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quarta-feira, 12 de março de 2014
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Diplomacia
Itamaraty suspende dois diplomatas acusados de assédio
Cônsul-geral do Brasil em Sidney e seu adjunto teriam cometido assédio moral e sexual contra funcionários do consulado brasileiro na Austrália
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil suspendeu dois diplomatas que prestavam serviços no consulado do país em Sydney, na Austrália, e foram acusados de “assédio moral e sexual” por funcionários da representação brasileira, informaram nesta quarta-feira fontes oficiais. As sanções recaíram sobre o então cônsul-geral do Brasil em Sidney, Américo Fontenelle, e seu adjunto, César Cidade, que foram suspensos do serviço diplomático, respectivamente, por 90 e 30 dias, segundo um ofício publicado nesta quarta-feira no Diário Oficial.
A publicação justifica a sanção por “não cumprimento dos deveres funcionais” de um diplomata, entre os quais cita a obrigação de “manter uma conduta compatível com a moralidade administrativa”. Ambos diplomatas tinham sido afastados de seus cargos no ano passado, depois que Viviane Hottum Jones, funcionária do consulado, denunciou os supostos abusos em uma entrevista a um canal de televisão brasileiro.
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“Ele vinha por trás e me dava um beijo no rosto. Ou então vinha com comentários pejorativos, tipo: você está em posição sugestiva”, afirmou então Jones sobre a suposta conduta de Fontenelle. Após ouvir as acusações da funcionária, a Chancelaria brasileira admitiu que anteriormente tinha recebido três denúncias formais contra Fontenelle, assim como uma carta assinada por vários funcionários do consulado na qual era exigida sua destituição.
Segundo o sindicato de empregados não diplomatas do Brasil no exterior, entre 2011 e 2012 oito funcionários do consulado de Sydney pediram demissão e outros seis pediram para ser transferidos e, em todos os casos, alegaram ter sido humilhados ou agredidos verbalmente pelo então cônsul.
(Com agência EFE)
Brasil: um pais improdutivo? Assim parece... - Editorial Estadao
Um país improdutivo
Mercosul: uma sucessao de erros no comercio com a Argentina - Editorial Estadao
Uma dependência desastrosa
Esse expediente já foi tentado há alguns anos, mas sem sucesso. Como era previsível, o comércio continuou baseado no dólar, porque os empresários pouco se interessaram pela alternativa. Mas a política da presidente Cristina Kirchner, fiel ao padrão imposto por seu marido, tornou cada vez mais difícil um intercâmbio normal entre os sócios do Mercosul.
O problema da forma de pagamento volta à agenda, neste momento, porque a situação argentina se agravou continuamente desde a eclosão da crise global, em 2008. Suas importações ficaram sujeitas, nos anos seguintes, a um protecionismo crescente e a regras severas de controle cambial - uma situação cada vez mais incômoda para as empresas brasileiras.
A discussão sobre o uso das moedas nacionais já começou entre os governos dos dois países, com alguma participação de empresários, segundo o Estado noticiou ontem. O arranjo pode ser complementado com um esquema de financiamento bancado pelo lado brasileiro. Se algo desse tipo se confirmar, o governo argentino terá conseguido, finalmente, abrir a empresas de seu país o acesso ao crédito oficial brasileiro. Essa tem sido uma antiga reivindicação da presidente Cristina Kirchner.
O governo brasileiro tem geralmente cedido às pretensões argentinas, quando se trata de fixar as condições de comércio entre os dois países. Essa boa vontade tem sido em grande parte ditada por afinidade ideológica - os dois governos têm apoiado o bolivarianismo - e também pela ilusão de uma liderança regional brasileira. Aceitar as imposições de alguns vizinhos seria parte do preço dessa liderança imaginária. Mas outro fator vem ganhando peso crescente: a dependência excessiva do mercado argentino, consequência de uma série de erros estratégicos da diplomacia econômica petista.
No ano passado a Argentina absorveu 8,1% das exportações brasileiras. A parcela vendida pelo Brasil aos EUA, de 10,3%, foi pouco maior. A China tem sido o único mercado individual com participação maior que a americana e a argentina na absorção de produtos brasileiros (19% no ano passado).
O crescente problema cambial argentino torna essa dependência cada vez mais perigosa. No primeiro bimestre deste ano, o Brasil vendeu à Argentina 16% menos, em valor, do que em janeiro e fevereiro de 2013. O lado brasileiro ainda foi superavitário, mas a redução das vendas prejudicou seriamente o resultado geral do comércio.
Estados Unidos e União Europeia também são importantes mercados para a indústria brasileira. No primeiro bimestre, 45% das exportações para os Estados Unidos foram de manufaturados. Incluídos os semimanufaturados, a proporção das vendas industriais chegou a 66,23%. Esse comércio poderia ser muito mais dinâmico, se os governos brasileiro e argentino houvessem apoiado, há cerca de dez anos, a conclusão do acordo da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
Outros sul-americanos negociaram acordos com os EUA e com outros países avançados e com isso dinamizaram suas exportações. O Brasil ficou preso a um Mercosul emperrado. Nem as negociações com a União Europeia foram concluídas, em grande parte por causa da resistência argentina. A desastrosa dependência do mercado argentino é uma das consequências desses erros.