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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

OMC: protecionismo em alta, Brasil na berlinda

Brasil é o nº 1 em medidas protecionistas, diz OMC

Relatório indica que país foi o que mais adotou barreiras a importados em 2013, seguido por Índia, EUA e Argentina

17 de fevereiro de 2014 | 2h 07

Jamil Chade, correspondente de Genebra - O Estado de S.Paulo
O Brasil foi o país que adotou o maior número de medidas contra importados em 2013 no mundo, com um total de 39 aberturas de ações de antidumping. Os dados fazem parte de um informe preparado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e que alerta que o volume de novas barreiras no mundo no ano passado foi 30% superior ao número de 2012.
Os dados serão debatidos hoje em Genebra, numa reunião convocada para tratar do protecionismo no mundo. A OMC não acredita que exista um "surto" de protecionismo na economia mundial. Mas vai apelar aos governos para que coloquem o combate às barreiras como uma prioridade.
No total, 407 barreiras foram implementadas no mundo, 100 mais que em 2012. A OMC não entra numa avaliação se as medidas são ilegais ou não. Mas insiste que governos precisam continuar alertas diante das pressões protecionistas. No total, um fluxo de comércio equivalente a US$ 240 bilhões foi afetado pelas barreiras.
No que se refere ao Brasil, a OMC aponta que 39 novas investigações de dumping foram abertas pelo País em 12 meses. O segundo lugar ficou para a Índia, com 35 casos. Os americanos vêm na terceira posição, com 34 casos. O quarto lugar é da Argentina, com 19 casos.
Nos últimos dois anos, o Brasil já vem sendo duramente questionado na OMC por sua política comercial. Na semana passada, a Europa deu claras indicações de que vai recorrer aos juízes internacionais para julgar a política de incentivos fiscais do Brasil, numa ação que pode contar até mesmo com o apoio de Washington. Bruxelas alertou que programas como o de redução de IPI foram anunciados como medidas provisórias, mas acabaram se transformando em políticas industriais permanentes no Brasil
De fato, outra preocupação generalizada da OMC é de que as barreiras adotadas desde o início da crise, em 2008, não venham sendo retiradas com o mesmo ritmo das novas medidas protecionistas.
No mundo, as medidas adotadas por governos para facilitar o fluxo de bens despencaram em 2013, somando apenas 107 casos pelo mundo e 50 a menos que em 2012. No mesmo período, o número de países que atenderam ao pedido da OMC para detalhar as medidas comerciais adotadas no ano caiu de 39 em 2012 para 35 em 2013. Quatro de cada cinco membros da OMC nem sequer comunicou à entidade o que tem feito em termos de medidas comerciais.
Em entrevista ao Estado no fim de 2013, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, já havia afirmado que um dos problemas desde o início da crise mundial em 2008 é que 80% das medidas para barrar o comércio e declaradas como iniciativas "temporárias" na realidade jamais foram desmontadas. O temor de especialistas é que, uma vez implementadas, as barreiras não serão mais eliminadas.
O que a OMC também constatou é que o número de acordos bilaterais e regionais de comércio continua em plena expansão. Apenas em 2013, houve 23 novos tratados, fazendo com que o total atingisse 250. Segundo a entidade, um número elevado continua sendo negociado, no que pode ser um obstáculo para a OMC continuar a ser o foco do comércio mundial e do estabelecimento de regras.
Comércio. No que se refere ao fluxo de bens em 2013, a OMC não esconde que a taxa de expansão ficou abaixo de 2,5%, sua previsão inicial para o ano. Segundo a entidade, se não fosse pelos países emergentes, o comércio global teria encolhido, um cenário que teria repetido a crise de 2009.
Para 2014, a OMC destaca uma aceleração nos fluxos de bens. Mas diz que a taxa deve ficar abaixo da média dos últimos 25 anos, quando o crescimento foi de 5,5%. Para este ano, o melhor cenário aponta uma expansão de 4,5%.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Comercio exterior: estao retrocendo o Brasil - OMC

Segundo o relatório da OMC de 2013, o Brasil recuou.
O "estão retrocedendo" do título pode ser lido de duas maneiras.
Os companheiros dirão que não é culpa deles, do governo, já que a crise mundial, patati, patatá...
Ou a gente pode dizer, sim, que foram os companheiros que estão retrocedendo o Brasil, já que não fizeram nenhuma reforma estrutural para preparar o país para exportar mais, mesmo num quadro de recessão, o que a China continua fazendo, por exemplo, sem onerar os seus exportadores com uma carga tributária X-rated (ops, nada a ver com o bilionário também retrocedido, aqui).
E estão diminuindo as importações por meio de uma extensa lista de medidas protecionistas, na ilusão de que o Brasil pode viver isolado do mundo.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil perde espaço no comércio internacional, mostra OMC

Por Assis Moreira | Valor Econômico,
Ana Paula Paiva/ValorBrasil perde espaço no comércio internacional, mostra OMC
GENEBRA - Relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostra que o Brasil perdeu espaço no comércio mundial. O país foi atingido nas exportações pela menor demanda global e nas importações pela desaceleração da economia e proteção adotada pelo governo.
Em termos reais, ou seja, no volume do comércio, as exportações brasileiras de mercadorias caíram 1,2% em 2012, comparado a crescimento de 3,1% em 2011 em relação ao ano anterior.
Por sua vez, as importações brasileiras caíram 2,1% em volume, ante a alta de 8,5% importado em 2011.
Essa situação é mais negativa quando se leva em conta que as exportações mundiais cresceram 2,1% e as importações subiram em 1,9% em volume - nos dois casos, menos do que o crescimento em volume de 5,1% do ano anterior.
As exportações brasileiras vêm sofrendo o impacto da menor demanda de matérias-primas da China, que por sua vez não pode exportar no mesmo ritmo para mercados em recessão, como os da União Europeia.
Em valor, a posição do Brasil como grande exportador de commodities também sofreu. Afora petróleo, os preços de commodities em geral declinaram em 2012, derrubando os ganhos do país.
Assim, em valor as exportações brasileiras também caíram mais do que a média mundial em 2012. Enquanto as trocas globais baixaram 2%, as exportações brasileiras declinaram 5% em relação ao ano anterior. O país ficou na 16ª posição entre os exportadores e sua fatia na exportação global caiu de 1,8% para 1,7%.
Do lado das importações, em valor, o Brasil também perdeu terreno, caindo uma posição para 16ª. O montante das compras externas, de US$ 233 bilhões, foi inferior em 2% ao ano anterior.
A expectativa na OMC é de que os preços das commodities em geral vão se estabilizar este ano, portanto freando a queda registrada no ano passado nos resultados do comércio.
Com relação ao comércio de serviços, as exportações brasileiras aumentaram 5% e as importações 7% em valor - muito abaixo dos crescimento de 20% do ano anterior.
Entre os Brics, sempre levando-se em conta resultado em valor, somente a África do Sul teve pior desempenho que o Brasil, com queda de 11% nas exportações. A China aumentou suas vendas em 8% e manteve-se como a principal nação comerciante com US$ 2,049 trilhões.
A Índia e a Rússia também exportaram mais que o Brasil em valor, o primeiro com US$ 293 bilhões e o segundo com US$ 529 bilhões. As vendas brasileiras alcançaram US$ 243 bilhões.
As exportações do Mercosul caíram 4% em valor as importações 3%. Já países da Ásia mantiveram as vendas com alta de 1% e as importações aumentando 6%.

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terça-feira, 26 de julho de 2011

World Trade Report 2011: Regional Trade Agreements

RESEARCH AND ANALYSIS
World Trade Report 2011
The WTO and preferential trade agreements: From co-existence to coherence


The ever-growing number of preferential trade agreements (PTAs) is a prominent feature of international trade. The World Trade Report 2011 describes the historical development of PTAs and the current landscape of agreements. It examines why PTAs are established, their economic effects, and the contents of the agreements themselves. Finally it considers the interaction between PTAs and the multilateral trading system.

Accumulated trade opening — at the multilateral, regional and unilateral level — has reduced the scope for offering preferential tariffs under PTAs. As a result, only a small fraction of global merchandise trade receives preferences, and preferential tariffs are becoming less important in PTAs.

The report reveals that more and more PTAs are going beyond preferential tariffs, with numerous non-tariff areas of a regulatory nature being included in the agreements.

Global production networks may be prompting the emergence of these “deep” PTAs as good governance on a range of regulatory areas is far more important to these networks than further reductions in already low tariffs. Econometric evidence and case studies support this link between production networks and deep PTAs.

The report ends by examining the challenge that deep PTAs present to the multilateral trading system and proposes a number of options for increasing coherence between these agreements and the trading system regulated by the WTO.

Download pdf:

> Complete report (256 pages; 8034KB)

> Contents, acknowledgements, disclaimer, DG Foreword and Executive Summary (19 pages; 820KB)

I- World trade in 2010 (22 pages; 451KB)

II- The WTO and preferential trade agreements: From co-existence to coherence
> A. Introduction(6 pages; 78KB)
> B. Historical background and current trends(46 pages; 2315KB)
> C. Causes and effects of PTAs: Is it all about preferences?(30 pages; 550KB)
> D. Anatomy of preferential trade agreements(42 pages; 1063KB)
> E. The multilateral trading system and PTAs(32 pages; 485KB)
> F. Conclusions(3 pages; 61KB)

> Statistical appendix(29 pages; 324KB)
> Bibliography(11 pages; 178KB)
> Technical notes, glossary, abbreviations and list of figures (16 pages; 859KB)

(links)

> Previous World Trade Reports

domingo, 5 de setembro de 2010

Protecionismo aumenta no mundo; relatorio da OMC

Países criam uma barreira por dia
Jamil Chade CORRESPONDENTE / GENEBRA
O Estado de S.Paulo, 5.09.2010

Medidas protecionistas tomadas em meio à crise já afetaram um fluxo de bens equivalente a US$ 1,6 trilhão no mercado internacional

Uma nova barreira comercial foi criada por dia no mundo desde que o G-20 prometeu que não recorreria ao protecionismo para lidar com a crise econômica, dois meses depois da quebra do Lehman Brothers, em 2008. Esse é, por enquanto, o legado da crise econômica internacional no comércio. Especialistas alertam que poderá levar anos para que essas barreiras sejam desmanteladas.

A proliferação de medidas ocorre à medida que setores continuam a patinar, acumulam dívidas e pressionam governos a tomar medidas para se proteger. De olho em votos e em manter as contas nacionais em dia, alguns governos vêm sucumbindo à pressão.

A análise é da organização Global Trade Alert, formada por alguns dos principais economistas da Europa e dos EUA e financiada pelo Banco Mundial. Segundo os especialistas, as medidas protecionistas estabelecidas por governos em meio à crise econômica já afetaram um fluxo de bens equivalente a US$ 1,6 trilhão no mercado internacional e as barreiras criadas em menos de dois anos já atingiram 10% do comércio mundial.

A avaliação obtida pelo Estado seria, segundo o grupo de especialistas, a principal prova que o G-20 não cumpriu sua promessa, feita de forma solene pelos presidentes, de que evitaria medidas protecionistas.

650 medidas. Desde novembro de 2008, quando a cúpula do grupo se reuniu pela primeira vez e declarou que não recorreria a barreiras comerciais, cerca de 650 novas medidas protecionistas foram adotadas em todo o mundo para frear importações ou incentivar a produção local para garantir maior competitividade contra bens importados.

Os dados contradizem a avaliação da Organização Mundial do Comércio (OMC), que monitorou o surgimento de novas medidas. Críticos alertam que, por ser formada pelos mesmos estados que aplicam as barreiras, a organização evitou entrar em choque com os governos.

Em um relatório publicado em junho, a organização afirmou que os governos não aderiram às medidas protecionistas como resposta à crise. Segundo a OMC, as medidas protecionistas, quando existiram, afetaram apenas uma fração do comércio mundial e estão em queda. Em outubro de 2008 e outubro de 2009, apenas 1% das importações mundiais haviam sido atingidas pelas barreiras. Neste ano, o volume seria de apenas 0,4%.

Mas dados obtidos pelo Estado mostram que o impacto das medidas é maior que se imaginava. Segundo o levantamento, 22 medidas atingiram um comércio de US$ 10 bilhões cada, incluindo os pacotes de estímulo nos EUA privilegiando a compra de produtos nacionais - o programa "Buy American".

Europa e Brasil. Segundo o levantamento, o maior número de medidas protecionistas foi adotado pela União Europeia. Entre as medidas está a distribuição de novos subsídios aos produtores de açúcar, o que provocou a irritação do Brasil diante da perspectiva de prejuízos para os exportadores nacionais.

Outros países que adotaram as medidas em grande número são Rússia, Argentina e Nigéria.

A discrepância entre os números da OMC e do grupo de especialistas é explicada pela decisão da organização multilateral de não avaliar o impacto dos incentivos internos criados pelos países e de lidar apenas com barreiras nas fronteiras.

"A contribuição da OMC está sendo superestimada. As medidas adotadas driblaram as regras da entidade", afirmou Simon Evenett, coordenador do grupo e professor da Universidade de St. Gallen na Suíça. "Os custos das promessas não cumpridas do G-20 aumentam a cada trimestre."

Crise de 29. Olivier Cadot, professor da Universidade de Lausanne, alerta que o comércio mundial apresentou a mesma taxa de contração que foi identificada em 1929, após a quebra da Bolsa de Nova York. Segundo ele, o comércio mundial sofreu uma queda acima de 10% no terceiro trimestre de 1929, seguido por uma queda de 7% no fim daquele ano. "O que ocorreu em 2009 foi muito similar. É algo para se preocupar", disse Cadot.

O que preocupa os especialistas é que o discurso protecionista não desapareceu e novas legislações estão sendo aplicadas. O país mais atingido é a China. Nesta semana mais uma polêmica foi aberta, desta vez com os Estados Unidos.

De olho nas eleições legislativas, a Casa Branca anunciou que vai desenvolver 14 medidas para lidar com a importação de bens que receberiam incentivos ilegais em seus países de origem, principalmente China e Vietnã.

A proposta é parte do esforço dos EUA de dobrar as exportações nos próximos cinco anos para gerar empregos. A meta havia sido estabelecida no discurso anual de Barack Obama no Congresso, em janeiro. A China reagiu imediatamente à medida e alertou que poderia ter "implicações muito graves" para o comércio internacional.

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O relatório da OMC, de 2010, sobre o comércio mundial pode ser visto aqui, em sua versão francesa: http://www.wto.org/french/res_f/publications_f/wtr10_f.htm
(versões em inglês e em espanhol também estão disponíveis)