Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Protecionismo protecionista - apud The Economist...
Paulo Roberto de Almeida
Protecionismo nao protecionista, ou promovendo o bem estar (logica a parte...)
Ele também está revolucionando a lógica formal, e criando silogismos não silogistas, se vocês me entendem...
Tudo em nome do bem estar dos brasileiros, que poderão ficar contentes ao saber que estão pagando mais caro pelos seus automóveis, mas que isso é em seu próprio benefício, que isso, na verdade, aumentará a sua renda e lhes trará melhor e maior satisfação.
Mais uma vez inovamos no plano mundial, desta vez com sérias chances a um Prêmio Nobel (ou pelo menos o prêmio IgNobil...).
Paulo Roberto de Almeida
Mantega nega que governo tome medidas protecionistas |
DCI, 23/09/2011 |
O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou ontem que o Brasil esteja
tomando medidas protecionistas e disse que os BRICS (Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul) continuarão trabalhando para evitar que
isso ocorra. Para o ministro, o aumento do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para veículos não é uma medida que vai no sentido
contrário. "Não, não é uma medida protecionista. É uma medida que
estimula investimentos locais em tecnologia", disse o ministro em meio a
risos e comentários de dezenas de jornalistas presentes durante
entrevista coletiva após reunião dos BRICS.
Pouco antes, Mantega havia dito que é preciso evitar cair na tentação do protecionismo. "Sempre que a economia mundial entra em crise temos depreciação dos mercados e aumenta a tentação do protecionismo. Devemos combater e temos combatido isso. Deveremos continuar defendendo a liberdade de comércio para evitar o protecionismo", disse. E acrescentou: "Entre os BRICS, estamos combinando que devemos intensificar o comércio, portanto eliminar eventuais barreiras comerciais entre nós". Mantega voltou a tratar como normal a forte desvalorização do real ante o dólar e das demais moedas emergentes. Ontem, em nota divulgada pelo Ministério da Fazenda, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) informou que a decisão judicial (liminar) obtida pela Montadora Chery na Justiça Federal do Espírito Santo, já está sendo combatida tanto pela Procuradoria Regional da Fazenda Nacional no Rio de Janeiro, como pela Procuradoria da Fazenda Nacional no Espírito Santo, através das medidas judiciais cabíveis perante o Tribunal Regional Federal da Segunda Região (RJ). Sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin 4.661), ajuizada ontem pelo Partido Democratas (DEM), junto ao Supremo Tribunal Federal, a PGFN comunicou que já elabora subsídios para atuação da Advocacia Geral da União, perante o STF, na defesa da constitucionalidade dos arts. 5º e 6º da MP 540 e Decr. 7.567/2011, que reduziram as alíquotas de IPI para os fabricantes de carros nacionais. |
O Brasil brilhou na ONU - Editorial do Estadao
A presidente impressionou
Mais inflacao e mais protecionismo pela frente: promessas explicitas...
Não existe nenhum risco de que o Brasil deixe de ser o Brasil no futuro previsível.
Vamos esperar mais uma ou duas décadas...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma critica os 'manipuladores de moeda' em artigo no 'FT'
Cristiano Romero - Valor Econômico, 23/09/2011BRASÍLIA - Em artigo que será publicado amanhã no jornal inglês "Financial Times", a presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil vai “lutar contra os manipuladores de moeda”. Em tom duro e direto, a presidente afirmou que países em desenvolvimento que adotam regimes de câmbio flutuante, como o Brasil, estão sendo “ameaçados” e forçados a adotar medidas prudenciais para proteger suas economias e moedas nacionais.
“Não vamos sucumbir às pressões inflacionárias vindas de fora”, advertiu Dilma, para em seguida deixar claro que, neste momento, a redução da inflação não é um valor absoluto em si. O governo não abrirá mão do crescimento da economia. “Com firmeza e serenidade, vamos manter a inflação sob controle, sem ter que desistir do crescimento econômico, que é essencial se nós formos promover inclusão social.”
Em outro trecho do artigo, a presidente fez defesa enfática da presença do Estado na economia. “O país fortaleceu empresas controladas pelo Estado, como a Petrobras, a Eletrobrás e os bancos públicos, para induzir o desenvolvimento”, assinalou.
Dilma, que está fazendo neste momento, em Nova York, sua estreia num palco multilateral (a Assembleia-Geral das Nações Unidas), criticou os países ricos que, segundo ela, têm usado suas moedas-reserva para aumentar a liquidez internacional, “sem um sentido de bem coletivo”.
“Eles estão se valendo de taxas de câmbio desvalorizadas para assegurar sua participação nos mercados globais. Essa onda de desvalorizações competitivas, unilaterais, cria um círculo vicioso que leva ao protecionismo cambial e comercial”, acusou a presidente no artigo do FT.
Por fim, Dilma atacou o protecionismo, mas, ao mesmo tempo, defendeu a adoção de mecanismos de defesa comercial, amparados nas regras da Organização Mundial do Comércio (ONU), uma clara referência às medidas adotadas pelo governo na semana passada para banir a importação de carros da China e da Coreia do Sul. Segundo a presidente, o Brasil “não permitirá que sua indústria seja prejudicada pela competição desleal”.
Tentando entender declaracoes economicas: se alguem entendeu, me ajude, por favor...
Ou quem desembarca de Marte, da Lua, wherever...
Vejamos: o que isto quer dizer?:
"...o governo enfrenta a volatilidade do dólar com tranquilidade, e avisou que “ainda” não foram adotadas medidas extraordinárias para acalmar o nervosismo do mercado."
PRA: O governo vai acalmar o nervosismo do mercado? My God: nosso governo é mais poderoso do que todo o G20 reunido...
E isto aqui?
"Também ainda não compramos dólares em quantidade, porque acredito que as coisas vão se ajustar. Mas estamos prontos, completamente prontos."
PRA: Ou seja: senhores especuladores, preparem-se. Podem vir quentes que eu estou fervendo. Portanto, tragam seus dólares, ao preço que for, que eu compro. Quanto mais melhor. E saibam que se aplicarem em títulos do nosso governo sempre tão generoso, vocês têm direito a uma gorda remuneração, cinco ou seis vezes do que vocês poderiam ganhar em qualquer outro mercado. Portanto, venham, seus felizardos...
E ainda esta aqui, sobre a Grécia?:
"Além de vender o Parthenon, o que mais que ela pode vender? As ilhas gregas? Não acho que essa solução seja correta. Eu não posso te convidar para uma festa de debutantes e não deixar você comer o bolo."
PRA: Bolo? Eu também quero. Mas a Grécia pretende ter o bolo e também comer o bolo? Uau! Essa é mágica, e sempre leio algo semelhante quando analistas abordam algum equívoco econômico, ou seja: comer o pudim e ainda assim ficar com o pudim. Entenderam?
Finalmente, vamos ajudar, mas não contem com o nosso dinheiro...
" 'Uma das nossas responsabilidades é garantir que a economia internacional não tenha um crescimento muito baixo. É uma responsabilidade dos emergentes, porque somos o segmento hoje que segura o crescimento internacional e queremos participar da solução'.
PRA: Eu só gostaria de saber quanto valem esses "recursos políticos". Se a Grécia, por exemplo, quiser resolver definitivamente seus atuais problemas econômicos, com quais, ou quantos, "recursospolíticos" ela pode contar? E o Brasil, não vai dar nenhum?
Perguntas ao léu...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma: governo está pronto para agir no câmbio |
Cristiane Jungblut e Fernanda Godoy |
O Globo, 23/09/2011
NOVA
YORK e WASHINGTON. A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o
governo enfrenta a volatilidade do dólar com tranquilidade, e avisou que
“ainda” não foram adotadas medidas extraordinárias para acalmar o
nervosismo do mercado. Ela deixou claro que o governo está
“completamente pronto” para isso, se necessário. A presidente, que
encerrou ontem a viagem de cinco dias a Nova York, disse que o Brasil
tem que se preparar para a nova fase da crise global, que será de
recessão ou estagnação prolongada.
Dilma disse não
acreditar que a economia internacional sairá da crise adotando mais
medidas recessivas e cobrou uma solução imediata para a Grécia. Sobre a
inflação brasileira, reiterou que a preocupação é constante. Segundo
ela, como o Brasil sofre as consequências indiretas da crise na Europa e
nos EUA, o país tem o direito de discutir as saídas:
—
Não estamos tomando ainda nenhuma medida não usual. São as mesmas
medidas de sempre, como swaps. Também ainda não compramos dólares em
quantidade, porque acredito que as coisas vão se ajustar. Mas estamos
prontos, completamente prontos. Não somos responsáveis pela crise e não
somos aqueles que sofrem a crise diretamente, não há a menor dúvida. Mas
também não se pode alegar que não soframos as consequências indiretas
da crise — afirmou a presidente.
Após conversar
com os presidentes dos EUA, Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy, e
com o premier britânico, David Cameron, Dilma disse que a solução para a
crise na Grécia não pode esperar até a reunião do G-20, em Cannes
(França), nos dias 3 e 4 de novembro.
— É
importantíssimo que a prioridade seja dada à solução da crise soberana,
que se constitua um processo de resgate ordenado da Grécia, que delimite
os efeitos e as consequências da situação grega, impedindo que ela
afete outras economias.
A presidente criticou a política da União Europeia (UE) para a Grécia:
—
Não creio em uma saída que obrigue a Grécia, sistematicamente, a fazer
cortes de 20%, cortar todo o seu funcionalismo público, vender o
Parthenon. Além de vender o Parthenon, o que mais que ela pode vender?
As ilhas gregas? Não acho que essa solução seja correta. Eu não posso te
convidar para uma festa de debutantes e não deixar você comer o bolo.
Dilma reiterou que o Brasil está sempre preocupado em combinar crescimento com controle da inflação.
—
Tudo indica que a tendência internacional é deflacionária. Mais cedo ou
mais tarde, essa característica vai ocorrer no mundo. Nossa preocupação
com a inflação é perene. Sempre o nosso olhar está divido entre olhar a
inflação e, ao mesmo tempo, sustentar o crescimento. E combinar essas
duas formas de perceber a questão.
Para Mantega, alta do dólar é aversão a risco
Segundo ela, o país “não pode ficar pregando receituários para o mundo”, mas quer assumir suas responsabilidades:
—
Uma das nossas responsabilidades é garantir que a economia
internacional não tenha um crescimento muito baixo. É uma
responsabilidade dos emergentes, porque somos o segmento hoje que segura
o crescimento internacional e queremos participar da solução.
Dilma
afirmou que o Brasil está disposto a contribuir politicamente para a
solução da crise, mas não dará dinheiro de suas reservas para um fundo
de estabilização:
— Vou muito claramente ao ponto:
o governo brasileiro não acha que nós solucionaremos o problema
europeu, por exemplo, colocando o dinheiro das nossas reservas no fundo
de estabilização, porque não é esse o problema. Nós faremos qualquer
medida que o mundo reparta entre si desde que fique claro qual é o
caminho que querem adotar. Não achamos que a questão é falta de
dinheiro, mas falta de recursos políticos.
Ao
falar sobre guerra cambial, Dilma voltou a criticar a falta de
articulação internacional para a formulação de políticas
macroeconômicas, e criticou as políticas monetária e de juros do Fed (o
banco central americano):
— Mesmo entendendo por
que é importante para alguns países expandirem a sua política monetária e
colocar seus juros a zero, este fato cria uma competitividade indevida.
Enquanto houver esse tipo de procedimento, haverá guerra cambial.
Dilma
disse que a valorização recente do dólar não foi um fato isolado no
Brasil, mas sim um movimento internacional. Já o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, avaliou ontem como um movimento normal a desvalorização
do real em relação ao dólar, como parte de uma aversão a risco:
—
Estamos tendo um movimento paradoxal, porque até recentemente era o
dólar que estava se desvalorizando. Mas quando o risco aumenta, o
movimento é contrário.
COLABOROU Fernando Eichenberg
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Brasil: para trás, a toda velocidade (num carro nacional...)
Lógica perversa |
João Luiz Mauad |
O Globo, 23/09/2011
Ainda
no início de agosto, quando do lançamento do Plano Brasil Maior, já era
possível imaginar as reais intenções do governo e apaniguados em termos
de “política industrial”. Embora o objetivo oficial do plano fosse
“aumentar a competitividade da indústria nacional, a partir do incentivo
à inovação tecnológica e à agregação de valor”, tudo mais fazia crer
que iríamos mesmo descambar para velhas políticas protecionistas, que,
na prática, são exatamente o oposto do que normalmente chamamos de
competitividade.
Dentre os vários sinais embutidos
no escopo do plano, um era clamoroso: a nomeação de 14 representantes
da dita sociedade civil para compor o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Industrial (CNDI), que será o “nível superior de
aconselhamento institucional do Plano”. Entre os empossados, estavam
empresários, sindicalistas e presidentes de entidades de classe, porém,
sugestivamente, não havia um representante sequer do grupo mais
interessado: os consumidores (porque pagam a conta).
Pois
bem, foram necessários apenas 45 dias para que o governo cedesse ao
forte lobby e resolvesse aumentar as alíquotas do IPI para veículos
importados, decisão que o jornal inglês “Financial Times” avaliou como
possível início de uma guerra comercial. Pensando bem, esta talvez seja
mesmo a definição mais adequada para uma decisão que foge completamente à
lógica econômica mais elementar. Resta saber quem serão os vencedores e
os perdedores.
Durante as guerras — não as
metafóricas, mas as reais —, a primeira coisa que os exércitos procuram
fazer é inutilizar as linhas de suprimento do inimigo. É absurdo,
portanto, que em tempos de paz os nossos próprios governos façam
exatamente aquilo que um eventual inimigo faria em tempo de guerra:
obstruir a livre circulação de mercadorias.
A
prosperidade de uma nação se mede não pelo dinheiro em circulação, mas
pela quantidade de produtos e de serviços disponíveis para consumo, a
preços acessíveis. Quanto mais abundante for o mercado, não importa a
proveniência dos bens, maior será o conforto dos cidadãos. O comércio em
geral é uma consequência lógica dos processos de especialização e
divisão do trabalho. Quanto mais amplo for este processo, melhor para
todo mundo. O fim de toda a atividade econômica é o consumo. O trabalho,
portanto, é apenas o meio utilizado para alcançarmos aquele fim.
O
foco da política econômica no trabalho e na produção, e não no consumo,
está na raiz da maioria dos problemas econômicos criados pela
intervenção dos governos na economia. É a oferta que deve estar voltada
para as necessidades e anseios do consumidor, e não o inverso. Fazer do
consumidor um mero instrumento para beneficiar empresas é estupidez.
A
malfadada política nacionalista, apelidada de "substituição de
importações", executada no passado através de reservas de mercado, cotas
e tarifas de importação, controles de câmbio e desvalorizações
periódicas da moeda, foi a principal responsável pelo retardamento
técnico da nossa indústria. Progresso tecnológico exige investimentos
maciços em pesquisa e desenvolvimento, fato que só ocorre em ambientes
competitivos, onde as empresas brigam incessantemente pelas menores
fatias do mercado, vale dizer, para satisfazer o consumidor. A lei de
reserva de mercado para a informática ainda é o melhor exemplo de como
esse tipo de política é contraproducente.
Ademais,
a própria premissa de que se estaria preservando empregos domésticos
através do aumento de tarifas alfandegárias é falsa, pois o dinheiro
gasto a mais por um automóvel, para benefício de algumas poucas
empresas, deixará de irrigar tanto a poupança (geradora de novos
investimentos) quanto o consumo de outros bens e serviços - cuja
produção gera empregos para outras categorias de trabalhadores.
Em
resumo, a ação do governo acarretará os seguintes resultados:
transferência forçada de renda dos consumidores para meia dúzia de
empresários; proteção de uma indústria ineficiente; manutenção de alguns
empregos num determinado setor, em detrimento de outros tantos em
outros setores; redução de novos investimentos.
Será
que a boa política econômica deve incentivar a escassez e a carestia,
no lugar de facilitar a abundância e os preços baixos? Qual é a
racionalidade dessas leis, que operam dentro de uma lógica perversa
segundo a qual todos nós (consumidores) devemos ser forçados a sustentar
empresas nacionais cujo maior “mérito” é dispor de um lobby agressivo e
muito bem articulado?
JOÃO LUIZ MAUAD é administrador de empresas.
|
O Fim do Capitalismo: apertem os cintos, escrevam testamentos...
O colapso neoliberal
por "X", em "Y", 22/09/2011
(...)
...o fato é que nenhuma economia sobrevive eternamente apenas com os truques da financeirização, com papéis girando no vazio, sem lastro nem produção material que a sustente.
E o novo hegemon? Conceição é categórica: “As forças que se articularam na sociedade norte-americana – basicamente forças conservadoras, de um reacionarismo profundo – não têm condições de produzir uma nova hegemonia propositiva. Claro, eles têm as armas de guerra. E vão se impor através delas por mais algum tempo. Mas daí não sai um novo hegemon. Vamos caminhar para um poder multilateral, negociado, sujeito a contrapesos que nos livrarão de coisas desse tipo, como a ascendência do Tea Party nos EUA. Uma minoria que irradia a treva para o mundo.”
(Fim da transcrição)
PRA: Pois é: o mundo vai ficar terrível com todas essas catástrofes anunciadas. Melhor abolir o capitalismo, certo? Façam seus testamentos...
Arapongas unidos, jamais serao vencidos...
Nada como um dia depois do outro...
Paulo Roberto de Almeida
Senado pretende votar Lei de Acesso a Informação na semana que vem
De acordo com senador Romero Jucá (PMDB-RR) o Senado deverá votar o projeto de lei que regulamenta o acesso a informação assim que a pauta do Plenário estiver liberada
por Mariana Haubert
Congresso em Foco, 22/09/2011 |
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou na tarde de hoje (22) que assim que abrir uma janela no trancamento da pauta do Plenário da Casa, o que pode acontecer já na semana que vem, o projeto de lei 41/2010 que regulamenta o acesso a informação pública deverá ser finalmente votado. De acordo com o senador, o projeto é uma das prioridades do governo no Congresso e já foi concedido tempo suficiente para que fosse discutido nas comissões. O projeto chegou ao Senado em abril do ano passado.
De acordo com o senador, os integrantes da base aliada que forem contrários ao texto enviado pela Câmara poderão apresentar voto em separado, caso do senador Fernando Collor (PTB-AL), relator do projeto na Comissão de Relações Exteriores.
No entanto, ficou decidido na reunião ordinária da CRE, hoje pela manhã (22), que será votado na próxima semana um requerimento do senador Francisco Dornelles (PP-FJ) para realizar audiência pública com o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general José Elito Carvalho Siqueira, para debater o projeto sobre acesso a informação.
Presidente da comissão, Collor aproveitou para criticar a resposta que o GSI enviou sobre o pedido de informação feito na semana passada pelo senador. Das oito perguntas, apenas quatro foram respondidas, e as respostas foram classificadas como “genéricas” por Collor. A senadora Ana Amélia (PP-RS) sugeriu que um novo requerimento seja enviado ao GSI. Porém, o senador Aníbal Diniz (PT-AC) informou que pediria verificação de votação, caso o requerimento fosse votado. Por isso, Collor desistiu de votar, uma vez que não haveria quórum suficiente. Manifestaram-se a favor do novo requerimento os senadores Sérgio Souza (PMDB-PR) e Luís Henrique (PMDB-SC).
De acordo com o GSI, existem apenas dois documentos classificados como ultrassecretos no governo federal. O general José Elito informou ainda que existem documentos classificados como secretos (4.116); confidencial (56.644) e reservados (8.344). De acordo com a resposta, o GSI produz por ano cerca de 2.850 documentos sigilosos e 1.860 “documentos ostensivos”.
Collor disse estranhar que existam apenas dois documentos ultrassecretos, enquanto a “esmagadora maioria” seria de documentos confidenciais.
Acrescentou ainda que, de acordo com a resposta obtida do governo, o ministro confirma não só haver subscrito o PLC 41/10 como também haver participado das discussões sobre o texto original do projeto. Segundo o senador, o documento enviado pelo GSI não esclarece se o número mencionado de documentos classificados inclui os referentes à Agência Brasileira de Informação (Abin). – O GSI informa que acompanha tramitação e aguarda a eventual aprovação do projeto, para posterior adaptação do órgão às novas regras. Coloca-se em posição passiva diante da matéria, apesar de ser talvez o maior interessado na nova lei – disse Collor, ao comentar a resposta obtida.
Collor ainda relatou diversas conversas sobre o tema mantidas com integrantes do governo, incluindo o ex-ministro chefe da Casa Civil Antônio Palocci e a presidenta Dilma Rousseff. Ainda que o pedido de urgência do governo pela aprovação do projeto tenha sido enviada há mais de três meses, o senador disse ter sido pego de surpresa e reiterou a necessidade de maior debate sobre a matéria na comissão.
O senador também disse que “os acordos internacionais hoje existentes sobre a matéria viabilizam a troca de informações sigilosas, bem como o credenciamento de pessoas envolvidas em negociações de caráter sigiloso. Até o momento, o Brasil celebrou tratados sobre a matéria com seis países: Portugal, Espanha, França, Rússia, Israel e Itália”.
Eu troco a sua nota de dolar por 50 centavos: que tal?
Eu acho que a Grécia poderia ir inclusive um pouco mais longe e fazer como a Argentina, que deu apenas 30 centavos de dólares para cada dólar detido por seus credores.
Me parece uma troca mais justa e apropriada ao momento.
Never mind que depois a Argentina ficou por dez anos fora dos mercados financeiros, só tendo o consolo de ver seu amigo Hugo Chávez comprar cinco ou dez bilhões de dólares de seus novos títulos da dívida (mas tendo de pagar 14% de juros por isso).
Não é problema. O essencial é dar uma de macho e aplicar um calote merecido nesses credores ingênuos que pensaram que iriam lucrar muito com os nossos global bonds e que agora vão ter de acordar para a realidade.
Nada como um calote depois do outro...
Paulo Roberto de Almeida
Grécia admite calote e sugere desconto de 50% na dívida
De acordo com o jornal local, ministro de Finanças apresentou aos parlamentares do Partido Socialista três cenários possíveis para a Grécia
Do mercado regional ao federal, do Brasil para o mundo...
Deputado afirma que 30% dos colegas da Assembleia de SP vendem emendas
Ministério Público vai investigar denúncia feita em vídeo por Roque Barbiere (PTB), integrante da base governista
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
El Profesor Al Reves se pone religioso (por telefono)
Venezuela: Chávez interviene en una misa en Nueva York
Nueva York, 21 septiembre 2011
- La misa por chávez se celebró en la iglesia River Side de Nueva York, a la que acudieron el canciller venezolano, Nicolás Maduro, y el presidente boliviano, Evo Morales, ambos en los EEUU para asistir a la Asamblea General de la ONU.
Hugo Chávez se comunicó desde Cuba, donde se recupera de su cuarta sesión de quimioterapia para combatir el cáncer que padece desde mediados de año. Durante la jornada del último miércoles 21 de septiembre y de este jueves 22, se sucedieron varias misas para pedir por la salud del bolivariano.
En la que se desarrolló en la iglesia River Side de Nueva York, a la que acudieron el canciller venezolano, Nicolás Maduro, y el presidente boliviano, Evo Morales -ambos en los EEUU para asistir a la Asamblea General de la ONU-, la llamada telefónica sorprendió a todos.
“Aló, are you hearing me? (hola, ¿me oyen?, en inglés)”… Quienes acudieron a la misa reconocieron inmediatamente la voz de quien se escuchaba por los altoparlantes de la iglesia. Hugo Chávez aseguró que terminó “muy bien” su cuarto ciclo de quimioterapia, que espera que “sea el último”.
Quería saludarlos y prometerles que pronto estaré en el Bronx de nuevo y en Nueva York y ahí en River Side estaremos rezando”, dijo el mandatario durante la misa, retransmitida en directo por la estatal Venezolana de Televisión.
“Estoy terminando ahora mismo aquí en La Habana el último día del cuarto ciclo de quimioterapia y esperamos que sea el último, que sea suficiente para cerrar definitivamente esta página dura que me ha tocado vivir en estos últimos tres, casi cuatro, meses, de algo inesperado”, aseguró Chávez. Y agregó: “Tú sabes que la quimioterapia es dura, hay que asimilarla, la he asimilado muy bien, gracias a Dios”.
Chávez prometió no hablar “tanto como Evo (Morales)” hizo durante su intervención en la Asamblea General de la ONU, a la que el venezolano no pudo asistir debido a su convalecencia. Además, aprovechó la oportunidad y volvió a defender al dictador Muammar Khadafi. E insistió con que se detenga la “locura mundial” que se desarrolla en Libia.
Minutos más tarde, Chávez escribió en su cuenta @chavezcandanga de la red social Twitter: “Gracias, mil gracias a todos y a todas allá en la Iglesia Riverside de Nueva York! Me uno a sus oraciones por la VIDA! Arpa,cuatro y maracas!”.
El líder bolivariano fue operado de un tumor maligno a mediados de junio pasado, y desde esa fecha comenzó el tratamiento en la isla y en Caracas, alternadamente. Sin embargo, como Chávez es el único vocero de su enfermedad, aún se desconoce qué tipo de cáncer padece y en qué estado se encuentra la enfermedad.
Governo entreguista?: parece que sim...
. A presidente da ACI, Fátima Daudt, não usou meias palavras para mostrar sua oposição ao evento da Apex:
- Exportar empresas e empregos, construir um espaço oficial de oferta para a transferência das mesmas para República Dominicana dentro do solo brasileiro numa Feira setorial e trazer técnicos dominicanos no intuito de atrair investidores para aquele País parece-nos um equívoco grave.
. A Fiergs nada disse até agora, mantendo-se na posição de nova grande muda do meio empresarial do Estado.
. A reação ao seminário da Apex, já resultou em protestos semelhantes nos Vales do Sinos e Paranhana, onde concentram-se 90% das fábricas de calçados e componentes do Estado.
. A Apex prometeu trazer técnicos do governo da República Dominicana ao RS, para demonstrar as vantagens fiscais, cambiais e logísticas do País, uma república localizada na ilha que divide com o Haiti, próxima aos Estados Unidos.
. Além dos representantes do governo federal brasileiro e técnicos dominicanos, a Apex também incluiu um case do próprio Vale do Sinos, no caso a Paquetá, que fechou suas fábricas de Sapiranga e resolveu levar produção, empregos e renda para Santo Domingo.
. A ACI não se opõe a implementação de plataformas industriais no exterior, mas não admite que fábricas sejam fechadas no RS e levadas para outros Países - e principalmente com o estímulo e o apoio do governo federal, no caso a Apex. Sobre isto, disse a presidente, Fátima Daudt:
- Isto nos causa indignação e surpresa.
CLIQUE AQUI para ampliar e ler a carta enviada hoje para o presidente da Apex.
A conspiração mundial contra o Brasil - CQD
Enfim, eu já demonstrei várias vezes, como somos vítimas de uma conspiração mundial contra a nossa economia, todos fazendo concorrência predatória, comércio desleal, dumping de produtos baratos e de má qualidade. Como vamos suportar isso.
Ainda bem que o governo está atento.
Como demonstra também este professor...
Paulo Roberto de Almeida
Carroças: o retorno | ||
Samir Keedi | ||
DCI, 22/09/2011
Recentemente
publicamos um artigo sobre os problemas do Brasil com a competitividade
da China. Em que não conseguimos fazer o que eles fazem. E, deixamos
claro que a culpa não é deles, mas nossa. Fazemos tudo errado e culpamos
os outros. Acabamos de ver no noticiário de jornal de 16/09 mais um
absurdo. O Ministério dos Transportes, depois de todos os problemas
havidos, 27 afastamentos, inclusive do Ministro, se autoconcedeu 100% na
avaliação de desempenho institucional.
Claro está que, se os princípios são errados, se as aplicações são inadequadas, o resultado só pode ser catastrófico. Em avaliações idem. Acreditamos que ninguém ainda aprendeu a plantar laranjas e colher camarões. Só se colhe o que se planta. No Brasil é fácil fazer errado. Avaliar errado. A política é tudo. Os interesses individuais idem. O governo se arvorar em dono do brasileiro, e não seu representante, é hábito antigo. Só não é milenar por ainda estarmos na metade desse tempo de existência. Aqui, o que mais gostamos de fazer é criticar os demais países pela sua competência. Se não podemos elogiar a nossa, criticamos a alheia. Se não podemos ou queremos seguir, desancamos os demais. É o caso da China, em que preferimos criticá-los ao invés de melhorarmos nossos procedimentos. Suponhamos ser mais adequado do que baixarmos as taxas de juros a níveis decentes. Mundiais. Também é melhor do que reduzirmos a carga tributária a níveis suportáveis. Para a média mundial. Em especial considerando nosso patamar de desenvolvimento. E agora, também nos jornais de 16/09/11, tivemos o desprazer de ler o nosso epitáfio. Sim, nossa inscrição tumular, elogio fúnebre. A nossa sentença de morte econômica. Como se sabe, os carros estrangeiros vêm ganhando mercado no Brasil. As importações estão crescendo. Claro que não é difícil saber por que. O carro aqui é o mais caro do mundo. Compra-se o mesmo carro nos EUA por menos da metade do preço daqui. E lá a renda per capita é 5-6 vezes a nossa. E não é só lá. No Chile também. E outros países. A carga tributária sobre o automóvel aqui é insana. Tanto no estrangeiro quanto o nacional. O carro estrangeiro tem a mais alta alíquota de imposto de importação dentre todas as mercadorias. De 35%. Afora os demais impostos incidentes como o IPI, ICMS, PIS, Cofins. O automóvel brasileiro tem metade do seu preço realizado em impostos. Não somos competitivos de modo algum. Mesmo com redução de impostos ainda ficaríamos mais caros. Sem nenhum imposto em nosso carro, ainda assim ele seria mais caro que nos EUA. Parece que nossas colocações estão fora de contexto. Parecem mais uma piada de mau gosto do que realidade. Mas, é isso mesmo. O nosso país é que é surreal. Parece estar fora do mundo. É autista. E agora a situação acaba de piorar. O governo, monopolista em fazer bobagens e cometer suicídio, acaba de anunciar uma medida desastrosa. A elevação em 30 pontos percentuais do IPI - Imposto sobre produtos industrializados para automóveis e caminhões importados, que venham de fora do Mercosul ou do México. A menos que os veículos tenham 65% de conteúdo nacional ou regional. Os carros com até mil cilindradas terão o IPI majorado de 7% para 37%. Os de mil a duas mil cilindradas de 11-13% para 41-43%. A entrar em vigor em 60 dias. Vigorando até 31/12/2012. Por ora. Como é um país de provisórios permanentes, aqui podemos, facilmente, prever o futuro, como Nostradamus. E agora, o melhor de tudo sobre a notícia. Isso é para melhorar a competitividade do automóvel brasileiro e estimular a produção no país (sic). E assim caminha a humanidade no Brasil. Vamos aumentar, segundo o governo, em 25-30% os preços dos carros estrangeiros, para tornar os nossos mais competitivos. Medida para defesa do emprego dos brasileiros. Em primeiro lugar, num flagrante desrespeito à OMC - Organização Mundial do Comércio. Que proíbe a discriminação entre produtos locais e importados e não permite exigência de conteúdo nacional. Portanto, podendo ser contestado na OMC. Em segundo lugar, pasme, o carro importado representa hoje apenas 6% dos veículos vendidos no país. Um tiro de canhão para matar uma mosca. Vide bem caro leitor. Para matar um carrapato, mata-se o animal. É bem Brasil. Ao invés de redução de impostos. De redução da carga tributária. De aumento nos investimentos. De redução dos encargos sobre a mão de obra. Ao invés de medidas econômicas lógicas para tornar o produto nacional competitivo, aumentamos os impostos sobre os estrangeiros. E, claro, já sabemos que este é o melhor caminho para voltarmos a ter carroças. Aquelas mencionadas pelo presidente da república ao abrir a economia há duas décadas. Ao invés de exigirmos competência, damos proteção, e elas não precisam se aprimorar. É a volta da reserva de mercado. Obviamente que a maioria dos brasileiros, como bem sabemos, fará esta leitura. Mas não nós. É claro que à parte de, no país, não sabermos muita coisa sobre economia e política econômica. À parte de termos uma carência de bons economistas. À parte de qualquer coisa, sabemos que isso tem, sem sombra de dúvida, o claro objetivo de aumento de impostos e da carga tributária. Não se fala em outra coisa há meses, em especial nas últimas semanas. Haja saúde. Assim, nossos gênios econômicos acabam de tirar da cartola mais um aumento de impostos. E, claro, aplaudidíssimos pela incompetente indústria nacional de veículos. Que, claro, pode ser transposta a qualquer outra.
Samir Keedi é bacharel em Economia, professor universitário.
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Mas aqui em Brasília não têm ônibus: se jã não fossem insuficientes, várias linhas estavam de greve, hoje.
Bem, sempre se pode pensar em ter uma bicicleta.
Mas parece que o governo não ajuda.
Pois é... sempre é a tal de "concorrência desleal".
O Brasil deve er o país que mais sofre no mundo com essa concorrência "predatória".
Deve ser uma conspiração mundial contra o nosso país, coitadinho...
Paulo Roberto de Almeida
Governo aumenta imposto de importação de bicicletas e já estuda elevar IPI
Lobby foi feito pelos fabricantes que estão na Zona Franca de Manaus
São Paulo – Com todas as atenções voltadas ao aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados, uma decisão do governo passou despercebida. As bicicletas trazidas do exterior tiveram o imposto de importação elevado e já há estudos no Ministério da Fazenda para subir o IPI a exemplo do que aconteceu com os veículos.
A Câmara de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento aprovou, há duas semanas, a elevação da alíquota de 20% para 35%, que é a máxima permitida pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). A justificativa para a mudança foi que “o aumento das importações está reduzindo a competitividade da indústria nacional”.Os pneus de borracha utilizados em bicicletas também tiveram a alíquota elevada de 16% para 35%.
No próprio site do ministério há uma nota da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) comemorando a decisão. “É uma vitória de grande impacto para o Polo Industrial de Manaus.”
“As bicicletas vêm apresentando neste ano incremento acentuado na produção, mas, de igual forma, vinham sofrendo com a concorrência desleal dos similares importados. Nesse caso, tanto o bem final quanto um dos seus principais componentes – os pneumáticos para bicicletas, cuja produção em Manaus é a única do país – devem ter ganho de competitividade, fortalecendo a cadeia produtiva regional”, diz a superintendente da SUFRAMA, Flávia Grosso.
A deterioracao da politica economica no Brasil
Lula presidente não perdia a oportunidade de apresentar seu governo como o introdutor de tudo de bom que acontecia no país. Mas, enquanto atacava a herança maldita de FHC, mantinha intacto o tripé da política econômica herdada, o regime de metas de inflação com Banco Central independente, câmbio flutuante e superávit primário nas contas públicas.
A presidente Dilma está fazendo o contrário. Elogiou FHC pela estabilização do Real, diz que as bases macroeconômicas estão mantidas, mas na prática vai lentamente desmontando o tripé (ou flexibilizando, se quiserem).
Em comum, a mesma atitude: falar uma coisa e fazer outra. Só que com os sinais trocados. Alguns analistas entendem isso como uma manifestação de independência que Dilma estaria tomando em relação à herança lulista.
Errado.
Dilma está fazendo na política econômica o que Lula gostaria de ter feito há muito tempo. E que começou a fazer nos dois últimos anos de seu governo. Com o (bom) pretexto de combater a crise internacional de 2008/09, Lula colocou de lado a contenção do gasto público e aumentou as despesas de várias maneiras, mantendo-as em expansão mesmo quando as coisas se acalmaram. Mais do que isso, recuperou o discurso de que gastar é sempre bom e que sempre é possível aumentar os impostos.
No ano passado, eleitoral, Lula finalmente conseguiu dobrar o Banco Central de Henrique Meirelles, levando a instituição a suspender a alta de juros para não atrapalhar a campanha de Dilma. Lembrem-se: para fazer aquilo o BC construiu um cenário de queda de inflação que gerou muita desconfiança na ocasião e que não se materializou.
Veio, então, o BC de Dilma, com Alexandre Tombini na presidência, que começou subindo juros, diante da evidência de uma inflação em alta. Mas logo deu um cavalo de pau e começou a reduzir a taxa, surpreendendo mesmo os analistas mais afinados com os argumentos oficiais. Foi uma virada semelhante à de 2010 e com o mesmo conteúdo político de enquadrar-se na linha explicitada pelo governo.
O câmbio flutuante foi flexibilizado de diversas maneiras. E o superávit primário tem sido obtido até aqui graças a uma arrecadação excepcionalmente elevada. Os gastos governamentais continuam em alta e se programa mais elevação no ano que vem.
A volta do protecionismo explícito - como, por exemplo, a elevação abrupta do imposto sobre carros importados - é mais um dado a indicar que a presidente Dilma move sua política econômica na direção do chamado "desenvolvimentismo", com forte intervenção do governo, gastos públicos subindo, subsídios e proteção para determinados setores, os amigos da casa, e tolerância com a inflação.
O economista Mario Cimoli, diretor da Cepal, desenvolvimentista, disse uma vez que a melhor política econômica para a América Latina seria uma combinação brasileiro-argentina. Do Brasil, a política industrial com seu braço principal, o BNDES. Da Argentina, a política monetária e cambial, com juro baixo, moeda desvalorizada, não importando a inflação elevada.
Pode até não ser exatamente assim, mas que parece, parece.
E sabem qual a ironia dessa história? É a política econômica que José Serra adoraria fazer.
Eis por que a presidente Dilma dificilmente enfrentará oposição nessa sua guinada. Tucanos estão ou iludidos com os elogios formais feitos pela presidente ou gostando dessa política econômica ou interessados em embarcar em algumas canoas do governo (como faz o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin).
Os democratas podem fazer algum sucesso no combate ao aumento de impostos, mas não é muito.
Tudo considerado, não haverá uma guinada radical, mesmo porque muitas das normas de política econômica estão definidas em lei, como é o caso da responsabilidade fiscal. É a nossa sorte. Ninguém espera uma explosão da inflação, mas algo perto de 7% ao ano por um bom tempo (que é alta). O governo estará sempre tratando de arrecadar cada vez mais para gastar mais. E, sem reformas, ficaremos com uma economia irregular, com o custo Brasil muito elevado para todos e sendo aliviado para alguns setores, com muito consumo (inclusive do governo) e pouco investimento. Cresce aqui e ali, dependendo do mundo, mas não deslancha de modo consistente.
Continuamos precisando de algo como um novo Plano Real, para derrubar juros e impostos de forma duradoura.