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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ata do Copom: dançando sobre gelo fino

O Copom, coitado, gostaria de ter a colaboração do governo, na parte fiscal, para não ter de levar uma política monetária agressivamente restritiva, pois isso prejudica a atividade econômica, está claro.
Quem sabe se na próxima Ata (depois de 31 de agosto) ele não passa uns recados mais diretos aos malucos que estão no comando da economia?
A última Ata, como sempre, é bem educada. Talvez eles pudessem falar mais grosso da próxima vez.
Paulo Roberto de Almeida

160ª Reunião do Comitê de Política Monetária - Banco Central
Data: 19 e 20/7/2011
Local: Sala de reuniões do 8º andar (19/7) e do 20º andar (20/7) do Edifício-Sede do Banco Central do Brasil – Brasília – DF
Horário de início: 16h24 (19/7) e 16h15 (20/7)
Horário de término: 19h33 (19/7) e 18h47 (20/7)

Presentes:
Membros do Copom
Alexandre Antonio Tombini – Presidente
Aldo Luiz Mendes
Altamir Lopes
Anthero de Moraes Meirelles
Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo
Luiz Awazu Pereira da Silva
Sidnei Corrêa Marques

Chefes de Departamento (presentes no dia 19)
Adriana Soares Sales – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente no dia 20)
Daso Maranhão Coimbra – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
João Henrique de Paula Freitas Simão – Departamento de Operações do Mercado Aberto
Márcio Barreira de Ayrosa Moreira – Departamento de Operações das Reservas Internacionais
Renato Jansson Rosek – Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais
Tulio José Lenti Maciel – Departamento Econômico
Wagner Thomaz de Aquino Guerra Júnior – Departamento de Assuntos Internacionais

Demais participantes (presentes no dia 19)
Alexandre Pundek Rocha – Assessor do Gabinete do Presidente
André Minella – Consultor do Departamento de Estudos e Pesquisas
Emanuel Di Stefano Bezerra Freire – Chefe de Gabinete da Diretoria
Gustavo Paul Kurrle – Assessor de Imprensa
Nelson Ferreira Souza Sobrinho – Consultor do Departamento de Estudos e Pesquisas

Sumário
Evolução recente da economia
Avaliação prospectiva das tendências da inflação
Implementação da política monetária
Inflação
Atividade econômica
Expectativas e sondagens
Mercado de trabalho
Crédito e inadimplência
Ambiente externo
Comércio exterior e reservas internacionais
Mercado monetário e operações de mercado aberto

Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação.

Evolução recente da economia
1. A inflação medida pela variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) situou-se em 0,15% em junho, após registrar alta de 0,47% em maio. Assim, a inflação acumulada em doze meses até junho alcançou 6,71% (6,55% em maio e 6,51% em abril), 1,87 ponto percentual (p.p.) acima da observada em igual período de 2010. O aumento da inflação nesse período reflete tanto o comportamento dos preços livres, que variaram 7,14% (5,11% em doze meses até junho de 2010), quanto o dos preços administrados, que se elevaram em 5,70% (4,21% no mesmo período de 2010). Especificamente sobre preços livres, cabe destacar que a variação dos preços dos bens comercializáveis alcançou 6,26% (2,98% em igual período de 2010), e a dos não comercializáveis, 7,89% (7,06% em igual período de 2010). A inflação no setor de serviços segue elevada, com variação mensal de 0,60% em junho, depois de alta de 0,59% em maio. No acumulado em doze meses até junho, a inflação de serviços atingiu 8,75% – maior nível desde setembro de 1997. Em síntese, o conjunto de informações disponíveis sugere persistência da alta de preços observada em 2010, processo liderado pelos preços livres, que, em parte, se reflete no fato de a inflação de serviços, que se caracteriza por inércia significativa, seguir em níveis elevados.

2. No primeiro semestre de 2011, o IPCA acumulou alta de 3,87%, 0,78 p.p. acima da inflação observada em igual período de 2010, com variação de 3,71% dos preços livres e de 4,25% dos administrados. Os grupos com maiores elevações foram Educação, Despesas pessoais e Vestuário, com variações de 7,45%, 5,10% e 4,36%, respectivamente, nos primeiros seis meses de 2011, ante 5,56%, 4,17% e 3,26%, respectivamente, em igual período de 2010. Esses grupos foram responsáveis por 1,35 p.p. da inflação plena no período. Já a alta de preços no grupo Alimentação e bebidas, de 3,11%, ficou 1,43 p.p. abaixo da observada no primeiro semestre de 2010. No acumulado em doze meses, entretanto, a trajetória dos preços desse grupo desempenha papel relevante na dinâmica da inflação plena, com variação de 8,90% em junho (8,20% em maio), refletindo, em parte, choques de oferta, domésticos e externos, potencializados pelo ambiente de elevada liquidez nos mercados financeiros internacionais e pelo aumento da demanda global.

3. As três principais medidas de inflação subjacente calculadas pelo Banco Central registraram evolução similar à da inflação plena: enquanto houve alta na variação acumulada em doze meses, a média das variações mensais recuou entre abril e junho. O núcleo do IPCA por médias aparadas com suavização deslocou-se de 0,60% em abril para 0,64% em maio e 0,54% em junho. O núcleo por dupla ponderação, após registrar 0,68% em abril, recuou para 0,59% em maio e para 0,42% em junho, enquanto o núcleo por exclusão passou de 0,52% em abril para 0,54% em maio, e para 0,56% em junho. Dessa forma, a média da variação dos três núcleos deslocou-se de 0,60% em abril para 0,59% em maio, recuando para 0,51% em junho. No acumulado em doze meses até junho, as três medidas de núcleo alcançaram 6,01%, 6,82% e 6,51%, respectivamente, ante 5,86%, 6,68% e 6,30% em maio, e 5,84%, 6,66% e 6,32% em abril. O índice de difusão do IPCA, que havia alcançado 59,38% em abril, aumentou para 64,84% em maio e recuou para 58,85% em junho, indicando, na margem, menor disseminação da alta de preços.

4. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 0,13% em junho, ante inflação de 0,01% em maio e de 0,50% em abril. No acumulado em doze meses até junho, a inflação, de acordo com esse índice, ficou em 8,63%, ante 5,07% em junho de 2010. Nesse critério, o índice vem desacelerando desde dezembro de 2010, quando registrou variação de 11,30%. O principal componente do indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 9,61% em doze meses até junho, refletindo alta de 6,54% no IPA industrial e de 19,38% no IPA agrícola. Na desagregação segundo o estágio da produção, observou-se variação acumulada de 22,68% nos preços de matérias-primas brutas, 5,44% nos preços de bens intermediários e 4,58% nos preços de bens finais, na mesma base de comparação. Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), outro componente do IGP-DI, registrou alta de 6,40% no acumulado em doze meses até junho, superior aos 4,93% registrados nos doze meses até junho de 2010. Na mesma base de comparação, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP‑DI, variou 7,75% (6,48% em junho de 2010). Já o Índice de Preços ao Produtor/Indústria de Transformação (IPP/IT), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede o nível de preços na indústria excluindo o valor de fretes e impostos, registrou deflação de 0,55% em maio, após alta de 0,28% em abril e 0,39% em março. Em doze meses, a variação desse índice recuou para 5,60% em maio, de 6,68% em abril. Conforme destacado em Notas de reuniões anteriores, o Copom avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre os preços ao consumidor dependerão, entre outros fatores, das condições atuais e prospectivas da demanda, da exposição de cada setor à competição externa e interna e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da inflação.

5. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativa para a produção mensal dos três setores da economia, bem como para os impostos sobre produtos e, portanto, constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Considerando os dados ajustados sazonalmente, o IBC-Br apresentou crescimento de 0,2% em maio, após registrar elevações de 0,4% por três meses consecutivos (fevereiro a abril). Dessa forma, a taxa de crescimento no trimestre de março a maio, em relação ao trimestre anterior, foi de 1,3%. Persiste a tendência de moderação da taxa de crescimento do indicador no acumulado em doze meses, reduzindo-se de 5,7% em abril para 5,3% em maio. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 1,4% em junho, após igual redução em maio e aumento de 3,0% em abril. O nível do indicador em junho ficou 0,1% acima do valor de junho de 2010, e 0,7% abaixo do nível médio de 2010.

6. A atividade fabril apresentou alta em maio, com avanço de 1,3% na produção industrial, de acordo com a série geral dessazonalizada pelo IBGE, após registrar recuo de 1,2% em abril e avanço de 0,3% em março. Dessa forma, a produção industrial atingiu novo recorde em maio. A taxa de crescimento da média móvel trimestral ficou em 0,2% no período de março a maio, patamar inferior ao crescimento de 0,4% medido entre fevereiro e abril. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção apresentou avanço de 2,7% em maio, enquanto no acumulado em doze meses a produção industrial mostrou expansão de 4,5% em maio, ante 5,4% registrados em abril, continuando em processo de moderação do ritmo de crescimento. Na comparação com dezembro de 2008, mês de menor medição da produção industrial durante a crise de 2008/2009, o crescimento acumulado até maio foi de 26,8%. O faturamento real da indústria vem apresentando evolução similar. A dinâmica de recuperação pós-crise foi amparada, parcialmente, pelo crescimento do financiamento da atividade industrial por parte de instituições financeiras públicas.

7. Entre as categorias de uso da indústria, segundo dados dessazonalidados pelo IBGE, houve avanço de 1,7% na produção de bens de capital em maio, de 1,5% na produção de bens intermediários e de 2,7% na produção de bens de consumo duráveis, enquanto a produção de bens de consumo não duráveis e semiduráveis ficou estável. Já no acumulado em doze meses até maio, a produção de bens intermediários registrou expansão de 4,7%, a produção de bens de consumo duráveis, 2,4%, e a produção de bens não duráveis e semiduráveis avançou 2,3%. Na mesma base de comparação, o crescimento da atividade da indústria de bens de capital é o maior entre as categorias de uso, com expansão de 11,5%. Tal comportamento evidencia a robustez do investimento, fator relevante na retomada econômica do período pós-crise.

8. A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), sem ajuste sazonal, passou de 6,4% em maio para 6,2% em junho (7,0% em junho de 2010). Após registrar 9,0% em março de 2009, a taxa observada não apenas recuou significativamente, como também atingiu o mínimo histórico para o mês de junho, na série iniciada em março de 2002. A taxa de desocupação dessazonalizada registrou 6,1% em junho, com aumento de 0,1 p.p. comparativamente à de maio. O emprego, medido pelo número de ocupados nas seis maiores regiões metropolitanas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, apresentou elevação de 2,3% em junho, depois de ter expandido 2,5% em maio. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam que houve criação de 215,4 mil postos de trabalho em junho (213,0 mil em junho de 2010), com expansão do número de empregos formais em todos os oito setores de atividade econômica. Os setores que mais contribuíram para o aumento do número de empregos formais, em junho, foram o agrícola e o de serviços. De acordo com a PME, o rendimento médio real habitual observado em junho avançou 0,5% em relação a maio e 4,0% em relação a junho de 2010. Como consequência, a taxa de crescimento da massa salarial real, considerando o rendimento médio real habitual da população ocupada remunerada nas seis regiões metropolitanas, atingiu 6,2% em junho, ante o mesmo mês de 2010, depois de registrar alta de 6,6% em maio, e permanece como fator-chave para a sustentação do crescimento da demanda doméstica.

9. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio ampliado cresceu 12,8% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, depois de registrar alta de 12% em abril e queda de 2,7% em março, na mesma base de comparação. Na série com ajuste sazonal, a variação mensal do volume de vendas do comércio ampliado foi de 1% em maio, após ter atingido altas de 1,2% em abril e de 1,9% em março. Note-se, ainda, que a taxa de crescimento acumulada em doze meses ficou em 10,5% em maio (ante 10,2% nos dois meses anteriores). No acumulado em doze meses, todos os dez segmentos pesquisados mostraram expansão no volume de vendas, com destaques, em termos de crescimento, para Móveis e eletrodomésticos (17,2%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (16,7%) e Materiais de construção (13,9%). Nos próximos meses, a trajetória do comércio continuará a ser influenciada pelas transferências governamentais, pelo ritmo de crescimento da massa salarial real, pela confiança dos consumidores e pela expansão do crédito.

10. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, permaneceu inalterado em junho (84,1%), em relação a maio. Esses valores de maio e de junho situam-se 0,5 p.p. e 1,0 p.p., respectivamente, abaixo dos valores observados no mesmo período de 2010. Com o ajuste sazonal, calculado pela FGV, o valor do Nuci recuou para 84,3% em junho (igual valor de março de 2011), após registrar 84,4% nos dois meses anteriores. A utilização de capacidade é maior no setor de materiais de construção (87,2%) e no de bens intermediários (86,3%). Na margem, o setor de materiais de construção manteve-se estável, o setor de bens intermediários apresentou elevação de 0,2 p.p., o de bens de consumo, de 0,3 p.p., enquanto o setor de bens de capital apresentou queda de 0,1 p.p. Segundo os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, o Nuci atingiu 82,4% em maio, ante 82,1% observados no mês de abril. De fato, as taxas de utilização da capacidade instalada têm se mostrado relativamente estáveis, em patamares elevados, refletindo a expansão recente da atividade econômica, cujos efeitos ainda não foram compensados totalmente pela maturação dos investimentos. A propósito, a absorção de bens de capital apresentou crescimento de 18,7% no acumulado em doze meses até maio, enquanto a produção de insumos para a construção civil cresceu 6,7%. Conforme assinalado em Notas anteriores das reuniões do Copom, a trajetória da inflação mantém estreita relação com os desenvolvimentos correntes e prospectivos no tocante à ampliação da oferta de bens e de serviços para o adequado atendimento da demanda.

11. O saldo da balança comercial acumulado em doze meses aumentou de US$23,1 bilhões em maio para US$25,3 bilhões em junho. Esse resultado adveio de exportações de US$231 bilhões e importações de US$205,8 bilhões, ou variações de 34,1% e 34,5%, respectivamente, no acumulado em doze meses até junho. O déficit em transações correntes acumulado em doze meses passou de US$48,9 bilhões em abril para US$51 bilhões em maio, equivalente a 2,29% do PIB. Por sua vez, os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$64,1 bilhões em doze meses até maio, equivalente a 2,88% do PIB, superando a necessidade de financiamento externo.

12. A recuperação da economia global segue em velocidades distintas e com pressões inflacionárias assimétricas. As evidências apontam moderação da atividade na margem, em parte refletindo o aumento da incerteza global, a perda de dinamismo da recuperação norte-americana, o elevado preço do petróleo, bem como os efeitos do aperto monetário em importantes economias emergentes. De fato, o indicador antecedente composto divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, sinalizou continuidade da recuperação mundial em maio, mas com moderação, ainda que potencial, nas principais economias. Já o Purchasing Managers Index (PMI) para a economia global, um indicador do nível de atividade na indústria e no setor de serviços, passou de 52,7 em maio para 52,2 em junho, o que representa o segundo menor valor desde o início da recuperação mundial (agosto de 2009). Os indicadores PMI desagregados indicam menor dinamismo nos Estados Unidos da América (EUA) e na Zona do Euro (com contração da atividade na Itália e na Espanha). As perspectivas macroeconômicas para a Zona do Euro continuam apresentando fortes assimetrias, pois, enquanto algumas economias permanecem impactadas por riscos de insolvência e sujeitas a fortes ajustes fiscais, o ritmo da expansão continua sustentado em outras regiões, como na Alemanha. Em relação à reunião anterior do Copom, a percepção do mercado sobre a situação fiscal na Zona do Euro e, em particular, suas implicações sobre o sistema financeiro regional – mesmo após a divulgação dos testes de estresse – apresentaram deterioração relevante, e permanecem incertezas em relação a questões da dívida americana. No que se refere à política monetária, as economias maduras continuaram com posturas acomodatícias. Sobre inflação, apesar da aceleração recente, os núcleos persistem em níveis moderados no grupo de países do G3 (EUA, Zona do Euro e Japão). Nos países emergentes, observam-se pressões inflacionárias disseminadas e, desde a última reunião do Copom, houve continuidade dos apertos das condições monetárias em diversas economias. Em particular, o banco central chinês elevou novamente as taxas de referência para depósitos e empréstimos, totalizando, desde outubro de 2010, nove aumentos de requerimentos compulsórios e cinco elevações nas taxas de juros.

13. O preço do barril de petróleo do tipo Brent mostrou-se volátil e permanece acima de US$115. Esse nível de preços é consistente com um quadro de aparente fortalecimento da demanda global, bem como de elevada instabilidade política em alguns países do Oriente Médio e do norte da África, a despeito da intensidade decrescente dos conflitos. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor do petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dos preços, que é reflexo, também, da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global e do fato de o crescimento da oferta depender de projetos de investimentos de longa maturação e de elevado risco. Em relação às demais commodities, destaca-se a moderação dos preços internacionais das agrícolas e metálicas, após sucessivos meses com elevações relevantes. Em particular, os preços a vista do minério de ferro negociado na China oscilaram em patamares semelhantes aos do início do ano. O Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que compreende 55 itens, vem apresentando certa estabilidade nos últimos meses, mas continua em patamares elevados. No passado recente, a alta volatilidade dos preços das commodities foi fortemente influenciada pela ampla liquidez global, em contexto no qual os mercados financeiros se ajustam às novas expectativas de crescimento da demanda e à volatilidade nos mercados de câmbio.

Avaliação prospectiva das tendências da inflação
14. Os choques identificados, e seus impactos, foram reavaliados de acordo com o novo conjunto de informações disponível. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses:
a) a projeção de reajuste no preço da gasolina para o acumulado de 2011 permaneceu em 4,0%, considerados na reunião do Copom de junho, contemplando, portanto, reversão parcial da elevação de 6,1% ocorrida até junho; e a projeção para o reajuste no preço do gás de bujão, para o acumulado de 2011, foi mantida em 0%;
b) a projeção de reajuste das tarifas de telefonia fixa, para o acumulado em 2011, reduziu-se para 0,9%, ante 2,9% considerados na reunião de junho, enquanto a de eletricidade elevou-se para 4,1%, ante 2,8% considerados na reunião de junho;
c) a projeção de reajuste, construída item a item, para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2011, segundo o cenário de referência, elevou-se para 4,9%, ante os 4,6% considerados na reunião de junho. Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a 29,08% do total do IPCA de junho;
d) a projeção de reajustes para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2012, conforme o cenário de referência, elevou-se para 4,4%, ante 4,3% considerados na reunião do Copom de junho. Essa projeção se baseia em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outros, componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e
e) a trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a taxa Selic, no cenário de referência, de 44 pontos base (p.b.) e de -46 p.b. para o quarto trimestre de 2011 e de 2012, respectivamente.

15. Em relação à política fiscal, considera-se o cumprimento da meta de superávit primário de R$117,9 bilhões (ou cerca de 2,9% do PIB), sem ajustes, em 2011, conforme parâmetros constantes da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – 2011. Além disso, admite-se, como hipótese de trabalho, superávit primário de R$139,8 bilhões (ou cerca de 3,1% do PIB) em 2012, conforme parâmetros constantes do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) – 2012, inclusive no que se refere ao aumento projetado para o salário mínimo em 2012.

16. No conjunto das projeções, foram incorporados os efeitos estimados das alterações dos recolhimentos compulsórios anunciadas em dezembro de 2010.

17. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) para a variação do IPCA em 2011 elevou-se para 6,31%, de 6,22%. Para 2012, a mediana das projeções de inflação se deslocou de 5,10% para 5,20%. Nos casos específicos de bancos, gestoras de recursos e demais instituições (empresas do setor real, distribuidoras, corretoras, consultorias e outras), a mediana das projeções para 2011 se deslocou de 6,21%, 6,22% e 6,27%, para 6,28%, 6,38% e 6,31%, respectivamente. Para 2012, a mediana das projeções se deslocou de 5,00%, 5,40% e 5,00%, para 5,01%, 5,40% e 5,05%, na mesma ordem.

18. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em 1,60 R$/US$ e da taxa Selic em 12,25% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2011 se elevou ligeiramente em relação ao valor considerado na reunião do Copom de junho, e se encontra acima do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo Gerin, com analistas de mercado, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de inflação para 2011 também se elevou ligeiramente e se encontra acima do valor central da meta para a inflação. Para 2012, a projeção se manteve estável no cenário de referência e no de mercado, acima do valor central da meta nos dois casos. No que se refere ao primeiro semestre de 2013, a projeção de inflação se elevou, no cenário de referência, e permaneceu estável, no cenário de mercado, posicionando-se ao redor do centro da meta em ambos os cenários. Em um cenário alternativo, que leva em conta a manutenção da taxa de câmbio, no horizonte relevante, em patamares semelhantes aos observados no passado recente; e a trajetória de juros coletada pelo Gerin, a projeção de inflação se encontra acima da meta para 2011 e para 2012, e em torno da meta no primeiro semestre de 2013.

Implementação da política monetária
19. O Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação, orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação pelo Banco Central e com base na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços. O Comitê entende, também, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a reduzir incertezas em relação ao comportamento futuro da inflação plena, facilitam a avaliação de cenários por parte da autoridade monetária, assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes econômicos, em particular, dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a potencializar os efeitos das ações de política monetária, fazendo com que elas possam afetar de forma mais duradoura a dinâmica da inflação plena no futuro. Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.

20. A evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira, indica que taxas de inflação elevadas levam ao aumento dos prêmios de risco, tanto para o financiamento privado quanto para o público, e ao encurtamento dos horizontes de planejamento, tanto das famílias quanto das empresas. Consequentemente, taxas de inflação elevadas reduzem os investimentos e o potencial de crescimento da economia, além de terem efeitos regressivos sobre a distribuição de renda. De outra forma, taxas de inflação elevadas não trazem qualquer resultado duradouro em termos de crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuízos permanentes para essas variáveis no médio e no longo prazos. Assim, a estratégia adotada pelo Copom visa assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, o que exige a pronta correção de eventuais desvios em relação a essa trajetória. Tal estratégia leva em conta as defasagens do mecanismo de transmissão e é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente ao processo de formulação e de implementação da política monetária.

21. Como consequência da estabilização e da correção de desequilíbrios, as quais determinaram mudanças estruturais importantes, o processo de amadurecimento do regime de metas se encontra em estágio avançado, e isso se reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra e na potência da política monetária. Evidências a esse respeito são oferecidas, entre outros, pelo cumprimento das metas para a inflação nos últimos sete anos, ao mesmo tempo em que as taxas reais de juros recuaram. Progressos na estrutura dos mercados financeiros, redução do prêmio de risco cambial e do inflacionário, entre outros, parecem ter determinado redução significativa da taxa neutra. Também contribuiu para isso a geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB. Em outra perspectiva, alguns desses desenvolvimentos, combinados a outros, como o alargamento de prazo dos contratos, também sugerem que o poder da política monetária no Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos, não obstante a substancial incerteza que envolve o dimensionamento de variáveis não observáveis. O Comitê também pondera que há evidências de que a tração da política monetária aumentou no passado recente e, comparativamente ao que se observava há alguns anos, atualmente pressões inflacionárias são contidas com mais eficiência por meio de ações de política monetária.

22. O Copom observa que, desde sua última reunião, houve deterioração adicional dos mercados internacionais, com a volatilidade e a aversão ao risco se elevando, em grande parte, alimentadas por extraordinários níveis de liquidez e por incertezas crescentes quanto ao ritmo de recuperação da atividade global. Nesse período, aumentaram as preocupações com dívidas de países e de bancos europeus, inclusive de economias centrais, e com a possibilidade de desaceleração da atividade econômica na China. Observou-se recuo nos preços de importantes commodities, notadamente das agrícolas e, ao mesmo tempo, certa estabilidade na cotação da moeda norte‑americana. De modo geral, entretanto, as perspectivas para o financiamento externo da economia brasileira seguem favoráveis. Em outra frente, a trajetória dos índices de preços mostra clara disseminação de pressões inflacionárias nas principais economias.

23. O Copom pondera que, embora esteja em curso moderação da expansão da demanda doméstica, são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica. Essa avaliação encontra suporte em sinais que, apesar de indicarem certo arrefecimento, apontam que a expansão da oferta de crédito tende a persistir tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas; e no fato de a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente elevados, a despeito de acomodação na margem, entre outros fatores. O Comitê entende, adicionalmente, que o dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em substancial crescimento dos salários.

24. O Copom entende que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, mostra sinais mais favoráveis. No último trimestre de 2010 e no primeiro deste ano, a inflação foi forte e negativamente influenciada por choques de oferta domésticos e externos. As evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram os efeitos diretos desses choques. Também foram relevantes efeitos diretos da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro trimestre deste ano, que, em casos específicos, mostram sinais de reversão. O Comitê pondera que esses efeitos ainda deverão impactar indiretamente a dinâmica dos preços ao consumidor, entre outros mecanismos, via inércia. Ao mesmo tempo, avalia como relevantes os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda, apesar dos sinais de que esse descompasso tende a diminuir. Destaca, além disso, a estreita margem de ociosidade dos fatores de produção, especialmente de mão de obra, e pondera que, em tais circunstâncias, um risco muito importante reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação. No final do ano passado e início deste ano, os riscos associados à trajetória dos preços das commodities nos mercados internacionais foram chave para o cenário prospectivo, entretanto, desde abril esses preços mostram certa acomodação.

25. O Copom prevê dois momentos distintos para a trajetória de inflação, segundo o cenário central para 2011. Neste trimestre, a inflação acumulada em doze meses tende a permanecer em patamares superiores àquele observado no segundo trimestre. Isso, em grande parte, explica-se pela elevada inércia trazida de 2010, pela duração de choques que atingiram a economia no final do ano passado, que se estenderam para o primeiro trimestre deste ano, que se refletem no fato de as projeções de inflação para o bimestre julho/agosto de 2011 apontarem taxas médias mensais superiores às registradas no mesmo período de 2010. Entretanto, a partir do quarto trimestre, o cenário central indica tendência declinante para a inflação acumulada em doze meses, ou seja, deslocando-se na direção da trajetória de metas.

26. O Copom reafirma que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais. Importa destacar que a geração de superávits primários compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação, além de contribuir para arrefecer o descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta, solidificará a tendência de redução da razão dívida pública sobre produto. A propósito, cabe enfatizar que, desde o início deste ano, importantes decisões foram tomadas e executadas, e reforçam a visão de que está em curso um processo de consolidação fiscal.

27. O Copom destaca que o cenário central também contempla moderação na expansão no mercado de crédito, para a qual contribuem ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária recentemente adotadas. Ainda sobre esse mercado, o Comitê considera oportuna a introdução de iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito.

28. Em suma, o Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza crescente e acima do usual, e identifica riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta. Desde a última reunião, no âmbito externo, as evidências apontam moderação adicional no processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 e, em outra perspectiva, ainda revelam influência ambígua sobre o comportamento da inflação doméstica. No âmbito interno, ações macroprudencias e, principalmente, ações convencionais de política monetária recentemente implementadas ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços, processo que tende a se acentuar neste semestre. Embora incertezas elevadas e crescentes que cercam o cenário global e, em escala marcadamente menor, o cenário doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis.

29. Nesse contexto, avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% a.a., sem viés.

30. A demanda doméstica se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Além disso, em que pese iniciativas recentes apontarem contenção das despesas do setor público no primeiro semestre, impulsos fiscais e creditícios haviam sido aplicados na economia anteriormente, e ainda deverão contribuir para a expansão da atividade e, consequentemente, para que o nível de ociosidade dos fatores se mantenha em patamares baixos. Aos efeitos desses estímulos, entretanto, contrapõem-se os efeitos da reversão de iniciativas tomadas durante a crise financeira de 2008/2009, os das recentes ações macroprudenciais e, principalmente, os das ações convencionais de política monetária implementadas neste ano. Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito fiscal e parafiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas.

31. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltará a se reunir em 30 de agosto de 2011, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 20.223, de 15 de outubro de 2010.

SUMÁRIO DOS DADOS ANALISADOS PELO COPOM
Inflação
32. O IPCA variou 0,15% em junho, ante 0,47% em maio, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. No primeiro semestre do ano, o IPCA acumulou variação de 3,87%, ante 3,09% em igual período de 2010. No acumulado em doze meses até junho, o índice variou 6,71%, comparativamente a 6,55% até maio. A variação dos preços livres recuou de 0,44% em maio para 0,26% em junho, refletindo desaceleração tanto nos preços de comercializáveis, de 0,36% para 0,19%, quanto nos de não comercializáveis, de 0,50% para 0,32%. Os preços monitorados variaram 0,12% em junho, ante 0,55% em maio, influenciados, principalmente, pela redução de 3,94% no item gasolina. Os grupos Transportes e Alimentação e bebidas foram os principais responsáveis pela desaceleração do índice no mês, com contribuições respectivas de -0,12 p.p. e -0,06 p.p. O índice de difusão situou-se em 58,85% em junho, ante 64,84% em maio.

33. Os preços livres aumentaram 7,14% no acumulado em doze meses até junho, ante 6,80% em maio, enquanto os monitorados apresentaram desaceleração de 5,96% para 5,70% nos períodos considerados. Entre os preços livres, a variação em doze meses de produtos comercializáveis acelerou de 5,96% em maio, para 6,26% em junho, e a de produtos não comercializáveis, de 7,53% para 7,89%. Os preços do segmento de serviços, que apresentam maior grau de persistência, aumentaram 8,75% em junho, ante 8,54% em maio e 6,82% em junho do ano anterior.

34. As três medidas de núcleo do IPCA calculadas pelo Banco Central registraram aceleração no acumulado de doze meses encerrado em junho, na comparação com o mês anterior. Na comparação mensal, entretanto, apenas o núcleo por exclusão, que exclui dez itens de alimentação no domicílio e combustíveis, registrou elevação, atingindo 0,56% em junho, ante 0,54% em maio, e acumulando elevação de 6,51% nos doze meses até junho, ante 6,30% no mês anterior. O núcleo pelo critério de médias aparadas com suavização variou 0,54% em junho, ante 0,64% em maio, acumulando 6,01% em doze meses, contra 5,86% em maio. O núcleo de dupla ponderação cresceu 0,42% em junho, contra 0,59% em maio, tendo acumulado 6,82% em doze meses, ante 6,68% no mês anterior.

35. O IGP-DI variou -0,13% em junho, após alta de 0,01% em maio, acumulando elevações de 2,95% no ano e de 8,63% nos últimos doze meses, comparativamente a 9,14% em maio, de acordo com a FGV. No mês, a queda do IGP-DI refletiu as variações negativas do IPC e do IPA e a desaceleração do INCC.

36. O IPA apresentou variação de -0,19% no mês, após -0,63% em maio, acumulando variações de 2,22% no ano e de 9,61% em doze meses. Os preços dos produtos agropecuários variaram -1,11% em junho, após variação de -3,19% em maio, acumulando aumento de 0,51% no ano e de 19,38% em doze meses. Os preços dos produtos industriais apresentaram elevação de 0,13% no mês, ante 0,32% em maio, acumulando altas de 2,84% no ano e de 6,54% em doze meses. Relativamente aos produtos agropecuários, a retração no mês foi mais fortemente influenciada pelas quedas dos preços da laranja, -16,20% em junho, ante -22,47% em maio; e de suínos, aves e bovinos, -12,57%, -4,93% e -2,17% em junho, respectivamente, ante -5,49%, -5,22% e -2,33% no mês anterior. Entre os produtos industriais, as principais contribuições para a desaceleração da inflação foram carnes, produtos de carnes e pescados, -0,10 p.p., e açúcar, -0,07 p.p.

37. O IPC variou -0,18% em junho, após elevação de 0,51% em maio, acumulando 3,80% no ano e 6,40% em doze meses. No mês, os grupos alimentação e transportes foram os responsáveis pela queda do índice, com contribuições de -0,30 p.p. e -0,14 p.p., respectivamente. O INCC variou 0,37% no mês, ante 2,94% em maio, consequência da desaceleração do aumento dos preços de mão de obra, de 5,48% em maio para 0,36% em junho, e de materiais, equipamentos e serviços, de 0,51% para 0,38%, na mesma base comparativa. O INCC acumulou variações de 5,60% no ano e de 7,75% em doze meses.

38. O IPP/IT recuou -0,55% em maio, ante alta de 0,28% em abril, acumulando aumento de 1,13% no ano e de 5,60% nos doze encerrados em maio, 6,68% no mês anterior. O resultado do mês foi influenciado pela contração dos preços nos setores de alimentos e de produção de derivados de petróleo, coque e biocombustíveis, que contribuíram com variações de -0,36 p.p. e -0,23 p.p., respectivamente, para o IPP/IT no mês. No acumulado do ano, a variação do índice refletiu especialmente a queda dos preços de alimentos, com contribuição de -0,66 p.p ao indicador.

39. O Índice de Commodities Brasil (IC-Br) recuou 1,56% em junho, terceiro mês consecutivo de desvalorização, em meio aos recuos respectivos de 1,25%, 3,55% e 0,15% dos subíndices referentes aos segmentos agropecuária, metal e energia. No trimestre encerrado em junho, houve variação negativa de 7,51%, com retrações de 10,43%, 7,08% e 0,44% em agropecuária, metal e energia, respectivamente. No ano e em doze meses, o índice acumula aumentos de 1,43% e 31,65%, na ordem.

Atividade econômica
40. O IBC-Br cresceu 0,2% em maio ante abril, considerados dados dessazonalizados. Pela série observada, o IBC-Br aumentou 4,2% em relação a maio de 2010, acumulando elevações de 4% no ano e de 5,3% em doze meses.

41. As vendas do comércio ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, aumentaram 1% em maio em relação a abril, segundo dados dessazonalizados da PMC, do IBGE, após elevação de 1,2% em abril. Em consequência, a média do trimestre encerrado em maio cresceu 2,7% relativamente ao trimestre encerrado em fevereiro. Na comparação mensal, houve alta em oito dos dez segmentos pesquisados, com ênfase na expansão de 11,6% em Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação. O volume de vendas do comércio varejista cresceu 0,6% em maio, comparativamente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal, após contração de 0,2% em abril, enquanto a média trimestral registrou elevação de 1,6% em relação ao trimestre finalizado em fevereiro.

42. Considerados os dados observados, as vendas do comércio ampliado apresentaram aumento interanual de 12,8% em maio, influenciadas principalmente pelos aumentos de 25,9% nas vendas de Veículos e motos, partes e peças, e de 20,4% nas de Móveis e eletrodomésticos. No acumulado de doze meses, o comércio ampliado registrou crescimento de 10,5%, favorecido pela elevação das vendas nos segmentos relativos a Móveis e eletrodomésticos, 17,2%, Equipamento e material para escritório, informática e comunicação, 16,7%, e Material de construção, 13,9%.

43. As vendas de autoveículos pelas concessionárias, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, registraram aumento mensal de 1% em junho, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), dessazonalizados pelo Banco Central, acumulando queda de 1,3% no segundo trimestre, em comparação com o primeiro. As vendas de autoveículos aumentaram 10% no acumulado do ano, influenciadas pelas altas em ônibus, 23,7%, comerciais leves, 18,7%, caminhões, 17%, e automóveis, 7,2%. No acumulado nos doze meses encerrados em junho, foi registrada elevação de 12,3%, com ênfase no crescimento de 26,4% em caminhões, de 23,7% em comerciais leves e de 22,5% em ônibus.

44. O índice de quantum das importações de bens de capital, divulgado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e ajustado sazonalmente pelo Banco Central, registrou retração de 1,8% em junho, ante maio. A análise dos dados observados indicou crescimento de 17,8% na comparação com junho de 2010, de 26% no acumulado do ano até junho e de 39,2% no acumulado em doze meses.

45. A produção de bens de capital registrou expansão de 1,7% em maio, acumulando alta de 4,4% no trimestre, relativamente ao finalizado em fevereiro, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do IBGE. O resultado mensal foi influenciado principalmente pelas elevações de 10,1% na produção de bens de capital para o setor agrícola e de 8% para construção, enquanto as maiores contrações foram registradas nos segmentos de equipamentos para fins industriais não seriados, -5%, e para o setor de energia elétrica, -4%. A produção de bens de capital cresceu 7,1% na comparação com maio de 2010, acumulando aumentos de 6,4% no ano e de 11,5% no período de doze meses encerrados em maio.

46. A produção de insumos típicos da construção civil cresceu 3,6% em maio, ante abril, e recuou 0,2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, pela série com ajuste sazonal. O segmento registrou elevação de 3,9% em relação a maio de 2010, acumulando aumentos de 3,5% no ano e de 6,7% nos últimos doze meses.

47. Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somaram R$166,5 bilhões no acumulado dos últimos doze meses encerrados em abril, aumento de 13,8% em relação a igual período de 2010, com ênfase na expansão de 26,1% dos recursos direcionados à indústria de transformação e de 5,23% naqueles direcionados ao setor de comércio e serviços. No primeiro quadrimestre do ano, os desembolsos decresceram 5,4% na comparação com igual período de 2010, com 40% do valor total destinado ao setor de infraestrutura, seguido por indústria, 31%, comércio e serviços, 20%, e agropecuária, 9%.

48. A produção da indústria geral cresceu 1,3% em maio em relação ao mês anterior, pela série com ajuste sazonal da PIM-PF, do IBGE, com ênfase para a expansão de 2,7% em bens de consumo duráveis. Em relação a maio de 2010, a produção da indústria apresentou expansão de 2,7%, destacando-se o aumento de 7,1% em bens de capital. As elevações no acumulado do ano e no período de doze meses encerrado em maio alcançaram 1,8% e 4,5%, respectivamente, em relação a iguais períodos do ano anterior, sobressaindo os aumentos da indústria de bens de capital, de 6,4% e de 11,5%, nas mesmas bases de comparação.

49. O Nuci da indústria de transformação, calculado pela FGV, recuou 0,1 p.p. em junho ante maio, para 84,3%, segundo dados dessazonalizados. O resultado refletiu elevação de 0,2 p.p. em bens intermediários, estabilidade em material de construção e retrações de 0,3 p.p., 0,2 p.p. e 0,1 p.p. em bens de consumo duráveis, não duráveis e em bens de capital, respectivamente, na comparação mensal. Considerada a série observada, o Nuci recuou 1 p.p. em relação a junho de 2010, influenciado pelas quedas nos indicadores das indústrias de material de construção, -3 p.p., e de bens de consumo, -2 p.p., e considerados os aumentos de 1,4 p.p. em bens de capital e de 0,1 p.p. em bens intermediários.

50. A produção de autoveículos atingiu 295,6 mil unidades em junho, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), representando expansão de 0,6% em relação a maio, considerados dados dessazonalizados pelo Banco Central. A produção do setor aumentou 4,1% em relação a junho de 2010 e 3,8% no acumulado do ano.

51. O licenciamento de autoveículos nacionais registrou crescimento de 0,5% em junho, ante maio, pela série dessazonalizada pelo Banco Central, e de 8,6% em relação a junho de 2010. As exportações apresentaram variações de 4,2% e de -10,9% nas mesmas bases de comparação. No acumulado do ano e em doze meses, o licenciamento aumentou 3,9% e 7,3%, enquanto as exportações variaram 2,8% e 12,1%, respectivamente.

52. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, referente ao mês de junho, projetou safra de grãos para 2011 de 161,5 milhões de toneladas, 8% superior à registrada em 2010. Considerando-se as três principais culturas, estimam-se elevações de 18,1% na safra de arroz, de 9,3% na de soja e de 3,2% na de milho.

Expectativas e sondagens
53. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), considerados dados dessazonalizados da Sondagem de Expectativas do Consumidor, da FGV, de abrangência nacional, elevou-se 2,3% em junho, situando-se em 118 pontos, revertendo tendência de queda observada nos últimos três meses. O resultado mensal decorreu de elevações de 1% no Índice da Situação Atual (ISA) e de 3,2% no Índice de Expectativas (IE). Na comparação interanual, o ICC apresentou recuo de 1,1% em relação a junho de 2010, influenciado pelo declínio de 4,9% no IE, enquanto o ISA cresceu 4,9%.

54. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), considerados dados dessazonalizados da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, da FGV, declinou 2,5% em junho, atingindo 107,1 pontos. O resultado foi influenciado pelas quedas de 3,5% no ISA e de 1,7% no IE. O ICI apresentou desempenho desfavorável pelo sexto mês consecutivo na comparação interanual, com recuo de 7,3% em relação a junho de 2010, resultado de variações de -9,8% no ISA e de -4,6% no IE.

55. O ICS, da FGV, registrou retração mensal de 1,4% em junho, dados livres de influência sazonal, mesmo desempenho do mês anterior, refletindo reduções de 2,8% no ISA e de 0,3% no IE. O ICS apresentou elevação de 0,1% em relação a junho de 2010, resultado de queda de 3,3% no ISA e de expansão de 2,9% no IE.

Mercado de trabalho
56. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged) do MTE, foram criados 215,4 mil empregos formais em junho, representando expansão de 0,4% em relação a maio, considerados dados dessazonalizados. Desse total, 75,2 mil postos foram criados na agropecuária, 53,5 mil no setor de serviços, 30,5 mil na construção civil, 30 mil no comércio e 22,6 mil na indústria. No acumulado no ano, o saldo atingiu 1,3 milhão de postos, ante 1,5 milhão de vagas geradas em igual período de 2010. Consideradas as estatísticas acumuladas em doze meses até junho, foram abertos 1,9 milhão de empregos formais, comparativamente a 2 milhões de postos acumulados até março.

57. A taxa de desemprego aberto recuou 0,2 p.p. em relação a maio, atingindo 6,2%, a menor taxa histórica para o mês, e 0,8 p.p. menor que a taxa registrada no mesmo mês do ano anterior, resultado de quedas de 0,2% na ocupação e de 0,4% na População Economicamente Ativa (PEA), de acordo com os dados da PME do IBGE, realizada nas seis principais regiões metropolitanas do país. Considerando dados dessazonalizados, o desemprego situou-se em 6,1%, 0,1 p.p. acima do resultado do mês anterior. Segundo a mesma pesquisa, o rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores registrou aumentos de 0,5% em relação ao mês anterior, de 4% comparativamente a junho de 2010 e de 3,8% no acumulado do ano. Em consequência, a massa salarial, calculada pelo produto entre rendimento real e população ocupada, apresentou variações de 0,4% no mês, de 6,4% na comparação com mesmo mês do ano anterior e de 6,2% no acumulado do ano.

Crédito e inadimplência
58. O saldo dos empréstimos do sistema financeiro totalizou R$1.804,5 bilhões em maio, correspondendo a 46,9% do PIB, com elevações de 1,6% no mês, de 5,8% no ano e de 20,4% em doze meses. A carteira de recursos livres registrou aumentos de 1,6%, de 5,7% e de 18,1%, respectivamente, nas mesmas bases de comparação, refletindo expansões respectivas de 1,7%, de 5,9% e de 18,4% no saldo das operações com pessoas físicas, e de 1,4%, de 5,5% e de 17,8% no relativo a operações com pessoas jurídicas. Os financiamentos com recursos direcionados cresceram 1,6% no mês, 6% no ano e 25,1% em doze meses, com destaque para os acréscimos de 3,5%, de 15,5% e de 48,2% nos financiamentos habitacionais, nas mesmas bases de comparação.

59. A taxa média anual de juros incidente sobre as operações de crédito referencial aumentou 0,1 p.p. em maio, para 40%. As taxas relativas ao segmento de pessoas jurídicas atingiram 31,1%, variação 0,1 p.p. em relação a abril, enquanto as relativas ao segmento de pessoas físicas permaneceram estáveis, em 46,8%.

60. O prazo médio das operações de crédito referencial permaneceu estável em 476 dias em maio, na comparação com o mês anterior. O prazo relativo ao segmento de pessoas jurídicas apresentou redução de três dias, enquanto o referente ao de pessoas físicas aumentou três dias, sempre considerado o período comparativo, atingindo 388 dias e 570 dias, respectivamente.

61. A taxa de inadimplência nas operações de crédito referencial, correspondente a atrasos superiores a noventa dias, cresceu 0,2 p.p., atingindo 5,1% em maio. As taxas relativas às operações com pessoas jurídicas aumentaram 0,2 p.p. e as referentes às operações com pessoas físicas, 0,3 p.p., alcançando 3,9% e 6,4%, nessa ordem.

Ambiente externo
62. Com a inflação ainda impactando negativamente o poder de compra das famílias e com perda de tração nos setores manufatureiro e de serviços em nível mundial, o PMI global continuou indicando desaceleração da atividade econômica ao término do segundo trimestre. O índice de encomendas também apresenta desaceleração, indicando aumento de incerteza com relação às perspectivas de recuperação da atividade. Nos EUA, não obstante a revisão do PIB do primeiro trimestre, de 1,8% para 1,9%, o mercado de trabalho permanece fraco, com a criação de postos de trabalho abaixo das expectativas de mercado por dois meses consecutivos. Em junho, houve criação de apenas 18 mil vagas, com taxa de desemprego avançando para 9,2%. De forma distinta, as economias asiáticas voltam a mostrar sinais de recuperação. No Japão, onde as linhas de fornecimento de peças voltam rapidamente à normalidade, a produção industrial cresceu pelo segundo mês, 5,7% em maio na comparação com abril. A pesquisa Tankan do Banco do Japão (BoJ) apontou revisão positiva nos planos de investimento em bens de capital em praticamente todos os segmentos empresariais, enquanto sete das nove regiões do país apresentaram melhora em investimento, produção e consumo. Nesse ambiente, a taxa de desemprego recuou para 4,5% em maio, com vendas no varejo elevando-se 2,4% no mês. Na China, a variação trimestral anualizada do PIB do segundo trimestre indicou crescimento de 9,1%, frente a 8,7% no trimestre anterior.

63. Desde a última reunião do Copom, os mercados financeiros refletiram o agravamento da crise grega, e seus impactos na Europa e os receios sobre o ritmo da recuperação nos EUA. Após melhora decorrente da aprovação de novas medidas fiscais na Grécia, os rebaixamentos nos ratings de crédito de Portugal e Irlanda devolveram volatilidade aos mercados, provocando aumento da aversão ao risco, elevação dos prêmios soberanos dos países europeus com problemas fiscais a patamares recordes, e valorização do dólar. Nos mercados de commodities, os preços internacionais seguiram em tendência declinante, ainda que em ritmo mais moderado, em meio ao aumento da oferta, à continuidade da desaceleração da economia mundial e à elevação da aversão ao risco nos mercados financeiros. Em especial, o recuo nas cotações das commodities agropecuárias refletiu condições climáticas mais favoráveis no Hemisfério Norte e divulgação de dados melhores que o esperado para estoques e área plantada na safra dos EUA.

64. Ainda refletindo a forte alta dos preços de commodities registrada até abril do corrente ano, alguns índices anuais de inflação seguem pressionados, a exemplo dos IPCs nos EUA, Reino Unido, Área do Euro e China, que, em junho, atingiram, pela ordem, 3,6%, 4,2%, 2,7% e 6,4%. Os núcleos dos índices de preço mantiveram-se em níveis relativamente confortáveis, inclusive no Reino Unido, onde desacelerou pelo segundo mês consecutivo, para 2,7%. Nas economias emergentes da América Latina, a inflação permaneceu em trajetória de alta moderada no Chile e na Colômbia, mas registrou recuo no Peru e manteve tendência de redução no México. Na Ásia emergente, destaque-se a acentuada desaceleração da inflação na Indonésia.

65. Nesse cenário, enquanto as autoridades monetárias dos EUA, Japão e Reino Unido mantiveram inalteradas suas respectivas taxas básicas de juros em julho, o Banco Central Europeu promoveu novo ajuste das condições de liquidez, aumentando a taxa de refinanciamento em 0,25 p.p., para 1,5% a.a., e o banco central chinês efetuou a terceira elevação no ano da taxa de empréstimo, situando-a em 6,56% a.a. Nas demais economias emergentes, houve continuidade do movimento de normalização gradual da política monetária, com elevações dos juros básicos no Chile, Colômbia, Polônia, Índia e Tailândia.

Comércio exterior e reservas internacionais
66. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$4,4 bilhões em junho. As exportações somaram US$23,7 bilhões e as importações, US$19,3 bilhões. O saldo acumulado no semestre alcançou US$13 bilhões, 63,1% superior ao registrado em igual período de 2010, pelo critério de média diária, refletindo aumentos de 31,6% nas exportações e de 28,5% nas importações. A corrente de comércio cresceu 30,1% no acumulado do ano, somando US$223,6 bilhões, comparativamente a US$170,5 bilhões em igual período de 2010.

67. As reservas internacionais atingiram US$335,8 bilhões em junho, US$2,8 bilhões acima da posição de maio e US$47,2 bilhões superiores ao estoque registrado em dezembro de 2010. As compras líquidas do Banco Central, no mercado a vista de câmbio, totalizaram US$2,3 bilhões no mês.

Mercado monetário e operações de mercado aberto
68. Desde a reunião do Copom de junho, a curva de juros doméstica apresentou elevação em toda a sua extensão. No âmbito doméstico, esse movimento foi influenciado pela perspectiva de um ciclo mais prolongado de ajuste na meta para a taxa Selic, pela divulgação de índices de inflação corrente próximos aos tetos das estimativas e pelo aumento das expectativas inflacionárias. O cenário externo, permeado por grandes incertezas, contribuiu para a oscilação das taxas ao longo de toda a curva de juros. Entre 6 de junho e 18 de julho, as taxas de juros de um, de três e de seis meses elevaram-se em 0,24 p.p., 0,19 p.p. e 0,14 p.p., respectivamente. As taxas para os prazos de um, de dois e de três anos subiram 0,10 p.p., 0,15 p.p. e 0,19 p.p., respectivamente. A taxa real de juros, medida pelo quociente entre a taxa nominal de um ano e a expectativa de inflação (suavizada) para os próximos doze meses, recuou de 7,10%, em 6 de junho, para 6,84%, em 18 de julho, resultado, principalmente, do ajuste para cima na expectativa de inflação doze meses à frente.

69. Entre 7 de junho e 18 de julho, o Banco Central realizou três leilões de contratos de swap cambial reverso, sendo que o leilão de 28 de junho foi destinado à rolagem dos contratos de vencimento em 1º de julho. Essas operações totalizaram o equivalente a US$2,3 bilhões em valor nocional.

70. Na administração da liquidez do mercado de reservas bancárias, o Banco Central realizou, semanalmente, de 7 de junho a 18 de julho, operações compromissadas com prazo de seis meses, tomando recursos no valor total de R$48,4 bilhões. Com isso, o saldo diário médio do estoque das operações de longo prazo subiu para R$166,9 bilhões. No mesmo período, realizou operações compromissadas com prazos entre 13 e 29 dias úteis, elevando o saldo diário médio das operações tomadoras de curto prazo para R$160,7 bilhões. O Banco Central atuou, ainda, em trinta oportunidades como tomador de recursos por meio de operações compromissadas de curtíssimo prazo. Essas operações, incluídas as de nivelamento, tiveram saldo diário médio tomador de R$65,0 bilhões no período. O saldo diário médio do estoque total dos compromissos de recompra do Banco Central subiu de R$361,3 bilhões, entre 19 de abril e 6 de junho, para R$392,6 bilhões, entre 7 de junho e 18 de julho. Considerando-se o período mais recente, houve elevação do saldo dos compromissos de recompra em R$92,0 bilhões, com o estoque total passando de R$351,4 bilhões, em 6 de junho, para R$443,4 bilhões em 18 de julho. O principal fator condicionante para a expansão da liquidez no período foi o resgate líquido de títulos pelo Tesouro Nacional.

71. Entre 7 de junho e 18 de julho, as emissões de títulos pelo Tesouro Nacional, decorrentes dos leilões tradicionais, somaram R$52,3 bilhões. A venda de títulos com remuneração prefixada alcançou R$33,4 bilhões, sendo R$29,6 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTN) com vencimentos em 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015, e R$3,8 bilhões em Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) com vencimentos em 2017 e 2021. As vendas de Letras Financeiras do Tesouro (LFT) totalizaram R$5,5 bilhões, com emissão de títulos com vencimentos em 2017 e 2018. Nos leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), foram vendidos títulos com vencimentos em 2014, 2016, 2020, 2030, 2040 e 2050, em montante total de R$13,4 bilhões.

Enrolacao cambial: governo repete as mesmas bobagens de sempre...

Alguém acredita que as recentes medidas do governo, anunciadas como a "salvação da lavoura" pelo ministro Mantega, serão capazes de corrigir os problemas estruturais da defasagem cambial brasileira?
Se alguém acredita, meus parabéns, já temos candidatos ao ingênuo da semana...
Mil perdões se ofendo alguém, sobretudo nossas autoridades tão preclaras, mas as razões de por que eu acho que o governo está enxugando gelo são muito simples, mas o governo não parece perceber.
Existe um problema de desvalorização do dólar? Claro que existe: quando o governo americano despeja bilhões de dólares nos mercados, ele está empurrando a crise para os demais países, ou seja, dividindo o prejuízo com todos aqueles que usam o dólar. Isso é normal, e já foi feito antes, com acordo ou sem acordo no âmbito do G7, do G20, do FMI, seja lá onde for, o governo americano conduz um processo de desvalorização administrada do dólar, para ganhar competitividade e reduzir sua exposição internacional (ainda que sob risco de ver outros países se afastarem do dólar, um risco mínimo estima ele).
Existe um problema de manipulação cambial por parte da China? Claro que existe, mas a China apenas faz aquilo que o Brasil ou outros países já fizeram dezenas de vezes no passado, no presente e que continuarão fazendo cada vez que tiverem necessidade de preservar empregos industriais, competitividade exportadora, ainda que sob risco de deixar sua população mais pobre, relativamente. Mas os efeitos emprego são julgados mais importantes do que os de renda.
Existe um problema de VALORIZAÇÃO DO REAL? Claro que existe, e ele é causado inteiramente por nossas (minhas não, deles) políticas, não tendo nada a ver com a desvalorização do dólar ou com a manipulação do yuan. Essa valorização é feita aqui, made in Brazil, e deriva inteiramente de nossa política fiscal esquizofrênica, mais do que nossa política monetária de flutuação, e não manipulação, como gostariam alguns malucos universitários.
Enquanto os juros no Brasil forem quatro a cinco vezes maiores do que no resto do mundo, ou do que nos principais países exportadores de capitais, pelo menos, a nossa moeda vai continuar se valorizando.
Existe alguma maneira de coibir, inverter, corrigir esse ciclo ascendente?
CLARO QUE EXISTE. Basta o governo PARAR de gastar mais do que deve, mais do que arrecada, ser um extrator líquido da poupança privada, ser um despoupador contumaz e um gastador inveterado. E também parar de arrecadar nesses níveis de país rico, para uma renda de país pobre.
O governo é sempre o culpado, não procurem outro responsável.
Repito para ficar bem claro: O GOVERNO TEM TODA A CULPA DA VALORIZAÇÃO CAMBIAL.
Os empresários que ainda não perceberam isto ou são ingênuos, ou são desinformados, ou são estúpidos, por vezes todos os três, ao mesmo tempo.
Sorry, empresários: parem de cultivar governos esquizofrênicos...
Paulo Roberto de Almeida

Bastidores Líderes
boletim do Forum dos Líderes, 28/07/2011

Na sexta-feira da semana passada, Dilma garantiu que o governo não tomaria mais medidas cambiais até que o cenário externo ficasse mais claro.

Na segunda-feira, Guido Mantega "desautorizou" a presidente e disse que tinha medidas duras no bolso e alertou: "Podem se preparar".

O ministro tinha razão.

Ontem o governo soltou uma série de medidas que podem afetar o câmbio. A que traz novidades é uma só, as demais são remendos nos furos dos diques de medidas anteriores. É a que introduz um IOF de 1% nos contratos de câmbio do mercado futuro - e autoriza o governo a aumentar o imposto para até 25%, caso o mercado não se comporte como ele quer.

A idéia é conter a especulação dos que apostam na desvalorização contínua do dólar e tentar segurar a valorização do real.

Como todas as ideias que surgem da cabeça de Mantega - se bem que essa, parece, foi dada ao ministro pelo economista Roberto Gianetti da Fonseca, diretor de Comércio Exterior da Fiesp - a nova taxação também é polêmica.

Primeiro, em relação à sua eficácia. Achando que foi um tiro de canhão para matar uma formiga, o mercado acha que é questão de dias para se encontrar brechas para driblar a taxação.

Sempre elegante, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira deixa no ar a insinuação de que Mantega talvez não saiba, mas o mercado financeiro hoje é global. O que é proibido ou caro aqui, se faz ali. E diz que a medida pode ser um tiro no pé.

Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, é mais direto: a medida é "péssima" e "desesperada". Concorda com Marcílio que ela tende a diminuir a liquidez no Brasil e aumentá-la no Exterior. Trocando em miúdos: as operações com dólar futuro saem da BM&FBovespa e vão para a Bolsa de Mercadorias de Chicago. "É contra o Brasil", diz Loyola.

Se você acha que Loyola pegou pesado demais, veja o que disse Tony Volpon, chefe de pesquisas para mercados emergentes da Nomura Securities em Nova York: "É uma insanidade, uma medida sem noção, pois vai destruir o mercado de hedge no Brasil".

Para o economista Roberto Troster, ex-Febraban, a medida é "como jogar uma xícara de água em uma fogueira". Amaina um pouco na hora e logo o fogo volta com toda a força.

A maioria dos analistas concorda que, para conter a valorização do real, é preciso fazer aquilo que o governo nem quer ouvir falar: cortar gastos, para poder reduzir juros.

O presidente da Abimaq, Mário Bernardini, sintetiza: "O que precisa é parar de pagar juros quatro, cinco vezes maiores do que em outros países. O resto é quebra-galho".

Joelmir Beting acha que a medida pode ser suficiente não para manter o dólar flutuando acima de R$ 1,60, mas para evitar que flutue abaixo de R$ 1,50.

Alguns jornais manchetaram que o dólar teve ontem a maior alta em um ano, 1,3%, em decorrência das providências governamentais. É mais ou menos verdade. Esqueceram de dizer que o dólar subiu no mundo todo. E "a maior alta em um ano" corresponde a exatos e minguados três centavos.

Aumenta a sensação nos Estados Unidos que não se chegará a um acordo no Congresso sobre a elevação do teto da dívida e que o calote virá. O governo já está trabalhando em um plano para o day after, para ver o que vai deixar de pagar, se não houver acordo.

Mohamed El-Erian, executivo-chefe da Pimco, um dos maiores investidores globais, acha que o acordo acontecerá, mas não evitará que os Estados Unidos percam a nota triple A, a mais alta das agências de classificação de riscos. O que, além das consequências internas, causará turbulências não previsíveis no mercado financeiro global.

Ainda sobre a medida de Mantega, Tutty Vasquez diz que não se fala em outra coisa nos pontos de ônibus. Uma passageira sintetiza a opinião do povão: "Tudo isso é muito relativo".

Boa leitura.

Teodoro G. Meissner
Editor

Ao Anônimo Desconhecido: conte ate DEZ antes de postar...

O título é uma contradição nos termos, uma "contradictio in adjecto", como diriam os latinistas, mas se existem soldados desconhecidos, por que não existem "anônimos desconhecidos"?

Pois bem, a razão é simples.
Existem anônimos "conhecidos" que frequentam regularmente este espaço, com a regularidade de um cometa mais rapidinho...
Mas existem também aqueles que entram, lêem, não gostam do que leram, e logo postam algum comentário negativo, para satisfazer sua necessidade de demonstrar descontentamento com o que leram.
Geralmente eles apenas disparam contra este humildo "post-man", este emissor de notícias ruins e menos ruins, que apenas retratam a realidade que vai pelo mundo.
Como isso não se encaixa nos cânones mentais de certos leitores, eles logo disparam uma acusação contra o posteiro que sou, me chamando de algum nome qualquer, sem ter coragem de assumir uma postura pública ou sequer sem condições de postar algum comentário coerente, indo ao "crux of the matter", em lugar de apenas demonstrar raiva ou decepção com o que leram.

Eu teria duas recomendações a comentaristas anônimos que assim procedem:
1) Pense duas vezes, conte até dez, antes de postar seu comentário subjetivo, impressionista, acusatório, sem se deter no fundamento do problema, apenas atirando neste mensageiro que sou eu.
2) Abra um blog seu, para veicular frustrações pessoais, ou então para elogiar aquelas autoridades que você acha que estão desenvolvendo uma política excepcional, benéfica ao país, que finalmente se libertou da exploração imperialista, defende sua soberania e coisa e tal. Você pode se sentir bem melhor tendo o seu próprio espaço, em lugar de ficar com raiva frequentando espaços iconoclastas como este aqui...

Assim é, caro leitor, alguns comentaristas anônimos são muito apressadinhos. Se pudessem, matariam logo de vez este blogueiro, apenas para não ter de ler certas coisas que não se encaixam no seu universo mental.

Bom dia...
Paulo Roberto de Almeida

Caro consumidor: pense tres vezes antes de comprar a prazo...

Caro leitor-consumidor,
Quando você vai a uma loja de departamentos, na verdade qualquer grande superfície de compras -- e provavelmente em qualquer boteco da esquina também -- e a gentil vendedora lhe diz que aquele bem, aquele produto (geralmente durável ou semi-durável) custa x reais, mas que é "seis vezes sem juros" (não raro DEZ vezes sem juros), a palavra mágica, caro contribuinte explorado, é o "sem juros".
Você então diz, possivelmente, que preferia pagar à vista, para ver se consegue um preço melhor.
Ela então lhe diz que é o mesmo preço, e que você "pode pagar em x vezes SEM JUROS".
Você então se conforma e aceita, e ainda acha, talvez, que está fazendo um grande negócio, pois pagará em suaves prestações mensais, um valor alto que talvez não coubesse no seu orçamento mensal. Compra, assina, e vai embora.
SEIS VEZES SEM JUROS...
Você acha que isso existe, caro leitor?
O vendedor está lhe chamando (sem querer, claro) de idiota consumado.
NÃO EXISTE essa coisa de "x vezes sem juros".
O preço que você está pagando já embute um juro altíssimo sobre o custo do capital, ou do financiamento.
O que menos importa, na verdade, em sua compra, é o produto. Pode ser qualquer coisa, pode ser até coisa alguma. O que você paga, na verdade, é o financiamento.
Você acaba de adquirir um financiamento altíssimo, em seis ou dez vezes, que vai fazer com que você forneça um lucro extraordinário ao sistema financeiro, que vive disso.
Aliás, as lojas de departamento vivem disso e poderiam alegremente vender qualquer coisa, desde que seja financiada.
O governo também pensa que somos todos idiotas, e talvez acerte. Assim como NENHUM PRODUTO -- salvo certas faturas de serviços -- contém o valor dos impostos discriminado, nada do que compramos nas lojas possuem os preços "saído das fábricas" acrescidos do custo dos juros.
Se fosse assim, muitos consumidores cairiam para trás, pois os juros do financiamento correspondem a um valor maior do que o custo do produto.
Caro leitor, você está pagando DOIS TELEVISORES, mas levando só um para casa..
Pense nisso, e veja o que recolhi hoje num desses boletins financeiros, abaixo:

OPERAÇÕES COM RECURSOS LIVRES - CRÉDITO REFERENCIAL PARA TAXA DE JUROS. Nas modalidades destinadas a pessoas físicas, destaca-se o arrefecimento dos financiamentos para aquisição de veículos, cujo saldo, R$158,1 bilhões, acumulou crescimento semestral de 12,6% até junho, comparativamente a expansões de 18,2% e de 26,2% no primeiro e no segundo semestres de 2010. Nessa modalidade, a média diária das concessões no primeiro semestre de 2011 foi 24,8% inferior à observada no semestre antecedente. Entre as modalidades destinadas às empresas, sobressaíram os empréstimos de capital de giro, com crescimento de 6,2% em seis meses, alcançando R$282,7 bilhões. Nas modalidades com recursos externos, as operações de adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC), após crescimento expressivo desde o início do ano, apresentaram redução de 2,2% no mês, ao atingirem R$36 bilhões. A taxa média de juros referente ao crédito referencial situou-se em 39,5% a.a. em junho, com decréscimo de 0,5 p.p. no mês e alta de 4,9 p.p. relativamente a junho de 2010.

Já viu isso caro leitor?
As financiadoras obtém um capital a 5 ou 6% no exterior e o colocam aqui a 40%, gerando um lucro extrardinário, qualquer que seja o nível de impostos do governo.
Você está pagando isso caro leitor-consumidor...
E não adianta chorar: você não conseguirá escapar do "seis vezes sem juros" da próxima vez que for às compras...

O Brasil, definitivamente, não é um país normal.
Somos o protótipo da teoria da jabuticaba.

Paulo Roberto de Almeida

PS.: Desculpe estragar o seu dia, caro leitor...

Venezuela: un modelo económico irracional (y II) - LUIS ESTEBAN G. MANRIQUE

Continuidade do post iniciado com data de 26/07/2011

Venezuela: un modelo económico irracional (y II)
Por LUIS ESTEBAN G. MANRIQUE
Infolatam, 27 julio 2011

Madrid - Chávez firmó, cuando estaba en La Habana, una ley para autorizar emisiones de deuda por valor de 10.400 millones de dólares en 2011 para financiar el gasto público con vistas a las elecciones y pagar los intereses de la deuda. Los bonos venezolanos pagan un 15% anual. La petrolera estatal PDVSA, por su parte, ha emitido 6.100 millones de dólares este año en deuda corporativa, la mayor parte de la cual ha sido adquirida por el Banco Central de Venezual (BCV).

PDVSA tiene una deuda acumulada de 27.500 millones de dólares, por la que paga entre 12,7 y 16% de intereses, una cifra cercana a la calificación de bonos “basura”. Mientras el precio medio de la cesta de crudo venezolana subió un 27% el año pasado, la economía se contrajo un 1,9%. Por su parte, la deuda externa aumentó en 11.000 millones, equivalentes al 5% del PIB y las reservas internacionales cayeron en 5.000 millones, hasta los 30.300 millones.

Desde 1998 el crecimiento medio de la economía ha sido del 2,3% anual, frente al 3,2% de la siete mayores economías de la región. En ese lapso, la economía venezolana se contrajo en cinco años, con una caída media del 5,6%, y durante siete años el crecimiento fue positivo, con una expansión media del 8,4%. En parte ello se debe a la caída de la producción petrolera.

Las cifras demuestran que Venezuela no tiene riesgos de caer en la insolvencia. En los próximos dos años, tendrá que dedicar un 12% de sus ingresos por exportaciones al servicio de la deuda. Pero tras haber recibido los frutos de una de las mayores bonanzas petroleras de las últimas décadas, el fracaso de la gestión económica de Chávez es inocultable a pesar de los avances en la reducción de la pobreza.

Los problemas provienen de un modelo económico basado en el monocultivo petrolero. El sistema de control de cambios, que priva de insumos a los importadores, y un tipo de cambio sobrevalorado han provocado una desindustrialización masiva que ha hecho desaparecer a la industria exportadora no petrolera.

Venezuela es un caso paradigmático de la maldición del oro negro. La economía venezolana es estructuralmente inflacionaria (su capacidad de compra supera su capacidad de producción), generando una cultura rentista, en la que mucha gente piensa que tiene derecho a todo y no está obligada a nada. De ahí la paradoja de que el país con mayor nivel de producción y consumo de energía per cápita de la región esté racionando la electricidad.


El propio Chávez ha declarado que PDVSA subsidia el 90% del precio de sus productos refinados, estimando el subsidio en unos 1.500 millones de dólares anuales.
El propio Chávez ha declarado que PDVSA subsidia el 90% del precio de sus productos refinados, estimando el subsidio en unos 1.500 millones de dólares anuales. Pero si tiene en cuenta el precio de exportación, la devaluación del bolívar, la subida de los precios del crudo y el constante aumento del consumo, esa cifra es inmensamente mayor.

La preocupación por la salud de Chávez se extiende a la larga lista de los gobiernos clientes, satélites o aliados de Chávez: Cuba, Ecuador, Bolivia, Nicaragua y otros países centroamericanos y caribeños. Caracas es de lejos el principal donante y/o financista de la región. Venezuela ha entregado, por ejemplo, unos 500 millones de dólares en ayudas a Nicaragua durante los últimos tres años, lo que ha permitido al gobierno de Daniel Ortega financiar iniciativas para aliviar la pobreza y fortalecer sus posibilidades de ser reelegido el próximo noviembre.

Nicaragua y República Dominicana reciben 30.000 barriles de petróleo diarios de Venezuela. El gobierno dominicano refina el crudo venezolano que recibe y luego vende los productos refinados a precios de mercado. Por esas operaciones, Santo Domingo obtendrá este año 450 millones de dólares. Los subsidios a Nicaragua alcanzan un cifra similar.

En Bolivia, según la según la agencia estatal ABI, los fondos de Venezuela han financiado 4.000 obras de infraestructura (escuelas, hospitales, instalaciones deportivas…) en 338 municipios entre 2006 y 2010 por valor de 290 millones de dólares.

Si algo le pasase a Chávez, el cordón umbilical que une a Venezuela con Cuba se rompería, lo que podría enfrentar al régimen de La Habana con una crisis tan o más grave que el “periodo especial” que sufrió la isla tras la disolución de la Unión Soviética y que produjo la caída de un 40% del PIB en los tres años posteriores a 1991.

En otros países centroamericanos y caribeños, PDVSA financia el 50% del valor de sus importaciones petroleras en condiciones preferentes: créditos de 17 a 25 años con un interés anual del 1% y un periodo de gracia de uno o dos años. Para Venezuela esas condiciones representarán pérdidas por valor de 6.200 millones de dólares este año y de 6.600 millones en 2012, según estimaciones de Barclay’s Capital. No es extraño que Bengoa haya urgido a los dominicanos a “rezar” por la salud de Chávez.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Liberdade Economica no Mundo: recuando, ligeiramente - Cato Institute

Foi recentemente publicado o último relatório sobre a liberdade econômica no mundo.
Em resumo: liberdade recuando, ainda que ligeiramente...
Abaixo a versão em espanhol da nota de publicação.
Paulo Roberto de Almeida

Libertad económica en el mundo: Informe Anual 2010
Cato Institute, 6 de julio de 2011
La edición en español de este Informe ha sido co-publicado por ElCato.org, el Fraser Institute y El Economista (España).

El informe de este año muestra que la libertad económica mundial sufrió su primer retroceso en décadas. La libertad económica promedio aumentó de 5,55 (de un puntaje máximo de 10) en 1980 a 6,70 en 2007, pero se redujo a 6,67 en 2008, el año más reciente para el cual hubo información disponible. De los 123 países con puntajes en 2007 y 2008, 88 mostraron una reducción y solamente 35 registraron un aumento en su puntaje. En el índice de este año, Hong Kong sigue obteniendo el puntaje más alto en libertad económica, 9,05 de 10, seguido por Singapur, Nueva Zelanda, Suiza, Chile, EE.UU., Canadá, Australia, Mauritania y el Reino Unido.

El informe de este año también contiene una investigación nueva que demuestra el impacto de la libertad económica sobre las tasas de desempleo y homocidio. De acuerdo a Horst Feldmann, más libertad económica parece reducir el desempleo y la magnitud de este impacto parece ser sustancial, especialmente entre la gente jóven. Edward Peter Stringham y John Levendis examinan el efecto de la libertad económica sobre las tasas de homicidio en Venezuela, Colombia, Sudáfrica, Letonia y Lituania. Los resultados sugieren que aumentos en la libertad económica conducen a una reducción de homicidios.

El primer informe de Libertad económica en el mundo fue publicado en 1996 y fue el resultado de una década de investigaciones por parte de un equipo que incluyó varios Premios Nobel y más de 60 académicos destacados en un amplio rango de áreas de estudio, desde la economía hasta las ciencias políticas, y desde el derecho a la filosofía. Esta es la edición No. 14 de Libertad económica en el mundo y la publicación de este año comprende 141 naciones para 2008, el año más reciente para el cual hubo información disponible.

Libertad económica en el mundo utiliza 42 criterios distintos para crear un índice que califica a los países alrededor del mundo en base a sus políticas promotoras de la libertad económica. La libertad económica está compuesta por cinco áreas distintas: (1) el tamaño del Estado; (2) estructura jurídica y garantía de los derechos de propiedad; (3) acceso a una moneda sana; (4) la libertad de comercio internacional; y (5) la regulación crediticia, laboral y de la empresa.

Libertad económica en el mundo es elaborado por el profesor James Gwartney, académico de Florida State University, Robert Lawson, profesor asociado de Finanzas en Auburn University y Joshua C. Hall, profesor adjunto del Departamento de Economía y Administración de Empresas del Beloit College.

Aquí puede accesar el mapa interactivo de libertad económica.
Aquí puede obtener el texto completo del Informe en formato PDF:

Índice; Agradecimientos y Resumen ejecutivo

Capítulo 1: Libertad Económica en el Mundo, 2008

Capítulo 2: Tablas de datos por países

Capítulo 3: ¿Cómo están interrelacionadas las instituciones?

Capítulo 4: Volatilidad macroeconómica y libertad económica, un análisis preliminar

Capítulo 5: Libertad económica y desempleo

Capítulo 6: Relación entre la libertad económica y los homicidios

Apéndice, agradecimientos, autores, colaboradores, miembros de la Red de Libertad Económica

Revista de Direito Internacional do Uniceub - Chamada para artigos

Colaborando na divulgação de um empreendimento acadêmico...

CHAMADA DE ARTIGOS
REVISTA DE DIREITO INTERNACIONAL (RDI)

A Revista de Direito Internacional (RDI), torna pública a presente chamada de artigos para os volumes 9 e 10 de 2012 e 2013. A Revista de Direito Internacional (RDI) foi criada como instrumento de vinculação de trabalhos acadêmicos relacionados a temáticas tratadas pelo Direito Internacional Público e Privado. A revista é sucessora da Revista Prismas (herdando sua avaliação B3), que foi dividida em dois periódicos (junto com Revista Brasileira de Políticas Públicas), em virtude da quantidade de submissão de artigos e procura. Na busca pelo desenvolvimento e construção de visões críticas a respeito do Direito Internacional, a RDI possui sua linha editorial dividida em dois eixos:
1. Proteção internacional da pessoa humana: abrange questões referentes ao direito internacional ambiental, direito humanitário, internacionalização do direito, além de pesquisas sobre a evolução do direito dos tratados como forma de expansão do direito internacional contemporâneo.

2. Direito Internacional Econômico: abrange questões referentes aos sistemas regionais de integração, direito internacional econômico e financeiro e solução de controvérsias comerciais e financeiras.

Buscando um tratamento focalizado em temáticas específicas, cada número da RDI será dedicado a um tema abrangido por um dos eixos, devendo os trabalhos e artigos publicados pela RDI enquadrar-se no tema selecionado. Para o aumento do impacto dos textos e difusão balanceada de temas e pesquisas, a cada ano, a RDI publicará dois números, sendo cada um dedicado a um dos eixos, sem repetição dos temas abordados. Para os próximos quatro números (publicação prevista para 2012 e 2013) os temas selecionados foram:

1/2012: Cortes internacionais (envio de trabalhos até dia 30 de setembro 2011)
2/2012: Direito humanitário (envio de trabalhos até dia 31 de março de 2012)
1/2013: Direito Internacional do Meio Ambiente (envio de trabalhos até dia 30 setembro 2012)
2/2013: Direito Internacional Econômico (envio de trabalhos até dia 31 de março 2013)

A cada número, a equipe editorial selecionará um artigo de autor estrangeiro considerado relevante para a temática selecionada, trazendo a tradução do mesmo e possibilitando a comunidade acadêmica um maior acesso e difusão do mesmo. O artigo selecionado comporá o fio condutor da edição.
A RDI busca incentivar a pesquisa e divulgação de trabalhos relacionados às disciplinas voltadas para o estudo do Direito Internacional publicando artigos, resenhas e ensaios inéditos. A revista está aberta às mais diversas abordagens teóricas e metodológicas impulsionando a divulgação, o estudo e a prática do Direito Internacional.
Os artigos serão avaliados à partir do sistema de duplo blind review (o autor desconhece os avaliadores e vice-versa). O processo de avaliação dos artigos e resenhas compreende duas fases: a primeira destinada à análise da adequação do trabalho à linha editorial da revista (realizada pelo editor) e a segunda referente à avaliação do conteúdo e qualidade dos trabalhos. Esta segunda fase é realizada mediante o processo de avaliação pelos pares, ou seja, os artigos serão submetidos à aprovação de no mínimo 2 pareceristas ad hoc.
O periódico será difundido somente em versão eletrônica em acesso livre pelo site http://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/rdi/index. O periódico será indexado desde o seu primeiro número no ISSN, Latindex, RVBI e no Portal Periódicos da Capes. Todos os artigos também são identificados pelo DOI (certificador reconhecido pelo CNPq).
Cada autor receberá ainda uma separata eletrônica do seu artigo, com o intuito de incentivar a difusão do mesmo em lista de mailing pessoal.
Serão aceitas colaborações inéditas, a publicação de um artigo está condicionada a sua adequação às normas editoriais e seu simples recebimento desobriga a sua publicação. A submissão on-line das contribuições deverá ser realizada no site da RDI: http://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/rdi/index e deverão estar em conformidade com as regras de publicação da revista anexadas a esta chamada.

Alice Rocha da Silva
Editora da Revista de Direito Internacional

O psicopata da Noruega e o Brasil: racismo, de onde menos se espera...

Primeiro a transcrição de matéria sobre as referências ao Brasil feitas em documento do maluco norueguês que matou dezenas de pessoas na última semana:

Atirador de Oslo tem visão racista do Brasil
Opinião e Notícia, 26/07/2011

Brasil é citado 12 vezes no manifesto de 1.500 páginas atribuído a Anders Behring Breivik

O Brasil é citado no longo manifesto de 1.500 páginas atribuído a Anders Behring Breivik, autor do duplo atentado da última sexta-feira, 22, em Oslo, na Noruega, como exemplo do que ele considera o efeito negativo da mistura de raças.

“Os resultados são evidentes e se manifestam num alto nível de corrupção, falta de produtividade e um eterno conflito entre várias ‘culturas’ competindo, enquanto as ‘subtribos’ criadas (preto, mulato, mestiço, branco) paralisam qualquer esperança de sequer alcançar o mesmo nível de produtividade e igualdade de, por exemplo, Escandinávia, Alemanha, Coreia do Sul e Japão”, escreveu o autor dos ataques.
‘País permanentemente disfuncional’

E ainda: “um país com culturas que competem entre si se destruirá internamente a longo prazo ou terminará como um país permanentemente disfuncional como o Brasil”.

O Brasil é citado 12 vezes no manifesto de Breivik. O arquivo de 1.500 páginas foi distribuído para os cerca de 7 mil “amigos” do atirador no Facebook horas antes dos atentados.

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Agora meus comentários:

O psicopata tem razão quanto ao altíssimo nível de corrupção no Brasil, aliás até nas mais altas esferas do Estado -- como o provam as duas mais recentes demissões ministeriais no Brasil, e só não foram mais por estranha leniência dos que comandam -- mas se engana totalmente quanto À origem. Não tem nada a ver com raças ou sua mistura: brancos, loiros de olhos azuis, como diria um corruptor ativo, são os mais frequentes na roubalheira de alto coturno, mas negros também poderia ser corruptores ativos se tivessem mais acesso aos postos da alta cúpula. Não existe nenhuma restrição religiosa, étnica, cultura, social, na corrução brasileira: ela é ampla, disseminada, multicultural e multirracial; todos roubam e se pudessem roubar mais, assim o fariam, numa ampla democracia multirracial da roubalheira organizada e desorganizada. Faz parte, digamos assim, da nossa formação, essa apropriação do alheio, sem distinção de raças...

Tampouco existe conflito ou competição entre raças, e sim racismo ordinário, os energúmenos de sempre, praticando seus preconceitos vulgares, os racistas mais idiotas que existem em toda e qualquer cultura ainda não suficientemente mesclada.
Como o Brasil é um pouco mais misturado do que outros povos, o racismo aqui tende a assumir menor acuidade social, e só se manifesta entre brancos de classe média baixa, que convivem com delinquência e atribuem isso a características "genéticas", o que é de uma ignorãncia atroz.

Aliás, se fôssemos falar de racismo, ele só pode vir dos negros militantes, dos ativistas das causas racialistas, desses promotores das políticas separatistas de cunho racial, desses disseminadores da falsa ideologia da "afrodescendência", enfim, desses construtores do Apartheid que o Brasil não teve até hoje, mas que pode vir a ter por causa desse câncer que ameaça nossa sociedade.
Paulo Roberto de Almeida

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Enviado pelo comentarista, abaixo, a quem agradeço a dica:

Cotas para negros e índios em concursos públicos
Blog da Yvonne Maggie, qua, 20/07/11

O governador Sérgio Cabral assinou o decreto 43.007 reservando 20% das vagas de todos os concursos públicos do Estado do Rio de Janeiro para negros e índios. O decreto entrou em vigor no dia 7 de julho de 2011. O § 4 do artigo 1º, diz: “Para os efeitos deste decreto será considerado negro ou índio o candidato que assim se declare no momento da inscrição”. Logo abaixo, o § 5 afirma “A autodeclaração é facultativa, ficando o candidato submetido às regras gerais estabelecidas no edital do concurso, caso não opte pela reserva de vagas.” No artigo 2º salta aos olhos o paradoxo recorrente em quase todos os casos em que se reservam vagas com base na “raça”: “Decretada falsidade na declaração a que se refere o artigo 1º § 5 será o candidato eliminado do concurso e, se houver sido nomeado, ficará sujeito à anulação de sua admissão ao serviço público, após procedimento administrativo em que lhe seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.”

Se o candidato negro ou índio é assim considerado por autodeclaração – seguindo o preceito internacional – como pode ao mesmo tempo dizer-se “detectada a falsidade?”. Está faltando uma peça neste quebra-cabeça. Como será avaliada a falsidade da autodeclaração?

O governador eximiu-se deixando para os burocratas a invenção das regras que deverão definir se há verdade ou não nas declarações ou autodeclarações. Há exemplos que me levam a imaginar a solução que se dará aqui. No Paraná reserva-se, desde 2003, 10% das vagas para negros em concursos públicos. No Mato Grosso do Sul, 10% para negros e 3% para índios e, nos dois casos, um tribunal, ou uma comissão, julga por meio de fotos, ou de documento onde esteja inscrita a cor do cidadão, se a autodeclaração está correta. Como farão isso aqui no Rio? Quem definirá o procedimento para julgar o mentiroso?

Uma economia irracional (qual seria?) - Luis Esteban Manrique

Venezuela: Un modelo económico irracional (I)
Por LUIS ESTEBAN G. MANRIQUE
InfoLatam, 26/07/2011

Venezuela es ya el país con las mayores reservas de crudo del planeta, con 296.501 millones de barriles

Si el modelo económico del “socialismo del siglo XXI” apenas funcionaba racionalmente con Hugo Chávez al mando, sin sus manos sobre el timón simplemente podría entrar en una deriva incontrolada. Caracas ha pasado del puesto 91 al 15 entre las ciudades más caras del mundo debido a una inflación cercana al 30% anual. En el primer semestre de este año los precios subieron un 13%, la mayor tasa de la región.

Una taza en un café en Caracas cuesta unos 6,29 dólares, según la encuesta Costo de Vida 2011 realizada por la consultora Mercer en 214 ciudades de los cinco continentes. En Londres por esa misma tasa se paga 4,35 dólares y en Nueva York 4,40. Solo en Tokio (7,63), Beijing (7,45), Hong Kong (6,80) y Shangai (6,39) es más cara.

Otros precios en la capital venezolana resaltados por Mercer son una entrada al cine (21,42 dólares), una hamburguesa en McDonalds (8,38), o un litro de leche pasteurizada (1,69). Hoy el 25% más pobre de la población gasta un promedio del 45% de sus ingresos en comida. Hasta el pasado marzo, los precios de los alimentos aumentaron un 33,7% año en año, muy por encima de la media del 7,7% de la región, según cifras de la FAO.

Según un sondeo del diario El Universal en seis supermercados y cadenas estatales de alimentación, de 16 productos subsidiados, al menos 10 son escasos o inexistentes, entre ellos el aceite de cocina, quesos y carnes. Venezuela importa el 75% de los alimentos que consume, el doble que hace una década.

Aunque el gobierno ha subido el salario mínimo en un 25% en el último año, el poder adquisitivo de los venezolanos ha caído un 14,5% en los últimos cuatro años debido a la inflación. En los últimos 12 meses, los sueldos subieron un 22%, ocho puntos menos que el IPC. Desde 1998, cuando Hugo Chávez llegó al poder, el volumen de la masa monetaria ha aumentado un 160% en términos reales. Si no se toma en cuenta la inflación, la oferta monetaria en diciembre de 2010 era 29 veces mayor que en diciembre de 1998.

El endeudamiento desbocado del gobierno está alcanzando niveles que hacen temer a muchos analistas que Venezuela no pueda cumplir con sus obligaciones a pesar de la renta petrolera y los altos precios del crudo. Según un reciente informe de UBS Investment Research (Por cuanto tiempo puede Venezuela pagar sus deudas) “en ausencia de ajustes de política, o incluso precios del petróleos más altos, creemos que la trayectoria fiscal de Venezuela apunta a un incidente crediticio”, un eufemismo financiero para referirse a un default.

El riesgo no es, sin embargo, inmediato. Venezuela cuenta con reservas de divisas de alrededor de 30.000 millones de dólares y obtiene alrededor de 65.000 millones anuales por sus exportaciones petroleras, el 90% del total.

Según el boletín estadístico anual de la OPEP, Venezuela es ya el país con las mayores reservas de crudo del planeta, con 296.501 millones de barriles, un 40% más que en 2009, frente a los 264.215 millones de Arabia Saudí. Pero el acelerado ritmo de endeudamiento del gobierno -con pasivos que economistas venezolanos actualmente sitúan en el orden de los 130.000 millones de dólares-; los costes del sistema cambiario y de las importaciones y el elevado déficit fiscal, están generando desequilibrios que UBS cree podrían terminar estallando en mediados de esta década.

(Continuará mañana II Parte)

Sindrome de transtorno (agricola) bipolar; ou teoria da jabuticaba...

Já escrevi alguma coisa sobre a teoria da jabuticaba. Deve estar em algum lugar do meu site. O Brasil agrava a condição (aliás, desde vários anos), desenvolvendo, no mesmo governo, políticas absolutamente contraditórias, senão opostas e inimigas uma da outra...
Paulo Roberto de Almeida

AGRONEGÓCIO FAMILIAR
Xico Graziano - AgroBrasil
O Estado de S. Paulo, 26/07/2011

Funcionam no Brasil, estranhamente, dois Ministérios da Agricultura. Um se dedica ao agronegócio e o outro, ao produtor familiar. Uma invencionice política difícil de entender. Parece jabuticaba, só existe aqui.

Uma safra, dois planos. Em Ribeirão Preto (SP), o governo anunciou as regras do financiamento da safra para a agricultura chamada empresarial. Semanas depois, foi a vez do plano da agricultura dita familiar, lançado em Francisco Beltrão (PR).

Uma agricultura, dois discursos. No palanque paulista, as lideranças ruralistas aplaudiam Wagner Rossi, ministro da Agricultura e Abastecimento. No Paraná, os camponeses reverenciavam Afonso Florense, ministro do Desenvolvimento Agrário. Presente em ambos os eventos, a presidente Dilma Rousseff seguiu o roteiro lulista, naquele estilo ambíguo que agrada a gregos e troianos.

Essa dubiedade na gestão governamental se manifesta em vários outros momentos. Nos fóruns internacionais, como na Organização Mundial do Comércio (OMC), frequentemente se percebem cadeiras expressando posições distintas, quando não contraditórias. Uma dá prioridade a abrir exportações, outra discute segurança alimentar. Enlouquece o Itamaraty.

Tudo começou em 1996, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Sua ideia básica, inédita, foi carimbar uma fatia dos recursos do crédito rural, obrigando sua aplicação nos pequenos produtores, incluindo os assentados da reforma agrária. Faz sentido.

Tradicionalmente, os grandes proprietários abocanham todo o dinheiro para financiamento rural. O Pronaf mudou essa história. Seu sucesso o tornou robusto dentro da política agrícola do País, executada pelo Ministério da Agricultura com apoio do Banco do Brasil.

Quando Lula assumiu, porém, achou por bem transferir a gestão do Pronaf, entregando-a ao Ministério que cuida da reforma agrária. Atendeu à gula da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e do Movimento dos Sem-Terra (MST). Entregou o ouro.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário passou a operar o Pronaf segundo critérios exageradamente ideológicos e partidários. Assim funciona o jogo do poder. Afinal, a oligarquia rural também sempre mandou no Ministério da Agricultura.

Um grave problema, porém, surgiu dessa tramoia. Ao apartar o atendimento aos pequenos agricultores em outra pasta, criou-se uma falsa dicotomia. A polarização acirrou a distinção, inexistente, entre agronegócio e agricultura familiar.

Gente que se imagina dadivosa combate o agronegócio, como símbolo do mal. Tal pensamento expõe um dos maiores equívocos produzidos pela esquerda brasileira. Por definição, nada opõe o pequeno produtor à modernização tecnológica nem ao mercado. Ao contrário. Investir em qualidade configura caminho único para o progresso no campo.

Conceitualmente, o termo agronegócio refere-se ao conjunto das atividades produtivas geradas no meio rural. Na pecuária, por exemplo, as empresas de insumos e máquinas fornecem bens e serviços à criação animal. Na outra ponta, colocam-se os frigoríficos, as agroindústrias, os açougues. Eles processam e vendem. Somados aos pecuaristas, esse conjunto caracteriza o agronegócio da carne.

No Brasil moderno, dentro do segmento rural propriamente dito são gerados só 27% do PIB dos agronegócios. Outros 7% do valor econômico se localizam antes da porteira do agricultor, enquanto 66% do valor dos agronegócios - a maior fatia - rola depois da porteira das fazendas.

Na concepção do termo, portanto, somente não participa do agronegócio quem produz para si. E são muitos. Especialmente no semiárido nordestino, cerca de 1,5 milhão de pequenos agricultores pobres e rudimentares mal conhecem a economia comercial. Outro enorme contingente, cerca de 1 milhão de famílias assentadas pela reforma agrária se encontram isoladas.

Nada condena os agronegócios. O cultivo de subsistência, esse, sim, está ultrapassado pelos tempos, sofrendo na miséria. Aqui reside o grande desafio da política pública: conseguir modernizar a agricultura atrasada, integrando-a aos mercados, tornando-a empreendedora. Ao contrário do que vociferam os obscurantistas agrários, a saída da pobreza rural rema a favor dos agronegócios, não contra.

Esse caminho vitorioso tem sido trilhado por incontáveis pequenos agricultores que buscaram conhecimento, integraram-se às agroindústrias, vincularam-se às cooperativas agropecuárias. A produtividade deles cresceu, a renda melhorou. Pequenos, organizados, tornam-se grandes.

Essa emergente classe de produtores surge exatamente da inserção positiva no agronegócio, fundindo tecnologia e mercado com boa gestão familiar. Ela fornece hoje o dinamismo da agricultura nacional, puxado pelo sojicultor paranaense ou gaúcho, pelo cafeicultor mineiro ou capixaba, pelo suinocultor catarinense, pelo fruticultor paulista, pelo pecuarista goiano, entre tantos.

Fazendeiro graúdo chega a ter inveja desses progressistas agricultores. Sua área média gira em torno dos 50 hectares e, no conjunto, respondem por aproximadamente 70% da produção agropecuária do Brasil. Embora familiares, não prestam a mínima atenção ao discurso boboca que, ao intrigá-los com os agronegócios, os condena ao atraso.

O Brasil não precisa de dois Ministérios da Agricultura. Carece, isso sim, de uma política emancipadora no campo, livrando os agricultores pobres, resignados, da manipulação política de líderes que, disfarçados de salvadores, vivem de explorar a miséria alheia. Taí uma boa tarefa: desenvolver uma vacina contra esse terrível mal.

AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Noticias da Republica Bolivariana Surrealista (well, not all good news...)

Chávez ordena lanzar bono a 2031 por US$ 4.200 millones
El gobierno de Hugo Chávez lanzó el martes un bono soberano al 2031 por 4.200 millones de dólares, con el que busca aliviar la sed de divisas de las empresas en el país petrolero y recaudar recursos para gasto público antes de las elecciones del próximo año.

Venezuela: PDVSA bajó su ganancia 28% y aumentó 55% deuda con proveedores en 2010
Infolatam/Efe, Caracas, 26 de julio de 2011
La estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) disminuyó en un 28 % sus ganancias netas en 2010, que pasaron de 4.394 millones de dólares en 2009 a 3.164 millones el año pasado, y aumentó 55,38 % la deuda a sus proveedores, ubicándose en 10.902 millones de dólares frente a los 7.016 millones del periodo precedente.

Luis Esteban G. ManriqueVenezuela: Un modelo económico irracional (I)
(Especial para Infolatam).- “El endeudamiento desbocado del gobierno está alcanzando niveles que hacen temer a muchos analistas que Venezuela no pueda cumplir con sus obligaciones a pesar de la renta petrolera y los altos precios del crudo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Idiotices brasileiras (maiores ainda na educacao)... - E UM DEBATE SUBSEQUENTE

[Complemento ulterior ao final]

Leio num jornal de Brasília que alunos com menos de 18 anos aprovados em vestibulares de universidades públicas (e suponho que em privadas também) não estão conseguindo inscrição em algum curso universitário pois não conseguem apresentar o certificado de conclusão do curso médio.

O Conselho de Educação do Distrito Federal, que deve ser formado por cavalgaduras (e ultrapassando poderes que não lhe são conferidos pela Constituição nem por legislação federal), determinou que o aluno pode entrar na Faculdade desde que conclua o ensino médio.
Mas o certificado -- sob forma de exame supletivo, por exemplo -- só pode ser obtido se o estudante tiver mais de 18 anos ou completado 75% do ano letivo.
Ou seja, o DF não permite a existência de geniozinhos, ou superdotados. Eles têm de esperar até os 18 anos, ou quase, para obter o certificado do médio.
Nos EUA, qualquer estudante que provar que tem habilidades, pode ir para uma universidade, com 12, 14 ou 15 anos, basta ter condições intelectuais para seguir o curso.
Aqui no DF, as cavalgaduras do Conselho de Educação querem que todos sejam idiotas como eles...

Paulo Roberto de Almeida

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Elevo um comentário ao nível da postagem, depois respondo: [em 28/07/2011]

RAFA disse...
Querido Professor,
Me permito discordar do Sr., acho que pela primeira vez na vida. E isso não há de ser pouco...

A capacidade intelectual é, e deve ser, o principal parâmetro para ingresso numa Universidade e acesso a conhecimento. Mas a construção do conhecimento não é um mero processamento de informações, é o desenvolvimento de faculdades de análise e de crítica, de teste de hipóteses, de debate franco. Em um curso de graduação se faz, antes de tudo, formação. E para isso, é necessário um mínimo de MATURIDADE - algo que não se pode testar em um vestibular.

Acho um erro permitir a menores de dezoito anos o acesso à Universidade, e dou meu próprio exemplo como amostra de um problema bem maior. Fui aprovado em 4o. lugar no vestibular de Direito da UFRJ com 16 anos, com segundo grau completo, e isso foi péssimo para minha formação. Em que pese toda a orientação vocacional, eu não tinha a menor maturidade para julgar o que era melhor para mim e meu futuro, acabei entrando em um curso muito por influência da família e do que era considerado "bom-senso". Eles diziam "você é inteligente, vai tirar de letra, e como sairá novo da faculdade, terá uma vantagem importante sobre os outros". Que ilusão...

Larguei o curso no terceiro ano, para me dedicar ao que eu realmente gostava, Relações Internacionais. Hoje, sou diplomata, em primeira remoção, e por acaso, adoro Direito. Mas não era a minha.

Se ainda não é viável julgar maturidade sob parâmetros objetivos, temos a Lei, que diz que uma pessoa atinge a maioridade para a maior parte da vida civil aos 18 anos - 16 para voto, o que também acho um erro, mas é a lei. Esse deve ser nosso parâmetro. E devo isso à minha dúvida de que uma pessoa de 13 anos de idade, por mais capacidade intelectual que tenha demonstrado para ingressar em um curso universitário, esteja em um estágio de vida que ela possa realmente compreender o contexto, e o que ele fará com esse conhecimento. Considero que seria muito mais importante para a formação de um jovem que conclui cedo o Ensino Médio - ou que é aprovado mesmo sem completá-lo - uma boa viagem pelo seu país ou pelo mundo, um bom trabalho voluntário, ou mesmo um ano sabático.

Pra que ter um geniozinho de 13 anos em uma universidade? Melhor que ele saiba o que fazer com tanta capacidade antes. E, principalmente, que ele possa ser feliz com isso, em uma área que ele realmente goste, e não que sua família ou seus orientadores o digam que é a melhor.

Aproveito pra reiterar minha admiração pelo Sr. e pelo blog. Que o Sr. siga sendo um farol para todos nós, por muitos e muitos anos!

Um fraterno abraço,
Rafael Paulino

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Rafael,
Compreendo e até admito seus argumentos, mas ainda assim discordo de você.
Não estou dizendo que todo geniozinho deva ir para a Universidade aos 13 anos, e sobretudo discordo frontalmente da pressão familiar -- estilo James Stuart Mill -- para fazer uma criança aprender latim e grego aos cinco anos, ou seja, enfiar o coitadinho na Universidade aos 13 anos, apenas para satisfazer o ego paterno ou materno.
O que estou dizendo é que NINGUÉM deveria ser impedido de ingressar numa universidade apenas porque não tem 18 anos. Geralmente se trata de jovens de 16 ou 17, que por um outro motivo, tiveram os estudos acelerados no primário e secundário.
Não estou dizendo que se deve "empurrar" adolescentes para a universidade.
Estou dizendo que não se deve IMPEDIR alguns de fazerem isso.
Acho toda proibição que não é motivada por um desejo real de segurança física, BURRA, ESTÚPIDA.
Todos devem ser totalmente livres para realizarem seu potencial.
Não acredito que a tal de "falta de maturidade" para seguir um curso universitário seja a justificativa para a frustração de alguém que poderia fazê-lo e é apenas impedido por uma regulamentação estúpida, cerceadora, burocrática, castradora.
TUDO é experiência, inclusive algumas más experiências (não diferentes de outras, menos más).
Como você vê, continuo sendo um anarquista no plano das liberdades individuais.
Jovens, avançai...
Paulo Roberto de Almeida

Pobres e miseraveis: Chile, Brasil, Argentina...

A presidente diz que pretende tirar 16 milhões de pessoas da miséria, no Brasil, e compara isso à população do Chile:

"Apesar de ter sido uma grande vitória nossa, ainda resta um Chile".

Pois é, pretendem retirar esses 16 milhões da miséria e colocá-los na situação de dependentes do Bolsa-Família.
Ela poderia ter acrescentado o seguinte:

"Estamos construindo um exército de assistidos equivalente a um terço dos habitantes deste país, o que vale uma Argentina inteira no cartão magnético do governo."

Paulo Roberto de Almeida

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Elevando notas de rodapé à condição de debate:

ALlan disse...
Bela postagem. Objetiva e que nos alerta das consequências de certas políticas.

Terça-feira, Julho 26, 2011 6:35:00 PM
Daniel disse...
Paulo,

Qual é o problema do Bolsa Família que tantos criticam, muitas vezes sem saber, ou criticam apenas por criticar? Sei que há pessoas que recebem sem ter a mínima necessidade de receber. Mas sei que há várias pessoas que recebem e que necessitam muito do dinheiro, pouco, que recebem. Conheço uma senhora, que três filhos tem, que recebe pouco menos de R$120,00 do programa e isso permite a família dela ter uma qualidade de vida uma pouco melhor. Já que outrora o salário dela não dava pra pagar coisas básicas. Não digo que permita mudar a vida totalmente, mas ajuda e somente as pessoas que necessitam desta ajuda pode realmente falar se é um programa que funciona. Muitos países possuem programas de subsídios. Compreendo que parece que o governo está dando o peixe sem ensinar a pescar, mas penso que isso é uma grande mentira, já que o valor recebido não é muito, quem recebe certamente trabalha também. Não vi ninguém que simplesmente parou de trabalhar devido ao Bolsa Família. Quem parou de trabalhar foram crianças que deixavam de ir à escola para ajudar no sustento da família. Sei que não é assim tão bonitinho, pois ainda há trabalho infantil. Mas tenho certeza que não é este quadro medonho que muitos tentam pintar.
Terça-feira, Julho 26, 2011 11:01:00 PM

Paulo R. de Almeida deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Pobres e miseraveis: Chile, Brasil, Argentina...":

Daniel,
Existe uma visão do mundo que considera normal que o Estado proceda à redistribuição de benefícios para pessoas identificadas como pobres.
Não estou equivocado ao classificar essa visão como sendo socialista, e você deve concordar comigo.
Como disse uma líder política, o socialismo dura enquanto durar o dinheiro dos outros. E é isso que o Estado faz no bolsa-familia: tira dinheiro de alguns para dar aos outros.
Você pode achar isso normal, mas isso significa apenas subsidiar o consumo.
Você talvez tenha estatísticas -- que eu não tenho -- segundo as quais, antes deste governo, quarenta e quatro milhões de pessoas, ou quase um terço do país, passavam fome e só foram salvas pelo programa BF.
Eu tendo mais a acreditar que se trata de um curral eleitoral.
O problema do BF, se voce quer minha opinião é justamente esse: criar uma nacao de assistidos.
Não creio que um país possa prosperar assim.
Pode ser que outros países tenham programas de subsidios. Nao importa, não é por isso que eu acho correto.
Muitos países possuem agriculturas subsidiadas, industrias protegidas pelo Estado e não é por isso que eu vou concordar com o que considero estruturalmente equivocado.
Pode até ser pouco dinheiro, mas prefiro outras políticas: de subsídio à educação de jovens e adolescentes: primário, secundário e escolas técnicas, ponto final.
Desculpe se o decepciono, mas eu sou assim.
Expresso minha opinião e estou pronto a defendê-la com base em argumentos econômicos, posturas racionais, raciocínios lógicos.
Considero o BF nefasto para o Brasil, como considero os programas de ação afirmativa em bases raciais deletérios, divisionistas, sementes do Apartheid.
Sou assim...
Paulo Roberto de Almeida

E por falar em educacao de presidiarios...

...querem transformar os alunos em "presidiários" (por culpa dos professores ausentes).
Nem tanto assim, mas o quadro do ausentismo dos mestres é catastrófico, ao que parece.
Congresso deve providenciar outra lei prevendo a compra de correntes para deixar os alunos bem atados às escolas...
Paulo Roberto de Almeida

Aprovado projeto que obriga a permanência dos alunos dentro da escola
Karla Alessandra.
Notícias da Câmara, quarta-feira, 31 de março de 2010, 19:25

Brasília - Câmara aprova projeto de lei (PL 2357/07) que obriga a permanência dos alunos dentro da escola, mesmo na ausência dos professores.

Segundo o projeto, na falta do professor os alunos deverão permanecer dentro da escola em atividades recreativas.

O relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Efraim Filho, do Democratas da Paraíba, é favorável ao projeto que vai dar mais segurança para os alunos.

"Quando há ausência do professor o aluno é dispensado com a ideia de que ele retorne à casa. Agora nem sempre é isso que acontece e é exatamente esse o mérito do projeto que aprovamos reconhecer que a escola tem que ter um papel de responsabilidade."

Efraim Filho lembrou que nas escolas já existem professores de artes e de educação física que podem ser acionados no caso da falta de um outro professor.

Ana Siqueira, que é mãe de dois alunos da rede pública de ensino, é favorável à permanência dos alunos na escola durante todo o período de aula, para que as crianças não fiquem expostas à ação de marginais.

"Principalmente, eu acho que na adolescência eu acho que não é bom ele ficar em casa porque tem muitos pais que trabalham, como é que ele vai saber se o filho vai para casa ou não vai? Eu sou de acordo que seja dada uma outra atividade, ou de violão ou de dança, ou de desenho ou de digitação. É assim que eu penso."

A proposta segue agora para o Senado.

Atencao jornalistas: liberada a pancadaria no Congresso contra voces...

Bem, a solução agora é acorrentar o gravador na cintura, usar aqueles capacetes de ciclistas e colete à prova de qualquer coisa. Recomendo também não aproximarem-se muito de certos gorilas do Congresso (por gorilas eu não me refiro aos seguranças...).
Paulo Roberto de Almeida

Senado inocenta Requião por agressão a repórter
Fábio Góis
Congresso em Foco, 26/07/2011

Arquivamento de ação contra senador, determinado por Sarney sem alarde em 18 de maio, sequer foi comunicado ao autor, o Sindicato dos Jornalistas do DF.

Em 25 de abril, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), irritado com a pergunta de um repórter sobre sua pensão vitalícia como ex-governador, subtraiu-lhe o instrumento de trabalho – um gravador digital. O episódio aconteceu em plenário, e se estendeu pelo corredor que o liga ao gabinete de Requião – o profissional de imprensa tentava reaver o aparelho, mesmo diante das ameaças do parlamentar. O esforço foi em vão: não satisfeito em ter se apoderado de bem alheio, Requião deletou o arquivo que continha a entrevista. Mas a sequência de indelicadezas foi perdoada pelo Senado: no último dia 18 de maio, sem alarde, a Advocacia Geral arquivou uma representação por quebra de decoro apresenta pelo Sindicato dos Jornalistas do DF contra Requião.

O parecer de 20 páginas que absolve Requião foi assinado pelo advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, e endossado pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), correligionário de Requião. Na introdução da peça, Cascais aponta, entre outras coisas, incompetência do presidente do Senado em analisar o caso, quando o correto é que o caso seja protocolado no Conselho de Ética.

O argumento é meramente burocrático, uma vez que nem o próprio Sarney poderia ter determinado encaminhamento da representação àquele colegiado. Nem o Conselho de Ética nem a Corregedoria do Senado sequer estavam instalados à época, em uma situação que inviabilizaria, de acordo com a justificativa do advogado-geral, qualquer representação por quebra de decoro.

Também subscrito pelos advogados do Senado Fernando Cunha e Hugo Souto Kalil, o parecer alega a “ilegitimidade ativa” do sindicato para “deflagrar processo político-administrativo disciplinar”. Também foram vistas por Cascais irregularidades na representação, bem como “narração deficiente dos fatos” e ausência de “elementos probatórios” que a justificassem. Com base em “precedentes do Supremo Tribunal Federal”, o advogado negou por fim que a peça processual preenchesse requisitos de admissibilidade.

“O sindicato representante imputou ao senador representado (Roberto Requião) apenas os seguintes fatos: apropriação indevida de aparelho gravador utilizado pelo jornalista; ameaça de agressão física com o dizer ‘você quer apanhar?’, e chacota pública do profissional na Internet, ao chamá-lo de ‘engraçadinho’”, diz trecho do parecer, segundo o qual a subtração do celular e das ameaças não configurariam “agressão”.

Censura e advertência

Na representação, o sindicato sequer pedia abertura de processo por quebra de decoro contra Requião, mas sim que fosse aplicado ao senador advertência e censura, embora o episódio comprove postura inadequada ao Parlamento. A subtração do gravador, segundo relato do repórter ao Congresso em Foco, foi inusitada, uma vez que a entrevista transcorria naturalmente quando Requião recusou responder se abriria mão de sua aposentadoria caso o governo do Paraná adotasse restrições orçamentárias.

“Por que eu abriria mão?”, respondeu Requião, já esboçando contrariedade. “Essa pensão no Paraná existe há 40 anos. Todos os ex-governadores recebem. Recebe a mãe do Beto Richa, que é governador do Paraná; (…). E eu recebo essa pensão porque, durante o governo em que eu chamei de ladrões os que haviam roubado o erário, predado [sic] o patrimônio do estado do Paraná, e como eles não tinham sido condenados, eu passei a ser condenado em multas porque os ladrões ainda não tinham sido condenados em instância final. Estou usando essa pensão para pagar as multas que me foram injustamente impostas”, justificou Requião, para quem o salário de senador é “um bom salário [R$ 26,7 mil]”, apesar de “inferior aos dos servidores de carreira do Senado”.

O repórter então insistiu em saber se não seria o caso de abrir mão da pensão vitalícia em nome do equilíbrio das contas públicas. O que se ouve em seguida é um barulho provocado pela retirada, à força, do gravador das mãos do repórter. “Calma! Não estou mais gravando. Espera aí, deixe-me desligar”, ainda tentou ponderar o jornalista. Em vão.

“Não vai desligar mais porra nenhuma. Vou ficar com isso aqui”, diz o senador, já transtornado. A gravação (confira a íntegra, registra depois pelo próprio senador) é interrompida nesse ponto da conversa, mas o repórter diz que muito ainda foi dito ao passo em que o senador se retirava do plenário.

Emitido sem qualquer tipo de publicidade e com arquivamento determinado por Sarney em 18 de maio, o parecer só foi disponibilizado à imprensa depois de pedido feito pelo jornal O Estado de S. Paulo. A decisão sequer foi comunicada ao sindicato. “O silêncio do Senado passa um péssimo recado à sociedade. Apesar do corporativismo encarnado no presidente do Senado, havia alguma esperança de que o episódio resultasse ao menos numa censura pública, como prevê o regimento da Casa”, lamentou ao jornal paulista o presidente do sindicato, Lincoln Macário.

Fábio Góis
* Repórter do Congresso em Foco desde 2007, atuou antes como jornalista de cultura e assessor de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), entre outras instituições.

Ufa: ainda bem que os bandidos ciberneticos sao analfabetos...

Todo mundo já deve ter recebido essas mensagens de bancos, pedindo para atualizar os cadastros.
Algo como esta aqui, que acabo de receber, com logo perfeito, e-mail plausível (e até possível), tudo nos conformes, menos o Português:

Prezado correntista,
no mês de março do ano de 2011 infelizmente sofremos ataques ao nosso banco de dados o qual acabou afetando uma média de 210 mil clientes em território norte-americano, devido ao ocorrido estamos implementando novos procedimentos de segurarança para evitar que eventos como esse se repitam novamente.
Solicitamos que efetue imediatamente a instalação do nosso aplicativo de segurança em todos computadores os quais acessam sua conta [XBank]
.

Bem, vamos ter de pedir para os congressistas que não aprovem aquela lei generosa (!!???) do Senador Cristovam Buarque que prevê redução de pena para os bandidos que estudarem na cadeia.
Vamos manter os bandidos ignorantes, dentro ou fora da cadeia.
A ignorância ainda é nossa aliada...
Paulo Roberto de Almeida

World Trade Report 2011: Regional Trade Agreements

RESEARCH AND ANALYSIS
World Trade Report 2011
The WTO and preferential trade agreements: From co-existence to coherence


The ever-growing number of preferential trade agreements (PTAs) is a prominent feature of international trade. The World Trade Report 2011 describes the historical development of PTAs and the current landscape of agreements. It examines why PTAs are established, their economic effects, and the contents of the agreements themselves. Finally it considers the interaction between PTAs and the multilateral trading system.

Accumulated trade opening — at the multilateral, regional and unilateral level — has reduced the scope for offering preferential tariffs under PTAs. As a result, only a small fraction of global merchandise trade receives preferences, and preferential tariffs are becoming less important in PTAs.

The report reveals that more and more PTAs are going beyond preferential tariffs, with numerous non-tariff areas of a regulatory nature being included in the agreements.

Global production networks may be prompting the emergence of these “deep” PTAs as good governance on a range of regulatory areas is far more important to these networks than further reductions in already low tariffs. Econometric evidence and case studies support this link between production networks and deep PTAs.

The report ends by examining the challenge that deep PTAs present to the multilateral trading system and proposes a number of options for increasing coherence between these agreements and the trading system regulated by the WTO.

Download pdf:

> Complete report (256 pages; 8034KB)

> Contents, acknowledgements, disclaimer, DG Foreword and Executive Summary (19 pages; 820KB)

I- World trade in 2010 (22 pages; 451KB)

II- The WTO and preferential trade agreements: From co-existence to coherence
> A. Introduction(6 pages; 78KB)
> B. Historical background and current trends(46 pages; 2315KB)
> C. Causes and effects of PTAs: Is it all about preferences?(30 pages; 550KB)
> D. Anatomy of preferential trade agreements(42 pages; 1063KB)
> E. The multilateral trading system and PTAs(32 pages; 485KB)
> F. Conclusions(3 pages; 61KB)

> Statistical appendix(29 pages; 324KB)
> Bibliography(11 pages; 178KB)
> Technical notes, glossary, abbreviations and list of figures (16 pages; 859KB)

(links)

> Previous World Trade Reports

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Banqueiros preocupados (nao no Brasil; dos EUA)...

A principal revista do "capital financeiro monopolista internacional", como se dizia antigamente (quando todo mundo era marxista), ou seja, dos financistas, agiotas e especuladores de Wall Street, lança um alerta ao seus afiliados: por força de uma legislação muito intrusiva e reguladora, o setor bancário americano pode ficar atrás e já estaria perdendo terreno para seus concorrentes de outros países.
Paulo Roberto de Almeida

American Banker
Letter from the Chairman
Dear Colleague:

It’s been nearly a year since the passage of the Dodd-Frank Act, the most significant financial services legislation since the Great Depression, and banks, industry representatives, academics and analysts are still trying to come to grips with it.

At more than 2,300 pages containing hundreds of new rules – not to mention the creation of a new agency devoted solely to consumer protection – the impact of the law may not ultimately be clear for years to come. Regulators are still in the process of identifying systemically important banks and nonbanks, forcing securitizers to retain at least some of the risk of loans they sell and creating new mortgage disclosure standards, just to name a few.

While it’s tempting for bankers to look at the size and scope of the regulatory reform law and throw up their hands in confusion, understanding the aftermath of Dodd-Frank will be critical for their business in the months and years ahead. That’s why American Banker is holding its first Regulatory Symposium.

In speeches from top lawmakers and regulators, and panel discussions covering the hot topics in the policy world, we hope to shed light on how regulatory reform has changed the business of banking, and what financial services executives can expect next.

Please accept our invitation to join us September 19 and 20 in Washington D.C. It’s your chance to find out first hand from the key policy players what’s happening in the nation’s capital, and where regulators and lawmakers are liable to focus in the future.

Sincerely,
Rob Blackwell
Washington Bureau Chief
American Banker

Para maior gloria dos gloriosos: crescendo sobre o proprio mito (quem mais?)

Ego inflado pode ser como essas bolhas financeiras (derivativos, títulos, ações, whatever...) que crescem desmesuradamente, e um dia estouram, provocando certo ruído e algum desgaste na paróquia.
Por vezes a paróquia é o mundo inteiro, como se viu em 2008, quando loiros de olhos azuis mergulharam o mundo na crise e na recessão.
Ainda bem que morenos de olhos negros estavam atentos para nos livrar dessas "marolas" do capitalismo globalizado, perverso, iníquo, concentrador e assimétrico...
Bem, tendo feito obra meritória de reformas incontáveis pelo Brasil afora durante oito anos inteiros (fora os de preparação), o nosso guia maior empreende agora vôos mais altos, para reformar a África, a América Latina, o mundo inteiro, se deixarem.
Eu pessoalmente acho que ele deveria começar pelo Maranhão e pelo Piauí, mas parece que é pouco para sonhos megalomaníacos...
Mas, sobrou para o Brasil também: ele vai interferir poderosamente nas eleições de 2012, e se prepara para novo pleito em 2014.
Adoradores incondicionais estão delirando de contentamento. Acham estranho que pessoas normais achem estranho...
Paulo Roberto de Almeida

Fora da Presidência, Lula monta estrutura paralela de diplomacia
Cristiane Agostine
Valor Econômico, 25/07/2011 – p. A6

São Paulo - Lula com Chávez (foto): ex-presidente sente-se à vontade para dar bronca e conselhos a governantes

No início de junho, em uma conversa com o presidente Hugo Chávez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu broncas e conselhos ao amigo venezuelano. Lula repassou a Chávez a reclamação de empresários brasileiros em relação à dificuldade para importar coque de petróleo daquele país e o questionou sobre o programa habitacional "Gran Misión Vivienda Venezuela", a versão local do "Minha Casa, Minha Vida". No Palácio Miraflores, em Caracas, o petista colocou em xeque a meta ambiciosa do programa, de construir dois milhões de casas até 2017.

No fim daquele mês, em encontro com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, o ex-presidente o orientou a mapear e cadastrar todas as famílias carentes do país, antes de pensar na criação de um programa como o Bolsa Família, carro-chefe de sua gestão na Presidência. Em maio, Lula esteve no Panamá com o presidente Ricardo Martinelli. O petista aconselhou o governante, empresário varejista que ascendeu por fora da elite do país, como driblar resistências sociais. Recém-eleito presidente do Peru, Ollanta Humala também procurou o ex-presidente em busca de aconselhamento.

Fora da Presidência, Lula tem feito de seu trabalho uma espécie de diplomacia paralela ao governo federal. O ex-presidente recebe chefes de Estado, empresários e é sondado até a intermediar o diálogo da oposição com governos estrangeiros, como na Venezuela. A seus auxiliares, o ex-presidente diz que está vivendo o melhor dos mundos: pode falar aquilo que deseja, sem os limites e obrigações diplomáticas que o cargo lhe impunha.

Instituto Lula poderá reeditar Caravanas da Cidadania em países da África e da América Latina

No primeiro semestre longe do Palácio do Planalto, Lula atua em três frentes: a montagem do Instituto Lula; a elaboração de um memorial com sua trajetória sindical e política e a empresa L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações LTDA. O instituto será lançado até setembro e o projeto do memorial deve ficar pronto até o fim do ano. O museu está sendo negociado com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e deve ser instalado em um prédio a ser doado pela prefeitura.

O Instituto Lula substituirá o Instituto Cidadania, atual local de trabalho do ex-presidente. Por enquanto, a entidade vai continuar na mesma casa onde funciona o Cidadania, no Ipiranga, na zona sul de São Paulo, mas os auxiliares do petista buscam uma sede maior.

Do instituto, o ex-presidente comandará ações voltadas para a América do Sul e África. Uma das ideias estudadas, mas sobre a qual ainda não há consenso, é articular uma espécie de "Caravana da Cidadania" em países latino-americanos e africanos. Segundo o ex-presidente do Sebrae Paulo Okamotto, responsável pela organização do instituto, seria uma reedição internacional das caravanas feitas por Lula, então candidato à Presidência, no início dos anos 90. "Por que não fazer uma Caravana da Cidadania nesses países?", diz Okamoto. " Não podemos ficar daqui pensando e dizendo como eles têm que viver. Temos que fazer nesses países o que fizemos no Brasil, conhecer as classes políticas, as culturas, a realidade local", explica.

A entidade já organizou dois debates sobre a África e a América Latina, com a participação de representantes do Banco Mundial, e pretende criar um conselho com especialistas, para elaborar programas. Empresários e governantes têm procurado o instituto para participar de projetos. Lula poderia atrair investidores àqueles países. "É importante fazer desses países grandes mercados consumidores. Isso acaba gerando empregos também para os países ricos, que vão produzir mais para vender nesses lugares", analisa Okamotto. "Queremos mostrar um novo modelo econômico", afirma.


A preocupação, diz Okamotto, é que a atuação de Lula não fique resumida às palestras. "Queremos trabalhar em projetos para ajudar no desenvolvimento econômico da África e da América Latina. Não somos uma ONG para ficar fazendo projetinhos", comenta Okamotto. "Ele não terá papel de consultor, mas sim animador, fomentador", registra.

A agenda internacional do ex-presidente tem sido intensa e deve continuar assim no segundo semestre. Nos primeiros seis meses longe da Presidência, Lula já visitou 18 países. Na sexta-feira, o petista disse, em Pernambuco, que deverá fazer mais 23 viagens internacionais até o fim do ano. "Muitos governantes querem falar com ele e saber como é que ele promoveu o desenvolvimento com inclusão social, como fez o Brasil", conta Okamotto.

Em todos os países que visitou, Lula foi reconhecido e tratado como celebridade, com direito a fotos, abraços e autógrafos. Em algumas viagens, o ex-presidente saiu para jantar e conhecer lugares. O petista tem feito o mesmo em São Paulo, ainda que com pouca frequência. Na Presidência, sempre evitava sair.

Os auxiliares do ex-presidente aproveitam essa demanda de viagens para ganhar tempo e tentar focar a atuação do instituto. No comando das ações para os países africanos e latino-americanos estão o ex-ministro Luiz Dulci e a ex-assessora especial da Presidência Clara Ant.

O Instituto Cidadania é considerado como a "incubadora" da futura entidade. Criada em 1990, sob comando de Lula, depois da derrota para Fernando Collor de Mello na disputa presidencial, a organização não governamental fomentou durante anos debates sobre políticas públicas até ser esvaziada com a vitória de Lula em 2002. Com o fim dos oito anos de governo, foi retomada. O Cidadania tem uma dúzia de funcionários e custa mensalmente cerca de R$ 100 mil, entre folha de pagamento, contas de água, luz e telefone e viagens de Lula. Os deslocamentos, no entanto, não costumam pesar no orçamento. Em geral, a passagem de avião é custeada pela empresa ou banco que contrata o ex-presidente para uma palestra. Lula costuma "pegar carona" em aviões de empresários.

Kassab deve ajudar o petista e sinaliza com a doação de terreno e prédio para abrigar memorial

Na direção do instituto está o deputado federal José de Fillipi (SP), ex-prefeito de Diadema e responsável pelas finanças das campanhas presidenciais de Lula em 2006 e de Dilma Rousseff, em 2010. A receita do Cidadania é obtida por meio de doações de empresários, pessoas físicas e do que o ex-presidente ganha com suas palestras de R$ 300 mil. Em geral, os doadores são também financiadores de campanhas. "É gente que conheci em campanhas passadas, há muito tempo", diz Okamotto. "Cada vez peço 50 paus [R$ 50 mil], 100 paus [R$ 100 mil], diz.

Ao lançar o Instituto Lula, Okamotto afirma que a receita da entidade crescerá de forma significativa. "Para o novo instituto vamos fazer uma campanha mais forte de arrecadação. Vai levantar muito, mas muito dinheiro", afirma. "Hoje, muitos empresários oferecem dinheiro, mas não é o momento. Dinheiro não é o problema. Estou preocupado com o que o instituto vai fazer, em como vai atuar", explica.

Okamotto buscou referências em diferentes institutos espalhados pelo mundo: dos americanos Al Gore e Jimmy Carter, do africano Nelson Mandela, outros na Índia e em Portugal. Em março, visitou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no instituto do tucano, para trocar experiências. "Pesquisei vários no mundo todo e não tinha motivo para não visitar o de Fernando Henrique", diz. Foram estudados dois modelos: instituto e fundação. Descartaram esse último por avaliarem que criaria amarras como a fiscalização do Ministério Público e a abertura de contas da entidade.

A principal finalidade do instituto será a de manter Lula no centro do cenário político. "Lula quer fazer política, ele quer continuar. Tem muita coisa ainda para fazer, para fortalecer a democracia. Fazer política não significa que isso desembocara em uma candidatura, mas ele pode ser candidato a tudo: prefeito, deputado, senador e presidente", comenta Okamotto.

O ex-presidente concentrou a agenda internacional neste ano para dedicar-se em 2012 às viagens pelo país. Com vistas às eleições municipais, Lula estuda refazer trajetos das Caravanas da Cidadania e se empenhará na construção de alianças políticas e de candidaturas.

A principal renda do ex-presidente têm sido as palestras pagas. Os pronunciamentos do petista ajudam a sustentar também Okamotto, sócio de Lula na empresa de palestras L.I.L.S. (de Luiz Inácio Lula da Silva), constituída em março deste ano. Okamotto é amigo de Lula há mais de 30 anos e diz ter pago uma dívida de R$ 29,4 mil do ex-presidente com o PT, em uma ação investigada na CPI dos Bingos. Ex-tesoureiro do partido, o petista diz não receber um salário no instituto, mas afirma que já estava preparado para isso. "Ganhei dinheiro quando estava no Sebrae, guardei. Tenho uma empresa de vendas pela internet [a Red Star Ltda.], sou aposentado e tenho a participação nessa empresa. Já estava preparado para passar alguns meses sem salário", comenta.

O ex-presidente, além de atuar no instituto e fazer palestras, investe no lançamento de um memorial que contará os oito anos de sua gestão, sua história sindical e política e as transformações do país desde o fim do regime militar. Articulado por Okamotto, o projeto será lançado até o fim deste ano com apoio do ex-ministro Paulo Vannuchi.

O memorial, denominado provisoriamente como da Democracia, será interativo, nos moldes dos museus da Língua Portuguesa e do Futebol, e deve ser instalado no centro de São Paulo, na região conhecida como cracolândia, para ajudar na revitalização da área. As negociações com o prefeito Gilberto Kassab estão avançadas e a prefeitura poderá doar um terreno e até um prédio para o museu. Assim como o instituto, o museu será custeado por empresários e buscará leis de incentivo cultural. O memorial deve ser gerido pela Universidade Federal de São Paulo.

Noticias do Planalto Central: empreitadas, protecionismo, guerra fiscal, enfim, o habitual...

Sempre me surpreendo -- ou melhor, acho que não me surpreendo mais -- com as manchetes de jornais brasileiros relatando o nosso habitual costumeiro.
Sem pretender fazer propaganda de um ou outro jornal, em especial, relato apenas as manchetes que tenho lido, desde a última semana, quando estive viajando e com pouco acesso a jornais:

"Aditivos param obras no São Francisco"
PRA: se refere às demandas de empresas para receber uns 700 milhões a mais para continuar obras na famosa (e controversa) transposição de águas do Rio São Francisco. "Até 3 meses atrás, a lista de aditivos da transposição somava 43 pedidos de empresas de construção e serviços. Todas [repito: TODAS] as empreiteiras que trabalham nos 12 consórcios na transposição do rio pediram aditivos ao Ministério da Integração Nacional... (...) Há 11 aditivos que cobram reajuste de mais de 25% no preço do contrato, limite definido por lei. (...) [Um deles] pode aumento de 70% no preço original do contrato para entregar estruturas de canais e dois reservatórios. O mesmo percentual é reivindicado na construção de um túnel no lote 12".

"Setor siderúrgico vai a Dilma pedir ajustes"
O alto comando da siderurgia brasileira... busca um encontro com a presidente... para uma apresentação detalhada de dados que consideram ameaças à competitividade do setor no país. ... temas da desindustrialização -- acelerada pelo aumento da importação indireta de produtos feitos em aço, como autopeças, carros e máquinas -- até a guerra fiscal entre estados. (...) No Brasil, a sobra de capacidade das usinas já representaria 53% da demanda doméstica. (...) [O] ministro do Desenvolvimento... recentemente disse que o aço brasileiro é caro. Os industriais acham que ele está desinformado sobre a carga tributária, o câmbio e outros fatores que afetam a competitividade do setor."

"Tablets acirram guerra fiscal"
"O governo do Amazonas vai acionar o Supremo Tribunal Federal para questionar incentivos do Estado de São Paulo para produção e comercialização de tablets. (...) Na prática, São Paulo eliminou a incidência do imposto para estimular a produção de tablets no estado, prejudicando a competitividade da Zona Franca de Manaus, que já conta com cinco empresas interessadas em produzir a uma alíquota de 12%."

"Câmara dos Deputados gastará RS$ 300 milhões para construir anexo"
O presidente da CD... autorizou a construção de um novo anexo da Casa para abrigar 86 gabinetes, restaurantes, salas de reuniões e garagem subterrânea, a um custo estimado de RS$ 300 milhões. (...) [Em 2007] o arquiteto Oscar Niemeyer fez o estudo preliminar quer previa um novo anexo... [que] custaria RS$ 700 milhões, podendo chegar a R$ 1 bilhão."

Enfim, tem notícias sobre corrupção, reús de mensalões (são vários), gastos faraônicos, para todos os gostos.
Eu me pergunto se o Brasil é um país normal.
Não pode ser...
Paulo Roberto de Almeida