O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Kafka no Caribe: a Superintendencia dos Precos Justos, e o lucro maximo a 30pc na Venezuela...

Que futuro pode ter um país que possui uma Superintendência dos Preços Justos?
Que futuro pode ter a economia de um país no qual os capitalistas, se forem bem sucedidos e conhecer uma demanda extraordinária pelos seus produtos, precisam absolutamente limitar o seu lucro a 30% do faturamento total?
E quem tiver taxa de lucro abaixo de 15%, como faz? Pede subsídio ao governo?
Por essas e outras, eu acredito que a economia venezuelana já deveria ter ido para o espaço, ou afundado de vez.
Ela é uma vaca que voa, e o combustível se chama petróleo.
Todo o resto é, aliás, o contrário de uma vaca: dali nada se aproveita, nem o berro, que este é do governo e só pode nos fazer rir com suas tiradas a la Dali e Kafka combinados: ou melhor, um verdadeiro quadro de Polock...
Paulo Roberto de Almeida

Nicolás Maduro fixa em 30% lucro máximo na Venezuela

Medida está entre as prometidas após aprovação da Lei Habilitante; presidente venezuelano anunciou outras mudanças contra crise econômica

16 de janeiro de 2014 | 0h 43
O Estado de S. Paulo
CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou no fim da noite de quarta-feira, 16, a Lei de Custos e Preços Justos, que limita em 30% o ganho máximo de todas as atividades econômicas no país.
Maduro anunciou mais alterações na economia venezuelana - Miguel Gutierrez/EFE
Miguel Gutierrez/EFE
Maduro anunciou mais alterações na economia venezuelana
O controle do lucro foi uma das primeiras medidas prometidas por Maduro, que estimava entre 15% e 30% o valor que deveria ser permitido pelo governo. A mudança foi prometida pouco depois de a Assembleia Nacional aprovar, em novembro, uma Lei Habilitante que aumentou os poderes do presidente para legislar sobre temas econômicos por 1 ano.
Durante a leitura do seu informe de gestão referente ao ano de 2013 no Parlamento, Maduro afirmou também que juntará dois órgãos estatais de controle de preços para criar a Superintendência de Preços Justos, encarregada desde ontem de controlar o lucro no país.
Entra as novas medidas para enfrentar a grave crise econômica que atinge o país - que fechou 2013 com a inflação anual estimada em 56% -, o presidente revelou que extinguirá a Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), que controla a entrada e saída de moeda estrangeira, mas manterá a cotação do bolívar em 6,3 por dólar durante 2014.
"O objetivo (das mudanças) é reestruturar todos os mecanismos de acesso a divisas com a aceleração de processos complexos", explicou. "Vamos manter o dólar a 6,3 durante todo este ano e por muito anos."
O líder bolivariano também fará mudanças no Ministério de Finanças. Além da fusão com o Ministério de Bancos Públicos, a pasta terá como titular Marco Torres, que comandava o ministério extinto. O atual ministro, Nelson Merentes deve voltar ao Banco Central da Venezuela, entidade que presidia antes de assumir as Finanças, em abril.
Os ajustes ministeriais anunciados ontem completam as mudanças iniciadas na semana passada, quando Maduro trocou os titulares de sete ministérios com o objetivo de "ajustar e melhorar" o ritmo de seu gabinete.
Câmbio. Outra mudança que entrará em vigor na Venezuela deve alterar a Lei de Crimes Fiscais para permitir que o setor privado possa oferecer dólares por meio do Estado. "Vou fazer uma mudança (...) para que se use os sistemas complementares de divisas como já estamos implementando no turismo", prometeu Maduro. / EFE

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O reino podre do Guia Genial dos Povos e as falcatruas do partido totalitario - Jose Neumanne

O reino da Dinamarca está podre, mas fica longe
José Nêumanne
Quem dá a mínima para o agente Barba, a morte de Celso Daniel ou os dossiês fajutos do PT?
O livro Assassinato de Reputações (Topbooks, 2013), do policial e advogado Romeu Tuma Júnior, faz revelações de alto teor explosivo sobre a atuação do mais popular político brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o autor, Lula foi o informante chamado Barba do pai dele, Romeu Tuma, delegado que chefiou o setor de informações da polícia política na ditadura militar, dirigiu a Polícia Federal (PF) e foi senador da República. A obra contesta a versão oficial da polícia estadual paulista, comandada por tucanos, e da direção do partido de Lula, o PT, sobre o assassínio de seu companheiro e prefeito de Santo André Celso Daniel, quando este coordenava o programa de governo na primeira campanha vitoriosa do petista-mor à Presidência. Como indica o título, ele relata minuciosamente o uso de dossiês falsos montados contra adversários em época de eleições. Tuma assegura ainda ter provas de que ministros do Supremo Tribunal Federal tiveram seus telefones grampeados. E registra a atuação ilícita de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência em operações da PF, caso da Satiagraha.
Tuminha, como o próprio autor do livro se autodenomina para se distinguir do pai, Tumão, teve o cuidado de esclarecer que o agente Barba não delatou nem prejudicou ninguém. Ao contrário, em sua opinião, ele teria prestado benignos serviços ao País e à democracia permitindo que o Estado (então sob controle dos militares) acompanhasse o movimento operário de dentro. Delatores nunca são benquistos nem benditos, mas Lula pode ser a primeira exceção a essa regra consensual que vige nos presídios, nos palácios, nas ruas, nas casas e em quaisquer outros locais, aqui como em outros países, e sob democracias ou ditaduras. No entanto, não há notícia de que nenhuma das Comissões da Verdade criadas pelo governo federal do PT e do PMDB e por administrações estaduais ou municipais tenha aberto alguma investigação a respeito da atuação de um dirigente político e gestor público importante como ele.
No livro O que Sei de Lula, de 2011, revelo que houve uma reunião em São Paulo do então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema com o major Gilberto Zenkner, subordinado do chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Octávio Aguiar de Medeiros. Este travava intensa luta pelo poder contra o chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, que enviara o presidente do partido do governo em São Paulo, o ex-governador Cláudio Lembo, para pedir ao líder dos metalúrgicos em greve apoio público à volta e reintegração dos exilados com a abertura e a anistia. O líder negou-o, Medeiros duvidou da informação dada a Figueiredo, mandou conferir e Lula reafirmou a negativa.
Justiça seja feita, Lula sempre confirmou em público ter mantido excelentes relações com o mais célebre xerife na transição da ditadura para a democracia. E chegou mesmo a gravar carinhosa mensagem usada por Tumão na sua propaganda política em campanha para o Senado. Quer dizer: ninguém pode afirmar que haja provas de que ele tenha sido delator, mas também ninguém apareceu para desmentir a versão de Tuminha nem a reunião com o emissário de Medeiros.
Tuminha faz no livro um relato de razoável verossimilhança do sequestro e assassinato de Celso Daniel com a autoridade de quem era, à época, o delegado de Taboão da Serra, onde o prefeito foi executado. O governador de então (e hoje), o tucano Geraldo Alckmin, afastou o policial do caso e transferiu a investigação para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, alegando que o funcionário poderia aproveitar-se da exposição na mídia para se eleger deputado estadual. O inquérito feito pela cúpula da polícia paulista, apoiado e aplaudido pelo comando petista, é contestado pela família da vítima e a sequência de fatos que o autor reproduz na obra sugere que o crime está longe de ter sido elucidado.
Tuma Júnior nunca foi oposicionista nem adversário de Lula. Ao contrário, foi nomeado por este para comandar a Secretaria Nacional de Justiça, ocasião em que muitas vezes, segundo afirma, foi procurado por figurões de alto coturno do governo e do PT para produzir inquéritos contra adversários. Novidade não é: o falso dossiê contra José Serra na campanha para o governo paulista é tão público e notório que, contrariando o seu hábito de nunca ver, nunca ouvir, nunca saber, Lula apelidou de “aloprados” os seus desastrados autores. Nenhum destes, contudo, foi investigado e punido. E seu eventual beneficiário, o candidato petista derrotado por Serra na eleição, Aloizio Mercadante Oliva, é ministro da Educação e tido e havido como um dos principais espíritos santos de orelha da chefe e correligionária Dilma Rousseff. Mas os fatos lembrados no livro de Tuminha impressionam pela quantidade e pela desfaçatez das descaradas tentativas de usar o aparelho policial do Estado Democrático de Direito para assassinar reputações de adversários eleitorais, tratados como inimigos do povo.
O policial denuncia delitos de supina gravidade na obra. No entanto, desde que o livro foi lançado e evidentemente recebido com retumbante sucesso de vendas, não assomou à cena nenhum agente público ou mesmo um membro da tíbia oposição que resolvesse ou desmascarar as possíveis patranhas do autor ou investigar as informações dadas por ele e que seriam passíveis de desmentido ou confirmação. Pois o protagonista das denúncias do delegado continua sendo o eleitor mais importante do Brasil e se prepara para consagrar seu poste Dilma Rousseff, reelegendo-a. Pelo simples fato de que não há eleitores preocupados com as aventuras do agente Barba na ditadura, com a punição dos assassinos de Celso Daniel ou com os inimigos dos poderosos do momento contra os quais foram fabricados falsos dossiês. Há algo de podre no Reino da Dinamarca, mas, como se sabe, a pátria de Hamlet fica longe daqui.
Jornalista, poeta e escritor
(Publicado na Pág. A2 do Estado de S. Paulo de quarta-feira 15 de janeiro de 2014)

Reitores irresponsaveis querem jogar a conta de outros incompetentes nas costas dos mais pobres...

Como são os mais pobres que pagam mais impostos no Brasil, o que esses reitores -- eleitos democraticamente pelos seus pares, que também acham bom viver de dinheiro público, sem ser obrigados a prestar contas à sociedade -- irresponsáveis querem é que os mais pobres do Brasil paguem pelo privilégio de alguns ricos que antes pagavam para estudar, e agora perderam as suas arapucas douradas. Os professores também querem ser "federalizados", ou seja, querem que todos nós paguemos pela irresponsabilidade e incompetência dos gestores das duas unidades de ensino descredenciadas pelo MEC.
Antes já fomos obrigados a assumir os professores e alunos da Candido Mendes, outra fechada, mas com professores e alunos premiados com o nosso dinheiro.
Um país decente, um Congresso normal, uma sociedade ciente do valor do dinheiro de cada um não permitiria esse tipo de falcatrua com o dinheiro público.
Dito isto, quem é o MEC para descredenciar duas empresas privadas?
Se o MEC fosse submetido a um controle de qualidade, não passaria de medíocre, ou talvez até de alguma classificação de nocivo à educação nacional.
Não são duas empresas privadas, que oferecem serviços medíocres de educação contra remuneração? Pois deixemos que seus empresários-patrões resolvam o problema como vieram ao mundo: relações de oferta e procura no mercado. Os alunos é que procurem empregos com os certificados das duas; os professores é que negociem salários com os patrões, do contrário procurem outras instituições.
Por que é que no Brasil sempre se procura mamar nas tetas do Estado?
E por que o Estado é generoso com capitalistas?
Paulo Roberto de Almeida

Reitores da UFF, UFRJ, Unirio, Rural e Cefet-RJ propõem federalização da Gama Filho e UniverCidade

  • Dirigentes assinaram nota em que defendem que medida atenderia “aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis”
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Alunos da Gama Filho e UniverCidade protestam contra o descredenciamento das instituições Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Alunos da Gama Filho e UniverCidade protestam contra o descredenciamento das instituições Domingos Peixoto / Agência O Globo
RIO — Em reunião realizada nesta terça-feira (14) na Universidade Federal Fluminense (UFF), os reitores da UFRJ, da Unirio, UFRRJ e da UFF e o diretor-geral do Cefet-RJ assinaram uma nota propondo que a Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) sejam federalizadas.
Alunos das duas instituições que foram descredenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) fizeram um protesto, no início da noite desta terça-feira, no Centro do Rio. Um grupo, formado por cerca de 300 pessoas, seguiu pela pista lateral da Avenida Presidente Vargas, sentido Praça da Bandeira. 
A federalização seria uma alternativa ao fechamento da Gama Filho e da UniverCidade. No documento assinado pelos dirigentes das instituições federais de ensino superior do Rio, eles argumentam que a medida atenderia “aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis”, em referência aos cerca de 10 mil alunos afetados pelo descredenciamento das duas instituições.
Veja a íntegra da nota abaixo, assinada por Roberto Salles (reitor da UFF), Antônio José Ledo Alves da Cunha (reitor em exercício da UFRJ), Luiz Pedro San Gil Jutuca (reitor da UFRJ), Ana Maria Dantas Soares (reitora da UFRRJ) e Carlos Henrique Figueiredo Alves (diretor-geral do Cefet-RJ).
“Nós, reitores das universidades federais e o diretor-geral do Cefet do Rio de Janeiro, abaixo assinados, enfatizamos nossa preocupação com a qualidade da educação, bem como a responsabilidade do governo federal no credenciamento e acompanhamento das universidades, faculdades e cursos em funcionamento no país. Assim, apoiamos como solução a federalização da Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade, ambos do Estado do Rio de Janeiro.
Reconhecendo o grande avanço na educação nos últimos anos e a continuidade das ações positivas do atual governo, conclamamos a presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para que considerem a nossa proposta de federalização, já que possuem todas as condições técnicas e políticas para a implementação da proposta para, com isso, atender aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis.
Consideramos também que o caminho para a solução do problema, que atinge os membros da comunidade acadêmica (alunos, servidores docentes e técnico-administrativos), com forte impacto social, não seja uma simples redistribuição dos estudantes, tarefa que não é fácil e pode se mostrar inviável a curto e médio prazo, agravando a situação.
Como educadores, entendemos que a e ducação não pode ser vista como um negócio, mas um investimento de longo prazo, cuja maior responsabilidade cabe aos governos. Neste sentido, reafirmamos a nossa disposição para colaborar com o processo de federalização, mantendo o compromisso com a educação de qualidade”.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/reitores-da-uff-ufrj-unirio-rural-cefet-rj-propoem-federalizacao-da-gama-filho-univercidade-11299656#ixzz2qUsrI7bW 
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Le Bresil dans l'Economie Mondiale - interview a Radio France Culture - PRAlmeida

Acabo de dar uma entrevista para a Radio France Culture, que vai ao ar na próxima segunda-feira, 20/01/2014, as 06h45 da manhã, em Paris, ou seja, 03h45 de Brasília, em plena madrugada, portanto.
Quando dispuser do link da emissão, comandada pelo jornalista e professor Thierry Garcin, vou informar aqui.
No momento, permito-me transcrever abaixo, mas em francês, pois foi feito diretamente nessa língua, o texto que havia preparado como apoio a minha intervenção. Não falei exatamente o que vai abaixo, nem tudo o que aí está, mas seguiu mais ou menos essa linha.
O jornalista também fez menção a um outro artigo meu que ainda vai ser publicado, este aqui:

« Géoéconomie du Brésil : un géant empêtré? », Géoéconomie 
(n. 68, Février 2014, p. 101-114; ISSN : 1284-9340).

Seguem as notas de referência para a entrevista radiofônica:

Le Brésil dans l’économie mondiale

Paulo Roberto de Almeida
Notes pour un interview à la radio France Culture, 15 Janvier 2014
Journaliste Thierry Garcin (Thierry.GARCIN@radiofrance.com)


1) Comment le Brésil a-t-il traversé la crise économique mondialisée, depuis 2008 environ ?

PRA : Le Brésil a précisément connu une situation confortable de 2004 jusqu’à 2009, non exactement en fonction des vertus supposées de ses politiques économiques – qui ont continué plus ou moins dans la ligne du gouvernement précédent, celui de Fernando Henrique Cardoso – mais grâce à la forte demande pour ses produits primaires de la part de la Chine, qui est devenue le principal partenaire commercial du Brésil en 2009, justement. À la veille de la crise, la plupart des commodities étaient à leur plus haut niveau, avec des prix à 600 dollars la tonne de soya, ou 180 dollars la tonne de minerai de fer, et aussi des records pour la plupart des autres produits primaires. En fait, le Brésil a surfé dans la demande chinoise, avec une moyenne de croissance de près de 4% par an. Mais, en 2009, le taux de croissance a plongé, moins de 1%, pour rebondir à un niveaux presque « chinois » en 2010, à plus de 7%, ce qui a permis à Lula, entre autres, d’élire sa candidate, Dilma Rousseff, au mois d’Octobre.
Depuis lors, hélas, l’économie semble avoir rentré dans une phase de croissance médiocre, avec moins de 2% par an. Cela est dû, en partie, à la modération des prix de ses produits primaires d’exportations, devenus à nouveau la principale source de devises dans le commerce extérieur, mais aussi au fait que le Brésil est devenu un pays trop cher – et pas seulement pour un problème du change – et a beaucoup perdu en compétitivité internationale. Le grand débat actuellement au Brésil, en fait depuis quelques années, touche au processus de désindustrialisation dont le Brésil serait affecté. La vérité est que le Brésil est devenu très peu compétitif sur la scène internationale entièrement en fonction de ses propres erreurs de politique économique, et pas comme résultat d’une crise internationale qui est déjà en processus de réabsorption.
Il y a, d’abord, une incroyable charge fiscale, typique de pays riche, de près de 38% du PIB, mais pour un revenu par tête cinq ou six fois moindre à celui des pays de l’OCDE. Il y a aussi, ensuite, une ambiance de négoce terriblement difficile pour les investisseurs et les hommes d’affaires, en fonction des instincts interventionnistes et dirigistes des leaders du Parti des Travailleurs. Mais il y a surtout le fait que l’État dépense toujours plus que la croissance du PIB et de l’inflation, et dépense mal, avec peu d’investissements productifs, presque tout en dépenses courantes, en spécial des salaires des fonctionnaires. Au lieu de procéder à des réformes, les gens au pouvoir ont ressort à des subsides sectoriels et à des mesures protectionnistes, qui ne font qu’aggraver la situation, car elles provoquent de l’inflation et encore moins de compétitivité externe pour l’industrie. Celle-ci reste ainsi confinée au Mercosur, qui n’est pas non plus à l’abri, soit de la compétition extérieure, surtout de la Chine, soit des réactions encore plus protectionnistes de l’Argentine, qui est le troisième partenaire individuel du Brésil, après les Etats-Unis. Avec ce pays, précisément, le Brésil a connu le pire déficit de son commerce extérieur dans l’année qui vient de s’écouler, avec un résultat négatif de plus de 16 milliards de dollars, en annulant tout son surplus avec la Chine et avec beaucoup d’autres pays.
La balance commerciale est, donc, presque en équilibre, et elle constitue le seul recours d’un pays qui a un déficit chronique, historique, dans la balance des services, ce qui donne un résultat négatif de plus de 88 milliards de dollars, ce qui est énorme, même si les réserves du Brésil soient énormes (mais elles sont presque toutes appliquées en Treasury-bonds, qui donnent un retour insignifiant). Les Brésiliens dépensent toujours plus à l’extérieur, surtout aux Etats-Unis, mais aussi en Europe, car le Brésil est devenu, il faut le réaffirmer, trop cher. On est, donc, dans une situation difficile, avec une stabilisation dans la croissance très médiocre, et une inflation renaissante.

2) Quelles sont les principales forces et faiblesses du pays, pour affronter les défis économiques majeurs des prochaines années ?

PRA : Le Brésil à des énormes ressources naturelles, ce qui, couplé avec des innovations technologiques et des ressources de marketing, peut en faire un très gros exportateurs de produits alimentaires, pas seulement en gros, mais aussi élaborés. Je crois qu’il y a là, avec les possibilités de production d’énergie renouvelable – je pense à l’éthanol et au biodiesel – de très grandes possibilités de croissance, sur la base de ces avantages comparatifs et compétitifs. L’agrobusiness brésilien est un killer absolu dans les marchés mondiaux, seulement retenu par une infrastructure vraiment pitoyable, mais qu’il est possible d’améliorer dans les prochaines années, grâce à l’ouverture des concessions et à des investissements brésiliens et étrangers. Justement, jusqu’il y a très peu, les staliniens au Parti des Travailleurs étaient tout à fait contraires à des privatisations ou à des simples concessions ; ils ont rebroussé chemin, non pas par conviction, mais parce qu’il n’y avait pas d’autre solution, faute des ressources et de compétence au gouvernement de la nouvelle Nomenklatura. Il y a là, donc, des forces importantes, qui peuvent aider le Brésil dans un monde qui semble s’acheminer vers 9 milliards de personnes, ayant donc besoin de beaucoup plus d’aliments et de l’énergie. Il y au monde seulement deux grands pays qui peuvent augmenter considérablement l’offre alimentaire et de l’énergie, et ce sont les Etats-Unis et le Brésil, le premier du côté de la productivité et des technologies, le second par l’extension de ses terres arables encore disponibles, et aussi d’une productivité croissante, au moins dans le domaine agricole et minier.
Regardez que je ne mise pas sur les ressources en pétrole off-shore, car il y a parfois une malédiction du pétrole associée à une très grande abondance de ce produits, qui a le pouvoir d’attiser l’esprit rentier de beaucoup de politiciens, ce qui est déjà arrivé au Brésil ; mais, avec les nouvelles technologies en développement aux Etats-Unis, et les difficultés d’extraire l’huile qui est à plus de 7 mille mètres de profondeur, il ne faut pas être trop optimiste là dessus. Si le prix du baril tombe, par exemple, à mois de 80 dollars, on peut dire adieux au pétrole des couches plus profondes.
Du côté des faiblesses, bien, elles sont nombreuses, et commencent par le poids démesuré de l’État dans l’économie et dans la vie des entrepreneurs et des simples citoyens en général. Comme les Français, le Brésiliens aiment l’État, veulent plus d’État, rêvent de devenir des employés du secteur public – qui paye, en moyenne, six fois plus que le secteur privé, pour des fonctions équivalentes – et ne se rendent pas compte qu’on est en train de construire une sorte de fascisme corporatif qui va beaucoup peser dans les possibilités futures de développement au Brésil. En fait, l’État brésilien, qui dans le passé était le principal inducteur de la croissance, est devenu, avec sa charge fiscale monstrueuse et ses régulations byzantines, le principal obstacle au développement du pays. Prenez les rapports de compétitivité mondial, ou le Doing Business de la Banque Mondiale pour vous en convaincre : le Brésil est presque un enfer pour les entrepreneurs, et pas seulement pour les impôts.
Mais, le principal facteur, et là je dois être absolument pessimiste, se situe dans le domaine de l’éducation, où le Brésil occupe toujours les dernières places dans les examens de comparaison internationale menés par l’OCDE. L’enseignement public est vraiment défaillant dans les deux premiers niveaux, et il semble que même à l’université on arrive à avoir des analphabètes fonctionnels. Il n’y a pas moyen de corriger les niveaux très réduits de productivité du travail humain au Brésil si l’on n’améliore pas substantiellement la qualité de l’éducation en général, aussi bien publique que privée. Or, des résultats dans ces secteurs n’arrivent pas avant dix ou 15 années, et cela si on commence par corriger ce qui est erroné, ce qui est loin d’être encore le cas au Brésil. Le Parti des Travailleurs a des conceptions tout à fait équivoques dans ce secteur, y compris avec la tromperie des quotas sociaux et raciaux, qui sont en train de construire un nouvel Apartheid au Brésil.

3) Le Brésil peut-il devenir à moyen ou à long terme un pays émergé à part entière ?

PRA : Oui, certainement, comme beaucoup d’asiatiques l’ont fait déjà, ou comme le Chile semble en train de le faire. Cela dépend, bien sur, de beaucoup de réformes internes – surtout au niveau de l’éducation, de la législation du travail, de la diminution du poids de l’État dans l’économie et dans la vie des citoyens, dans la sécurité sociale, et aussi dans les politiques dites sociales – et d’une nouvelle mentalité du côté des leaders politiques. Il n’est pas possible, dans l’état actuel de la mondialisation, de vouloir maintenir son industrie isolée du monde, comme aux vieux temps du stalinisme industriel des militaires. Tout comme il n’est pas possible de devenir vraiment un pays émergé tant que la politique officielle maintient plus d’un quart de la population dans l’assistance publique : cela n’est pas soutenable à cause de son coût, qui n’est pas vraiment le problème majeur, avec autour de 1,5% du PIB alloué aux programmes de subsides à la consommation des plus pauvres.
Cela n’est pas acceptable au point de vue du marché du travail et, surtout, au niveau de la psychologie sociale : beaucoup de Brésiliens commencent à consolider une mentalité nationale qui les fait attendre de l’État n’importe lequel bénéfice social ou prestation de services : emploi, habitation, culture, santé, éducation, transport, tout ; les gens se sont habitués à espérer que l’État leur procure n’importe quoi dans la vie, y compris la capote et le Viagra. Cela n’est pas possible, et tant que cette mentalité perdure, aussi bien du côté des citoyens les plus pauvres que du côté des politiciens, le Brésil ne sera jamais un pays développé.
Le plus grave problème, j’insiste à nouveau, c’est l’éducation, mais aussi un État qui est devenu un prédateur de la richesse produite dans le secteur privé. Tant que l’ogre famélique ne sera pas contenu, il y a très peu de chance pour que le Brésil augmente son taux d’épargne et d’investissement, et pour que les gens soient libérés de ce fascisme corporatif qui est en train d’être construit dans l’inconscience générale. Rome n’a pas été vaincue par les Barbares : sa décadence avait commencé beaucoup de temps auparavant, et elle avait des causes profondément internes, des comportements abusifs de la classe dominante – comme au Brésil, d’ailleurs, et je n’exclue pas la nouvelle Nomenklatura du Parti des Travailleurs des profiteurs – et un sens perdu des vertus économiques faites de travail et de productivité, en faveur de la consommation et des subsides de l’État, comme au Brésil, d’ailleurs.
Espérons que le gens en prennent conscience, mais la responsabilité principale en incombe, en tout premier lieu, à la classe dirigeante. Or, au Brésil, elle s’est révélée, jusqu’ici tout à fait irresponsable. On a besoins des véritables hommes d’État.

Hartford, 11 Janvier 2014.