O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Iran-Israel: comecar pelo comeco...

Talvez o chanceler devesse começar por avisar a presidente que foram os dirigentes do Irã que, por diversas vezes e reiteradamente, disseram de sua intenção de "varrer Israel do mapa do Oriente Médio", e não o contrário.
Quem sabe se poderia lembrar essa coisa simples: Estados civilizados, membros da ONU, não ficam dizendo abertamente que pretendem extirpar da face da terra um outro Estado membro da ONU.
Acho que poderia começar por aí...
Paulo Roberto de Almeida 



Braços dados
Mônica Bergamo / Coluna
 Folha de S. Paulo, 40/2012

O chanceler Antonio Patriota pretende reunir no segundo semestre intelectuais e líderes das comunidades árabe e judaica para discutir os problemas do Oriente Médio sob coordenação do Itamaraty. Ele acha que o Brasil deve fortalecer sua liderança mundial pelo exemplo de que no país todos convivem bem e pacificamente.

Patriota esteve anteontem em jantar na casa do médico Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita Brasileira. Entre os convidados estavam David Feffer, do grupo Suzano, Jayme Blay, da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, e Jack Terpins, entre outros.

No jantar, o chanceler defendeu o diálogo com o Irã e reafirmou que o Brasil fará "tudo" para evitar um conflito armado entre o país persa e Israel. Em viagem recente, a presidente Dilma Rousseff defendeu o direito do Irã de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos e criticou a "retórica agressiva" das potências contra o país.

Em boca fechada, nao entra... - Angela rebate Dilma...

Pois é, que chato heim?!
Tomar um pito público, assim, e nada de ciumeira pessoal, tudo por razões muito objetivas, de política econômica, que coisa mais sem graça, vocês não acham?
E isso não precisava.
Em primeiro lugar, posturas professorais, assume quem tem condições de assumir e isso implica: visão clara do problema; qualificação técnica, acadêmica, profissional e intelectual na área em questão; conhecimento preciso dos assuntos em pauta, com base numa qualificação científica desse campo do saber, com domínio das técnicas, metodologia, se possível amparado em algum doutorado ou notória especialidade; conhecimento das políticas da outra parte; numa atitude acadêmica verdadeira, ou seja, apresentando os argumentos de forma clara, consistente, com forte embasamento empírico e, sobretudo, na forma de recomendação, não de aconselhamento arrogante.
Enfim, quem se mete onde não é chamado, corre o risco de passar por metido, o que não fica bem entre chefes de Estado, ou de governo (no caso da Merkel).
Da próxima vez, conviria se aconselhar melhor entre os assessores (se estes forem especialistas, claro).
Aliás, no caso dessas políticas, creio que o essencial já foi tratado neste meu post, que trata de questões paralelas ou dessas mesmas.

DOMINGO, 25 DE MARÇO DE 2012

Em todo caso, da próxima vez, conviria pensar duas ou três antes de se pronunciar de forma sobranceira na casa dos outros.
Paulo Roberto de Almeida

Em entrevista, Merkel rejeita lição de Dilma

Em entrevista, Merkel rejeita lição de DilmaFoto: Divulgação

À REVISTA MANAGER-MAGAZIN, A CHANCELER ALEMÃ DIZ QUE, ANTES DE PEDIR PARA QUE PAÍSES RICOS REDUZAM O CHAMADO "TSUNAMI MONETÁRIO", DILMA DEVERIA REDUZIR OS JUROS NO BRASIL; "SE MEU POVO PODE GANHAR JUROS ABSURDOS LÁ NO PAÍS DELA, NÃO VOU PEDIR QUE NÃO FAÇA"

04 de Abril de 2012 às 08:47
247 – A chanceler alemã Angela Merkel deixou o tom diplomático de lado e atacou ontem os conselhos de Dilma Rousseff sobre a gestão da crise. "Essa senhora vem à Alemanha nos dizer o que temos que fazer? Ora, a Alemanha vai bem obrigado apesar de tudo. Mas eu vou aproveitar para dar um conselho a ela... antes de vir aqui reclamar das nossas políticas econômicas, por que ela não diminui os gastos do governo dela e diminui os juros que são exorbitantes no Brasil? Se eu posso emprestar dinheiro a juros baixos e o meu povo pode ganhar juros absurdos lá no país dela, não vou ser eu que direi ao meu povo para não fazer isso. Ela que torne a especulação no país dela menos atraente", disse Merkel em entrevista à revista Manager-Magazin.
A resposta da chanceler da Alemanha se refere às críticas da presidente do Brasil que acusou os países ricos, especialmente europeus e americanos, de estarem provocando um “tsunami monetário” com suas políticas expansionistas. Segundo Dilma, a ação provoca dois efeitos : torna os produtos dos países ricos mais competitivos artificialmente, e cria bolha de ativos. "Todo mundo vai tratar de tsunami (monetário) no mundo…eu, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o BIS, que é o Banco de Compensações Internacionais, que mostra que é impossível com US$ 8,8 trilhões e no caso específico da União Europeia, com US$ 1 trilhão, o que acontece ? Acontece que a política monetária expansionista destes países produz um efeito extremamente nocivo, porque desvaloriza de forma artificial as moedas", disse Dilma.
Num discurso diante de uma platéia de empresários na abertura da maior feira de tecnologia do mundo – a CeBit, no início de março, Merkel rebateu as críicas na presença de Dilma: "Nós (ela e Dilma) vamos discutir a crise e as preocupações de cada uma. A presidente falou que está preocupada com um “tsunami de liquidez”. Do nosso lado, nós estamos olhando onde estão as medidas protecionistas unilaterais".
Agora, a Alemanha aponta o dedo para as deficiências do Brasil.


Concurso do Itamaraty: erros graves do CESPE prejudicam milhares de candidatos, provavelmente todos

Como ocorre com todo monopólio construído na base da troca de favores, e na suposta "especialidade" do fornecedor do serviço, o CESPE, que monopoliza as provas do concurso de ingresso para a carreira diplomática comete não apenas erros materiais -- alguns deles graves, como esse relatado abaixo -- mas sobretudo erros substanciais, com uma visão politicamente distorcida, muitas vezes enviesada dos processos diplomáticos, o que obriga os candidatos a tentar saber o que anda pela "cabeça" -- se o termo se aplica -- do formulador da questão, para tentar responder, não o que seria ou é o certo, mas o que seria correto nessa versão distorcida sobre alguns fatos históricos, sobretudo contemporâneos, e especialmente de certa época de nossa história recente.
Eu já postei aqui reclamações de candidatos, que podem ter a correção de suas provas simplesmente inviabilizada pour erros graves na organização dos cadernos de respostas, sem falar, claro, dos erros substanciais que poderemos constatar por uma leitura da prova.
Abaixo nova mensagem de um dos candidatos envolvidos, malgré lui, nessa triste questão, para o qual eu talvez só possa reafirmar o que já disse: burocratas arrogantes não vão querer corrigir o tremendo "malfeito" -- como diria certo personagem tristemente famoso -- e vão deixar o prejuízo todo para esses candidatos já prejudicados.
Paulo Roberto de Almeida 


Muito obrigado pela atenção, PRA!
Nosso grupo está tentando evitar que eles simplesmente anulem essas 5 questões, uma vez que a anulação concede 5 pontos para todos os candidatos, igualando os que tiveram pontuação menor que 5 (porque erraram ou deixaram em branco) aos que acertaram todos os itens destas 5 questões. Embora pareçam insignificantes, 5 pontos representam aproximadamente 7% de uma prova em que os candidatos erram uma média de 10-12% para serem aprovados.
Além de o CESPE e o IRBr estarem ignorando, muitos candidatos prejudicados são completamente céticos, e a imprensa não tem muito interesse porque "não dá leitura" esse tipo de notícia. Enfim, o fato de o Sr. ter-se solidarizado com nossa causa é de inestimável valor.
Muito obrigado,
[Nome]

A mensagem anterior era esta aqui:

On 01/04/2012, at 01:49, Anônimo wrote:

Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome: Anônimo
Cidade:
Estado:
Email: @gmail.com
Assunto: Opiniao

Mensagem: Na prova da primeira fase do concurso do IRBr, no último domingo, havia, em vários modelos de provas, entre 1 e 4 questões com alterações na ordem dos itens (a saber, são as questões 7, 8, 15 e 55, mas no site do CESPE, obviamente, a ordem está correta no caderno modelo). Em algumas provas, apenas uma questão tinha problema. Em outras, as quatro estavam problemáticas. Por exemplo, os itens no caderno de provas poderiam estar na ordem “1 4 2 3”, enquanto no gabarito a ordem estava correta, “1 2 3 4”.
Além disso, em uma questão de múltipla escolha (questão 24) estavam, em alguns cadernos, constando itens com as letras “a b c a b”, em vez da ordem natural, “a b c d e”.

Pois bem, a confusão aumentou quando os fiscais, após um tempo considerável de prova, começaram a receber reclamações de candidatos que perceberam os erros. Daí em diante, enquanto em algumas salas os fiscais ignoraram o problema, calando-se, em outras eles disseram para preencher de acordo com a ordem da prova; em mais outras salas, diziam para responder de acordo com a ordem no gabarito, enquanto, talvez os piores casos, fiscais asseguravam em outras salas que as questões seriam todas anuladas, e que os candidatos deveriam tranquilizar-se e ignorar aquelas questões. Enfim, instruções contraditórias em cada local, causadas por falta de coordenação do CESPE.
Como resultado, houve completa quebra de isonomia do concurso, com claro comprometimento de toda a prova, com alguns candidatos ignorando as questões, enquanto outros desesperaram-se buscando quais questões estariam com erro, e outros tantos sequer sabiam o que se passava – marcando o gabarito de maneir!
a errada, por sua vez. Mais grave ainda, as instruções, por pior que fossem, foram passadas no momento em que vários candidatos já haviam marcado o gabarito definitivo. Isso tudo foi na parte da manhã. Na parte da tarde da
prova, os candidatos foram recepcionados com uma mensagem padrão, novamente ambígua, escrita nos quadros de cada sala, a respeito de como proceder caso houvesse mais erros (nessa segunda etapa, “apenas” a questão 55 apresentou problema). Como a mensagem não era clara, vários procuraram os fiscais pedindo maiores explicações e, novamente, as instruções em cada sala foram contraditórias.

Então chegamos à terça-feira, ontem, dia da divulgação do gabarito provisório da primeira fase. Embora tantos candidatos já cogitassem até a possibilidade de anulação do concurso, devido a toda a confusão no dia da prova, o gabarito simplesmente ignorou quase todos os problemas. Apenas a questão problemática de múltipla escolha (24) veio anulada. Todas as outras tiveram gabarito divulgado, como se nada tivesse acontecido. Como se não tivessem dito a vários candidatos que deveriam ter marcado de outra forma.
Como se outros tantos não tivessem sido instruídos a ignorar as questões, já que lhes asseguraram que seriam anuladas.

O fato é que, já no dia, alguns candidatos chegaram a protocolar reclamações por escrito no próprio local de prova; outros solicitaram inclusão de relato sobre o problema em ata exarada pelos fiscais. Outros, ainda, estão encaminhando processo judicial.

Presidente renuncia por causa de plagio: ah, se a moda pega...

Eu, por exemplo, sei do caso de um presidente que copiou todas as políticas do anterior, nunca reconheceu, renegou que o tivesse feito, e ainda ficou -- ainda fica -- atacando o antecessor, como se ele tivesse feito tudo aquilo da sua própria cabecinha confusa.
Isso se chama plágio intelectual, e deveria ser sancionado por algum comité de sábios da Academia, se por acaso esta não tiver sido também seduzida pelo plágio e se deixado embalar pela teoria do "nunca antes". 
Plágio é quando copiamos algo de alguém de maneira subreptícia, clandestina, escondida, sem pagar os devidos direitos autorais, sem sequer honrar os chamados direitos morais por obra feita anteriormente e apropriada sem autorização, certo?
Se isso é certo, estamos vivendo em situação de plágio há muito tempo, e o caso desse presidente húngaro parece fácil e simples, perto do que conhecemos...
Paulo Roberto de Almeida 

Presidente da Hungria renuncia devido a escândalo de plágio

DW – 03/04/12.
Após perder o título de doutor por causa de denúncias de plágio, presidente Pál Schmitt anuncia sua renúncia, mas assegura que vai contestar decisão da universidade.
O chefe de Estado da Hungria, Pál Schmitt, anunciou nesta segunda-feira (02/04) ao Parlamento a sua renúncia ao cargo, devido a acusações de plágio que já haviam lhe custado o título de doutor.
O escândalo estourou em janeiro último, quando uma revista divulgou que grande parte da tese do presidente havia sido copiada de diversas fontes. Isso levou a Universidade de Medicina Semmelweis de Budapeste a abrir uma investigação sobre o caso. Na quinta-feira passada, ela retirou o título de doutor de Schmitt, ao confirmar a acusação feita pela imprensa.
Schmitt, de 69 anos, justificou sua renúncia afirmando que o caso dividiu a opinião pública do país, enquanto o presidente deveria simbolizar a unidade da nação. “Nessa situação, sinto que é minha obrigação terminar as minhas funções e renunciar”, declarou.
O ex-presidente criticou a comissão que decidiu retirar-lhe o título, alegando que a medida fora tomada sem conhecer a sua posição, e anunciou que vai recorrer da decisão diante da Justiça. Segundo a denúncia da revista, a tese, apresentada em 1992 com o título “Análise do programa dos Jogos Olímpicos modernos”, era essencialmente a tradução de um texto de um perito búlgaro.

Um artigo ingenuo sobre politica nuclear brasileira - NYTimes

O autor preserva o quadro mental fundamental de Washington, segundo o qual só Washington sabe o que é melhor para todos os países...
O autor está mal informado sobre o Brasil, sobre o programa nuclear brasileiro e é ingênuo (ou não) ao sugerir que abandonemos o programa de enriquecimento de urânio apenas para pressionar ainda mais o Irã.
Pode ser que agradece certos washingtonianos, mas vai causar desprazer em Brasília...
Paulo Roberto de Almeida 


OP-ED CONTRIBUTOR

Can Brazil Stop Iran?

Washington
Joe Mortis

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BRAZIL, the saying used to go, is the land of the future — and always will be. But when Brazil’s president, Dilma Rousseff, visits the White House next week, she will come as the leader of a country whose future has arrived.
With huge new offshore oil discoveries and foreign investment flooding in, Brazil’s economy, growing twice as fast as America’s, has surpassed Britain’s to become the world’s seventh largest. As a member of the Group of 20 and host of the 2014 World Cup and the 2016 Olympics, Brazil is an emerging global leader.
But there is one area where it has an opportunity to lead and has failed to: preventing the spread of nuclear weapons. Brazil should take the bold step of voluntarily ending its uranium enrichment program and calling on other nations, including Iran, to follow its example.
Brazil started off as a force for nonproliferation. It voluntarily placed its nuclear facilities under International Atomic Energy Agency supervision in 1991 and later joined the Nuclear Nonproliferation Treaty. But in 2004, Brazil, home to the world’s fifth largest uranium reserves, also proclaimed that all states had an “inalienable right” to enrich uranium for “peaceful purposes.” It then constructed an enrichment facility and fought with the I.A.E.A. for more than a year before giving inspectors access.
Brazil says its enrichment program is for peaceful purposes, and there is no reason to doubt it. The treaty permits signers to produce enriched uranium to fuel commercial and research reactors, store the radioactive fuel and reprocess spent fuel as long as all nuclear facilities are subject to I.A.E.A. oversight.
But the its greatest flaw is that the same facilities that enrich uranium for peaceful purposes can also be used to enrich it further for nuclear weapons. And reprocessed fuel from peaceful reactors yields plutonium that can be used in nuclear bombs. By exploiting this “enrichment loophole,” North Korea developed a covert program to reprocess spent fuel, withdrew from the treaty and, soon after, developed nuclear weapons. Iran is trying to do the same.
Of the countries now operating or constructing nuclear energy or research reactors under the treaty, more than 40 also have the capabilities to build nuclear weapons by exploiting this loophole. If Iran develops this capability, it could, as President Obama has warned, exert inexorable pressure on Saudi Arabia, Egypt and Turkey to quickly pursue nuclear weapons themselves.
Brazil has unique standing among developing nations to address this proliferation danger because of its historic, nationalist defense of enrichment. If it were to renounce its right to enrich uranium in the name of international peace, close its enrichment facility, embrace a longstanding United Nations proposal to accept enriched uranium from the I.A.E.A., let the agency reprocess its spent fuel — essentially the deal offered to Iran — and call on other states that have signed the treaty to do the same, it would transform the nuclear debate.
A new Brazilian stance would take away Iran’s principal argument that the advanced nuclear weapons states are pursuing a form of “nuclear apartheid” by pulling up the enrichment “drawbridge” before developing nations have a chance to cross. It would also give Iran a face-saving way to join other developing nations in a new multilateral effort to suspend enrichment rather than appearing to yield to Western sanctions and threats. Finally, if Brazil and other developing nations were to give up enrichment, it would make possible a new concerted international effort to close the enrichment loophole permanently by amending the nonproliferation treaty.
There are obstacles. Powerful commercial and military constituencies have a vested interest in continuing Brazil’s enrichment program, and Brazilian nationalists would have to be mollified. Thus, it is vital that Brazil be perceived as acting on its own rather than yielding to pressure from Washington.
Still, the United States could offer incentives behind closed doors. Mr. Obama is weighing proposals to reduce America’s fully operational nuclear arsenal by 30 percent or even more. Brazil currently leads a group of eight non-nuclear states that are pressing nuclear powers, including the United States, to deliver on their treaty commitments and move toward eventual nuclear disarmament — and if there were a breakthrough on this front Brazil would be given substantial credit. Congress and the White House could also revisit the punitive tariff on Brazil’s sugar-cane-based ethanol, which forces Americans to rely on more expensive corn-based ethanol and drives up the global price of food.
Renouncing its enrichment rights would overnight catapult Brazil into a position of global leadership on the most urgent security challenge facing the international community. And Brazil’s leadership would inevitably shape the context for any future discussions about Brazil’s permanent membership on an expanded United Nations Security Council — one of its longstanding ambitions.
At a moment when the world is facing the prospect of war with Iran, Ms. Rousseff has the opportunity to make a courageous overture to help defuse the crisis; she should seize it.
Bernard Aronson, a private equity manager, was assistant secretary of state for inter-American affairs from 1989 to 1993.

Uma proposta fiscalmente responsavel - Ilan Goldfajn


Novas metas fiscais para o Brasil

ILAN GOLDFAJN
O Estado de S.Paulo, 03 de abril de 2012
Em time que está ganhando não se mexe. É a máxima do futebol aplicada pelos brasileiros aos mais distintos aspectos da vida cotidiana. Mas o que não se mexe não muda. Logo, não evolui. E para continuar vencendo ao longo do tempo é preciso evoluir. A máxima do futebol vale para o curto prazo, nem sempre para o longo prazo. Em economia a máxima vale também. E nem sempre com políticas vencedoras. A inércia, às vezes, domina a capacidade de mudar.
A política fiscal do País pode ser vista como vencedora. A manutenção de superávits primários por década e meia foi capaz de reduzir a relação dívida/PIB, afastar de vez as dúvidas quanto à sua sustentabilidade e com isso ganhar credibilidade, reduzir o risco Brasil e o custo do financiamento público e privado. A base do time vencedor foi a criação e manutenção da Lei de Responsabilidade Fiscal e dos acordos bem-sucedidos do governo federal com os Estados. Hoje a nossa situação fiscal contrasta com os problemas agudos dos países avançados, principalmente na Europa.
Mas a política fiscal precisa evoluir. Há alguns aspectos em que ela pode ser considerada perdedora. As despesas têm crescido em torno de 13% (6,3% descontada a inflação) na última década e meia. É uma taxa muito elevada. Para atingir as metas de superávit primário foi necessário elevar a carga tributária de tal forma que hoje é um dos maiores entraves à competitividade da economia. A rigidez do crescimento das despesas correntes significou também que a capacidade de investimento do Estado ficou comprometida, resultado cuja reversão é hoje um compromisso explícito do governo, com o intuito de reduzir os entraves (como infraestrutura) ao crescimento. Não obstante o cumprimento das metas fiscais, o governo continua pesando com uma poupança negativa, o que significa que não sobram recursos para investir. Como consequência, para conseguir fazer frente às necessidades de investimento a economia depende de poupança externa (equivalente ao déficit em conta corrente, atualmente em 2% do PIB, e aumentando). Essa dependência é a razão fundamental para a apreciação cambial, que aflige vários setores da economia.
Avaliamos que seria benéfica para o País a adoção de um regime fiscal com base em metas estruturais. Essas metas ajustam o resultado fiscal tradicional para o sobreaquecimento (ou desaquecimento) nas condições econômicas e nas operações extraordinárias. A adoção de metas estruturais poderia induzir maior eficiência da política fiscal e elevação da poupança pública.
Em períodos de forte expansão econômica e/ou rápida elevação nos preços de ativos (ações, matérias-primas, imóveis) as receitas do governo tendem a crescer rapidamente e as despesas públicas dependentes do ciclo (como gastos com seguro-desemprego), a cair. Gasta-se mais nesse período com o conforto de que as metas fiscais não estão ameaçadas. Mas é exatamente nos momentos de bonança que seria desejável e possível recuperar a capacidade de poupar do governo federal. O contrário se dá em momentos de desaceleração. Com a queda nos preços de ativos ou a deterioração de condições econômicas, a arrecadação sofre e há potencialmente mais gastos cíclicos, dificultando a obtenção dos resultados fiscais propostos à sociedade. Nesses momentos o alívio das metas fiscais tradicionais é recomendável. Na ausência desse alívio, o atual regime fiscal estimula a busca por fontes de receitas temporárias.
As metas fiscais estruturais podem evitar tais distorções. Para calcular o resultado fiscal estrutural se ajustam os números observados do orçamento público para os ciclos de atividade e de preços de ativos. Após uma filtragem preliminar dos dados - eliminando operações orçamentárias julgadas não recorrentes -, estima-se o volume de receitas e despesas do governo que seriam observadas caso a economia (e os preços dos ativos) estivesse operando em sua tendência de longo prazo.
Por filtrar a influência das condições econômicas sobre o orçamento público, o resultado fiscal estrutural revela a efetiva postura das políticas orçamentárias, mostrando em que magnitude as decisões governamentais estão contribuindo para a expansão ou contração fiscal observada.
Recentemente, técnicos do Ipea divulgaram resultados sobre as séries fiscais estruturais para o Brasil. Na mesma linha, a equipe econômica do Itaú Unibanco vem trabalhando com profundidade sobre o assunto (ver o trabalho de Maurício Oreng no Itaú Macro Visão Em prol de uma meta fiscal estrutural para o Brasil, no link http://www.itaubba-economia.com.br/content/interfaces/cms/anexos/MACRO_VISAO_FISCAL.pdf, e também no Texto para Discussão do Itaú Unibanco n.º 6 Brazil's Structural Fiscal Balance, em http://www.itaubba-economia.com.br/content/interfaces/cms/anexos/TD6_abr11.pdf).
Nossas estimativas para o período 2000-2011 (até setembro) mostram uma flutuação considerável no resultado primário estrutural (enquanto o resultado primário tradicional, sem ajuste, mostrou relativa estabilidade). A partir de 2000 houve elevação média de 0,8% do PIB/ano, chegando a 4,3% em 2003. A partir de 2004 verificamos queda contínua no superávit primário estrutural do setor público de cerca de meio ponto porcentual a cada ano, trazendo o resultado de 4,2% do PIB em 2004 para 0,8% em 2010. Finalmente, houve uma significativa mudança na postura fiscal em 2011, com o superávit primário estrutural (acumulado em 12 meses) subindo para 2,1% do PIB até o terceiro trimestre.
Em suma, nossas estimativas de superávit primário estrutural revelam que o atual regime fiscal induz um comportamento expansionista em períodos de sobreaquecimento e o contrário em fases de retração. Além disso, o regime incentiva a busca por receitas extraordinárias em tempos de recessão. Acreditamos que a adoção de metas estruturais resultaria em mais eficiência na gestão pública e maior nível de poupança governamental, contribuindo para aumentar o crescimento sustentável do País.
*ECONOMISTA-CHEFE DO ITAÚ UNIBANCO E SÓCIO DO ITAÚ BBA

terça-feira, 3 de abril de 2012

O Brasil a caminho da... indefinicao? - Ferreira Gullar

De fato, como diz o poeta -- que se revela excelente analista político e econômico, o presidente Lula fez aquilo que em navegação se chama de "navegação à vista", ou "a olho", ou seja, vai levando o barco, sem nevoeiro, sem arrecifes, sem atol ou bancos de areia.
As condições tinham sido dadas pela política econômica anterior -- E DESAFIO QUALQUER COMPANHEIRO A ME PROVAR QUE LULA INOVOU QUALQUER COISA NA POLITICA ECONOMICA -- e o governo só fez piorar o quadro, no plano fiscal e na falta absoluta de qualquer planejamento de médio prazo.
O governo atual já está tendo de navegar entre escolhos e bancos de areia, e não sabe para onde levar o navio, apenas quer evitar algum desastre. Pior que o anterior, já não tem muita folga fiscal, e talvez o ambiente externo -- que ofereceu crescimento de graça ao governo anterior -- se deteriore sensivelmente nos próximos meses.
Paulo Roberto de Almeida

O alerta do poeta Ferreira Gullar

Em sua coluna na 'Folha de S. Paulo', Ferreira Gullar adverte que, em breve, a falta de um projeto estratégico para o país vai custar caro ao governo Dilma. Por Luiz Alberto Machado

2/04/2012 
Em sua coluna semanal ao jornal Folha de S. Paulo, o poeta Ferreira Gullar revela-se um grande analista econômico e um brilhante cientista político, alertando para o agravamento da situação brasileira que caminha, a passos mais largos do que a maior parte da população consegue perceber, para um quadro preocupante.
No plano econômico, Ferreira Gullar afirma que o sucesso do presidente Lula deveu-se, acima de tudo, pela manutenção da espinha dorsal da política econômica concebida nos governos de seus antecessores Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Foi graças a essas medidas que o Brasil se livrou da inflação crônica que inviabilizava o crescimento da produção e consumia o valor dos salários. A abertura da economia e a conquista da estabilidade, tantas vezes criticadas por Lula e pelo PT, somadas ao prolongado crescimento da economia mundial permitiram que Lula adotasse seus programas assistencialistas e concedesse aumentos salariais que beneficiaram o crescimento da população mais pobre. Isso foi feito, como bem observa o ex-presidente do Conselho Federal de Economia, Carlos Roberto de Castro, “sem que Lula tivesse um programa de governo nem muito menos um projeto estratégico para o país”.
No plano político, Ferreira Gullar observa que “desde que o petismo assumiu o governo, nenhuma medida foi tomada para atender às novas condições criadas pelo próprio crescimento da economia. De fato, o que se fez foi onerar os setores produtivos, ampliar a máquina estatal e aumentar as despesas públicas. O número de ministros subiu de 27 para 39 – ou 40, já nem sei – e, com eles o número de funcionários concursados e não concursados”.
A combinação da melhora do padrão de vida de ampla camada da população brasileira e o aumento considerável do consumo foi suficiente para que o país passasse sem grandes traumas pela crise financeira internacional. Isso, por sua vez, foi essencial para que Lula deixasse o governo com índices de aprovação jamais vistos na história da República e conseguisse eleger Dilma Rousseff para sucedê-lo na presidência.
Como adverte o poeta, o preço para conseguir isso, porém, foi alto, e a hora de pagar a fatura está chegando. Estará Dilma Rousseff preparada e, acima de tudo, disposta a pagar o preço?

A Argentina a caminho do desastre...- Banco Central emissionista

Nunca antes na história da Argentina -- talvez sim, mas não de forma tão explícita como agora -- um dirigente do Banco Central tinha dito, com essa clareza cristalina, que emissões monetárias não causam inflação, que é provocada pela insuficiência de oferta. Exatamente como acreditam certos companheiros no Brasil, repetindo Celso Furtado.
Não dava para ganhar Prêmio Nobel de Economia desse jeito, não é mesmo?
Vamos ver quanto tempo temos antes da próxima crise...
 Paulo Roberto de Almeida 


ECONOMIA › REPORTAJE A MERCEDES MARCO DEL PONT, LUEGO DE LA APROBACION EN EL CONGRESO DE LA NUEVA CARTA ORGANICA DE LA AUTORIDAD MONETARIA
“Es totalmente falso decir que la emisión genera inflación”
Por Alfredo Zaiat y Tomás Lukin
Pagina 12, Domingo, 25 de marzo de 2012


Con amplia mayoría se modificó la Carta Orgánica del Central, dejando atrás postulados liberales consagrados a comienzos de los ’90. En diálogo con Página/12, la titular del BCRA detalla la importancia de los cambios y lo que vendrá.

Uno de los primeros cambios que experimentará el BCRA será arquitectónico. Después de atravesar la entrada principal de la entidad se accede a una antesala donde se puede leer en la parte superior de la pared: “Es misión primaria y fundamental del BCRA preservar el valor de la moneda”. La máxima neoliberal consagrada en 1992 será removida. “Vamos a sacar la inscripción que hay en la entrada del edificio. El mismo día que entre en vigencia la ley, ese mandato no va a estar más. Vamos por el nuevo mandato consagrado por la nueva Carta Orgánica”, adelantó la presidenta del Banco Central, Mercedes Marcó del Pont, en un reportaje a Página/12. Se refiere a la ampliación de los objetivos del organismo para considerar además de la inflación, el empleo, el desarrollo económico con equidad social y la estabilidad financiera, al tiempo que institucionalizó la necesidad de coordinación con las políticas del Gobierno. “Damos vuelta la página de la que fue una de las etapas más perversas en término de abandono de soberanía para hacer política económica”, celebró la sanción en el Congreso, por una mayoría abultada tanto en la Cámara de Diputados como en la de Senadores, de la nueva Carta Orgánica de la autoridad monetaria. “Con esta reforma empezamos a bajar unos cuantos cuadros del Banco Central, como el de Milton Friedman”, afirmó.
Marcó del Pont desestimó que la ampliación de las posibilidades de financiamiento al Tesoro por parte del Banco Central generen inflación: “Es totalmente falso decir que la emisión genera inflación, los aumentos de precios tienen su raíz en la oferta y el sector externo”, afirmó. El BCRA tendrá como objetivo impulsar el crédito a la inversión de largo plazo. Ahora también tendrá facultades para limitar los abusos a los usuarios que se registren en materia de tasas de interés de los préstamos personales o sobregiros de tarjetas de crédito, así como en cargos y comisiones que cobran las entidades. Marcó del Pont anticipó que en las próximas semanas estará definido el criterio para determinar el nivel óptimo de reservas. Cuando el stock de divisas del Banco Central supere ese nivel, el excedente podrá destinarse al pago de deuda.
–¿Qué cambiará para los usuarios del sistema bancario con la reforma de la Carta Orgánica?
–El Banco Central puede ahora regular aspectos donde antes no se podía meter. La reforma nos permite utilizar un amplio arsenal de instrumentos para recomponer el canal del financiamiento para la inversión productiva.
–¿Van a crecer los niveles de crédito?
–El objetivo es que crezca el crédito orientado a objetivos estratégicos. Pero no va a existir un milagro y de un día para el otro va a haber más crédito a tasas bajísimas para todas las pymes. Argentina tiene un sistema financiero pequeño. Tampoco nos vamos a convertir en un banco de desa-rrollo. La mediación de toda la actividad financiera se hará a través de los bancos. Las políticas que podamos plantear al estilo del Fondo del Bicentenario son las que más claramente podemos orientar a los sectores elegidos.
–¿Regularán las tasas de interés y limitarán las comisiones cuando las consideren excesivas.
–La ley nos permite intervenir en materia de defensa del consumidor. Antes no teníamos atribuciones para regular o intervenir en situaciones de abusos en el cobro de comisiones, tasas de interés, en el costo financiero total de un crédito. Ahora sí vamos a poder regular y limitar esos abusos.
–¿Piensa diseñar líneas de financiamiento para impulsar el crédito hipotecario?
–Para el Banco Central el crédito dirigido a la inversión de largo plazo es prioritario. Esto tiene que ver con nuestra preocupación por la estabilidad de precios y las causas estructurales de la inflación, que residen en el lado de la oferta y el sector externo y no en la emisión de dinero. Nuestro objetivo es impulsar el financiamiento a través de adelantos al sistema financiero para la inversión reproductiva. Las limitaciones en el crédito hipotecario no necesariamente tienen que ver con disponibilidad de fondos, sino con la brecha entre cuotas e ingresos. En este tema se debe pensar en subsidios dirigidos a determinados sectores para que puedan comprar una vivienda. Desde el BCRA no estamos pensando en ofrecer financiamiento para líneas de crédito relacionadas con ese objetivo; eso no se incorporó con la reforma.
–Pero sí se agregó como objetivo del BCRA el “desarrollo económico con equidad social”.
–Al mandato existente de estabilidad de precios se incorporaron el desarrollo, el empleo y la estabilidad financiera. Además se hace referencia a la necesidad de coordinación, la no independencia de las líneas directrices de las políticas públicas del gobierno nacional. La política monetaria, cambiaria y financiera tiene un rol importante en materia de desarrollo, empleo y la distribución del ingreso. Cuando hablamos de equidad estamos pensando en la idea de que el crédito llegue a todas las regiones, a todos los segmentos de empresas. La bancarización tiene que ver con la inclusión social.
–Algunos economistas advierten que la decisión de potenciar la capacidad de financiamiento del Banco Central al sector público generará inflación.
–Es totalmente falso decir que la emisión genera inflación. Solamente en Argentina se mantiene esa idea de que la expansión de la cantidad de dinero genera inflación. El pánico que se quiere transmitir alrededor de la capacidad de financiar al Estado es muy parecido al debate sobre el uso de reservas para pagar deuda. Es el mismo discurso. Descartamos que financiar al sector público sea inflacionario, porque según esa afirmación los aumentos de precio son por exceso de demanda, algo que no vemos en Argentina. En nuestro país los medios de pago se adecuan al crecimiento de la demanda y las tensiones de los precios están por el lado de la oferta y el sector externo.
–Cuestionan la discrecionalidad que va a tener el Banco Central.
–Siempre que se hacen políticas se hacen con discrecionalidad, ya que se busca favorecer determinados objetivos, modificar relaciones de fuerza. Quienes plantean eso lo hacen desde una matriz ortodoxa y neoliberal donde la intervención del Estado en la economía es mala. La restricción para que los bancos centrales financien a los tesoros se reemplazó en todo el mundo con endeudamiento externo y negocios financieros. Los cambios en la Carta Orgánica posibilitan, en situaciones excepcionales que serán definidas por el Poder Ejecutivo, ampliar el nivel de adelantos transitorios que podemos transferir al Tesoro. Hoy las posibilidades de financiamiento al Tesoro tienen un carácter procíclico: a mayor recaudación, más elevado es el monto que se puede transferir al Tesoro, y cuando cae el nivel de actividad se achican las posibilidades. Los cambios nos permiten plantear una política de financiamiento al sector público que exceda esas limitaciones.
–¿El incremento de la capacidad de financiamiento apunta a cubrir déficit fiscales?
–En el período que va desde 1977 hasta 1992 el BCRA podía financiar al Tesoro por el equivalente al 17 por ciento del PIB. Con esta nueva reforma, considerando todos los adelantos transitorios que sería posible dar, ese financiamiento representaría apenas el 3 por ciento del PIB. Si se sumara el uso de reservas de libre disponibilidad el porcentaje sube a apenas 4,2 del PIB. Argentina tiene superávit primario hace nueve años. Es cierto que en los últimos años hubo déficit financiero, pero los ingresos y gastos corrientes se compensan.
–La reforma eliminó la obligación de la ley de convertibilidad de mantener una relación directa entre el nivel de reservas y la cantidad de dinero y depósitos de la economía. ¿Cuáles serán los criterios para definir el nivel de reservas óptimas?
–Eliminamos la ficción que era mantener una relación entre las reservas y la base monetaria. Según ese criterio, los dólares provenientes del endeudamiento externo eran el respaldo de la moneda. El crecimiento y el empleo son el único garante de la moneda de un país. El nivel óptimo de reservas deberá garantizar el normal funcionamiento del mercado cambiario tomando en consideración la evolución de las cuentas externas. Para eso vamos a construir una fórmula teniendo en cuenta una serie de reglas existentes vinculadas con las importaciones, el porcentaje de vencimientos de deuda a corto plazo, la evolución de los depósitos a plazo y la formación de activos externos. Las fórmulas convencionales dejan de lado un conjunto de aspectos cualitativos inherentes a la realidad económica argentina, como los niveles de dolarización, la evolución de la economía mundial, el comportamiento de los precios de las principales exportaciones, la evolución de la remisión de utilidades y dividendos, el nivel de actividad en Brasil. El nivel óptimo no es el mismo si las empresas reinvierten utilidades y los bancos no giran dividendos al exterior, ni ese nivel es indiferente a la decisión de las provincias y privados de endeudarse en el exterior.
–¿Esos parámetros son variables y, por lo tanto, también lo serán para la definición de reservas óptimas en cada momento?
–Tenemos que seguir una regla dinámica que no sea fija para poder asimilar cualquier cambio endógeno o exógeno en los parámetros que tenemos en cuenta. En las próximas semanas va a estar definido el nivel óptimo.
–¿Los cambios serán informados?
–Todo se va a informar, vamos a explicitar y fundamentar cuál es ese nivel de reservas. Nos plantearon que ahora no vamos a dar cuenta de nada. Por el contrario, vamos a tener que dar mucha más información que antes. Al tener un mandato más amplio, vamos a tener que plantear una programación y proyección mucho más intensa.
–Usted afirmó que aunque no existan reservas de libre disponibilidad el país pagará sus vencimientos con reservas.
–En lo que va del año se pagaron alrededor de 560 millones de dólares de deuda con organismos internacionales y sector privado. Se hizo aunque hoy no haya reservas de libre disponibilidad de acuerdo a los parámetros de la convertibilidad.
–¿Cómo hizo?
–El Tesoro entregó los pesos al Banco Central y le transferimos los dólares, divisas que utilizó para el pago de deuda. Esos dólares son reservas. La deuda la pagamos con endeudamiento o con reservas. Esta segunda opción se puede realizar de dos maneras: transfiriendo dólares a cambio de una letra al Tesoro, como hicimos los últimos dos años, o con excedente fiscal. Para lograr el excedente fiscal necesario para pagar todos los servicios de la deuda habría que hacer un ajuste brutal, bajando obra pública, subsidios, asignaciones sociales y políticas de ingreso.
–¿La institucionalización de la posibilidad de pagar deuda con reservas establece que de ahora en adelante se cancelarán los vencimientos con esos activos y no se recurrirá a endeudamiento externo?
–Este gobierno no es dogmático sobre las políticas y los instrumentos. Como planteó la presidenta Cristina Fernández de Kirchner, vamos a cambiar todo lo que haya que cambiar para garantizar mantener el rumbo. Las reservas rinden 0,2 por ciento y para tomar deuda reclaman una tasa de interés que no baja del 10 por ciento. No hace falta ser economista para saber qué le conviene al país.
–Si las tasas para tomar deuda bajaran a niveles similares a los que paga Brasil, ¿el endeudamiento sería una alternativa?
–No lo creo. Mientras Argentina tenga reservas para estar cómoda en el manejo del mercado de cambios y la estabilidad del sector externo no será necesario endeudarse. Estamos proyectando un muy buen mercado de divisas para este año. Habíamos previsto una disponibilidad de 9000 millones de dólares y probablemente la cifra sea mayor. No acumulamos reservas per se, sino que son un reaseguro frente a shocks externos y también porque podemos darle utilidad en función de nuestras necesidades estratégicas. Hoy no es necesario endeudarse de ninguna manera.
–Más allá de todas las modificaciones que sufrió la Ley de Entidades Financieras y las nuevas atribuciones que posee el BCRA con la reforma, ¿no considera necesario cambiar una legislación que data de 1977?
–No lo descarto, porque esa ley lleva el peso de ser una legislación de la dictadura. Tal vez deberíamos hacer el esfuerzo para modificarla para tener una ley nuestra. Sin embargo, las mutaciones que sufrió a lo largo de los años quedó configurada como una norma que no es restrictiva a la hora de plantearse políticas activas desde el Banco Central.

Nunca, nunca... ou os livros em minha vida...

Não precisa de legenda:

Argentinos conquistam Malvinas...

Decerto, renomearam a rua que fica em frente à Embaixada britânica em Buenos Aires, e passaram a seduzir os kelpers: ou vocês se rendem, ou nós vamos colocar todos vocês na pira sagrada...



Manifestantes queimam boneco do príncipe William durante protesto (Fonte: Reprodução/AP)

MALVINAS
 






Embaixada britânica em Buenos Aires é alvo de ataques

Manifestantes atiraram pedras e coquetéis molotov contra o corpo policial deslocado para proteger o prédio da embaixada

3/04/2012 | Enviar | Imprimir | Comentários: nenhum | A A A
A embaixada britânica em Buenos Aires foi alvo de violentos protestos nesta segunda-feira, 2, aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas.
Manifestantes atiraram pedras e coquetéis molotov contra o corpo policial deslocado para proteger o prédio da embaixada da Grã-Bretanha, no centro da capital argentina. 

Cristina insiste em reivindicar soberania

As forças de segurança argentinas responderam com gás lacrimogêneo e um caminhão que atirou jatos de água nos manifestantes. Várias pessoas ficaram feridas.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, está aproveitando o trigésimo aniversário da guerra pelo controle das ilhas Malvinas, perdida pelo seu país, para reforçar a reivindicação de soberania sobre território.

A IRRACIONALIDADE FUNDAMENTAL DAS MEDIDAS DO GOVERNO - novo pacote esquizofrenico

Desculpem as maiúsculas do título, mas é que eu não encontro nenhuma outra maneira para expressar minha estupefação.
Nunca antes na história deste país, um governo tinha agido com tamanho grau de irracionalidade na condução da política econômica.
Ou talvez sim. Só consigo pensar em outro período comparável: os dois anos e pouco de governo de João Goulart, de 1961 a 1964, quando ele é apeado do poder numa onda de greves, protestos, aumentos desenfreados do custo de vida, recessão à vista e inflação apontando para 100% (sem indexação, relembre-se).
Não consigo ver, nas medidas do governo, NENHUMA, nenhuma medida que contenha um grão de racionalidade. Todas as supostas benesses embutem um grau excepcional de tratamentos setoriais esquizofrênicos, que indicam, claramente, que o governo não sabe o que fazer, e está tentando, como o garoto da fábula, tapar os buracos da barragem com os dedos. O problema é que são poucos dedos, e os problemas se avolumam.
Um governo irracional adota paliativos, e tenta enganar sua clientela prometendo algo que ele não consegue assegurar: um ambiente estável, saudável, seguro para o investimento e para os retornos.
Não sei o que vai acontecer em decorrência desse pacote esquizofrênico, mas uma coisa é certa: os investimentos vão se interromper.
Todos os setores não contemplados com os favores do governo, e são muitos, vão parar, pedindo o mesmo tratamento. Afinal de contas, se alguns tiveram, por que não eles?
Infelizmente, o Brasil está recuando 50 anos no tempo, e adotando as mesmas medidas irracionais de governos populistas, improvisados, atônitos, que não sabem o que fazer.
Os brasileiros vão pagar caro por essa indefinição, pela rusticidade da postura econômica de pessoas que não conseguem formular o diagnóstico correto, e que só sabem meter o dedo no buraco...
Enfim, estamos descobrindo que países, governos, líderes políticos, também podem fazer o país recuar no tempo, contribuindo para a crônica de um desastre anunciado.
Não tenho vocação para Cassandra, mas os líderes do governo têm, sim, vocação para trapalhões...
Paulo Roberto de Almeida 



Por Catarina Alencastro, Daniel Haidar e Eliane Oliveira
Globo, 3/04/2012

A equipe econômica refez as contas e concluiu que o megapacote de medidas para estimular a economia é ainda maior do que os R$ 57 bilhões calculados mais cedo. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, o valor total das medidas chega a R$ 60,4 bilhões. Esse valor inclui não apenas desonerações anunciadas, como a redução dos encargos sobre a folha de pagamento das empresas, mas também um aporte de R$ 45 bilhões do Tesouro Nacional para o BNDES. As medidas do pacote foram anunciadas em cerimônia do Palácio do Planalto, com a presença da presidente Dilma Rousseff, empresários e ministros de governo.
Parte das desonerações serão compensadas por aumentos pontuais de tributos: “Desonerações com impacto no orçamento têm que ter compensação”, explicou o secretário do Tesouro. O secretário evitou dar detalhes sobre como serão os aumentos de carga tributária, mas adiantou que o governo vai aumentar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bebidas frias. “O Brasil terá os estímulos necessários para continuar na trajetória de crescimento que temos tido nos últimos anos. O país pode crescer 4,5% esse ano e continuar nesse patamar nos próximos”, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante a solenidade.
O principal alívio ocorre na folha de pagamentos, com uma mudança na cobrança de encargos previdenciários em 15 setores econômicos (têxtil, confecções, couro e calçados, móveis, plásticos, material elétrico, autopeças, ônibus, setor naval, setor aéreo, bens mecânicos de capital, hotéis, tecnologia da informação, call centers e design house). Deixa de ser cobrada a contribuição patronal previdenciária de 20% sobre a folha salarial e um novo encargo previdenciário custará de 1% a 2% do faturamento de empresas desses setores. Receitas de exportações ficarão isentas e não serão contabilizadas na cobrança desse novo encargo previdenciário.
Quatro desses setores (confecções, couro e calçados, tecnologia da informação e call center) já pagavam contribuição sobre faturamento em vez de encargo na folha salarial desde o início do ano. A desoneração na folha de pagamento das empresas desses setores vai resultar em uma renúncia fiscal de R$ 7,72 bilhões por ano, sendo R$ 4,9 bilhões somente em 2012, já que as medidas só entram em vigor em julho. Esses setores terão ainda que recolher PIS/Cofins sobre as importações que fizerem.
No quadro acima, o Ministério da Fazenda informou a atual taxa de encargo previdenciário cobrada e a nova taxa fixada, que será efetivamente cobrada das empresas e reduzirá a arrecadação do INSS. Mas, segundo o governo, a diferença será coberta pelo Tesouro para garantir que as medidas não aumentem o rombo da Previdência. “Os trabalhadores serão beneficiados, porque com a redução, as empresas poderão contratar mais”, afirmou Mantega. O governo também deu um alívio para os setores que estão sendo mais prejudicados pela competição dos importados. Os fabricantes de autopeças, têxteis, confecções, calçados, móveis terão mais tempo para recolher o PIS/Cofins que deveriam pagar em abril e maio deste ano. O valor poderá ser recolhido em novembro e dezembro.
Nova dedução no Imposto de Renda
Outra novidade é que pessoas físicas e jurídicas poderão deduzir do Imposto de Renda as doações e patrocínios em favor de entidades associativas ou fundações dedicadas à pesquisa de tratamento do câncer. O impacto fiscal estimado é de R$ 305,8 milhões em 2013 e de R$ 337 milhões, em 2014. No novo plano, o governo também aproveitou para tirar do papel uma série de desonerações que estavam sendo prometidas há tempo e que vinham sendo adiadas pela equipe econômica. Foi lançado, por exemplo, o Plano Nacional de Banda Larga e também prorrogado o programa Um Computador por Aluno.
Ao anunciar o pacote, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ainda que o governo está agindo no câmbio e na área de defesa comercial, mas não anunciou nada novo. Ele fez questão de citar operações de controle aduaneiro que já vinham sendo implementadas pela Receita Federal. E fez o mesmo na área cambial. Mais uma vez, o ministro tentou segurar a queda do dólar no discurso: “O importante não são as medidas já tomadas, mas as que vamos tomar.”
Ele criticou o que chamou de “subsídio disfarçado”: a desvalorização de suas moedas praticada por outro países. “Todo mundo quer desvalorizar sua moeda para que seus produtos sejam mais baratos no mercado intencional. O subsídio cambial nada mais é que um subsidio disfarçado. O plano também prevê a manutenção da preferência para os produtos nacionais nas compras governamentais de medicamentos, fármacos, biofármacos, retroescavadeiras e motoniveladoras. Esses produtos terão prioridade e poderão custar até 25% mais caro em licitações.
BNDES recebe aporte de R$ 45 bilhões
O plano inclui um aporte de R$ 45 bilhões do Tesouro Nacional ao BNDES. Com esses recursos, o banco vai aumentar linhas de financiamento para setores como o de inovação e também baratear suas taxas de juros. Pelas novas condições do programa, no caso do financiamento à produção local de ônibus e caminhões, por exemplo, a taxa de juro fixa cairá de 10% para 7,7%, e o prazo total estendido de até 96 meses para 120 meses. Além disso, a participação máxima do BNDES no investimento foi elevada, podendo chegar a 100% em alguns casos. Para bens de capital, a taxa de juro fixa para grandes companhias passou de 8,7% para 7,3% ao ano, e de 6,5% para 5,5% no caso da micro, pequena e média empresa. O prazo do financiamento continua em 120 meses.
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