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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Origens e itinerário do desenvolvimento brasileiro (Albert Fishlow) - resenha por PRA


Começo transcrevendo a primeira resenha que produzi para a revista do Ipea, que simplesmente desapareceu do site da revista. Ela tinha sido preparada para o número zero da revista, depois foi "esquartejada", reduzida a pedacinhos e publicada no número 1.

1. “Origens e itinerário do desenvolvimento brasileiro”, Brasília, 2 junho 2004, 2 p. Resenha do livro de Albert Fishlow, Desenvolvimento no Brasil e na América Latina: uma perspectiva histórica (São Paulo: Paz e Terra, 2004, 340 p). Publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 1, agosto 2004, p. 77). Relação de Trabalhos nº 1275. Relação de Publicados nº 503.

Origens e itinerário do desenvolviment[ism]o brasileiro

Paulo Roberto de Almeida

Resenha do livro de Albert Fishlow:
Desenvolvimento no Brasil e na América Latina: uma perspectiva histórica
(São Paulo: Paz e Terra, 2004, 340 p; ISBN: 85-219-0749-4; R$ 40,00).

Publicada,
sob o título de “Origens e itinerário do desenvolvimento brasileiro”,
na revista Desafios do Desenvolvimento
(Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 0, julho 2004, p. 79).
Trechos sumprimidos na publicação da revista: [ ]

A caracterização de brasilianista tem sido comumente aplicada, no Brasil, aos estudiosos americanos das áreas de ciências sociais, do contrário um economista como Albert Fishlow já teria há muito merecido o título de brasilianista emérito, junto com Werner Baer [(que aliás já o recebeu, em 2002, da Embaixada do Brasil em Washington)]. Poucos economistas teóricos e aplicados – [o que inclui não apenas a atividade de pesquisa, mas sobretudo a de formulador de políticas e, sobretudo, a nobre missão de professor –] detêm um currículo tão vasto e tão diversificado em coisas do Brasil e da América Latina quanto este antigo aluno do famoso historiador econômico Alexander Gerschenkron, com quem ele certamente aprendou algumas lições a respeito das “vantagens do atraso” [(expressão não por acaso útil para descrever a situação brasileira)].
Autor ou co-autor de mais de 14 livros [(embora nenhum deles exclusivamente sobre o Brasil)] e de centenas de artigos e ensaios – dezenas deles sobre o Brasil – Fishlow é extremamente conhecido nos circulos de estudiosos da economia brasileira, mas não tinha ainda sido contemplado com uma compilação de seus [muitos] trabalhos sobre nosso país e a região. A lacuna acaba de ser fechada graças à feliz iniciativa de Edmar Bacha, que selecionou seus melhores escritos das últimas três décadas, com o que podemos comprovar que Fishlow pode ser tranqüilamente equiparado aos grandes [da sua área,] como Raul Prebisch, Celso Furtado ou Albert Hirshmann.
Diretor de tese de muitas das melhores cabeças da economia aplicada brasileira [– entre eles alguns ministros –] e formador das primeiras equipes que se dedicaram ao planejamento econômico, Fishlow não pode ser considerado nem um “estruturalista” nem um “neoliberal”. Ele é um profissional completo e pragmático. Reconhece o papel do Estado no desenvolvimento brasileiro, mas aponta as insuficiências sociais do processo. Sustenta teoricamente seus argumentos, mas também os dota de provas empíricas e sabe colocar nosso itinerário em perspectiva histórica [(o endividamento externo no século XIX ou nos anos 1930, por exemplo)] e também em visão comparada com os países asiáticos. Impossível não experimentar um crescimento do PIB intelectual com a leitura deste livro [dotado de tantas vantagens comparativas (relativas e absolutas) e] de tão grandes externalidades positivas.

(capturar capa do livro no site da Livraria Cultura ou da Paz e Terra)

[Brasília, 1274: 1 junho 2004, 2 p.]



Desafios do Desenvolvimento (lpea) - Resenhas Paulo R. de Almeida

O Ipea, na versão online de sua revista Desafios do Desenvolvimento, meteu os pés pelas mãos (não surpreende), na seção "Estante" (neste link), que traz minhas colaborações ao longo dos anos em que aquele instituto funcionou normalmente.
Começou atribuindo-me uma resenha de um livro que jamais li, e cuja resenha deve ter sido feita por um de seus funcionários.
Depois suprimiu as duas primeiras resenhas que fiz, estas aqui, que vou repostar sequencialmente, em novos posts.

2. “Globalização para todos os gostos”, Brasília, 12 junho 2004, 2 p. Resenha do livro de Jagdish Bhagwati: Em Defesa da Globalização: como a globalização está ajudando ricos e pobres (Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2004, 348 pp.; ISBN: 85-352-1440-2). Publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 1, agosto 2004, p. 76). Relação de Trabalhos nº 1281. Relação de Publicados nº 507.

1. “Origens e itinerário do desenvolvimento brasileiro”, Brasília, 2 junho 2004, 2 p. Resenha do livro de Albert Fishlow, Desenvolvimento no Brasil e na América Latina: uma perspectiva histórica (São Paulo: Paz e Terra, 2004, 340 p). Publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 1, agosto 2004, p. 77). Relação de Trabalhos nº 1275. Relação de Publicados nº 503.

Para o acesso à seção "Estante"da revista, com a qual colaborei de seu início até 2007 -- tendo então desistido de colaborar voluntariamente devido à censura política exercida contra uma resenha minha -- ver este link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=12&Itemid=30

Paulo Roberto de Almeida

Niilismo Academico - resenha Paulo R. de Almeida

Já que o Ipea reformulou completamente seus links (e tornando meus antigos links inoperantes), nada melhor do que recuperar aqui as próprias resenhas que andei publicando numa revista que já foi boa, muitos anos atrás, mas que atualmente só serve para transmitir a pobreza do pensamento único que reina naquela instituição que no passado já serviu para coisas úteis...
Paulo Roberto de Almeida

Resenha 3:
3. “Niilismo filosófico-político?”, Brasília, 22 agosto 2004, 3 p. Resenha de Paulo Eduardo Arantes, Zero à Esquerda (São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2004, 306 p.), publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 2, setembro 2004, p. 76, link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1749:catid=28&Itemid=23). Relação de Trabalhos nº 1318. Relação de Publicados nº 514. 

Niilismo filosófico-político?ImprimirE-mail
Paulo Roberto de Almeida (www.pralmeida.org)

livro-0aesquerda
O livro de Paulo Arantes, professor universitário dotado de sólida cultura filosófica, apresenta as conhecidas virtudes e defeitos da produção acadêmica na área de ciências humanas: um aparato conceitual rico e diversificado, um instrumental analítico sofisticado, uma preocupação legítima, socialmente engajada, com velhas questões que preocupam toda e qualquer sociedade - emprego, distribuição, igualdade, inclusão cultural e outras -, ou seja, uma boa qualidade no diagnóstico, tudo isso acompanhado, entretanto, por um deslocamento do eixo "terapêutico" em direção a um hipercriticismo teórico que não leva em conta as limitações do real na implementação de políticas públicas, nacionais ou setoriais.

Com efeito, os dezessete ensaios reunidos neste volume tocam nos mais diversos problemas culturais, políticos e filosóficos que "agitam" (este é o termo) qualquer departamento de filosofia que se pretenda "socialmente responsável". Mas eles também revelam algumas das "obsessões" do seu autor com dois problemas que parecem ter ficado parados na garganta da esquerda universitária: o partido da reforma, atualmente no poder (e decepcionando seus velhos aliados acadêmicos), e o processo de globalização (invariavelmente classificado de capitalista, injusto, assimétrico ou destruidor). Assim, a despeito da salada filosófica muito variada servida em fartas doses em quase todos os seus capítulos, o que o livro comporta, de verdade, é uma crítica implacável ao processo de globalização, o que me parece não apenas inócuo mas desfocado, e uma condenação sem apelo da política econômica do atual governo (que não atende aos padrões de "ruptura" pregados quixotescamente pela comunidade acadêmica).

Em relação ao governo liderado pelo PT, por exemplo, o autor considera, num epílogo datado de abril de 2003 e intitulado "Beijando a Cruz", que o partido "já vinha entregando os pontos há um bom tempo". Para ele, o partido já está inapelavelmente "a serviço do Capital" e teria ocorrido uma "conversão suicida do Governo Lula à ortodoxia econômica" (p. 303 e 306). Nisso o livro não difere da meia dúzia de "manifestos econômicos de oposição" que circularam na academia e nas redações de jornais no último ano e meio. Ele é igualmente cáustico em relação à globalização. Vê seu sangue ferver com a "desfaçatez" do "show diário de cinismo das elites econômicas globalizadas que afinal chegaram ao cúmulo de impingir a falência social do seu sistema como uma lei natural a ser aceita por todos". Acredita, sinceramente, que "o capitalismo não tem alternativa para a humanidade" (p. 127).

Este é o universo mental no qual se move a maior parte das crônicas, entrevistas e reflexões "filosóficas" desse autor, um mundo no qual existe um "Partido Intelectual", um "Partido da Ordem", outro do "Progresso", a "saudosa Dialética" e outras variações impressionistas sobre a ditadura do Capital, a "riqueza financeirizada", a "estetização do poder" ou o "pensamento único", conceito este tomado de empréstimo a um dos papas da antiglobalização (da tribo dos irredutíveis gauleses, mas que preferem se ver como "altermundialistas", sem jamais ter explicado do que, exatamente, seria feito esse "outro mundo possível"). O autor exibe sua certeza de que vivemos uma nova "lógica dual", na qual o 'ajuste' latino-americano ao padrão geomonetário deflagrado pelo diktat político do novo dinheiro mundial (o parâmetro imperial do dólar-flexível), em que a integração global subalterna (se faz) acompanhar de uma igual desintegração nacional" (p. 42); ou a certeza de que a "barbárie hoje nada mais é do que o capitalismo triunfante levado ao seu paroxismo" (p. 234).

A crer em autores como Paulo Arantes (e outros catastrofistas de plantão), o Brasil caminha rápido para um processo de "africanização", cuja culpa, é óbvio, cabe inteiramente às nossas elites estrangeirizadas, hoje incorporando também o partido no poder. O que resta, finalmente, é uma confusa sensação de déjà vu, all over again. Em lugar de "espalhar a arte da subversão para as novas gerações", como pretende o livro, ele corre seriamente o risco de espalhar tédio e apatia no que resta de pensamento crítico no interior da torre de marfim. É realmente surpreendente que acadêmicos pagos com o dinheiro da sociedade para atuar como consciência crítica dessa mesma sociedade consigam viver em circuito fechado, fazendo e desfazendo continuamente o fio da meada de sua própria irrelevância prática.

Desfios do Desenvolvimento (Ipea) - resenhas de livros

De repente, não mais do que de repente, surgem, das catacumbas da internet, uma referência a um texto sobre a diplomacia brasileira, recebido pelo sistema do Google alerts, que me remeteu a outra época, e nem eu me lembrava mais dessas colaborações.
O alerta foi este:

Não parte de imagens pré-concebidas, mas de fontes documentais, e tira do limbo historiográfico um período crucial na formação da diplomacia brasileira.

E o que surgiu?
Tchan, tchan, tchan...: dois textos meus!
Incrível!
Material de 2007, ressurgindo assim agora, do nada, de graça?
Ou o Google é muito bom, ou o pessoal do Ipea está revisando os arquivos e republicando material antigo com novos links.

Eis o que apareceu: 
(neste link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1809:catid=28&Itemid=23)
PS.: Quero deixar registrado que colaborei voluntariamente com a revista do Ipea, "Desafios do Desenvolvimento", publicando inúmeras resenhas de livros, gaciosamente, quando essa instituição era dirigida por pessoas normais, e fazia coisas normais. Depois que ela passou para mãos (e pés, mas muito pouco cérebros) algo anormais, deixei de colaborar. O Ipea vem publicando alguns estudos ridículos nos últimos tempos...
Paulo Roberto de Almeida

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Paulo Roberto de Almeida
Do leão britânico para a águia americana?
estante18
Entre América e Europa: a política externa brasileira na década de 1920 Eugênio Vargas Garcia:
Editora UnB-Funag, 2006, 672 p., R$ 89,00
A versão corrente vê no entre-guerras a passagem do Brasil da esfera britânica para o domínio americano, com base nos novos fluxos de comércio, investimentos e empréstimos, que trocam a City londrina por Nova York. Esse livro, de um diplomata-historiador, demonstra que as relações do Brasil com seus dois principais parceiros eram mais complexas. Revisa os anos que vão da Primeira Guerra à Revolução de 1930. Não parte de imagens pré-concebidas, mas de fontes documentais, e tira do limbo historiográfico um período crucial na formação da diplomacia brasileira.
A revisão é bem-vinda,já que o período é movimentado.Versalhes, que efetuou o primeiro ordenamento da era moderna,foi uma repetição - sem bailes nem diplomacia secreta - do Congresso de Viena: a Liga das Nações tentou diminuir,sem conseguir, os ímpetos guerreiros dos velhos imperialismos. O Brasil, presente na criação da nova ordem, abandonou essa "ONU frustrada" poucos anos depois. Projetou-se na América do Sul, livre dos constrangimentos do século XIX,com as fronteiras já delimitadas por Rio Branco.
O autor segue os passos da diplomacia brasileira no triângulo Europa-EUA-América do Sul.Organiza seu roteiro em torno de sete grandes eixos: 1) "rumo à Europa", isto é, a presença na Conferência de Versalhes; 2) "diplomacia econômica", com a defesa do café e a atração de capitais; 3) "equilíbrio estratégico na América do Sul" e os ensaios de corrida armamentista; 4) "comércio e finanças", em que é mais visível a substituição de hegemonias; 5) "experiência da Liga das Nações", tentativa precoce de entrar em outro "Conselho"; 6) "de volta à América": o distanciamento da velha Europa e a reafirmação do americanismo; 7) "a diplomacia anti-revolução das oligarquias", em que cuida dos problemas do século (comunismo, anticomunismo, imigração) e da gestão diplomática da Revolução de 1930.
O presidente se "intrometia" demais nos assuntos diplomáticos, como visto na saída,"batendo a porta", da Liga das Nações. As grandes potências, então como agora, tratavam o Brasil com negligência benigna, o que refletia, aliás, a pouca importância do país, simples fornecedor de produtos de sobremesa, no equilíbrio mundial.
O desejo de uma "aliança" com os Estados Unidos também é típica dessa fase, que assiste à hegemonia ideológica do pan-americanismo,mais do que do pró-americanismo (cuja vigência foi limitada em nossa história). Não existia ainda o "imperialismo americano", pela razão de que os europeus preenchiam esse papel. Os americanos eram amigos e os novos donos do dinheiro fácil. O autor pratica um saudável revisionismo,que emerge da leitura dos documentos e dos fatos reais, não das concepções conspiratórias dos que vêem no manifesto destino da nova Roma a referência obrigatória da diplomacia brasileira no século XX.
Não falta oportunidade para crises...
Nove entre dez palestrantes empresariais, ao falarem de crises, começam lembrando a surrada explicação do ideograma chinês que congrega os dois sentidos utilizados como título nesse livro. É óbvio que eles não conhecem nada de chinês e essa chinoiserie cansa a quem assiste. Não é o caso dessa obra, uma excelente oportunidade para repensar algumas das crises que atingiram o Brasil e um alerta para outras que poderão sobrevir se não corrigirmos alguns rumos.
Vinte autores, economistas à exceção de dois, preenchem as quatro partes do livro - investimentos diretos, fluxos de capitais, macroeconomia e competitividade externa - com catorze estudos, alguns mais propositivos do que outros,mas todos dotados de forte sustentação empírica.Apenas Luiz Carlos Prado foge à regra e faz digressões sóbrias e intelectualmente estimulantes sobre o conceito de globalização.
O enfant terrible do Banco Central (BC) - e âncora cambial do Plano Real -,Gustavo Franco, abre o volume tirando as lições dos dois censos do BC sobre o capital estrangeiro. Demonstra que o investimento estrangeiro direto (IED) deve ser considerado um "ativo estratégico",que traz muitos benefícios ao sistema produtivo brasileiro, bem longe daquela visão de "passivo externo" ou parte da "vulnerabilidade externa". Pedro da Motta Veiga refaz, em seguida, a trajetória cambaleante dos acordos de investimento: multilaterais (TRIMs), regionais (Nafta) e plurilaterais (o frustrado MAI,da OCDE), lembrando ainda os acordos bilaterais de investimentos de última geração, bastante abrangentes e bem ao gosto do capital.
Justamente,Maria Helena Zockun, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), identifica os incríveis obstáculos impostos pelo Brasil à entrada de IED,desde a burocracia infernal até a selva legal das regras contraditórias de União, estados e municípios.
estante23Crise e Oportunidade: o Brasil e o cenário internacional Antonio Corrêa de Lacerda (organizador)
Editora Lazuli, 2006, 328 p., R$ 40,00
O ex-assessor internacional da Fazenda, Otaviano Canuto, e Pablo Santos fazem uma análise comparada do risco-soberano em economias emergentes, concluindo que ainda carregamos, a despeito da flutuação cambial e do aumento das exportações, uma elevada vulnerabilidade externa. Daí o alto prêmio de risco pago pelas emissões.Essa vulnerabilidade é confirmada no estudo seguinte, por Marcos Cintra e Daniela Prates, que examinam os fluxos voluntários de capitais para o Brasil entre 1995 e 2004. Carlos Kawall e Adriana Beltrão analisam as condições sob as quais o Brasil poderia adquirir a classificação de "grau investimento": o peso da dívida diminuiu, mas as exportações e as receitas correntes são ainda insuficientes para um salto antes de seis ou sete anos.
Carlos Eduardo Carvalho tira, em seu texto, algumas lições das crises cambiais e da dependência do financiamento externo: o Brasil respondeu bem a esses desafios, comparado à tragédia argentina,dada sua maior flexibilidade fiscal. Corrêa de Lacerda e Fernando Leite constatam que o setor público "seqüestra"a poupança do setor privado, que só pode, assim, financiarse mediante endividamento externo. Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que se procurava transferir ativos do Estado para o setor privado, aumentava, via carga tributária, o peso do Estado no conjunto da economia.
Renato Baumann discute o paradoxo dos países latino-americanos nos anos 1990, quando ganhos sobre a inflação não trouxeram a
esperada retomada do crescimento econômico.O embaixador Rubens Barbosa traça um decálogo para aumentar a competitividade, mas admite que, pelo menos no plano dos valores,o Brasil parece preparado para enfrentar a globalização.
Finalmente, um estudo analisa os fatores de competitividade associados às subsidiárias de multinacionais, reconhecendo o papel central das políticas de governo. Seria a volta da velha aliança entre o Estado e o capital estrangeiro? Talvez. Esse livro representa, em todo caso, uma saudável contribuição de pesquisa empírica ao ambiente, por vezes impressionista, em que se desenvolvem certos trabalhos acadêmicos.Os estudos devem ser continuados, de modo a criar oportunidades de afastar novas crises.


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La bonne table a Paris: des recommendations du Le Monde

Avant le travail, le plaisir...
Ça c'est une bonne formule, et c'est moi qui la trouve bonne, car c'est moi qui le dis...
C'est pour ça que je poste ici ces quelques recommendations de la bonne chaire à Paris, et pas très cher, ou chère, la bonne chaire...
Paulo Roberto de Almeida

Bonnes tables du marché

LEMONDE | 28.01.12 | 14h49

Les restaurateurs seront-ils bientôt obligés de mentionner sur la carte : "produit frais", "surgelé", "conserve" ou "fait maison" ? C'est ce que l'on peut espérer du vote, fin décembre, par le Sénat en première lecture d'un projet de loi - déjà adopté par l'Assemblée nationale - visant à renforcer l'information des consommateurs.

Cette mesure de bon sens est destinée à faire cesser la confusion entre les plats industriels servis dans certains restaurants et la cuisine du marché élaborée àpartir de produits frais. L'adoption définitive de ce texte et ses décrets d'application interviendront-ils avant la fin de la législature ?
Les professionnels sont partagés et le lobby agroalimentaire à la manœuvre. Voici, en attendant, quelques bonnes tables parisiennes de confiance. Christophe (8, rue Descartes, Paris 5e) est un passionné du produit. Il affiche même le nom de ses fournisseurs : veau de la boucherie Charcellay, poitrine rôtie rosé et haricots verts frais ! Cervelle meunière de Vadorin, l'un des derniers tripiers parisiens. Cave exigeante à prix serrés. Au déjeuner : formule à 16 euros. Menu : 19 euros (soupe de potiron, boudin basque et mousse au chocolat d'anthologie).
A L'Insoumis (22, rue des Capucines, Paris 1er), chaque jour une entrée, une viande, un poisson, un dessert différents (formule : 26 euros). Des goûts justes et de jolies bouteilles. Au pied de la butte Montmartre, La Galère des Rois (8, rue Cavallotti, Paris 18e) propose une délicieuse cuisine ménagère (soupe de pois cassés, terrine de sanglier, saumon à l'oseille, tartare pommes sautées) à des prix imbattables (formule à 13 euros, menu complet à 16 euros).
Décor d'autrefois, service aimable et carte des vins soignée. Le Coude-à- Coude (46, rue Saint-Honoré, Paris 1er) est un bistrot atypique, où l'on aime siroter le minervois de Marc Tempé (Domaine de Courbissac) en dégustant des charcuteries de l'Aveyron, et une entrecôte frites maison. Menu à 12 euros (midi) et 15 euros (soir). Au Gorille Blanc (4, impasse Guéménée, Paris 4e), Bernard Arenyet son fils Benoît tiennent une ambassade du Sud-Ouest dans un décor rustique.
Petit menu traditionnel à 18 euros (midi), 25 euros environ à la carte : excellents filets de maquereau en escabèche, foie gras maison et gelée au jurançon, dacquoise aux noisettes. Chez Plume (6, rue des Martyrs, Paris 9e), Alexandre etStéphanie Girault viennent d'ouvrir une rôtisserie à l'ancienne où ils servent des volailles avec de bonnes bouteilles de vin nature.
par Jean-Claude Ribaut

Mais manchetes idiotas: os companheiros se esmeram na estupidez...

Assim não dá: eu tento ler coisas sérias na imprensa online, mas só pipocam manchetes idiotas, dessas capazes de provocar em mim, imediatamente, aquele comichão anti-estupidez, a que sou incapaz de resistir. Aliás, esse tipo de manchete é insuportável.
Sempre quando vejo uma idiotice estampada em algum veículo, não resisto a uma espécie de alergia anti-burrice. Daí que tomo da minha pluma para anotar no meu caderninho de asneiras a última pérola da coleção. Agora, com o blog, ficou ainda mais fácil.
Vejam esta aqui, por exemplo: 






Não é uma gracinha?
Os companheiros não se esmeraram na idiotice consumada?
Como é que eles vão fazer para marchar contra o capitalismo?
Vão marcar encontro com os banqueiros na Avenida Paulista?
Vão assaltar a sede da CNI em Brasília?
Vão ocupar Wall Street outra vez? 
Vai sair caro; além de passagens, um hotelzinho em Manhattan não sai por menos de 100 dólares...


E como é essa coisa de pedir mais "justiça ambiental"?
Vão pedir para o sol ser menos agitado e fazer menos aquecimento global?
Vão pedir para a mãe natureza parar de provocar desastres ambientais (tem uma santa, no Brasil, uma tal de Marina das selvas, que talvez possa ajudar...).


Curiosos esses caras do Fórum Social: passam a semana inteira ouvindo os mesmos subintelectuais repetirem as mesmas bobagens de sempre, urrando os mesmos slogans e chavões contra o capitalismo e, depois, no final de tudo, ainda ficam reclamando da "dificuldade de encontrar uma pauta comum".
Mas que idiotas: eles não conseguem consenso contra o mesmo monstro perverso, conhecido desde meados do século XIX, quando um profeta barbudo fez sua anatomia, descreveu suas entranhas e predisse que ele estava condenado ao desaparecimento fatal devido a suas contradições internas?
Como é que agora eles não conseguem "impor derrotas reais ao capital"?
Mas eles não são 99% da humanidade, e os capitalistas apenas o 1% de privilegiados?
Que idiotas esses anticapitalistas e antiglobalizadores.


A única coisa na qual eles são ótimos é na redação de manchetes idiotas...
CQD...
Paulo Roberto de Almeida 

Partido Comunista descobre (finalmente) que comunismo nao funciona...

Mais uma manchete, das boas (isso é, das grandes idiotices que podem ser lidas): 





Começou, neste sábado, a primeira conferência nacional do Partido Comunista Cubano (PCC), que tem como objetivo mudar a “mentalidade” dos “dogmas e critérios obsoletos”, segundo a imprensa local. Pela primeira...



Não diga!
Será que vão agora mudar o nome para Partido Capitalista de Cuba?
Enfim, foi algo assim que fez o PCC, não o cubano, mas o chinês.
O Partido Comunista Chinês é o mais capitalista de toda a história do comunismo, e ainda assim não mudou o nome e continua com sua ditadura semi-totalitária.
Algo assim estão buscando os companheiros cubanos (e os idiotas que os apoiam no Brasil). 
Acho que no caso deles não vai dar muito certo, para desgosto de uns e outros...
Paulo Roberto de Almeida 

A manchete idiota da semana: sempre existem jornalistas idiotas...

Acabo de ler, no Correio do Brasil (um jornal que imagino comprado pelos companheiros para suas obras idiotas de comunicação): 






Será que os jornalistas dispõem de algum outro "modo de produção", pronto para entrar em uso, no caso de falência total do capitalismo?
Sempre devemos premiar manchetes e frases idiotas, feitas por idiotas.
São elas que nos fazem parecer menos idiotas do que eles e elas atrás das frases e das manchetes...
Paulo Roberto de Almeida 

Ah, esses mercadores de guerra, brasileiros inclusive...


BRASIL, PRODUTOR E EXPORTADOR DE ARMAS
27.01.12 Por Daniel Santini e Natalia Viana

De maneira pouco transparente, governo incentiva crescimento da indústria. Ênfase é nas armas leves: Brasil é 4º maior exportador mundial. Levantamento inédito do Exército revela que nos últimos 5 anos, exportamos 4,5 milhões de armas
Uma pequena lata metálica, arranhada e atirada ao chão, gerou o primeiro vexame diplomático brasileiro de 2012. Trata-se de uma lata de gás lacrimogêneo recolhida por ativistas pró-liberdade no Bahrein, no Golfo Pérsico, que estampava na lateral, em azul, a bandeira brasileira e os dizeres “made in Brazil”.
Há um ano o Bahrein tem sido palco de protestos pró-democracia da maioria xiita contra a monarquia sunita comandada pelo rei Hamad Bin Issa al-Khalifa. Os manifestantes têm sido reprimidos pelo exército do Bahrein e de países vizinhos. Pelo menos 35 pessoas morreram e centenas foram feridas.
Segundo os manifestantes, o gás brasileiro usado para reprimi-los teria até causado a morte de bebês. “Há algum tipo de ingrediente que, em alguns casos, leva as pessoas a espumarem pela boca e outros sintomas”, disse a ativista de direitos humanos Zainab al-Khawaja ao jornal O Globo.
Mas, quase um mês depois da denúncia, pouco se sabe como o gás fabricado pela empresa Condor Tecnologias Não Letais foi parar nas mãos de tropas que reprimem manifestações pró-democracia.
A empresa, sediada em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, afirma que não exporta para o Bahrein, mas diz que vende para outros países da região, sem identificá-los.
Toda exportação de armas, mesmo não letais, é aprovada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa. Mas, uma vez aprovada, o governo não pode fazer muito. O próprio Itamaraty reconhece que não tem poder de investigar: depois do escândalo do Barhein, a assessoria do Itamaraty informou que o ministério está apenas “observando com interesse” o desenrolar da história.
Fica a cargo da empresa averiguar o que aconteceu.
É um contrato entre partes privadas. Pode até envolver um governo estrangeiro, mas a responsabilidade pelo seu produto é da empresa”, diz a assessora de imprensa do Itamaraty. “Os contratos geralmente proíbem a revenda. A Condor está tentando rastrear o seu produto, estamos num diálogo permanente.”
A situação é pior porque não existe legislação internacional para o comércio de armas leves. “No caso de armas não convencionais, a atuação do Itamaraty é mais direta, mas no caso de armas convencionais, não existe um regime internacional para que a gente possa aconselhar em algum sentido”, reconhece.
Nesse contexto, é bem provável que casos como esse aconteçam cada vez mais. Enquanto o comércio de armamentos pesados, como os super tucanos, chama a atenção da imprensa, é no ramo de armas leves que o Brasil tem uma atuação crescente no mercado internacional.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o valor das exportações de armas leves triplicou nos últimos cinco anos: foi de US$ 109, 6 milhões  em 2005 para US$ 321,6 milhões em 2010 (em 2011, houve um recuo para US$ 293 milhões).
Contando apenas as armas de fogo, a quantidade impressiona. Foram 4.482.874 armas exportadas entre 2005 e 2010, segundo um levantamento inédito do Exército feito a pedido da agência Pública. Ou seja: 2.456 armas por dia.
O Exército se negou a dar detalhes como venda ano a ano, empresas exportadoras e países de destino.
Assim, cabe às ONGs internacionais tentar desvendar os detalhes da exportação brasileira.
Todo ano, o Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento, em Genebra, realiza o Small Arms Trade Survey, o mais respeitado estudo sobre essa indústria. Em 2011, o Brasil foi o 4º maior exportador mundial de armas leves, atrás apenas dos Estados Unidos, Itália e Alemanha.
No ranking de armamentos pesados, somos o 14º, de acordo com o Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (SIPRI). Nos dois casos a liderança é dos Estados Unidos, com larga vantagem.
Por trás do crescimento, o apoio do governo
No dia 30 de setembro de 2011, a presidenta Dilma Rousseff enviou ao Congresso uma medida provisória (MP 544) – que deve ser regulamentada nos próximos meses -  com o objetivo de fortalecer a indústria nacional de armas. Entre as medidas fixadas pela MP está um regime especial de tributação que atende a uma reivindicação histórica da industria – a isenção do pagamento de IPI, PIS/PASEP e COFINS nas compras governamentais – e suspende a taxação sobre a importação de insumos para a fabricação de produtos de defesa.  O setor também foi incluído entre os que têm direito à cobertura pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE), seguro de proteção contra riscos em operações comerciais administrado pelo BNDES.
Três dias depois, o ministro da Defesa Celso Amorim, acompanhado dos três comandantes das Forças Armadas, participou de um jantar na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FOTOS) junto aos principais fabricantes de armas do país – uma clara sinalização de apoio à produção nacional, política que tem marcado o ministério nos últimos anos.
O antecessor de Amorim, Nelson Jobim (2007-2011), foi um dos principais defensores da “revitalização” da indústria de armas, que vinha em baixa desde o final da década de 80, quando deixou de exportar para o Iraque.
Sob seu ministério foi promulgada a Estratégia Nacional de Defesa, de 18 de dezembro de 2008, que incluiu o fomento da indústria de armas entre suas metas, priorizando a compra de produtos nacionais para as Forças Armadas e comprometendo-se com incentivos à exportação. “O Estado ajudará a conquistar clientela estrangeira para a indústria nacional de material de defesa”, explicita o documento, que acrescenta:
“A consolidação da União de Nações Sul-Americanas poderá atenuar a tensão entre o requisito da independência em produção de defesa e a necessidade de compensar custo com escala, possibilitando o desenvolvimento da produção de defesa em conjunto com outros países da região”.
O mesmo documento prevê linhas de crédito especial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “similar às já concedidas para outras atividades”.
O professor Renato Dagnino, do Departamento de Política Científica e Tecnológica  da UNICAMP, que analisou o documento conclui: “a Estratégia Nacional de Defesa acata as principais reivindicações do lobby pela revitalização da indústria”.
E o lobby quer mais. O Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de Defesa (Comdefesa), organizado pela Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), pleiteia uma cota fixa e inalterável de 3,5% do PIB para investimentos no setor. Alguns representantes pedem que uma parte dos royaltes do pré-sal sejam destinados ao setor de defesa.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Defesa informou através da sua assessoria que “tem feito gestões a entidades de fomento, como BNDES e FINEP, com o intuito de disponibilizar financiamento para empresas que se enquadram na chamada indústria de defesa”.
O BNDES informa que entre 2009 e 2011, fez empréstimos no valor de R$ 71 milhões para empresas do setor. A maior beneficiária foi a CBC – Companhia Brasileira de Cartuchos, seguida pela Forjas Taurus SA.  Clique aqui para ver a tabela.
A APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, também entrou em ação para “aumentar a exportação de materiais de defesa e segurança e a quantidade de empresas exportadoras”, segundo sua assessoria, promovendo a participação da indústria brasileira em feiras como a Latin America Defence & Security, a maior e mais importante do setor de defesa e segurança da América Latina.
Com esse apoio, as empresas se lançam à conquista de novos mercados, principalmente na África e Ásia. Como no caso da Condor, a fabricante de gás lacrimogêneo que se nega a divulgar com que países negocia, pouco se sabe sobre o destino dos armamentos fabricados no Brasil e não há nenhum debate público sobre isso. A regra, nesta indústria, é a falta de transparência.
Falta de transparência: preocupação nacional e internacional
Não existe nenhuma estimativa oficial sobre a produção de armas leves no Brasil. A indústria não informa o quanto produz, e – diferentemente de outros países – não há nenhum banco de dados do governo a esse respeito.
Quando se trata de comércio internacional, a transparência é ainda menor.
A Pública procurou o Exército, que forneceu dados gerais, mas não quis dar detalhes.
Desde outubro de 2010, existe um departamento que monitora as vendas para o exterior, o Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados de Exportação de Produtos de Defesa (SGEPRODE). Os dados nunca foram disponibilizados ao público.
Nos dias posteriores ao escândalo no Bahrein, chegou a se ventilar na imprensa que o Ministério da Defesa teria um projeto de lei para um banco de dados públicos sobre aquisições e vendas de armamentos.
Mas, procurado pela Pública, o ministério negou veementemente qualquer plano nesse sentido.
“O Ministério da Defesa desconhece o envio da legislação citada na matéria do jornal Folha de S. Paulo”, disse, por meio de nota. “A regulamentação da MP 544 prevê a elaboração de um cadastro de empresas. No entanto, ainda não está definido o formato em que se dará a divulgação dessa informação”.
O Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento de Genebra tem um “barômetro” da transparência para avaliar as informações fornecidas por grandes atores globais no mercado de armas leves. Brasil nunca se saiu muito bem. Desde 2001, tem sido um dos piores avaliados entre os principais exportadores, perdendo apenas para a Rússia e a China.
No último estudo, de 2011, o país é o 38º colocado numa lista de 50 países. O problema, segundo os pesquisadores, é que o Brasil não produz relatórios oficiais nem envia dados para um instrumento chamado UN Register, que registra a transferência de armas leves.
O Brasil não publica nenhum relatório anual sobre exportação de armas e geralmente relata ao UN Register que houve ‘zero’ exportações de armas leves”, diz um relatório publicado em junho de 2010. “Os dados da alfândega não informam quantas licenças foram expedidas e quantas foram recusadas (…). No nível regional, o Brasil é o menos transparente”.
Além disso, diz o instituto, há evidências de que o Brasil registra “sistematicamente” de maneira errônea as exportações de revólveres e pistolas, como sendo “armas de caça”, o que gera confusão.
“Nós inferimos que o Brasil quer manter alguns segredos, porque fazer isso seria benéfico para as empresas. Mas a conseqüência é que se sabe menos do que devíamos sobre o que o Brasil está fazendo”, diz o pesquisador Nicholas Marsh, da Iniciativa Norueguesa em Transferência de Armas Leves.
Muitas vezes o Small Arms Survey tem que usar dados declarados pelos importadores para realizar sua avaliação anual. Os resultados muitas vezes são superiores aos declarados pelo Ministério do Desenvolvimento.
Em 2007, por exemplo, o relatório estimou as vendas de armas leves brasileiras em 234 milhões de dólares, enquanto o MDIC estima que tenha sido de 201 milhões. Em 2008, o valor do Small Arms Survey é de 273 milhões, enquanto o MDIC estima que tenha sido 260 milhões de dólares.
Como não existe legislação ou um órgão internacional que monitore esse comércio, não há uma base de dados mundial, e nenhum país é obrigado a reportar-se a ninguém. Os dados do UN Register são enviados de maneira voluntária.
“Isso significa que há grandes fluxos de armas acontecendo no mundo, e ninguém sabe disso. Assim as armas acabam indo parar em lugares onde não deviam”, diz Nicholas Marsh. “O pior é que armas duram muito. Se é bem cuidado, um revólver pode durar cem anos. Na Líbia, no começo dos conflitos, havia gente carregando armas da Segunda Guerra”.
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Daniel Santini é repórter e especialista em jornalismo internacional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Sua pesquisa de conclusão do curso de pós-graduação intitulada “A indústria de armas brasileira” será transformada em livro em 2012.

A disputa emocionante do numero 500: stop, stop! Valem dois livros

Alguns de vocês acompanharam a confusa determinação do seguidor número 500 deste meu blog, neste post: 



SÁBADO, 28 DE JANEIRO DE 2012


Surgiram dois aparentes candidatos ao posto, um certificado como número 501, Vinicius valentão, que prefere resolver a disputa no braço (digital, suponho): 



vinicius soares deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Uau: Existem dois seguidores numero 500: proponho ...": 
Prezado Wilson Júnior, deixemos de lado as armas e vamos para o mano a mano!
Um abraço.
Vinícius Soares 

O outro, Wilson Júnior, rapaz estudioso e pensador, justamente, é o vencedor moral e de fato, ainda que sua identidade não tenha aparecido no registro do Blog, por incompetência técnica, suponho.

Wilson Júnior deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Uau! Seguidor numero 500 atencao: concorrendo a um...": 
Olá senhor Paulo Roberto,
acompanho seu blog, assim como seu site, há alguns anos (3 anos mais ou menos), mas só agora fui me inscrever no blog, acredito que tenha sido o número 500 (me inscrevi por volta das 15:13, ou seja, alguns minutos após sua postagem). De qualquer modo, parabéns por esta importante marca! 
Postado por Wilson Júnior no blog Diplomatizzando em Sábado, Janeiro 28, 2012 3:23:00 PM


Proponho, portanto, dois livros, um a cada um dos contendores, e assim todo mundo fica em paz, inclusive o espertinho que acertou o quiz de Harry, a hiena...

Que todos entrem em contato comigo, para acertar as tecnicalidades.
O abraço e bons estudos a todos...
Paulo Roberto de Almeida 
(Lyon, 29/01/2012)

The Economist aborda a questao das cotas raciais no Brasil


The Economist, 28 January 2012

Race in Brazil
Affirming a divide
Black Brazilians are much worse off than they should be. But what is the best way to remedy that?
Jan 28th 2012 | RIO DE JANEIRO | from the print edition

IN APRIL 2010, as part of a scheme to beautify the rundown port near the centre of Rio de Janeiro for the 2016 Olympic games, workers were replacing the drainage system in a shabby square when they found some old cans. The city called in archaeologists, whose excavations unearthed the ruins of Valongo, once Brazil’s main landing stage for African slaves.
From 1811 to 1843 around 500,000 slaves arrived there, according to Tânia Andrade Lima, the head archaeologist. Valongo was a complex, including warehouses where slaves were sold and a cemetery. Hundreds of plastic bags, stored in shipping containers parked on a corner of the site, hold personal objects lost or hidden by the slaves, or taken from them. They include delicate bracelets and rings woven from vegetable fibre; lumps of amethyst and stones used in African worship; and cowrie shells, a common currency in Africa.

It is a poignant reminder of the scale and duration of the slave trade to Brazil. Of the 10.7m African slaves shipped across the Atlantic between the 16th and 19th centuries, 4.9m landed there. Fewer than 400,000 went to the United States. Brazil was the last country in the Americas to abolish slavery, in 1888.
Brazil has long seemed to want to forget this history. In 1843 Valongo was paved over by a grander dock to welcome a Bourbon princess who came to marry Pedro II, the country’s 19th-century emperor. The stone column rising from the square commemorates the empress, not the slaves. Now the city plans to make Valongo an open-air museum of slavery and the African diaspora. “Our work is to give greater visibility to the black community and its ancestors,” says Ms Andrade Lima.
This project is a small example of a much broader re-evaluation of race in Brazil. The pervasiveness of slavery, the lateness of its abolition, and the fact that nothing was done to turn former slaves into citizens all combined to have a profound impact on Brazilian society. They are reasons for the extreme socioeconomic inequality that still scars the country today.
Neither separate nor equal
In the 2010 census some 51% of Brazilians defined themselves as black or brown. On average, the income of whites is slightly more than double that of black or brown Brazilians, according to IPEA, a government-linked think-tank. It finds that blacks are relatively disadvantaged in their level of education and in their access to health and other services. For example, more than half the people in Rio de Janeiro’s favelas (slums) are black. The comparable figure in the city’s richer districts is just 7%.
Brazilians have long argued that blacks are poor only because they are at the bottom of the social pyramid—in other words, that society is stratified by class, not race. But a growing number disagree. These “clamorous” differences can only be explained by racism, according to Mário Theodoro of the federal government’s secretariat for racial equality. In a passionate and sometimes angry debate, black Brazilian activists insist that slavery’s legacy of injustice and inequality can only be reversed by affirmative-action policies, of the kind found in the United States.
Their opponents argue that the history of race relations in Brazil is very different, and that such policies risk creating new racial problems. Unlike in the United States, slavery in Brazil never meant segregation. Mixing was the norm, and Brazil had many more free blacks. The result is a spectrum of skin colour rather than a dichotomy.
Few these days still call Brazil a “racial democracy”. As Antonio Riserio, a sociologist from Bahia, put it in a recent book: “It’s clear that racism exists in the US. It’s clear that racism exists in Brazil. But they are different kinds of racism.” In Brazil, he argues, racism is veiled and shamefaced, not open or institutional. Brazil has never had anything like the Ku Klux Klan, or the ban on interracial marriage imposed in 17 American states until 1967.
Importing American-style affirmative action risks forcing Brazilians to place themselves in strict racial categories rather than somewhere along a spectrum, says Peter Fry, a British-born, naturalised-Brazilian anthropologist. Having worked in southern Africa, he says that Brazil’s avoidance of “the crystallising of race as a marker of identity” is a big advantage in creating a democratic society.
But for the proponents of affirmative action, the veiled quality of Brazilian racism explains why racial stratification has been ignored for so long. “In Brazil you have an invisible enemy. Nobody’s racist. But when your daughter goes out with a black, things change,” says Ivanir dos Santos, a black activist in Rio de Janeiro. If black and white youths with equal qualifications apply to be a shop assistant in a Rio mall, the white will get the job, he adds.
The debate over affirmative action splits both left and right. The governments of Dilma Rousseff, the president, and of her two predecessors, Luiz Inácio Lula da Silva and Fernando Henrique Cardoso, have all supported such policies. But they have moved cautiously. So far the main battleground has been in universities. Since 2001 more than 70 public universities have introduced racial admissions quotas. In Rio de Janeiro’s state universities, 20% of places are set aside for black students who pass the entrance exam. Another 25% are reserved for a “social quota” of pupils from state schools whose parents’ income is less than twice the minimum wage—who are often black. A big federal programme awards grants to black and brown students at private universities.
These measures are starting to make a difference. Although only 6.3% of black 18- to 24-year-olds were in higher education in 2006, that was double the proportion in 2001, according to IPEA. (The figures for whites were 19.2% in 2006, compared with 14.1% in 2001). “We’re very happy, because in the past five years we’ve placed more blacks in universities than in the previous 500 years,” says Frei David Raimundo dos Santos, a Franciscan friar who runs Educafro, a charity that holds university-entrance classes in poor areas. “Today there’s a revolution in Brazil.”
One of its beneficiaries is Carolina Bras da Silva, a young black woman whose mother was a cleaner. As a teenager she lived for a while on the streets of São Paulo. But she is now in her first year of social sciences at Rio’s Catholic University, on a full grant. “Some of the other students said ‘What are you doing here?’ But it’s getting better,” she says. She wants to study law and become a public prosecutor.
Academics from some of Brazil’s best universities have led a campaign against quotas. They argue firstly that affirmative action starts with an act of racism: the division of a rainbow nation into arbitrary colour categories. Assigning races in Brazil is not always as easy as the activists claim. In 2007 one of two identical twins who both applied to enter the University of Brasília was classified as black, the other as white. All this risks creating racial resentment. Secondly, opponents say affirmative action undermines equality of opportunity and meritocracy—fragile concepts in Brazil, where privilege, nepotism and contacts have long been routes to advancement.
Proponents of affirmative action say these arguments sanctify an unjust status quo. And formally meritocratic university entrance exams have not guaranteed equality of opportunity. A study by Carlos Antonio Costa Ribeiro, a sociologist at the State University of Rio de Janeiro, found that the factors most closely correlated to attending university are having rich parents and studying in private school.
In practice, many of the fears surrounding university quotas have not been borne out. Though still preliminary, studies tend to show that cotistas, as they are known, have performed academically as well as or better than their peers. That may be because they have replaced weaker “white” students who got in merely because they had the money to prepare for the exam.
Nelson do Valle Silva, a sociologist at the Federal University of Rio de Janeiro, says that the backlash against quotas would have been even stronger if access to universities were not growing so fast. For now, almost everyone who passes the exam gets in somewhere. It also helps, he says, that many universities have adopted less controversial “social quotas”. Mr Fry agrees that affirmative action has “become a fait accompli”. He attributes the declining resistance to guilt, indifference and the fear of being accused of racism.
The battle for jobs
For black activists, the next target is the labour market. “As a black man, when I go for a job I start from a disadvantage,” says Mr Theodoro. He notes that the United States, which is only 12% black, has a black president and numerous black politicians and millionaires. In Brazil, in contrast, “we have nobody”. That is not quite true: apart from footballers and singers, Brazil has a black supreme-court justice (appointed by Lula) and senior military and police officers. But they are exceptional. Only one of the 38 members of Ms Rousseff’s cabinet is black (though ten are women). Stand outside the adjacent headquarters of Petrobras, the state oil company, and the National Development Bank in Rio at lunchtime, and “all the managers are white and the cleaners are black,” says Frei David.


The shadow of the past

Some private-sector bodies are starting to espouse racial diversity in recruitment. The state and city of Rio de Janeiro have both passed laws reserving 20% of posts in civil-service exams for blacks, though they are yet to be implemented. If unemployment rises from today’s record low, job quotas are likely to create even more controversy than university entrance has.
What stands out from a decade of debate about affirmative action is that it is being implemented in a very Brazilian way. Each university has taken its own decisions. The federal government has tried to promote the policy, but not impose it. The supreme court is sitting on three cases addressing racial quotas. Some lawyers suspect it is deliberately dragging its heels in the hope that society can sort the issue out.
Society itself is indeed changing fast. Many of the 30m Brazilians who have left poverty over the past decade are black. Businesses are taking note: many more cosmetics are aimed at blacks, for example. The mix of passengers on internal flights now bears some resemblance to Brazil, rather than Scandinavia. Until recently, the only black actors in television soap operas played maids; now one Globo soap has a black male lead. Much of this might have happened without affirmative action.
The question facing Brazil is whether the best way to repair the legacy of slavery is to give extra rights to darker-skinned Brazilians. Yes, say the government and the black movement. Given the persistence of racial disadvantage that is understandable.
But the approach carries clear risks. Until the invasion of American academic ideas, most Brazilians thought that their country’s racial rainbow was among its main assets. They were not wholly wrong. Mr do Valle Silva, a specialist in social mobility, finds that race affects life chances in Brazil but does not determine them. And if positive discrimination becomes permanent, a publicly funded industry of entitlement may grow up to entrench it and to promote divisive racial politics.
There may be better ways to establish genuine equality of opportunity and rights. Brazil has had anti-discrimination legislation since the 1950s. The 1988 constitution made both racial abuse and racism crimes. But there have been relatively few prosecutions. That is partly because of racism in the judiciary. But it is also because judges and prosecutors think the penalties are too harsh: anyone accused of racism must be held in jail both before and after conviction. And in Rio de Janeiro the black movement’s preference for affirmative action led the state government to lose interest in measures aimed at attacking racial prejudice, according to a study by Fabiano Dias Monteiro, who ran the state’s anti-racist helpline before it was scrapped in 2007.
The hardest task is to change attitudes. Many Brazilians simply assume blacks belong at the bottom of the pile. Supporters of affirmative action are right to say that the country turned its back on the problem. But American-style policies might not be the way to combat Brazil’s specific forms of racism. A combination of stronger legal action against discrimination and quotas for social class in higher education to compensate for weak public schools may work better.