O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Barao: um bom vivant, que gostava de esbornia...

Assim era, se lhe parece. O futuro barão começou bem: se divertindo...
Todos os jovens fazem a mesma coisa, enquanto o dinheiro aguentar...
Paulo Roberto de Almeida

Juca Paranhos: o barão bon-vivant

Blog Política Externa, 8/02/2012
Patrono da diplomacia brasileira, o Barão do Rio Branco - cujo centenário da morte é lembrado este ano - curtiu muito a vida até ter atuação fundamental na consolidação do território nacional. (Foto: Wikimedia Commons)
06/02/12
Alexandre Belmonte
Corre o ano de 1862 e a boemia acadêmica está no seu apogeu: o Romantismo está em toda a parte. No quarto de uma república na esquina do Beco dos Cornos, em São Paulo, o futuro barão dorme com a cabeça apoiada num velho paletó, enfiado a socos numa fronha, após uma noite de algazarra. A luz é de velas, postas em gargalos de garrafa. Uma ruidosa comemoração acaba de acontecer.
Sim, estamos falando de José Maria da Silva Paranhos Junior, o barão do Rio Branco – ou Juca Paranhos, para os íntimos. Como lembra Marcio Tavares D’Amaral, em “O Barão do Rio Branco” (Editora Três, 1974), as bagunças aconteciam “a qualquer propósito ou sem propósito algum”. Nada que um banho frio não curasse: Juca costumava se banhar, nu em pelo, no rio Tamanduateí.
Saraus literários, serenatas noturnas com flauta, violão e cavaquinho, e um jovem pela primeira vez longe dos pais, numa cidade estranha. O futuro barão vivia numa república com outros jovens, que o definiam como um “colega agradável, sempre alegre, pronto para as festas e brincadeiras”. A cavalo, ia até a Penha, a Pinheiros e ao Ipiranga. Presença constante em teatros, circos, corridas de cavalo, bailes, e também em procissões e missas cantadas. Na livraria Garraux ou em alguma confeitaria, passava horas a conversar. Vai para o Recife, conclui o bacharelado e parte para a Europa, com um prêmio de loteria de 12 contos de réis nos bolsos!
‘Uma vida perdida de boêmio’
Seus hábitos pareciam incomodar muita gente. Era vaidoso, usava cabelos longos, penteados para trás, e uma solene sobrecasaca. Gostava de vestir-se bem, e dizem que era elegante e polido, de uma beleza quase feminina. Luís Viana Filho, um de seus biógrafos, chega a dizer que “nada o deliciava mais do que a indiscrição de um decote, permitindo-lhe avançar o olhar sobre um belo colo”. Ainda no Colégio Pedro II, o futuro barão iniciava sua vida sentimental de mãos dadas com uma menina da sua idade – mas era ainda tão criança que seu pai, o visconde do Rio Branco, ia buscá-lo na saída da escola.
No Rio, o barão passava várias noites em teatros e cafés, e muitos diziam que levava “uma vida perdida de boêmio”. Almoçava às 3 da tarde e jantava de madrugada, na companhia das atrizes do Teatro Alcazar. É aí que, em 1872, apaixona-se pela atriz belga Marie Stevens. O primeiro filho do casal nasce um ano depois, em Paris, e Juca faz com que ela regresse prontamente ao Brasil. Somente após dois anos é que sua mãe aceita batizar o pequeno Raul, e mesmo assim por procuração.
Nascem mais filhos, e a princesa Isabel, valendo-se da ausência do pai, assina seu ato de nomeação de cônsul em Liverpool. Marie vai para Paris com as crianças, enquanto Juca se prepara para ir a Liverpool. Nesse ínterim, apaixona-se pela sobrinha do Duque de Caxias, Maria Bernardina, “um anjo de beleza” de apenas 15 anos. Vai para Liverpool e passa seu tempo entre seus afazeres na cidade inglesa e sua vida familiar em Paris. Escreve a um amigo italiano, em 1877, dizendo que a situação não vai bem com a “marechala”: não consegue romper seu casamento com Marie e desposar Maria Bernardina. “É muito difícil, muito doloroso para um pai não saber qual será o destino e o futuro dos seus filhos”, desabafa.

Quebrando queixo em Havana (seria melhor não quebrar...): Direitos Humanos em Cuba - Direitos?? Humanos??? Cuba!!!!

Pois é, existem lugares apropriados e outros inapropriados para falar de direitos humanos, inclusive dos nossos, que não são lá essas coisas, como sabem todos os pobres e os encarcerados...
Por acaso, só hoje, sexta-feira 10/02/2012, tomei conhecimento de uma matéria que me cita, publicada quase uma semana atrás...
Paulo Roberto de Almeida 

Cuba: Em boca calada, não....
Veja, 4/02/2012

Não é razoável que a presidente Dilma Rousseff não esperasse perguntas sobre direitos humanos em sua primeira visita a Cuba. Tampouco que uma pessoa preparada como ela ignore a diferença entre provérbios populares (Quem tem telhado de vidro não atira pedra no vizinho) e o momento bíblico eni que Jesus salvou uma adúltera da lapidação (Aquele de vós que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra). O que se sabe com certeza é que ela pretere ler discursos a falar de improviso e evita a todo custo conceder entrevistas coletivas com temas em aberto (antigamente chamadas de "quebra-queixos"). Talvez pelo clima caloroso de Havana, na semana passada Dilma aceitou um 'quebra-queixo leviano", como definiu. O contorcionismo moral, lógico e conceitual com que respondeu à mais previsível das perguntas só tem explicação no discurso reprimido que permeou suas declarações. "Vamos começar a falar de direitos humanos no Brasil, nos Estados Unidos, a respeito de uma base, aqui, chamada Guantánamo. Vamos falar de direitos humanos em todos os lugares' disse a presidente. O que queria dizer de verdade: os Estados Unidos são intrinsecamente maus, a Cuba castrista é essencialmente uma vítima. Mais; "Não é possível fazer da política de direitos humanos só uma arma de combate político-ideológico. O mundo precisa se convencer de que é um assunto sobre o qual todos os países têm de se responsabilizar. Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós, no Brasil, temos o nosso". Tradução: americanos maus usam a questão dos direitos humanos para perseguir o comunismo ilhéu; portanto, qualquer discussão sobre o tema já é condenável em princípio.

Existe pelo menos uma dezena de manchas que a presidente poderia ter usado para, diplomaticamente, não ofender as autoridades do país que visitava, sem indicar que o regime cubano merece ser mantido numa redoma brindada. Não é preciso ser pró-americano para entender que democracias combatem melhor suas deficiências — os Estados Unidos não só abandonaram as patéticas tentativas de plantar charutos envenenados nas imediações de Fidei Castro como, por iniciativa de seus próprios cidadãos e líderes políticos, acabarão restaurando os processos devidos aos presos de uma guerra terrorista. "Colocar todos os países em um mesmo patamar de 'desrespeito' aos direitos humanos é impróprio e inadequado, pois regimes democráticos costumam dispor de mecanismos de controle do Poder Executivo, inexistentes nos regimes totalitários", diz o diplomata Paulo Roberto de Almeida, que hoje dá aulas de política externa brasileira na Universidade Sorbonne, em Paris. Essa diferença é crucial: se governos americanos cometem abusos ou o estado brasileiro viola direitos, as respectivas sociedades dispõem de instrumentos para protestar e lutar pela reparação. Em Cuba violar direitos ("burgueses", é claro) é parte constituinte da política de estado.
Os valorosos cubanos que se insurgem contra o regime foram comparados por Lula a "bandidos presos em São Paulo" — isso dias depois da morte, em greve de fome de protesto, do pedreiro Orlando Zapata. Dilma, agora, igualou os dissidentes cubanos presos apenas por pensar diferente de Castro&Castro aos terroristas assassinos em massa da Al Qaeda. Nesse quesito, o do transe ideológico, Dilma superou o mestre. "Ela entrou em euforia psicológica por idolatria a Cuba e não calculou o impacto do que estava falando", diz o cientista político Rubens Figueiredo. O esquerdismo é uma doença juvenil difícil de ser superada sem autocrítica, mas não pode suplantar a dignidade humana — esta, sim, um valor incondicional. Sugestão para não quebrar queixos em próximas visitas a ditadores: deixar os ditados de lado e ficar só com Jesus: "Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus".

Miseria educacional brasileira: tres especialistas analisam...

Sou, como sempre digo, alguém moderadamente pessimista em relação à economia brasileira, ou seja, acho que vamos continuar crescendo a taxas medíocres, que é que nos permite um Estado extrator, extravista, espoliador, que arranca 38% da renda nacional, gasta 41%, não investe quase nada produtivamente, e só entrega serviços vagabundos, indignos do que pagamos para esse bando de assaltantes que tomou posse do Estado brasileiro, uma entidade que no passado já foi promotor do desenvolvimento (ou pelo menos do crescimento econômico), mas que atualmente se converteu em um elemento (um meliante, diríamos) obstrutor desse mesmo desenvolvimento (ou mero crescimento).
Bem, sou, portanto, um pessimista relativo em relação às chances de crescimento econômico.
Mas sou, leiam bem, um pessimista absoluto no que se refere à (má) qualidade da educação: acho que continuamos a caminhar pela via errada (graças às "saúvas freireanas" do MEC), e continuamos a afundar na mediocridade total no que concerne o funcionamento do aparelho (é o caso de empregar o mesmo conceito que o aparelho dos companheiros) educacional.
Enfim, não vou continuar pois não quero interferir na leitura deste artigo sobre os dilemas do ensino médio no Brasil, por três especialistas conhecidos.
Paulo Roberto de Almeida 



O CNE E O PESADELO DO ENSINO MÉDIO
João Batista Araujo e Oliveira, Claudio de Moura Castro e Simon Schwartzman
O Estado de São Paulo, 8 de fevereiro de 2012

Há um abismo separando o ensino médio no Brasil do que se faz no resto do mundo. Exemplo dessa distância é a Resolução 2, de 30 de janeiro de 2012, do Conselho Nacional de Educação (CNE). Ali se alarga o fosso que existe entre as elites brasileiras e o mundo das pessoas que dependem de suas decisões.
Comecemos com a realidade: muitos dos alunos que vêm da escola pública e entram no ensino médio não conseguem ler e escrever com um mínimo de competência. De fato, 85% chegam com um nível de conhecimentos equivalente ao que seria de se esperar para o 5.º ano. Desse total, 40% se evadem nos dois primeiros anos e menos de 50% concluem os cursos, com média inferior a 4 na prova objetiva do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e acumulando nas costas uma média de um ano e meio de repetência.
Além dos suspeitos usuais (por exemplo, mau preparo dos professores), várias pesquisas confirmam o que todos sabíamos: o ensino médio é chato! Os temas estão muito longe do mundo dos alunos, não permitindo que vislumbrem um bom uso para tais conhecimentos, e é descomunal a quantidade de assuntos tratados, não deixando entender nada em profundidade e obrigando os alunos a memorizar fórmulas, listas, datas e princípios científicos. O prazer do estudo é a sensação de entender, de decifrar os mistérios do conhecimento. Se as matérias fluem freneticamente, não há como dominar o que quer que seja. Convidamos o leitor a folhear um livro de biologia do ensino médio e contar os milhares de bichinhos e plantinhas citados.
Uma fração ínfima dos egressos de escola pública prossegue para o ensino superior. Para os demais é ensino técnico ou nada. Mas os que querem fazer ensino profissional precisam concluir primeiro a barreira do ensino médio. Ou, então, têm de estudar em outro turno, para aprenderem uma profissão. Isso contrasta com o que fazem muitos países, onde as disciplinas de cunho mais prático ou profissionalizante substituem as disciplinas acadêmicas – mantendo a carga horária.
Dos que vão para a escola técnica, dois terços estudam em instituições particulares pagas e sem subsídios públicos. São os cursos voltados para alunos mais modestos. Por que as bolsas e os créditos educativos não vão para os cursos que matriculam os menos prósperos?
Nos países desenvolvidos, o ensino médio tem três características. Em primeiro lugar, é diversificado, não existindo um currículo mínimo único ou obrigatório para todos. O grau de diversificação varia entre países, podendo ser diferente entre tipos de ensino médio e escolas. Muitas das alternativas oferecidas preparam para o trabalho. De fato, entre 30% e 70% dos alunos cursam uma vertente profissionalizante. A segunda característica é o ganho de eficiência. Com a existência de múltiplos percursos, os alunos podem escolher os mais apropriados para seu perfil e suas preferências. Assim, o índice de perdas é mínimo. Em contraste, a deserção ocorre com maior intensidade nos países onde há menor diversificação. A terceira característica é que, consistente com a diversificação, muitos países não utilizam um mesmo exame de fim de ensino médio, padronizado para todos. Os alunos tampouco precisam fazer provas em mais de quatro ou cinco disciplinas para obter um certificado de algum tipo de ensino médio.
O estilo gongórico da resolução do CNE dificulta sua compreensão. Por exemplo: “O projeto político-pedagógico na sua concepção e implementação deve considerar os estudantes e professores como sujeitos históricos e de direitos, participantes ativos e protagonistas na sua diversidade e singularidade”. Já que alguma força profunda empurra para esse linguajar, por que não publicar, simultaneamente, uma versão inteligível para o comum dos mortais?
E tome legislação: são quatro áreas de conhecimento e nove matérias obrigatórias – apelidadas de “componentes curriculares com especificidades e saberes próprios construídos e sistematizados” -, que são subdivididas, sempre na forma da lei, em 12 disciplinas. Não admira que os alunos abandonem os cursos. Como dizia Anísio Teixeira na década de 50, tudo legal, e tudo muito ruim!
Mas o pior está por vir. A resolução não define o que seja “educação geral”, mas no inciso V do artigo 14 afirma que “atendida a formação geral, incluindo a preparação básica para o trabalho, o Ensino Médio pode preparar para o exercício de profissões técnicas”. Instrutivo notar que a profissionalização é vista como um “pode”, e não como um caminho natural que alhures é seguido pela maioria.
Essa profissionalização se obtém adicionando 800 horas ao curso (o equivalente a um ano letivo). Ou seja, em primeiro lugar, é preciso sofrer as 2.400 horas da tal “educação geral”. Depois, para a profissionalização, são mais 800 horas de estudo. Na prática, os alunos dos cursos técnicos têm uma carga de estudos mais pesada do que os que fazem o acadêmico puro. Difícil imaginar maior desincentivo para a formação profissional. Nos países mais bem-sucedidos em educação os cursos técnicos têm carga horária igual ou menor que o acadêmico. Para valorizar o lado profissionalizante, o texto diz que o “trabalho é conceituado na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como realização inerente ao ser humano e como mediação do processo de produção da sua existência”. Deu para entender? Traduzindo do javanês, é preciso aumentar a “educação geral”.
O novo ministro da Educação encontra-se diante de uma oportunidade ímpar. Ou seja, alinhar o ensino médio à realidade de seus alunos, de sua economia e à luz da experiência de quem fez melhor do que nós. Ou, então, perpetuar o genocídio pessoal e intelectual que caracteriza um ensino médio unificado e, por consequência, excludente.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Memórias do Barão do Rio Branco (1) - 20 de Abril de 1909


Memórias do Barão do Rio Branco (1)

Transcrição e modernização da ortografia  destas “memórias” por Paulo Roberto de Almeida, a partir de manuscritos encontrados nos papéis deixados pelo próprio.
Por que decidi escrever estas memórias?
Escritores são, em geral, fantasistas notórios; alguns deles, inclusive, chegam a ser mentirosos, o que, aliás, é próprio do seu ofício. Por isso, decidi rabiscar eu mesmo estas linhas, resumindo, embora a largos traços, a minha vida. Mirando-a retrospectivamente, não posso deixar de julgá-la bem-vivida, até agraciada pela Sorte, essa madrasta que nos persegue os passos, pensando causar-nos troças a cada etapa de nosso itinerário terrestre. Mas não pretendo lhe deixar esse prazer: ubique, eu mesmo cuido de minhas memórias, sobretudo se elas tratam da pátria!
Por que o faço agora? Porque, justamente, quero registrar de meu próprio punho uma longa trajetória de vida, antes que algum desses áulicos que me seguem fielmente no meu reduto diplomático, ou que alguns, dentre os muitos jornalistas que me têm apreço nos pasquins e mesmo nos jornalões cariocas, decidam empreender, eles mesmos, alguma biografia não autorizada. Qualquer que seja seu caráter, simpática ou não ao que venho fazendo para engrandecer a pátria, acredito que ela não será muito fiel ao que penso deva ser um relato seletivo da minha vida e das minhas atividades à frente do único ministério capaz de fazer orgulho a um Brasil nem sempre admirado no cenário internacional. Mas, confessemos, cá entre nós: esta nossa Casa, que nos velhos tempos do Império se chamava Repartição dos Negócios Estrangeiros, de tão nobre memória, sempre foi a maior admiradora de si mesma...
Também o faço porque alguns dos meus colaboradores, e até os senadores da República, vêm se mostrando incomodados com a falta de relatórios da minha gestão à frente do Itamaraty, uma decisão que tomei desde o dia da posse, naquele, agora longínquo, dia de dezembro de 1902, numa das mais importantes inversões da minha já longa trajetória de vida. Sete anos atrás, não sabia se era justa a minha decisão de trocar a absorvente vida diplomática na capital da Alemanha imperial por esta cidade ainda cheia de mosquitos, de doenças endêmicas, com sua quota excessiva de miasmas, o que me obriga a subir regularmente a serra em direção ao meu chalé de montanha.
Não pretendo desculpar-me com meus colegas diplomatas pela falta dos relatórios anuais: pelo menos não corro o risco de lhes amarrotar a autoestima. Por isso, deixo o julgamento definitivo de meus atos aos historiadores do futuro, que por certo saberão encontrar o que buscam nos muitos documentos já acumulados em minha gestão; talvez até encontrem estas memórias – que não sei bem quando terminarei – entre as pilhas de papéis que locupletam, na mais perfeita desordem, as várias mesas de meu gabinete. On n’est jamais si bien servi que par soi-même. Mais, passons...
Também quero deixar agora consignadas, neste mês de abril de 1909, as razões que me levaram a recusar, de maneira peremptória, firme e irrevogável, o generoso oferecimento de uma candidatura, praticamente vitoriosa, à presidência da República, certamente o cargo mais honroso que um homem público pode desejar, em qualquer país, em qualquer época. Confesso, tanto intimamente, quanto aos que lerem estas linhas em algum tempo do futuro, que não tenho a menor vontade – não digo de disputar eleições, já que estas, no Brasil, são feitas a bico de pena, e o candidato saído da convenção dos congressistas já é uma aceitação nacional – de assumir um cargo que me obrigará a tratar com os mesmos políticos que, no íntimo, eu desprezo, que considero particularmente medíocres ou que julgo incapazes e incompetentes para conduzir um Brasil atrasado à posição que ele mereceria ocupar na cena internacional.
O próximo presidente da República será, provavelmente, esse marechal teimoso como uma mula, mas timorato nas decisões, e que hesitou diversas vezes em lançar-se ao cargo, quando todos sabem que minhas preferências – a despeito das diferenças que acumulamos desde a conferência da Haia – estariam naquele brilhante advogado baiano, arrogante e vaidoso em suas pretensões de jurista internacionalista, ainda assim melhor preparado do que a mula fardada que se prepara para dirigir um país difícil como o Brasil. E talvez eu já não tenha mais forças para fazê-lo...
Minha aspiração – sem pretender chocar os que lerem estas minhas memórias desabusadas, algumas décadas mais à frente – é a de que o Brasil possa dispor, no futuro, de homens políticos mais bem preparados para o cargo, tribunos competentes e educados, estadistas comprometidos com a dignidade das causas nacionais, sem essas nódoas de corrupção que nos maculam internacionalmente, sem o peso da ignorância abissal que infelizmente ainda marca muitos dos aventureiros e oportunistas que procuram cargos públicos, alguns inclusive por razões inconfessáveis. No momento, quero apenas estar em paz com minha consciência, mesmo sabendo que minha recusa em aceitar a candidatura à presidência praticamente colocará nesse mais alto cargo da República, em lugar de um jurista pretensioso, um militar que pode aprofundar o desmantelamento de nossas instituições de Estado, propenso como ele parece ser a continuar com essas viciosas políticas de intervenções nos estados. Não quero ser parte dessas vergonhas nacionais e pretendo encerrar minha gestão tão pronto o presidente Affonso Penna apenas termine a sua. Tenho ainda a resolver negociações já em curso de tratados de limites com o Peru e com o Paraguai, e antecipo uma concessão adicional ao Uruguai, para dar por encerrada minha obra de fixação definitiva de todas as nossas fronteiras. Depois disso abandono fraques e polainas, tão incômodos no calor carioca, e coloco definitivamente as chinelas...

O que tenho a dizer sobre a minha maior obra diplomática?
Não me cabe, em causa própria, relatar tudo o que fiz, desde a primeira questão de arbitragem contra nossos vizinhos platinos, passando por todos os outros casos de limites, arbitrados ou negociados, ao longo dos primeiros anos da República, ou como ministro da mesma nos últimos sete anos. A vida me deu muito mais do que eu poderia querer, já que minha intenção, enquanto ainda estava em Liverpool – por obra e graça da princesa regente, diga-se de passagem, pois seu pai imperador nunca me designou para nada –, era juntar dinheiro suficiente para comprar um fazendola de café no interior de São Paulo, juntar os meus livros de história e passar o resto dos meus dias especulando com o nosso “ouro negro” e, finalmente, terminar a minha prometida história militar e diplomática do saudoso Império.
Quis a História, essa outra madrasta sempre misteriosa e tão cheia de surpresas, que não fosse assim: a morte infeliz do primeiro negociador do território das missões me tirou de um plácido esquecimento em Liverpool – na verdade, trocada frequentemente pela mais vibrante capital francesa –para me jogar no centro da mais importante questão de limites a dividir castelhanos e portugueses desde os tempos coloniais, problemas nunca resolvidos satisfatoriamente pelos tratados de Madri, de El Pardo e Santo Ildefonso. Além da justeza das nossas posições, bem fundamentadas na documentação colonial – parte da qual coletada décadas antes por Ponte Ribeiro em suas andanças sul-americanas – creio que o Brasil foi beneficiado pela simpatia natural que o presidente da grande república do Norte tinha pela sua contraparte no hemisfério meridional. Depois, apoiado no meu primeiro sucesso diplomático, fui novamente convocado a servir ao país, desta vez enfrentando os franceses, na chamada questão do Oiapoque: confesso ter me utilizado de todos os meios disponíveis, inclusive os menos confessáveis, facilitados pelo amigo Emilio Goeldi, em Berna, para colocar o presidente da neutra Confederação do nosso lado, a despeito dos laços tradicionais de amizade que uniam a Suíça à França vizinha, em especial desde os tempos de Napoleão.
O cansaço físico e o desejo de, por uma vez, gozar de uma vida diplomática normal – já que eu tinha sido apenas cônsul por longos anos – me impeliram a recusar uma nova arbitragem nas fronteiras do norte, desta vez contra a pérfida Albion, que pretendia abocanhar boa parte do nosso território amazônico para incorporar à sua Guiana. Indiquei para a tarefa o meu amigo dos tempos monárquicos, Quincas Nabuco, e procurei ajudá-lo em tudo o que estivesse em meu alcance. Mal sabia eu que a aceitação do rei da Itália como árbitro iria trazer-nos tantos dissabores, já que Vitório Emanuel agiu franca e desonestamente em favor da Grã-Bretanha, subtraindo-nos milhares de quilômetros quadrados a que tínhamos direito, pela força dos braços e pernas dos nossos exploradores lusitanos e pelos traçados detalhados dos cartógrafos que lhes seguiram.
Foi por isso que no próximo caso que se me apresentou – já nos preparativos para assumir o ministério, a que relutantemente acedi depois de muita insistência de Rodrigues Alves – decidi não mais recorrer a essas arriscada arbitragens, preferindo entabular negociações diretas com os volúveis bolivianos, que nesses tempos andavam cedendo sua soberania nacional a sindicatos de aventureiros imperialistas. Para tanto, reuni, na tarefa de ajudar-me a construir o caso do Brasil, uma penca de jovens diplomatas ambiciosos, tendo, no entanto, de dispensar os serviços do mais experiente Oliveira Lima, um espírito por demais cheio de si para consentir auxiliar-me junto aos peruanos, inquietos com o que se lhes podia vir em prejuízo, dada minha intenção de separar as duas questões. Mas, dessa e de outras negociações de limites eu tratarei mais adiante, bastando-me mencionar agora que encontrei o ministério bem cuidado, sob o olhar vigilante, mesmo se cansado, do velho Cabo Frio, ainda que excessivamente vetusto nas maneiras e conservador nas suas práticas, necessitando ademais de alguns empurrões aqui e ali para mostrar do que o Brasil era capaz, nas Américas e no mundo.
Felizmente Campos Salles e Murtinho realizaram oportuna obra saneadora de nossas finanças, o que me habilitou a requisitar novos meios e fundos públicos para investir num mais do que bem-vindo processo de modernização deste velho ministério de tradições ainda muito lusitanas. Como sempre, a velha Albion fornece o modelo ideal segundo o qual deveria funcionar nossa diplomacia, já que o seu Foreign Office é, por outras vias, uma verdadeira “esquadra inglesa”.
Sobre isso falarei um outro dia...

Petrópolis, 20 de Abril de 1909

Memorias do Barao do Rio Branco (1): nota introdutoria (PRA)

Hoje, 10 de Fevereiro de 2012, faz 100 anos que o Barão do Rio Branco morreu. O Itamaraty deve dar início a uma série de comemorações em sua homenagem: exposições, colóquios, seminários, selo, etc.
De minha parte, tenho o prazer de dar início, nesta mesma data, à publicação destas memórias, cuja organização, compilação e decifração me custaram certo trabalho.
Começo pela minha introdução metodológica, e logo em seguida vou transcrever as primeiras anotações encontradas em um caderno que ele deixou.
Paulo Roberto de Almeida 

Memórias do Barão do Rio Branco
Nota Liminar do organizador
Paulo Roberto de Almeida

Dentre os muitos papéis deixados pelo Barão no momento de sua morte, na mais completa desordem, encontrava-se um curioso caderno, que permaneceu obscuro durante muito tempo – et pour cause –, cujas características passo aqui a relatar, antes de pronunciar-me rapidamente sobre seu interessante conteúdo.
De aparência anódina, como um caderno qualquer de obrigações escolares – desses que instituições veneráveis, como o Colégio D. Pedro, adotavam como suporte de trabalhos de seus alunos, quase um caderno de rascunhos –, o que foi encontrado entre a barafunda de papéis que o Barão tinha deixado espalhados por pelo menos três mesas de seu gabinete (e em alguma gavetas da única cômoda que ali existia) era um [este que passei a ler a partir de cópias fotostáticas feitas por alguém certo tempo depois] de capa oleada marrom, lombada preta, circundado por um barbante (um tanto sujo devido a um uso provavelmente constante), que por sua vez retinha um simples pedaço de papel com esta inscrição a lápis, na letra inconfundível de Paranhos: “Reservado; não tocar”.
Ao abrir o caderno – como constatei, na única manipulação que me foi dada fazer pelos zelosos guardiões do Arquivo Histórico Diplomático do Itamaraty, no Rio de Janeiro – o consulente se depara com outro pedaço de papel, de igual feitura (provavelmente destacado às pressas do mesmo pedaço de papel que serviu para compor a nota na capa), também rabiscado a lápis, na mesma letra, com estas simples indicações: “Proibida a reprodução ou divulgação antes de cem anos de minha morte; ver com Moniz de Aragão e Araújo Jorge as condições de sua preservação e manutenção sob sigilo pelo tempo indicado.” [Nota do compilador: o Barão se refere a seus dois principais auxiliares de chancelaria: José Joaquim Moniz de Aragão e Artur Guimarães de Araújo Jorge, mais tarde biógrafo e introdutor de suas obras completas, pelo menos aquelas publicáveis.]
Apenas isto, e nada mais. Nas páginas seguintes, numeradas à mão, já começavam as anotações manuscritas do Barão, algumas datadas, outras simplesmente localizadas no espaço (a maior parte do Rio, outras entradas feitas em Petrópolis), sem maiores indicações quanto ao dia exato de sua redação, a não ser alguma referência à agenda diplomática corrente – o que permite definir, em princípio, um momento provável de redação – ou a algum despacho por ele mesmo preparado – na sua indefectível letra cursiva – o que também permite reconstituir a cronologia da inscrição original.
As inserções são obviamente lineares, ou seja, feitas sequencialmente pelo Barão nos três anos seguintes ao seu aniversário de 1909, quando ele começou a redigir as notas do caderno escolar, em momentos diversos e com humores diferentes, mas sem o cuidado de manter a estrita cronologia de um diário “normal”. Por “diário normal” entenda-se o registro sistemático dos eventos correntes pelo seu redator, uma peça íntima que preserve o retrato exato do que o autor está pensando no ato de sua redação, a partir dos fatos do dia. Não é o caso deste “caderno de memórias” do Barão, que não concebeu os registros com esta intenção, mas provavelmente com o propósito de anotar pensamentos que lhe vinham ocasionalmente ao espírito quando confrontado a uma questão qualquer da agenda diplomática do Brasil ou de suas relações pessoais.
Ou seja – aqui já entrando na interpretação do que entendo seja a substância mesma do caderno de notas do qual empreendo agora a transcrição –, o conteúdo do volume em questão não conforma exatamente o que poderíamos chamar de “memórias”, no sentido corrente do termo. O Barão provavelmente pretendia – ao sentir o peso dos anos e o acúmulo de responsabilidades, depois de tantos presidentes a que serviu – deixar um testemunho sobre seu pensamento profundo – e verdadeiro – sobre os temas com os quais se entretinha, independentemente e além dos papéis oficiais que ocupavam 99% do seu tempo útil de diplomacia oficial a serviço da nação. E por que ele não queria que estas notas fossem divulgadas antes de pelo menos cem anos decorridos de sua morte? Presumivelmente porque tinha consciência do delicado de suas opiniões sinceras sobre pessoas, países, sobre fatos e percepções pessoais que mantinha nas mais diversas situações que enfrentava na labuta diária à frente da chancelaria, que já tinha sido a de seu pai e mentor respeitado.
Rio Branco sentia necessidade de expressar-se de alguma outra forma que os telegramas e ofícios que mandava preparar sobre temas diversos, que as notas que redigia à intenção dos presidentes a que serviu – e eles foram muitos, mesmo que ele não pretendesse continuidade nas suas funções – ou que os muitos artigos de imprensa que redigiu ao longo dos anos, alguns até assinados com algum nom de plume, que ele escolhia ao sabor do momento, para defender-se de, ou atacar, algum inimigo concreto ou imaginário que ele detectava em certos editoriais e artigos de opinião não assinados sobre algum aspecto qualquer de sua diplomacia ou das relações internacionais do Brasil que ele tão bem conduzia. Ele não podia fazê-lo de modo público, pois muitas de suas impressões pessoais certamente causariam impacto – algumas até escândalo – se viessem a público pouco depois de sua morte, ou mesmo alguns anos depois. Ao iniciar a redação destas “memórias” não memorialísticas, Paranhos sabia que suas notas não poderiam, não deveriam, ser postas ao conhecimento público, dada a sensibilidade de certos temas, e também por uma razão muito simples: ele próprio estaria infringindo uma das normas básicas da diplomacia, que é a necessária discrição sobre as reais intenções dos atores da política internacional de um país em temas delicados da vida nacional, assuntos que têm a ver, necessariamente, com a autoestima nacional e o orgulho próprio que um Estado responsável mantém a respeito de seus interesses imediatos, sempre envelopados numa teia de boas relações e de desejos de positiva colaboração com algum outro ator da vida internacional, no plano bilateral, ou no quadro mais amplo de sua inserção mundial.
As notas e inscrições rápidas do “caderno escolar” do Barão são, assim, mais uma espécie de “exercícios filosóficos” sobre as relações internacionais do Brasil, do que propriamente um registro fiel de sua labuta cotidiana à frente da chancelaria. Ele talvez quisesse utilizar os rascunhos do caderno como a hipotética base futura de um verdadeiro volume de “memórias póstumas”, se o tempo e uma aposentadoria tranquila lhe tivessem permitido retomá-los em condições de lazer e de dedicação integral a tal tipo de empreendimento. Disso não temos certeza, pois nenhuma indicação concreta nessa direção foi deixada no caderno ou em qualquer um dos muitos papéis – numerosos, desordenados, alguns até incompreensíveis, fora do contexto em que foram criados e deixados ao léu – amontoados em seu gabinete de trabalho (e de residência, quase podemos dizer) ao longo dos muitos anos que passou naquele casarão da rua Larga que veio a tomar outro nome, com as inconstâncias da vida republicana e a instabilidade que sempre tiveram os aspectos institucionais num Brasil quase tão desordenado quanto os papeis deixados por Paranhos.
Mas os elementos especificamente formais desse “caderno íntimo” do Barão interessam ao público de hoje em dimensão menor do que seu conteúdo propriamente político, e diplomático. Este constitui o verdadeiro cerne de um pensamento rico que agora podemos desvelar em sua integralidade, sem as amarras que o século decorrido desde sua redação original impôs a um homem que, além de amar profundamente o país do qual ficou afastado durante tanto tempo – mais de vinte anos, a partir de sua designação para o consulado em Liverpool –, também soube consignar de modo mais claro um conjunto de opiniões momentâneas, mas reveladoras de sua preocupação com o futuro da nação grandiosa que ele antevia com sua visão de estadista responsável e ponderado. O Barão tinha, sim, ademais dos cuidados triviais com a diplomacia corrente, uma visão de futuro para o Brasil, uma grande estratégia que ele não conseguiu formalizar em algum livro de história diplomática ou de síntese das relações internacionais do país, mas que ele provavelmente pretendia redigir a partir destas notas que, graças a um conjunto fortuito de circunstâncias, passamos agora a revelar...

Paulo Roberto de Almeida 
[Continua...]

Malvinas-Falklands: tangos e tragédias, um debate inconcluso...

Tangos e tragédias
Primeiro,  a opinião de um jurista britânico (suspeito, por certo), mas deve-se considerar os argumentos em seus próprios méritos, não quem os expede:


Both sides advance claims to sovereignty based on various historic acts which may or may not amount to annexation, cession or conquest.  
But in a way more importantly, the current problem is this.  
The islands have been colonised by British people since the nineteenth century, and the current inhabitants  (about 3,000 in number) are bitterly opposed to any kind of deal with Argentina, the more so since Argentina's unsuccessful attempt in 1982 to resolve the matter by military means.  
Various compromises have been canvassed, but at present the inhabitants are unwilling to accept any kind of cession or lease to Argentina.  (Cf. Gibraltar.)  
Quite apart from any international law issues about self-determination in this context, the brutal fact is that it would, in the immediate future anyway, be politically impossible for the current British government to cut any deal which the inhabitants do not consent to.


Agora, uma reação sobre o assunto: 
Nos acordos da Convenção de Nutka na década de 1790, a Espanha acordou com a Inglaterra a proibição de qualquer nova ocupação em ilhas do Atlântico Sul. Claramente expresso no Artigo VI da convenção.
A Argentina ocupou as ilhas Malvinas em 1820, estavam desertas desde a evacuação espanhola de 1811.
A Inglaterra reconheceu a independência da Argentina em 14 de dezembro 1824.
Somente em 1833 uma frota inglesa expulsou o capitão Don Pinedo do ARA Sarandi das ilhas, que não viam uma embarcação inglesa desde 1774.
Sem dúvida um ato imperialista contra uma nação independente. Da mesma forma que uma pequena frota da Inglaterra tentou ocupar a Ilha da Trindade em 1895, mas a diplomacia brasileira com a ajuda de Portugal conseguiu reverter a ocupação. Por sorte uma tentativa frustrada, senão teríamos duas questões semelhantes no Atlântico Sul.
Excluída a questão dos anseios dos habitantes locais, sem dúvida fortalecidos pelos pesados subsídios ingleses (assim como a França faz na Guiana), os Argentinos tem plena razão em seus reclames, em minha singela opinião.
Lara Wasser


E uma outra reação:  
Ai que consiste o problema. Essa é a história que a Argentina repassa, mas não condiz com o que houve.
Que se saiba, o primeiro assentamento nas ilhas foi de Franceses. Não há habitantes originais, como afirmam os Argentinos. Estes relatos confirmam a presença francesa na regiao: http://www.amazon.com/history-Malouine-Falkland-Bouganville-settlement/dp/1170997562/ref=sr_1_26?ie=UTF8&qid=1328902630&sr=8-26 . Os ingleses chegaram, a meiados do séc XVIII e tomaram posse de determinada região (diz-se ainda haver ruinas), conviveram com os franceses. Com a saida dos franceses, foi que os bravos espanhois tomaram a parte deixada pelos franceses e ficaram na ilha até o começo do século XIX. De novo, como venho dizendo hé diversos emails: nao há tal coisa como 'nativos das ilhas'. São uma mistura de tudo o que passou por ali, desde espanhois, ingleses, franceses, holandeses... Essa historia é mais parte da mentira, distorção histórica que os argentinos tentam criar (ainda não vi uma fundamentação documental do que dizem, enquanto o outro lado sim que possui).
Até onde me conste (em uns livros que li ha tempos atras, com referencias a documentos, na Inglaterra), o primeiro assentamento ingles na ilha se deu na segunda metade do século XVIII, nao apenas em 1833 como afirmam os argentinos.  Com o início das batalhas de independência nos EUA, a Inglaterra precisou de todo o apoio militar para reforçar a sua presença nas colonias do norte. Assim sendo, a marinha inglesa se retirou das ilhas (que jamais foram habitadas !!!! isso é uma mentira da parte da Argentina), não sem antes deixar uma placa (legalmente aceita, de acordo com as convenções da época) reclamando a propriedade da região. Bem, a Argentina invadiu a ilha, nao reconheceu a autoridade estrangeira e fincou presença. Quando acabou a guerra das colonias americanas, a marinha inglesa voltou e recuperou a sua presença.
Por que não vale o acordo que a Inglaterra assinou com a Espanha? Simples: porque da data de assinatura eles (ingleses) JA estavam presentes na ilha, e o texto afirma: novas ocupações. Isso nao aconteceu (talvez no Caribe). Enfim... Trata-se de uma pseudo historia por parte dos argentinos. Eles contam a 2a metade e ocultam a 1a. Obvio. Nao os interessa.
Há um tempo atras recebi este material sobre o assunto. Bem ilustrado e com referencias ao que é citado. Recomendo:


P.S. Recomendo observar o texto, as citações, cruzar dedos, procurar as referencias que ele faz antes de criticar a origem simplesmente pelo nome do site, chamando-o de parcial (o que de fato é, mas o que eles fazem com reforço intelectual de pesquisa)



Timeline deixando bem clara a presenca de Franceses (tal qual no livro que indiquei anteriormente) e de alguns outros paises. Mostra a presença dos espanhois (que ocuparam a colonia francesa) e a tal da Convenção Nootka (que segundo me dizem é bem confuso e abre espaço a interpretações ). Enfim, a confusao esta toda ai. E os 200 anos antes que os argentinos teimam em ignorar:


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LEO TELES

Por uma vez concordo com os companheiros: Nao foi privatizacao, foi concessao...

Por isso, como realmente não foi privatização, mas uma mera concessão, os aeroportos brasileiros vão continuar uma M.... completa.
Podem completar os quatro pontinhos que faltam...


Eu viajo muito, todos sabem: conheço dezenas de aeroportos no mundo inteiro, até no interior da China, no deserto da Mongólia.
Pois bem: em poucos lugares tenho encontrado aeroportos tão primitivos, tão desconfortáveis, tão vagabundos quanto os brasileiros. E estou falando de Galeão, Guarulhos, Brasília, Congonhas, todos uma M.... completa, com perdão das senhoras e crianças aqui presentes...


Pois é, como os companheiros são contra as privatizações, essas M....s de aeroportos vão continuar uma M.... completa, e piorar, claro, pois a M.... vai custar mais caro, podem apostar...
O que é que vocês queriam: eles não privatizaram, isso não.
Entregaram, com o nosso dinheiro (pois o dinheiro do BNDES é nosso, não é?), a fundos de pensão estatais, e a uma empresa de aeroportos da África do Sul, como o Brasil um membro proeminente do grupo Brics, e um exemplo de desenvolvimento econômico, social, tecnológico, enfim, dos irmãos africanos, tudo a ver com a nossa herança histórica, etc...


Por uma vez que queria concordar com o jornalista abaixo, mas não vou poder.
Vou concordar com os companheiros: não foi privatização, foi mera concessão.
Pior, foi uma estatização.
Preparem-se para a M.... em regime de concessão.
E agradeçam aos companheiros, pois vocês não vão estar pagando para capitalistas perversos.
Não, imaginem: vão estar pagando para os companheiros dos sindicatos mafiosos dos fundos de pensão.
Que alívio...
M.... nacional, mais cheirosa...
Paulo Roberto de Almeida 


'Privatização? o que é isso? não, foi concessão', diz o abc do PT

Blog do Augusto Nunes, 9/02/2012

Desde 1997, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu reduzir o peso e aumentar a eficácia do mamute estatal, o PT fez o que pôde para transformar a privatização no oitavo pecado capital.
Sempre de olho na próxima eleição e de costas para as próximas gerações, a seita chefiada por Lula passou 15 anos enxergando mais uma perfídia infiltrada na “herança maldita” no que foi um notável avanço civilizatório. Graças ao governo FHC, o Brasil ficou menos primitivo.A privatização dos três principais aeroportos informa que os pastores do atraso enfim capitularam, constatei nesta quarta-feira no comentário de 1 minuto para o site de VEJA.
A teimosia insensata da companheirada custou muitos bilhões de reais, desperdiçados pelo governo em remendos, puxadinhos e outros monumentos ao improviso erguidos para distrair a atenção de eleitores tapeados por promessas que seguem acampadas nos palanques.
Os defensores do Estado obeso também consumiram o estoque de paciência de multidões de passageiros flagelados por congestionamentos nos saguões, nas salas de embarque, nas imediações das esteiras de bagagens, nas filas de táxi. O tempo que se perdeu é irrecuperável.
Mas antes tarde do que nunca. “O ‘reposicionamento dos petistas em relação aos aeroportos nos livrou, para todo o sempre, do estelionato eleitoral em torno das privatizações”, registrou o senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB paulista.
Ainda não, avisa a discurseira de oficiais do PT decididos a provar que, embora os aeroportos tenham sido privatizados, não houve privatização nenhuma. “Querem confundir uma coisa com outra”, ensina o inevitável José Dirceu. “O que houve foi uma concessão”.
O guerrilheiro de festim vive criticando o governo paulista por ter entregue à iniciativa privada, em regime de concessão, a administração das rodovias estaduais. “Os tucanos privatizaram o patrimônio rodoviário”, berra desde o século passado.
É o que acaba de fazer o governo federal com a fatia mais valiosa do patrimônio aeroportuário, mas para isso existe a novilíngua companheira. “Privatização”, no dicionário do PT, virou “concessão”.
O rebanho vai balir como ordenam os guias. Tomara que o eleitorado não seja tão paspalho, ou que já não sejam tantos os brasileiros idiotizados com direito a voto.

Ministros renunciam... Epa!!!!

Já no Brasil....


Ministros renunciam na Índia após serem flagrados vendo pornografia

Três ministros assistiram ao que seria um filme pornográfico no celular durante sessão legislativa

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

India-Brazil: same fight, same goals in Defence policy?

Significativo...



06/02/2012 India, Brazil discuss defence cooperation - PTI
Text of report by Indian news agency PTI
New Delhi, 6 February: India and Brazil on Monday [6 February] held discussions to enhance their bilateral cooperation in areas of defence and regional security.
"Defence Minister A K Antony held talks with his Brazilian counterpart Celso Amorim and had candid discussions on bilateral defence cooperation and regional security issues," the Ministry said in a release.
Amorim is on a five-day visit to India which started on February 4. After taking over as Defence Minister in his country recently, this is Amorim's first foreign visit.
The visiting Minister emphasised that due to the high importance accorded to New Delhi by his country, he chose to visit India first, officials said.
In the 40-minute meeting between the two Ministers, senior Brazilian officials along with its Air Force chief and Indian officials also took part.
The Brazilian Defence Minister will visit HAL in Bangalore on Tuesday. India has bought six Embraer aircraft from Brazil to develop its indigenous Airborne Early Warning and Control System aircraft.
Top Ministers and bureaucrats also use the Brazilian-origin Embraer aircraft for visits within the country and the neighbouring nations.
Source: PTI news agency, New Delhi, in English 1521gmt 06 Feb 12


A geopolitica confusa de Mister Brzezinski: poderes declinantes nao sabem o que fazer...

Mister Brzezinski parece saber o que fazer, mas não sabe bem com quais aliados pode contar...
O problema é que essas digressões semi-acadêmicas nunca funcionam na prática...
Paulo Roberto de Almeida 



06/02/2012 Italian aide argues case for expanding Atlantic community southward
Text of report by Italian privately-owned centrist newspaper La Stampa website, on 6 February
[Commentary by Italian Foreign Under Secretary Marta Dassu: "It Is Crucial To Expand the West"]
Dear Editor,
Is the West fated to inevitably decline? Writing in yesterday's edition of La Stampa, Zbigniew Brzezinski chipped into this now time-honoured debate - aggravated by the financial crisis - by responding in the negative. But he added that there are two conditions which must be fulfilled if we are to prevent that decline. The first is domestic and it entails the United States rediscovering the reasons for its "primacy" (innovation, education, and a dynamic society); while the second belongs to the field of "strategic visions" - and the vision offered by the former national security adviser is both simple and direct: If it is to avoid losing its relevancy and its influence in the Asian century, the West needs to expand. But to expand in which direction? In book recently published in Washington, Brzezinski argues that one might envision the "broader"  West, a couple of decades from now, as comprising a head that is still American (on condition, of course, that the United States also does its homework) and a heart that is European (on condition that the EU becomes a genuine political Union), with arms and legs stretching out towards Russia (on condition that it opts for full democracy), towards Turkey (on condition that it becomes more European than neo-Ottoman), and towards old and new Asian allies bent on balancing China's weight. Is that a strategic vision, or is it a mere theory that will never be implemented in practice?
The truth of the matter is that, at a time when the financial crisis is sorely testing liberal democracies and the combination between capitalism and authoritarianism is starting to be seen as an alternative model, it is crucial that we rethink the West's borders. In Brzezinski's opinion, it is obvious that the United States' comparative strength be rebuilt first and foremost from the inside, just as the comparative strength of the Europeans demands a solider Union. But it is clear also that the old transatlantic relationship is no longer sufficient in the face of a shift in economic, demographic, and financial power towards new countries. From his standpoint, expanding the West towards the Eurasian continent is the strategic priority.
Brzezinski's mental map is still "horizontal": It goes from west to east, and along with the impact of China's rise, it continues to reflect the last century's unresolved problems: Integrating Russia into the Western community is one of hopes that has remained at least partially unfulfilled since 1991. Russia's veto on the resolution faulting Syria in the United Nations confirms the gap that still exists - and with bitter consequences, in this case for the people of Syria who have been exposed to brutal repression for months.
Yet there is also a "vertical" map worth exploring and it involves the possibility of bringing into the fold the Atlantic's southern shores, where potentially strong economic powers such as Brazil are theoretically equipped with Western democratic "software" in the form of the historical and cultural roots that shape their identity. In other words, the broader West could have an important leg stretching not only further east but also further south, and the strategic vision could comprise a 21st century "panatlantic" community capable of benefiting from tangible resources (the additional thrust of an emerging area) and of using its common cultural roots to good effect. Keeping the Atlantic alive is even more important a precondition for the Europeans than it is for the United States if they wish to continue carrying weight in the Pacific century. That is one of several reasons why proposals regarding the establishment of something akin to a transatlantic free-trade area should be assessed not only in economic terms (i.e. in terms of their cost and benefit in different areas of the economy) but also in terms of their strategic importance.
Having said that, the vision which Brzezinski prescribes for the United States quite rightly views the Far East as a region where, with or without the global economy, traditional geopolitics continues to matter. The economic interdependence between Washington and Beijing or the importance of commercial ties between China and Germany have not done away with the 20th century fault lines, with dynamics based on deterrence and military balances. In light of this, the "balancing act" which Brzezinski recommends that the United States perform in Asia is still necessary, and indeed the US defence review is moving in that direction. But that is another reason why the Europeans should adopt an increasing share of the responsibility on their borders, in North Africa and in the Balkans. Thus if the West is to continue to wield influence at the global level, it must not simply expand, it must also specialize.
Of course, none of this is going to work unless the first condition that Brzezinski sets the United States - a condition, incidentally , which applies to Western democracies in general, i.e. that they impart a fresh boost both to themselves and to their economies - withstands the test of concrete implementation.
As Niall Ferguson argues in Aspenia, one of the causes behind the West's relative decline is its tendency to shy away from using its winning weapons - competition, scientific research, the work ethic - and even to start questioning its own political systems. The revolution of "growing" expectations that guaranteed the Western model's success over the past two decades, has turned into its opposite, and the economic, political, and social repercussions of that transformation have yet to be gauged.
Source: La Stampa website, Turin, in Italian 6 Feb 12 p 33

Companion to Marxist Economy: uma digressao sobre o nada...


Alguém ainda acredita que a "economia política" marxista sirva para outra coisa senão filosofia política?
Quantos departamentos sérios de economia usam, de fato, QUALQUER categoria econômica marxista -- mais valia, lei tendencia da baixa da taxa de lucro, pauperizacao, MDM, etc -- para qualquer outra coisa senão digressões inúteis no campo da economia?
NUNCA vi qualquer economista digno desse nome usar o ferramental marxista, a não ser para fazer política...
Isso não funciona em NENHUM departamento de economia.
Melhor ver com os Fefelechs da vida...
Paulo Roberto de Almeida 




The Elgar Companion To Marxist Economics

Edited by Ben Fine, Professor of Economics and Alfredo Saad-Filho, Professor of Political Economy, School of Oriental and African Studies, University of London, UK with Marco Boffo, PhD candidate, School of Oriental and African Studies, University of London, UK

January 2012 432 pp Hardback 978 1 84844 537 6

Hardback $225.00 on-line price $202.50

Description
This Companion takes stock of the trajectory, achievements, shortcomings and prospects of Marxist political economy. It reflects the contributors’ shared commitment to bringing the methods, theories and concepts of Marx himself to bear across a wide range of topics and perspectives, and it provides a testimony to the continuing purpose and vitality of Marxist political economy.
Contents
Contributors include: G. Albo, R. Albritton, D. Ankarloo, S.J. Ashman, A.J. Ayers, R. Balakrishnan, J. Banaji, S. Bisnath, M. Boffo, T.J. Byres, A. Campbell, P. Cerni, P. Chattopadhyay, S. Clarke, A. Colás, G.C. Comninel, M. Di Meglio, P.L. dos Santos, G. Duménil, B. Fine, J. Ghosh, G. Hoe-Gimm, H. Goodacre, B. Gruffydd-Jones, B. Harriss-White, K. Hart, M. Itoh, H. Jeon, B. Jessop, D. Johnston, R. Kiely, S. Knafo, D. Laibman, D. Lévy, D. Lo, T. Marois, P. Masina, S.D. Mavroudeas, D. Milonakis, S. Mohun, S. Newman, P. Patnaik, U. Patnaik, L. Pradella, H. Radice, A. Saad-Filho, S. Savran, G. Slater, T. Smith, E. Swyngedouw, B. Tinel, A. Toscano, J. Weeks, E. Wood, A. Zack-Williams, P. Zarembka, Y. Zhang
This Companion takes stock of the trajectory, achievements, shortcomings and prospects of Marxist political economy. It reflects the contributors’ shared commitment to bringing the methods, theories and concepts of Marx himself to bear across a wide range of topics and perspectives, and it provides a testimony to the continuing purpose and vitality of Marxist political economy.

As a whole, this volume analyzes Marxist political economy in three areas: the critique of mainstream economics in all of its versions; the critical presence of Marxist political economy within, and its influence upon, each of the social science disciplines; and, cutting across these, the analysis of specific topics that straddle disciplinary boundaries. Some of the contributions offer an exposition of basic concepts, accessible to the general reader, laying out Marx’s own contribution, its significance, and subsequent positions and debates with and within Marxist political economy. The authors offer assessments of historical developments to and within capitalism, and of its current character and prospects. Other chapters adopt a mirror-image approach of pinpointing the conditions of contemporary capitalism as a way of interrogating the continuing salience of Marxist analysis.

This volume will inform and inspire a new generation of students and scholars to become familiar with Marxist political economy from an enlightened and unprejudiced position, and to use their knowledge as both a resource and gateway to future study.
Contents:

Introduction
Ben Fine and Alfredo Saad-Filho

1. Accumulation of Capital
Paul Zarembka

2. The Agrarian Question and the Peasantry
Terence J. Byres

3. Analytical Marxism
Marco Boffo

4. Anthropology
Keith Hart

5. Capital
Jayati Ghosh

6. Capitalism
Ellen Wood

7. Centrally Planned Economy
Dic Lo and Yu Zhang

8. Class and Class Struggle
Utsa Patnaik

9. Classical Political Economy
Hugh Goodacre

10. Combined and Uneven Development
Samantha J. Ashman

11. Commodification and Commodity Fetishism
Robert Albritton

12. Competition
Paresh Chattopadhyay

13. Consumerism
Paula Cerni

14. Contemporary Capitalism
Greg Albo

15. Crisis Theory
Simon Clarke

16. Dependency Theory
John Weeks

17. Ecology and the Environment
Barbara Harriss-White

18. Economic Reproduction and the Circuits of Capital
Ben Fine

19. Exploitation and Surplus Value
Ben Fine

20. Feminist Economics
Radhika Balakrishnan and Savitri Bisnath

21. Feudalism
George C. Comninel

22. Finance, Finance Capital, and Financialisation
Thomas Marois

23. Friedrich Engels
Paresh Chattopadhyay

24. Geography
Erik Swyngedouw

25. Global Commodity Chains and Global Value Chains
Susan Newman

26. Globalisation and Imperialism
Ray Kiely

27. International Political Economy
Alejandro Colás

28. Karl Marx
Lucia Pradella

29. Knowledge Economy
Heesang Jeon

30. Labour, Labour Power, and the Division of Labour
Bruno Tinel

31. Labour Theory of Value
Ben Fine

32. Market Socialism
Makoto Itoh

33. Marx and Underdevelopment
Mauro di Meglio and Pietro Masina

34. Marxism and History
George C. Comninel

35. Method of Political Economy
Branwen Gruffydd-Jones

36. Mode of Production
Jairus Banaji

37. Money
Paulo L. dos Santos

38. Neoliberalism
Gérard Duménil and Dominique Lévy

39. Neoclassical Economics
Dimitris Milonakis

40. Neo-Ricardianism
Sungur Savran

41. New Technology and the 'New Economy’
Tony Smith

42. Political Science
Alison J. Ayers

43. Population and Migration
Deborah Johnston

44. Productive and Unproductive Labour
Simon Mohun

45. Race
Alfred Zack-Williams

46. Radical Political Economy in the United States
Al Campbell

47. The Rate of Profit
Simon Mohun

48. The Regulation Approach
Stavros D. Mavroudeas

49. Rent and Landed Property
Erik Swyngedouw

50. The Social Structures of Accumulation Approach
Stavros D. Mavroudeas

51. Socialism, Communism and Revolution
Al Campbell

52. Sociology
Alberto Toscano

53. The State
Bob Jessop

54. 'Transformation Problem’
Alfredo Saad-Filho

55. The Transition from Feudalism to Capitalism
David Laibman

56. Transnational Corporations
Hugo Radice

57. Unemployment
Gary Slater

58. Value Form Approach
Samuel Knafo

59. Vladimir I Lenin
Prabhat Patnaik

60. The Welfare State
Daniel Ankarloo

61. World Economy
Gong Hoe-Gimm

References

Index