleão – foi Lênin, um gênio em política, um ignaro em economia, um espírito totalitário, que antes de destruir a economia de mercado na Rússia, mandou a Tcheka eliminar todos os inimigos de classe e todos os adversários políticos. Trotsky teria feito, e fez, igual, mas Stalin conseguiu fazer um trabalho mais completo e abrangente, matando mais ou menos 20 milhões dos seus próprios cidadãos, comunistas e russos comuns.
Mussolini, um socialista, imitou Lênin, e implantou um Estado totalitário, e mesmo se não matou tanta gente, proporcionalmente, quanto Lênin e Stalin, levou seu país ao desastre.
Hitler vem em seguida e não apenas admirava os três, como os superou na matança e na destruição do país com uma eficiência e produtividade totalmente germânicas. Foi possivelmente o maior tirano e o pior monstro da história humana, não tanto pelo número de mortos – Gengis Khan, proporcionalmente, e Mao, absolutamente, mataram muito mais – mas pelo caráter dos seus crimes: Stalin tinha propósitos "racionais", digamos assim, ao mandar matar aliados e supostos inimigos de classe; Hitler o fez por motivos raciais sem qualquer critério de utilidade para a sua própria estratégia de dominação; foi um monstro absoluto.
Mao Tsé-tung foi um tirano numa categoria própria, capaz de sacrificar dezenas de milhões do seu próprio povo, por simples caprichos de “déspota oriental”. Nunca a outrora tão avançada China desceu tão baixo na escala civilizatória.

Mais perto de nós, a outrora tão rica, próspera e educada Argentina enfrentou mais de 80 anos de decadência contínua, começando pela "década infame" -- imortalizada no tango Cambalache --, passando pelo Grupo de Oficiais Unidos, nazifascistas, e culminando no êmulo de Mussolini, que foi Perón, com sua alucinada e patética companheira, que virou Santa.
Os militares brasileiros dos anos 1950 e 60 temiam e tinham horror à República Sindical peronista, que eles pensavam que seria implantada pelo inepto Jango, um incompetente que se achava um reformador social.
Pois a República Sindical nos "caiu" em cima em 2003, com os companheiros, liderados por um Perón de botequim, sem qualquer doutrina, mas com a mesma esquizofrenia salvacionista e as mesmas táticas mafiosas dos peronistas e fascistas.
Os companheiros já cometiam crimes antes de assaltarem o poder, como neobolcheviques que sempre foram, enquadrados "teoricamente" por gramscianos da academia, mas foi no poder que eles puderam exercer no mais alto grau sua compulsão para o roubo, a patifaria, a mentira, o arbítrio, e, se pudessem, o extermínio dos inimigos políticos, ao estilo fascista ou nazista. Não o fazem porque não podem, não porque não tivessem vontade.
Esse é o Brasil atualmente, dominado por uma organização criminosa, altamente organizada e dispondo de imensos recursos, fruto do assalto sistemático ao Estado, da extorsão dos capitalistas e banqueiros, e por várias outras formas.

Estamos num momento crucial da nossa história. Vamos afundar como a Rússia bolchevique, a Itália mussoliniana, a Alemanha nazista, a China maoísta, a Argentina peronista?
Ou vamos conseguir evitar o desastre?
Tudo depende de nós, e de nenhum salvador da pátria, de juízes ou políticos, de qualquer líder messiânico como soe acontecer nessas conjunturas.
O que faremos do Brasil, o que vamos fazer de nós?

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de março de 2016

sexta-feira, 4 de março de 2016

A Queda da Bastilha, ops, da Matilha - Gilberto Simoes Pires

Apenas reproduzindo, sem comentários (e precisa?):

A QUEDA DA MATILHA
Gilberto Simões Pires
Ponto Crítico, XIV - 330/15 - 04/ 03/ 2016

PAIS DAS FACÇÕES CRIMINOSAS
Os leitores que acompanham os noticiários e as novelas da televisão brasileira certamente devem estar achando interessante a semelhança que existe entre Gibson Stewart, o Pai da Facção criminosa de -A Regra do Jogo-, e o ex-presidente Lula, o Pai da Facção criminosa que assaltou o nosso pobre país.

SEMELHANÇA INCRÍVEL
A semelhança não está só nas atitudes e no comportamento dos atores/personagens. Gibson Stewart, o Pai da Facção de -A Regra do Jogo-, novela que passa na TV Globo, deverá ser preso até a próxima semana, quando o seriado chega ao fim. Da mesma forma como é esperado que aconteça com Lula, o Pai da Facção Petista que assaltou o Brasil, que também está cercado por todos os lados por depoimentos escabrosos. 

COINCIDÊNCIA
O curioso, ou irônico, é que o ator que interpreta o bandido Gibson Stewart, de A Regra do Jogo, é José Abreu, conhecido no país todo como petista de carteirinha. O que, por si só, nos leva a crer que em muitas situações a vida imita a arte e/ou a arte imita a vida, como queiram. Interessante esta coincidência, não?

POSTE
Mesmo que possa não ter sido esta a vontade do autor da trama -A Regra do Jogo-, o fato é que as prisões dos dois PAIS DE FACÇÕES, pode acontecer no mesmo momento. Mais: vejam que na novela, a estrutura da Facção conta com uma mulher na vice-liderança e a mesma se parece com um Poste. E na administração do nosso país, a líder é o Poste do Lula.

BASTILHA POR MATILHA
Mas, mesmo deixando de lado as inúmeras coincidências que envolvem a trama, o ator e vários personagens da novela da Globo e a administração do nosso pobre país, o fato é que nesta semana o Brasil passou a viver a possibilidade de ver algo parecido com a QUEDA DA BASTILHA, que é festejada no dia 14 de julho pelo franceses. Aqui, ainda sem data definida, estamos próximos da QUEDA DA MATILHA, ou QUEDA DA QUADRILHA.

13 DE MARÇO
Como se vê, o mês de março iniciou cheio de novidades e cheio de esperanças. Como o 13 de março está próximo, tudo que o país viu, ouviu e leu durante os últimos dias e continuará vendo, ouvindo e lendo nos próximos dias, as manifestações de rua vão ganhar um entusiasmo jamais visto no nosso país. Mais, inclusive, do que representa a queda do PIB e a alta da inflação.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Nossa novela mexicana: delacoes nao delatadas e declaracoes desmentidas

Delcídio não confirma conteúdo de reportagem; "IstoÉ" reafirma publicação

  Para os vídeos das declarações e outras informações: 
 Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília
  • Pedro Ladeira - 20.out.2015/Folhapress
    O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado
    O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) divulgou uma nota nesta quinta-feira (3) na qual não confirma o conteúdo da reportagem da revista "IstoÉ" segundo a qual ele teria feito um acordo de delação premiada e citado a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT. A revista mantém as informações publicadas.
Segundo a reportagem, Delcídio teria feito um acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato no qual ele apontava Lula como o mandante dos pagamentos feitos ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e no qual a presidente Dilma teria interferido ao menos três vezes nos processos contra executivos de empreiteiras presos pela Lava Jato.
A nota divulgada por Delcídio diz que nem ele e "nem sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco".
Não conhecemos a origem, tão pouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto
Delcídio Amaral e Antônio Figueiredo Basto, advogado do petista
A diretora da sucursal da revista "IstoÉ" em Brasília e autora da reportagem que cita a suposta delação de Delcídio, Débora Bergamasco, reafirmou a autenticidade das informações divulgadas pela revista e disse que a publicação iria divulgar uma nota sobre o assunto ainda nesta quinta-feira. "A gente reafirma, sim, o que publicamos. Temos a comprovação de que esse acordo tramitou pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Está tudo registrado", afirmou.
A nota prossegue dizendo que, "em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestarmos sobre a fidedignidade dos fatos relatados".
A nota, enviada pela assessoria de Delcídio, é assinada por Delcídio e um de advogados do senador, Antônio Augusto Figueiredo Basto.
Apesar de não confirmar o conteúdo da reportagem, a nota também não contesta o teor do que foi relatado.

Veja quais são os pontos mais explosivos da delação de Delcídio, segundo revista

Segundo a revista, além de apontar Lula como mandante dos pagamentos feitos à família de Nestor Cerveró, preso pela Operação Lava Jato e já condenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, Delcídio teria apontado em seu acordo de delação premiada que a presidente Dilma indicou o desembargador Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) como parte de uma estratégia para interferir no julgamento de executivos presos pela Lava Jato.
Delcídio teria contado aos procuradores que a estratégia foi discutida com Dilma no Palácio da Alvorada. Ainda segundo a reportagem, Delcídio ficaria responsável por conversar com Navarro para que ele confirmasse o compromisso de soltar o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo.
"Por fim, o senador Delcídio Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República", encerra a nota oficial enviada pelo senador.
Mais cedo, um dos advogados do senador já havia demonstrado surpresa com o conteúdo da reportagem. O advogado responsável pela defesa no seu processo de cassação no Senado, Gilson Dipp, afirmou não saber da existência de uma delação e se demonstrou incomodado com a notícia. "É novidade para mim, senão eu não estaria brigando tanto na defesa. Como que eu ia perder tempo assim no Senado?", indagou.

Outro lado dos citados e das instituições responsáveis

Os políticos citados na suposta delação de Delcídio também desmentiram as informações divulgadas pela revista.
O ministro José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) disse que Delcídio "não tem credibilidade" nem "prima por dizer a verdade" e, caso tenha feito uma delação premiada para colaborar com a Operação Lava Jato, é possível que seja uma "retaliação" ao governo Dilma por não tê-lo ajudado a sair da prisão.
O ex-presidente Lula também disse, em nota, que nunca cometeu irregularidades. "O ex-presidente Lula jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo", diz o texto divulgado pelo Instituto Lula na tarde desta quinta-feira (3).
Segundo a "Folha de S.Paulo", o presidente do STJ, Francisco Falcão, disse que "não existiu" articulação entre a corte e o governo para libertar réus presos na Operação Lava Jato.
De acordo com o blog do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, a presidente Dilma Rousseff disse que rebaterá os conteúdos "ponto a ponto".
A reportagem do UOL entrou em contato por telefone com a assessoria de imprensa da Polícia Federal, que informou que a instituição "não comenta delações". A assessoria de imprensa da PGR (Procuradoria-Geral da República) não confirmou a existência do suposto acordo feito por Delcídio e a Lava Jato e disse que o órgão também "não se manifesta sobre delações".
A assessoria de imprensa do STF disse, por telefone, que o tribunal não iria se manifestar sobre o caso. A resposta foi semelhante à dada pela assessoria do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF. Por telefone, a assessoria informou que o ministro não se manifestaria sobre o assunto.

Impactos da delação

As informações sobre a suposta delação de Delcídio causaram reações no Congresso Nacional. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que se os dados citados pela reportagem forem confirmados, o governo Dilma terá atingido o "fundo do poço". "Se confirmadas, (as acusações) merecerão por parte dos brasileiros indignação e repúdio. E teremos chegado ao fundo do poço", disse Aécio por meio de redes sociais.
Enquanto oposicionistas pediam a renúncia da presidente Dilma, o deputado petista Wadih Damous (RJ), por sua vez, desqualificou a reportagem que cita a delação de Delcídio e a classificou como um "panfleto" para atrair manifestantes para os protestos antigoverno convocados para o dia 13 de março. "É um panfleto para convocação de uma manifestação fascista e golpista em 13 de março", disse.

Cardozo contesta Delcídio do Amaral: "mentiras que não param em pé"

Veja também

Depoimento de Delcidio incrimina Lula e Dilma - Revista IstoÉ

Não importa muito o status dessas declarações, se elas conformam uma Delação formal, se está ou não homologada, ou sequer se não constituem uma Delação na devida forma. O que importa são as declarações em si, e é com base nelas que se movimentam os senhores parlamentares, os observadores, os delegados e membros do MPF. Tampouco importa se a jornalista em questão é mulher, ou companheira (no sentido lato) do ex-ministro da Justiça, atual AGU (nem sei se já tomou posse), ou se é uma espiã tucana, o que importa mesmo é o que está escrito, relatado. Cabe a quem fez as declarações, supostamente o próprio Senador, e a quem tomou e registrou essas declarações, confirmar seu teor e sua veracidade. Depois, é o dilúvio. Desgosta-me profundamente ter de colocar esse tipo de material pornográfico (do ponto de vista político) na minha página de FB, mas apenas o faço por uma questão de registro histórico, não mais do que isso. Toda essa podridão me dá apenas asco dos personagens. E como venho falando há muito tempo: o Brasil foi assaltado, desde janeiro de 2003, por uma organização criminosa, e cabe agora à cidadania expulsar os mafiosos do poder.
Paulo Roberto de Almeida
http://www.diariodopoder.com.br/noticia.php?i=50365478456
A delação de Delcídio
Depoimento devastador de Delcídio põe Lula e Dilma na cena do crime
Leia reportagem de 'IstoÉ' em que Delcídio delata Lula e Dilma
Publicado: 03 de março de 2016 às 12:01 - Atualizado às 16:40

Argentina: com voces, um abutre

Jay Newman era apenas um advogado em busca de oportunidades em 2001, quando decidiu apostar nos títulos de dívida do governo da Argentina, negociados a cerca de US$ 0,20 para cada dólar do valor de face. Uma década e meia depois, sua aposta é considerada um grande negócio aos olhos de Wall Street. 

Funag e Editora da UnB se preparam para relancar os "Classicos IPRI"

Presidente da FUNAG se reúne com a Diretora da Editora UnB
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Em 15 de fevereiro, o Presidente da FUNAG recebeu a Diretora da Editora UnB, Senhora Ana Maria Fernandes. Trataram da retomada da publicação dos “Clássicos IPRI”, coleção na qual o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) da FUNAG editou obras essenciais para o estudo em profundidade das relações internacionais, em seus aspectos políticos, econômicos e jurídicos.
O próximo título a ser lançado na coleção será “Relectio de indis”, de autoria do teólogo quinhentista espanhol Francisco de Vitoria, organizada por José Carlos Brandi Aleixo e prefaciada por Antônio Augusto Cançado Trindade. Ainda neste semestre, deverá ser publicado o livro "Escritos Políticos" de Immanuel Kant, com prefácio de Carlos Henrique Cardim.
Na reunião foram ainda acordadas as seguintes iniciativas: a) a reedição de obras já publicadas pela FUNAG e pela Editora UnB; b) a disponibilização de pelo menos 30 títulos do acervo da FUNAG para serem vendidos nas livrarias físicas da Editora UnB, localizadas no Campus Universitário Darcy Ribeiro (UnB) e na 406 norte; c) divulgação online do acervo.
Participaram também da reunião o Ministro Alessandro Candeas, Coordenador-Geral de Pesquisa do IPRI, Pércio Romualdo, Coordenador de Produção Editorial da Editora UnB, e Fernanda Siqueira, Técnica em Promoção e Divulgação Cultural da FUNAG.
Foto: Arapuã Brito

FGV & TSA Workshop on Methods and Archival Research in Brazil - curso de pesquisa historica na FGV-Rio

FGV & TSA Workshop on Methods and Archival Research in Brazil

by Alexandre Moreli
FGV & TSA WORKSHOP ON METHODS AND ARCHIVAL RESEARCH IN BRAZIL
- GLOBAL HISTORY AND INTERNATIONAL RELATIONS -

The Center for International Relations at the Getulio Vargas Foundation (FGV), in partnership with the Transatlantic Studies Association (TSA), invites proposals for the FGV-TSA Workshop on Methods and Archival Research in Brazil, to be held from May 9 to May 11 2016 in Rio de Janeiro. The Workshop is a three-day seminar in which graduate students receive training in studying and conducting archival research on Global History and IR from Brazilian experts and world-class faculty and invited policymakers. For more information see here (http://ri.fgv.br/en/events/workshop-methods-and-archival-research-brazil-global-history-an...) and here (http://www.transatlanticstudies.com/FGV-amp-TSA-WORKSHOP-ON-METHODS-AND-ARCHIVAL-RESEA).
The Workshop will focus on the relationship between history and international relations, emphasizing new historiographical debates and theoretical and methodological approaches of the Humanities. Participants will also work with each other, the organizers and invited policymakers in a series of exercises analyzing selected archival material and oral history collections hold by FGV*.
Objectives of the Workshop include: (1) enhance the analytical complexity of on-going research; (2) internationalize FGV by building connections between South Atlantic, North Atlantic, and other international scholars; (3) promote collaborative international and transnational research networks; (4) share knowledge, archival sources, and research techniques in Global History and International Relations.
FGV will cover transportation costs, hostel accommodation and board for participants coming from Brazil. For those coming from abroad, FGV will provide hostel accommodation and board. All sessions will be held in Portuguese at the FGV headquarters in Rio de Janeiro, Brazil. Participants are required to attend all sessions.
Applications may be submitted either in Portuguese or English and should include the following: curriculum vitae (for those affiliated to Brazilian institutions, a Lattes CV), and an abstract of the research project (max.500 words). All application materials should be submitted via e-mail to ri@fgv.br

The deadline for applications is March 7, 2016.

Successful applicants will receive a reading list prior to the workshop.

*FGV holds more than 250 Private Papers collections, including several from former Presidents and Minister of Foreign Relations, and more than 1.000 transcriptions of interviews conducted by the pioneer Oral History Program in Brazil since the early 1970’s.

quarta-feira, 2 de março de 2016

O Estado brasileiro contra os cidadaos: cada vez mais mandarins consumindo recursos da sociedade

PEC inclui 10 mil servidores nos quadros da União
Fonte Congresso em Foco, 1/03/2016

Proposta é de autoria do senador Romero Jucá (à esquerda), primeiro governador do estado de Roraima, e pode ser votada nesta quarta. Relator contesta custo extra estimado em R$ 100 milhões ao mês

Jucá e Randolfe articulam proposta a ser levada ao plenário

Vai a voto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado uma proposta que coloca cerca de 10 mil pessoas, de uma só vez, nos quadros da União. O argumento por trás da movimentação, encabeçada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) e amparado em parecer favorável de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é que se trata de um grupo de trabalhadores que realmente prestaram serviços aos antigos territórios federais de Roraima e Amapá – justamente os estados que hoje são representados na Casa por, respectivamente, Jucá e Randolfe. O texto vai ser colocado em votação na CCJ nesta quarta-feira (2).

A versão da proposta que vai a votação é um substitutivo preparado por Randolfe, com alterações pontuais em relação ao texto apresentado por Jucá. Não há, em ambos as redações, qualquer menção ao impacto financeiro extra que a proposição acarretará. Segundo estimativa do Ministério do Planejamento, que é contra a PEC, o custo adicional aos cofres públicos pode variar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões ao mês. O levantamento sobre tal impacto orçamentário, no entanto, ainda está sob análise na pasta.

Os trabalhadores a serem contemplados na proposta de emenda à Constituição (PEC 03/2016) são ex-ocupantes de cargos em comissão (de livre nomeação pelos políticos), trabalhadores em cooperativas contratadas pela administração pública e até quem tem apenas um recibo ou comprovante de depósito para comprovar o vínculo de serviço prestado. Nos termos em que tramita no Senado, a proposta contraria um dos pilares da Constituição de 1988: o concurso público como forma prioritária de ingresso no serviço público e a única que permite ao servidor adquirir estabilidade.

Anos de chumbo
A transposição para os quadros da União é um tema que tem unido políticos de todos os matizes ideológicos nos ex-territórios e remonta aos anos finais do regime militar (1964-1985), quando a ditadura resolveu dar autonomia política ao território de Rondônia. Trabalhadores que prestaram serviços ao território foram incorporados pela União, mesmo sem ter realizado concurso público. Tal possibilidade não era, àquela ocasião, vedada pela Constituição – a restrição foi imposta a partir de 1988, com a promulgação do texto constitucional em vigor.

Relator da matéria, o senador Randolfe considera justo que a PEC garanta o vínculo funcional dos servidores dos ex-territórios, regularizando a situação dos trabalhadores em questão. Ele recorre justamente ao argumento de que a relação trabalhista foi estabelecida antes da vigência da atual Constituição, e que por isso eles deveriam ser mantidos no quadro.

Randolfe contestou, em entrevista ao Congresso em Foco, os números apresentados pelo Ministério do Planejamento sobre o eventual impacto financeiro que a proposta implicaria (R$ 80 milhões a R$ 100 milhões mensais). “Não acredito em impacto deste tamanho. O salário médio dos profissionais não existia acima de R$ 5 mil, R$ 6 mil”, argumentou.

Em sua justificativa, Jucá diz que a proposta de emenda à Constituição é questão de “justiça” e reconhecimento pelo trabalho dos que “contribuíram [...] principalmente, para que Roraima e o Amapá se erguessem como unidade da Federação”. Segundo o peemedebista, o grupo foi importante inclusive para a implantação do “poder público local”.

“[...] é preciso fazer justiça. Reconhecer e declarar que muitas das situações de fato, vividas à época, retratavam importantes vínculos ou relações de trabalho entre o estado e o particular, das quais o interesse público muito se favoreceu. Precisamos, agora, retribuir, ao menos parcialmente, o muito que essas pessoas contribuíram não apenas para que se implantasse o poder público local, mas, principalmente, para que Roraima e o Amapá se erguessem como unidade da Federação. Como esta Emenda, queremos fazer justiça”, defende o peemedebista, primeiro governador nomeado do novo Estado de Roraima (1987-1990), durante o governo José Sarney (1985-1990), e ele mesmo responsável por boa parte das nomeações.

De acordo com dados referentes a 2014 e reunidos nos portais da Transparência da União e do Governo do Estado, Roraima, por exemplo, tem cerca de 85 mil servidores federais, estaduais e municipais, para uma população de apenas 505 mil habitantes – média de um servidor para cada seis pessoas. Roraima e Amapá, somados, respondem por menos 0,5% do PIB nacional – realidade que sinaliza a dependência das finanças estaduais em relação aos recursos federais e é usada como argumento de Randolfe na defesa da proposta.

“O interesse público e social permeia todos os aspectos da proposta, visto o caráter de integração e segurança nacional, desenvolvimento regional e de proteção de fronteiras de que se revestiu o projeto de criação dos territórios federais, bem como pela dependência desses estados de transferência de recursos da União, ainda desprovidos de indústria e comércio desenvolvidos”, diz trecho do parecer.

Reminiscência
A Constituição de 5 de outubro de 1988 transformou em estados os dois últimos territórios: Amapá e Roraima. Foi estabelecido, então, um prazo de cinco anos para a instalação da estrutura dos novos estados, que passaram a funcionar com servidores cedidos pelo governo federal.

Estabelecido o status de governador de estado, superior ao dos então chefes de território federal, deu-se início a uma série de nomeações custeadas pelo erário. Em Roraima, por exemplo, ainda no período de transição, milhares de cargos públicos foram preenchidos por indicação política, por contratação de cooperativas ou mesmo em decorrência de simples pagamento por serviço prestado.

A Emenda Constitucional 19, de 1998 (reforma administrativa implementada no governo Fernando Henrique Cardoso), reconheceu como servidores federais aqueles que, mesmo sem concurso, haviam prestado serviço aos territórios antes da promulgação da Constituição. Muitos dos trabalhadores foram beneficiados e entraram nos quadros dos territórios, com a devida autorização dos respectivos gestores, em 4 de outubro de 1998 – exatamente na véspera da entrada em vigor da nova Constituição.

Mas, ao mesmo tempo em que beneficiou trabalhadores sem concurso público, a Emenda 19 proibiu tal modalidade de nomeação. A partir de então, os novos estados ficaram obrigados a realizar certames caso queiram aumentar o quadro de servidores.