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quinta-feira, 12 de junho de 2014

O Brasil e a Integracao Regional - Paulo Roberto de Almeida (Mundorama)

Meu mais recente artigo publicado, disponível neste link:
http://mundorama.net/2014/06/11/o-brasil-e-a-integracao-regional-da-alalc-a-unasul-algum-progresso-por-paulo-roberto-de-almeida/
Paulo Roberto de Almeida

O Brasil e a integração regional, da Alalc à Unasul: algum progresso?, por Paulo Roberto de Almeida

 
 
 
 
 
 
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Sistema multilateral de comércio e esquemas de integração: quão compatíveis?
O sistema multilateral de comércio contemporâneo, teoricamente administrado pela Organização Mundial de Comércio (OMC), convive, na prática, com dezenas, mais exatamente centenas de acordos bilaterais ou plurilaterais de comércio preferencial (estes bem mais numerosos), de zonas de livre comércio (relativamente comuns, atualmente), de uniões aduaneiras (poucas) ou de mercado comum (de fato apenas um, a União Europeia, embora vários outros pretendam sê-lo, sem de verdade conseguir). O Brasil participa, cronologicamente, de uma área de comércio preferencial – a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), criada em 1980 para substituir uma anterior tentativa frustrada de livre comércio, a Alalc, fundada em 1960 – e de uma “união aduaneira em implementação”, o Mercosul, criado em 1991 para tornar-se um mercado comum em quatro anos, mas que não conseguiu completar sua zona de livre comércio e que sequer conseguiu fazer funcionar de modo adequado os requerimentos básicos de sua união aduaneira, que seria a efetiva aplicação da Tarifa Externa Comum e uma atuação conjunta dos membros com sentido convergente em torno de uma política comercial uniforme. O Mercosul integra, teoricamente, a Aladi.
Muitos outros esquemas regionais ou sub-regionais de integração surgiram, sobreviveram ou estagnaram no curso do último meio século, entre os quais o Grupo Andino (1969), oportunamente convertido na Comunidade Andina de Nações (CAN). Ela pode ser, também teoricamente, considerada uma experiência de união aduaneira – na verdade, tentativamente de mercado comum – que tampouco realizou seus objetivos. Existem diversos acordos preferenciais ou de associação que vinculam o Brasil e o Mercosul a países da CAN, a começar por diferentes acordos de alcance parcial (AAPs), ou de complementação econômica (ACEs) contraídos no âmbito da Aladi, embora todos eles tenham um escopo menos ambicioso – pela cobertura aduaneira e pelo grau de liberalização tarifária – do que seria no caso da existência de um único acordo de livre comércio, plenamente operacional, entre os dois blocos de integração.
Em todo caso, a intensidade de comércio entre o Brasil e o Mercosul e os demais países da CAN, enquanto grupo (menos efetivo) ou individualmente, é bem maior, devido a fatores de proximidade geográfica e de laços historicamente consolidados, do que os tênues laços existentes entre o Brasil, de um lado, e países da Comunidade dos Estados do Caribe (Caricom) ou do Sistema de Integração Centro-Americano (Sica), de outro. O Brasil não está presente nesses dois blocos, tanto por razões de distanciamento físico, da penúria de vínculos diretos de transporte, quanto da falta de tradição no estabelecimento de acordos comerciais, inclusive porque o funcionamento do Mercosul demandaria negociações conjuntas entre os dois blocos (e não é seguro de que se poderia contar com perfeita unanimidade de visões e intenções em cada um deles).
A existência desses blocos, ou mesmo de acordos não perfeitamente funcionais, poderia, sempre teoricamente, ser positiva para o Brasil, para o Mercosul, e para o próprio sistema multilateral de comércio regido da OMC, desde que todos eles fossem guiados pelo espírito do chamado “regionalismo aberto”, ou seja, de acordos de tipo preferencial mas que ainda assim preservem os princípios básicos dos entendimentos relativos às zonas de livre comércio ou união aduaneiras consagrados nos textos fundacionais (Artigo 24 do Gatt-1947), nos entendimentos posteriores (Parte IV do Gatt, de 1964, cláusula de habilitação da Rodada Tóquio, de 1979) e no memorando de entendimento sobre o Artigo 24 resultante da Rodada Uruguai (de 1993). Cabe, de fato, a expressão teoricamente, uma vez que muitos desses acordos, mesmo os simples esquemas de comércio preferencial podem ser discriminatórios em relação a terceiras partes, ou seja, países e territórios aduaneiros não membros.
A tensão inerente aos princípios potencialmente liberais do sistema multilateral de comércio e a seus próprios dispositivos de exceção (artigo 24 e subsequentes), que permitem fazer discriminação contra os não membros de acordos preferenciais, está presente desde o início do Gatt, e de fato, historicamente, desde os primeiros acordos consagrando versões limitadas da velha cláusula de nação mais favorecida. Com o surgimento do Gatt, e a versão ilimitada e incondicional de nação mais favorecida, diminuíram as chances de tratamentos especialmente discriminatórios, mas não resta dúvida de que a possibilidade permanece, senão sobre a base de princípios e regras consolidados nos instrumentos existentes, pelo menos na prática, dada a existência de dispositivos especiais que abrem espaço algum tipo de discriminação comercial.
Em que medida os esquemas sub-regionais de integração afetam o Brasil?
O Brasil, ou o Mercosul, não é tão afetado pela existência de acordos como os do Caricom, do Sica ou da CAN, quanto pela existência em paralelo de acordos bilaterais ou plurilaterais que estes blocos, ou seus países individualmente, possam ter contraído ou manter com parceiros mais poderosos, como os Estados Unidos e a União Europeia. O comércio interno aos blocos regionais pode ser, ou não, importante em termos de volume, o que depende mais do grau de complementaridade entre as economias nacionais do que propriamente dos acordos formais existentes: esquemas de livre comércio bilaterais (mantidos com aqueles dois grandes parceiros) ou plurilaterais (como o Nafta, por exemplo) conseguem ser mais abrangentes do que os esquemas puramente intrarregionais.
Com efeito, o comércio recíproco entre os países membros desses blocos não é provavelmente tão importante – com algumas exceções – quanto os intercâmbios, regulados ou não por algum acordo comercial, mantidos com parceiros mais poderosos. Todos esses países, ou quase todos – no caso do Caricom, todos eles; nos casos do Sica e da CAN, existem exclusões – mantém acordos preferenciais, de associação ou de livre comércio com os Estados Unidos e com a União Europeia, com dispositivos especiais e profundidades diversas em cada um deles. Existe, assim, um mosaico de situações que pode tanto facilitar quanto dificultar o acesso de terceiras partes a seus mercados respectivos, tanto quanto os fluxos de comércio mantidos ao exterior desses acordos podem ser afetados por algumas das preferências trocadas entre os primeiros.
Tanto é assim que empresas brasileiras procuraram contornar a não existência de acordos diretos com esses grandes mercados – o que foi provocado, por exemplo, pela implosão deliberada das negociações do projeto da Alca, proposto pelos Estados Unidos, pela ação conjunta dos governos Lula, Kirchner e Chávez – mediante sua implantação física no território de alguns desses países, no Caribe ou na América Central, para a partir daí poder vender ao mercado dos Estados Unidos produtos já beneficiados com acesso preferencial. As politicas comerciais protecionistas ou defensivas adotadas por Brasil e Argentina (e por extensão pelo Mercosul) fazem mais mal ao comércio exterior brasileiro do que a existência desses blocos preferenciais.
Criação e desvio de comércio são dois velhos fenômenos vinculados aos esquemas regionais de integração, plenamente identificados desde antes da existência do Gatt por estudiosos como Jacob Viner, que estudou o potencial discriminatório suscetível de ser produzido pelos blocos comerciais com base nos acordos pioneiros efetuados na Europa ou pela Comunidade Britânica de nações (por meio daImperial Preference adotada na conferência de Ottawa de 1932, por exemplo). O Mercosul já foi acusado de provocar mais desvio do que criação de comércio, mas atualmente parece ser bem mais afetado pelo segundo processo, uma vez que não conseguiu efetivar praticamente nenhum acordo comercial significativo com outros blocos ou países desde que foi teoricamente consolidado como união aduaneira. A relutância da Argentina, e do próprio Brasil, em abrir-se em esquemas mais profundos de liberalização comercial explica essa frustração, o que tem preocupado a comunidade empresarial brasileira, ciente das perdas implícitas a qualquer isolamento das grandes correntes de comércio.
Existe superposição de funções entre os diversos esquemas de integração?
Dos três esquemas aos quais o Brasil está associado atualmente, a Aladi, o Mercosul e a Unasul, é praticamente inevitável alguma superposição de funções, entre eles. Mas os três órgãos não podem ser colocados no mesmo plano institucional e, sobretudo, não possuem os mesmos papeis, sequer funções similares, no quadro dos órgãos de integração regional da América Latina. O fato de haver temas comuns não significa que eles tenham surgido com os mesmos objetivos ou se destinam a preencher funções similares, ou semelhantes, a não ser pela designação genérica, em alguns casos equivocada, de “integração”. Essa aparente unidade conceitual em torno do objetivo da integração regional – no caso do Mercosul sub-regional – não pode descurar a realidade de que eles são muito diferentes, e possivelmente vão continuar existindo em paralelo, com alguma superposição de funções, mas não vão se fundir, não vão desaparecer, e tampouco coordenar-se para uma cooperação ideal visando alcançar objetivos semelhantes. Vejamos por que é assim.
A Aladi é o mais antigo de todos: ela tem origem na frustrada Alalc (1960), que procurou criar uma zona de livre comércio na América Latina sem que os países estivessem de verdade preparados para atender todos os compromissos do mandato original e sem, provavelmente, possuir a intenção real de cumprir as etapas e condições requeridas para o atingimento do objetivo final. Ela foi, assim, substituída, pela Aladi que, a despeito do nome mais ambicioso, representou de fato um recuo em relação ao livre comércio, para aspirar tão somente a acordos preferenciais de comércio de alcance parcial e limitado (em consonância com as novas disposições da chamada “cláusula de habilitação”, pela qual partes contratantes ao Gatt menos desenvolvidas estavam autorizadas a contrair entre si acordos preferenciais sem infringir disposições do Artigo 24 do Gatt original). Em outros termos, a Aladi possui objetivos bem delimitados que, mesmo considerando as metas de longo prazo de um espaço ampliado de liberalização comercial, dificilmente transformará a região numa área de livre comércio efetiva. Os países a utilizam – talvez fosse o caso de dizer as empresas, em especial as multinacionais – para objetivos delimitados de acessos recíprocos em setores definidos, de acordo com estratégias de alocação ótima de investimentos e de divisão de mercados, de acordo com um planejamento de tipo microeconômico.
O Mercosul, por sua vez, nasceu de uma percepção de que os dois grandes parceiros do Cone Sul não poderiam ficar indiferentes à onda de acordos minilaterais que estavam sendo negociados a partir dos anos 1980, quando o sistema multilateral de comércio perdeu o grande impulso liberalizador do imediato pós-Segunda Guerra. Naquela época, a então Comunidade Econômica Europeia estava concretizando seu projeto de mercado unificado, com a ameaça de converter-se em uma fortaleza comerciais, ao passo que os Estados Unidos e o Canadá negociavam uma extensão geral do seu acordo de livre comércio automotivo dos anos 1960, no sentido de estabelecer uma zona de livre comércio, abrangendo temas e objetivos não cobertos, então, pelos dispositivos relativamente limitados do Gatt-1947 e alguns dos protocolos setoriais.
O Mercosul avançou relativamente bem nos primeiros anos, mas logo deparou-se com tarefas mais exigentes em liberalização e, sobretudo, em coordenação das políticas econômicas e setoriais dos países membros, com o que diminuiu o ímpeto original de caminhar rapidamente para um mercado comum. A bem da verdade, nem o livre comércio tornou-se efetivamente universal, nem a Tarifa Externa Comum foi implementada de maneira uniforme e abrangente para cobrir toda a pauta aduaneira comum dos países membros. Exceções nacionais persistiram nos dois âmbitos, e dinâmicas diferenciadas de estabilização econômica nos dois grandes países fizeram com a coordenação de políticas macroeconômicas – em especial a cambial, mas também a fiscal e a monetária – fosse impossível de ser realizada na prática, a despeito de solenes proclamações em contrário. No meio do caminho, o Mercosul enfrentou alguns percalços, mas poderia ter continuado a avançar, se não fossem orientações totalmente contrárias ao espírito original do Tratado de Assunção, que passaram a guiar as ações desses dois países, a partir das administrações de Lula no Brasil e de Kirchner na Argentina, ambas inauguradas em 2003. Desde então, o Mercosul só fez recuar no plano do comércio e da abertura econômica, ainda que criando novos dispositivos de caráter político e social, que não estavam contemplados no tratado original, a não ser de modo muito vago e indireto.
A Unasul, finalmente, a despeito de uma retórica ainda mais ambiciosa quanto aos objetivos da integração na América do Sul, não pretende (de fato não poderá) realizar esse objetivo, a não ser de forma totalmente vaga e sem dispor de qualquer meta precisa quanto aos meios e instrumentos pelos quais esse objetivo poderia ser alcançado. A Unasul deriva de uma iniciativa do governo Lula no sentido de criar uma espécie de “linha auxiliar” para o Mercosul, no terreno político e da coordenação dos países sul-americanos, podendo também servir de cobertura para projetos de integração física na região, sem precisar retomar a Iniciativa de Integração Sul-Americana que tinha sido iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso, e sem precisar abrigar os objetivos mais comercialmente abrangentes com os quais o México já estava comprometido no âmbito dos seus outros compromissos de livre comércio na América do Norte e alhures. A estratégia brasileira não resultou totalmente satisfatória, uma vez que o projeto original – a Comunidade Sul-Americana de Nações – foi, ainda na fase constitutiva, parcialmente sabotado por outros países sul-americanos e, pouco depois, deliberadamente desviado de seu curso inicial pelo caudilho venezuelano Hugo Chávez, que fez aprovar o tratado da Unasul na Isla Margarita, em 2008, e colocou o seu secretariado na capital de um aliado, o Equador de Rafael Correa.
Do ponto de vista prático, não há nenhuma possibilidade de que a Unasul realize a integração econômica sul-americana, inclusive porque ela serve apenas de tribuna retórica para os presidentes da região, e vem sendo utilizada, e abusada, de forma totalmente enviesada pelos chamados países bolivarianos, que se servem de uma suspeita legitimidade para justamente legitimar uma erosão sensível dos princípios democráticos em seus próprios países. Suas reuniões têm sido consistentemente políticas, e apenas políticas, sem qualquer conteúdo visível de liberalização comercial, e muito menos de abertura econômica, inclusive porque os ditos bolivarianos operam um retrocesso notável para fases ultrapassadas da história econômica latino-americana, ao promoverem exercícios controversos de nacionalismo econômico, de intervencionismo estatal, de dirigismo comercial introvertido e defensivo, ademais de todas as demais ofensas contra direitos proprietários e o desrespeito a normas contratuais, inclusive no que respeita a proteção do investimentos estrangeiros (ações de que o próprio Brasil foi vítima, na Bolívia, por exemplo).
Em resumo, a Aladi vai permanecer como um cartório de registro de acordos parciais e limitados de abertura mercantilista na área comercial, o Mercosul continuará como uma tribuna mais política do que efetivamente econômica pelos tempos que correm, e a Unasul seguirá sendo utilizada para outros objetivos políticos, e manipulada por países que pouco compromisso mantêm com um projeto realista e ordenado de integração econômica ou comercial. Não estranha que a região esteja sendo fragmentada em blocos diversos, e que a Aliança do Pacífico tenha sido criada por quatro países – Chile, Peru, Colômbia e México – bem mais voltados para objetivos pragmáticos de natureza econômica do que para a retórica gasta de uma integração ilusória.
O Mercosul está condenado ao desaparecimento ou poderá sobreviver?
Nunca ocorreu, a propriamente dizer, a realização dos objetivos estatutários do Mercosul, a despeito de alguns visualizarem uma “época áurea” nos primeiros nove anos de existência do bloco. Antes de 2003, ou mais exatamente antes de 1999, os países membros pareciam sinceramente comprometidos em alcançar os objetivos originais, procurando resolver as diferenças quanto aos ritmos da integração por meio de projetos concretos para superar as dificuldades, envidando esforços reais para continuar a liberalização do comércio recíproco e realizar a coordenação tentativa de suas políticas econômicas nacionais.
A partir da crise cambial de 1999 no Brasil, e do aprofundamento da crise do regime de conversibilidade na Argentina, na mesma época, as divergências quanto às medidas a serem adotadas, nacionalmente ou de modo coordenado no bloco, foram aprofundadas. As administrações seguintes, de Lula no Brasil, e de Nestor Kirchner na Argentina, se desvincularam de modo claro dos objetivos originais do Mercosul, para impulsionar em seu lugar agendas políticas de reduzido, ou praticamente nenhum, conteúdo econômico ou comercial. Não cabe, no entanto, nenhuma culpa ao Mercosul, enquanto bloco, nem pelo lado institucional, nem pelo seu funcionamento, uma vez que a responsabilidade pelos fracassos e retrocessos continuados incumbe inteiramente aos países membros, em especial aos dois maiores.
Da mesma forma, não se pode atribuir à diplomacia profissional brasileira qualquer responsabilidade pelas turbulências surgidas nos últimos dez anos, uma vez que as principais decisões quanto ao curso adotado pelo Mercosul foram todas tomadas no âmbito do poder executivo, ou seja, em nível presidencial. A orientação seguida pela diplomacia presidencial foi a de tentar fazer do Mercosul um instrumento a serviço de uma pretensa vontade de liderança brasileira na região, que jamais foi impulsionada pela diplomacia profissional, pelo fato desta conhecer exatamente os limites desse tipo de exercício numa região fragmentada por visões divergentes sobre sua união política.
O Mercosul sempre foi, desde a origem, um projeto prioritário da diplomacia profissional e das políticas presidenciais no âmbito externo, mas essas percepções podem ter variado tanto em função da dinâmica econômica em curso no Brasil e nos demais países, quanto em função de objetivos políticos dos diversos presidentes ao longo do tempo. Pode-se dizer que José Sarney e Fernando Henrique Cardoso tinham uma noção pragmática da integração sub-regional, de seus limites e possibilidades, ao passo que Lula esteve animado por objetivos que pouca relação mantinham com os objetivos originais do bloco, em especial sem conexões mais afirmadas com a abertura econômica e a liberalização comercial.
O objetivo de um espaço econômico integrado no Cone Sul, e progressivamente na América do Sul, é de fato prioritário, não apenas para a diplomacia brasileira, mas sobretudo para o Brasil, enquanto economia e na condição de um ator regional de certa importância geopolítica. Os governos Sarney e FHC procuraram, de modo bastante engajado, impulsionar o bloco pela vertente de seus objetivos originais, mas a partir do governo Lula pode-se dizer que o Mercosul passou a ser utilizado para cumprir finalidades que pouca relação mantinham com suas metas econômicas e comerciais. Mas, mesmo esses objetivos não foram satisfatoriamente cumpridos, uma vez que a Argentina, a partir do governo Kirchner, desvinculou-se completamente do espírito do bloco para impulsionar seus próprios projetos de “reindustrialização” do país.
Desde 2003, de modo sistemático, a Argentina adotou uma postura abertamente protecionista, inclusive e principalmente contra os demais membros do Mercosul, o Brasil em especial, cujo governo tolerou, e de certa forma foi conivente, com as medidas ilegais, arbitrárias e totalmente contrárias ao espírito e à letra do tratado de Assunção, e até contra normas do sistema multilateral de comércio. Em consequência, o comércio intra-Mercosul recuou, tanto para dentro, quanto no que se refere a processos de negociações comerciais com terceiras partes, no âmbito multilateral e na interface inter-regional (com a UE, entre outros).
Mais uma vez, não existe nada de errado com o Mercosul em si, mas ele não conseguirá recuperar seu perfil e objetivos originais a menos de uma mudança radical na postura dos seus membros principais. A mudança, na verdade, teria de ser um retorno ao mandato comercial e econômico inscrito no tratado de Assunção, sem mais desvios indevidos pelas áreas política ou pretensamente social. A diplomacia brasileira, pelo seu staff profissional, tem plena consciência de que o bloco foi desviado de suas metas originais, mas a responsabilidade por essa situação incumbe inteiramente às lideranças presidenciais.
O Mercosul pode servir para a integração do Brasil a cadeias produtivas globais?
Teoricamente sim, mas qualquer esquema de integração tem de guardar estreita correspondência com as demais políticas setoriais dos países membros, no sentido de fazê-los aproveitar as economias de escala e as possibilidades de modernização tecnológica e produtiva que normalmente estão associadas às ações em favor da integração, com vistas a realizar o objetivo econômico maior da inserção global. A orientação em favor da integração regional, estrito senso, pode ajudar na coordenação de políticas comuns nas organizações multilaterais, tanto quanto na atração conjunta de investimentos externos, passos essenciais para a inserção produtiva de amplo escopo.
No caso do Mercosul, a articulação de votos nos organismos internacionais só tem valido, no que tange a integração, em relação a temas comerciais e econômicos estritamente vinculados aos objetivos listados no tratado de Assunção, e não para outros objetivos políticos que não respondem ao mandato original. Na prática, o desvio dos objetivos originais do Mercosul afastou o Brasil, e o resto da região, do atingimento dessas finalidades vinculadas a cadeias produtivas e inserção nas cadeias globais da economia mundial. Em outros termos, o Mercosul deixou de ser visto, pelos grandes investidores globais, como uma entidade homogênea, dotada de políticas comuns.
Nos últimos dez anos, a integração na América Latina de fato recuou, o que explica que alguns países decidiram optar por outros esquemas, mais flexíveis, de integração, e avançar no terreno da liberalização comercial, inclusive com objetivos globalizantes. Este é o caso, justamente, da Aliança do Pacífico, menos voltada para o comércio recíproco do que para sua inserção nos grandes arranjos que estão ocorrendo no âmbito da bacia do Pacífico. No caso do Mercosul, ocorreu certa desvinculação da concepção original, o que explica manifestações do empresariado brasileiro em favor de uma caminhada novamente solitária na região e fora dela.
Assim, a despeito dos erros de políticas econômicas, da introversão econômica e do protecionismo comercial, cometidos pelos dois grandes países do bloco, as empresas brasileiras continuaram seu movimento de expansão na região, pois tais movimentos correspondem a necessidades objetivas de sua capacidade de projeção competitiva, podendo contar inclusive com o apoio de alguns órgãos governamentais – como o BNDES – para financiar iniciativas mais ambiciosas. Mas, essas iniciativas podem ser erráticas e descontinuadas, o que explica algum recuo na penetração comercial dos vizinhos pelas empresas nacionais. Na prática, são os Estados Unidos e a China que estão ganhando novos espaços na região – em função de acordos comerciais, ou de ganhos significativos com a exportação de produtos primários para o gigante asiático – em detrimento do Brasil e do Mercosul.
Se o Mercosul estivesse de verdade unido em torno de objetivos comuns as posições dos países estariam alinhadas nas negociações multilaterais da Rodada Doha ou no longuíssimo processo negociador com a União Europeia, o que não ocorre de fato. Para que os objetivos teóricos de um processo de integração sejam plenamente realizados, seria preciso que as políticas econômicos dos membros, em especial as políticas comerciais e industriais, ademais da coordenação macroeconômica entre eles, correspondam aos ideais da abertura econômica e da liberalização comercial. Não parecer ser o caso atualmente, o que não quer dizer que tal situação não possa mudar. Para isso, seria provavelmente necessária a assunção de lideranças políticas com perfil de estadistas nos principais países membros. Não precisaria ser uma condição sine qua, se o processo de construção do Mercosul fosse mais institucionalizado e conduzido de maneira burocrática pelas diplomacias nacionais, mas o fato é que o curso do bloco tem sido mais determinado pelo que decidem politicamente seus presidentes do que comanda a agenda econômica dos tratados firmados pelos Estados membros.
O Mercosul não vai deixar de existir, mas sua relevância política e sua importância econômica para os países membros, para o Brasil em particular, tem diminuído, de maneira provavelmente proporcional, no sentido inverso, à expansão do protecionismo comercial e do intervencionismo econômico nos grandes sócios do bloco. Não é seguro que ele volte a se recuperar plenamente de seu atual estado letárgico, mas a superação da situação atual vai exigir algo mais do que discursos vazios em favor da integração, e ações concretas para se retomar o curso original do processo.
Paulo Roberto de Almeida [Hartford, 18/05/2014]
Paulo Roberto de Almeida é diplomata e professor no Centro Universitário de Brasília – Uniceub (pralmeida@mac.com )

Eleicoes 2014: Ibope traz decepcoes a quem mais precisava de uma inversao de curva declinante

Ibope mostra piora da avaliação do governo Dilma Rousseff

• Índice de eleitores que consideram gestão boa ou ótima cai de 35%, em maio, para 31%

Letícia Sorg - Agência Estado/11Jun14

Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, 10, mostra que a avaliação dos eleitores sobre o governo Dilma Rousseff piorou de maio para cá. Segundo o levantamento, 31% dos eleitores avaliam o governo atual como ótimo ou bom. Na mostra anterior, esse índice era de 35%. A avaliação regular oscilou de 30% em maio para 32% agora. Já a avaliação ruim ou péssima oscilou de 33% para 35%.

A pesquisa também perguntou aos eleitores se eles aprovam ou desaprovam a maneira como Dilma vem administrando o País. De acordo com o levantamento, 44% aprovam a atual gestão, ante 47% em maio. Já 51% desaprovam a maneira de Dilma governar, uma alta de 3 pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior.

A pesquisa foi contratada pela União dos Vereadores do Estado de São Paulo (Uvesp) e entrevistou 2.002 pessoas em 142 municípios do País entre 4 e 7 de junho. O nível de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais. O levantamento foi registrado sob o protocolo BR-00154/2014 no Tribunal Superior Eleitoral.

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Ibope: Dilma cai dois pontos e adversários sobem

• Dilma (38%), Aécio (22%) e Campos (13%)

Letícia Sorg - Agência Estado

Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira mostra que a presidente Dilma Rousseff oscilou negativamente em relação ao último levantamento. No cenário mais provável, que inclui candidaturas de partidos nanicos, a presidente saiu de 37% das intenções de voto em abril para 40% em maio e voltou a 38% em junho. O pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, saiu de 14% em abril para 20% em maio e agora alcança 22%. Já o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, soma 13% das intenções de voto ante 11% em maio e 6% em abril.

No mesmo cenário, o pastor Everaldo (PSC) manteve 3% das intenções de voto. José Maria (PSTU), Magno Malta (PR) e Eduardo Jorge (PV) têm 1% cada. Outros nanicos somam 1%. Brancos e nulos são 13% e indecisos, 7%. No levantamento de maio, brancos e nulos somavam 14% e indecisos, 10%.

A pesquisa foi contratada pela União dos Vereadores do Estado de São Paulo e entrevistou 2002 pessoas em 142 municípios do País entre 4 e 7 de junho. O nível de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais. O levantamento foi registrado sob o protocolo BR-00154/2014 no Tribunal Superior Eleitoral.

A estupidez monumental de Piketty - Peter Schiff

O autor deste artigo, um capitalista de sucesso e sem vergonha de sê-lo, argumenta que o economista francês que quer tirar dos ricos para dar aos pobres é motivado basicamente pela inveja.
Pode ser.
Mas a conclusão que eu tiro da leitura deste artigo é que ele é um estúpido fundamental, já que sua "solução" para o problema da desigualdade -- que eu não considero um problema, obviamente, apenas uma faceta da condição humana -- apenas criaria mais problemas, e não representaria solução alguma.
Em todo caso, leiam com atenção.
Quem quiser ler no original, siga este link: http://finance.townhall.com/columnists/peterschiff/2014/06/02/pikettys-envy-problem-n1846197/page/full
Paulo Roberto de Almeida

O problema de inveja de Piketty

Portal Libertarianismo, 10 de junho de 2014
Não há dúvida de que o novo livro de Thomas Piketty, Capital in the 21st Century (tradução livre, Capital no Século XXI) despertou a atenção do mundo. Na verdade, o fenômeno Piketty (o equivalente econômico à Beatlemania) tem em alguns aspectos se tornado uma história maior do que as ideias em si. Contudo, a popularidade do livro não é de todo surpreendente quando você considera que sua premissa central – como a redistribuição radical de riqueza criará uma sociedade melhor – sempre teve entusiastas (muitos dos quais instigaram revoltas e revoluções). O que é surpreendente, todavia, é que as ideias absurdas contidas no livro possam atrair tantas pessoas que supostamente são inteligentes.
Antes do século XX, o impulso da redistribuição foi refreado somente pelo poder incontestável das classes dominantes e, em menor medida, pelas restrições morais e prática contra o roubo. Karl Marx driblou as objeções morais sob o argumento de que os ricos se tornavam ricos somente por meio do roubo, e que a eliminação da propriedade privada era a chave para o crescimento econômico. No entanto, os resultados funestos das revoluções comunistas do século XX levaram os ventos das velas dos redistribucionistas. Depois dessa derrota, novas ideias eram necessárias para salvar a causa. As 700 páginas de Piketty aparentemente preencheram essa lacuna.
Qualquer pesquisador político dirá que a batalha das ideias é ganha ou perdida nos primeiros 15 segundos. A principal conquista de Piketty não reside na importância do seu livro, ou na sua análise de séculos de estatísticas sobre renda (a qual mostrou sinais de desgaste), mas sim na proposição de uma ideia sedutora e emocionalmente simples: que os ricos enriqueceram porque o retorno sobre o capital investido (r) é geralmente duas a três pontos percentuais maiores anualmente do que o crescimento econômico (g). Portanto, as pessoas com dinheiro para investir (os ricos) sempre enriquecerão, num ritmo mais rápido, do que todas as outras pessoas. O livre mercado, portanto, é uma via de mão única em direção ao crescimento da desigualdade.
Como Piketty vê a riqueza em termos de ganhos de soma zero (alguém enriquece empobrecendo a outrem), ele acredita que o sofrimento das massas aumentará até que esse ciclo seja quebrado por meio de: 1) destruição de riqueza que ocorre durante a guerra ou depressão (o que empobrece os ricos) ou 2) redistribuição de riqueza alcançada por meio da tributação sobre a renda, a riqueza e a propriedade. E embora Piketty pareça admirar os resultados alcançados pela guerra e a Depressão, ele não as defende como políticas. Restam os tributos, os quais deveriam ser majorados o suficiente para evitar as altas rendas e a riqueza sob forma de herança.
Antes de demolir o núcleo de sua tese, devemos nos maravilhar com a absurdidade de sua premissa. No seu livro, ele declara “para aqueles que trabalham para viver, o nível de desigualdade nos Estados Unidos é provavelmente maior do que em qualquer outra sociedade em qualquer momento do passado”. Dado que a igualdade é seu padrão de medida de prosperidade econômica, isso significa que ele acredita que os Estados Unidos é provavelmente o pior lugar possível para uma pessoa não rica ter nascido. Essa é uma declaração muito arrogante. E é verdade, em um sentido muito superficial e limitado. Por exemplo, de acordo com a Forbes, Bill Gates é US$ 78 bilhões de dólares mais rico do que o norte-americano mais pobre. Encontrar outro exemplo de tal disparidade monetária pode ser difícil. Contudo, a riqueza é medida de forma muito mais eficiente de outras formas, através do padrão de vida, particularmente.
Por exemplo, acredita-se que o romano mais rico que existiu até hoje foi Crassus, um proprietário de terras do 1º século antes de Cristo. Em um momento quando uma fatia de pão era vendida por 1/2 de um sestércio, Crassus tinha um valor líquido estimado de 200 milhões de sestércios, ou cerca de 400 milhões de fatias de pão. Hoje, nos Estados Unidos, onde uma fatia de pão custa cerca de US$ 3, Bill Gates poderia comprar cerca de 25 bilhões deles.  Então, quando medida em termos de pão, Gates é mais rico. Mas essa é praticamente a única categoria onde isso é verdade.
Crassus vivia em um palácio que teria estado além da compreensão de muitos romanos. Ele consumia alimentos exóticos e vinhos finos até se saciar, tomava banhos quentes todos os dias, e tinha seu próprio grupo de servos, criados, cozinheiros, artistas, massagistas, artistas de teatro e músicos. Seus filhos possuíam tutores privados. Se a temperatura aumentasse muito, ele era carregado em um veículo privado até sua casa de praia, tendo servos abanando-o 24 horas por dia. Em contraste, os romanos mais pobres, se não estavam acorrentados a remos ou gladiando com feras selvagens na arena, provavelmente estariam trabalhando pesado nos campos comendo nada mais do que pão, se houvesse pão, é claro. Ao contrário de Crassus, eles não tinham acesso a uma dieta variada, saúde, educação, diversão ou água encanada.
Por outro lado, veja como Bill Gates vive em comparação com os norte-americanos mais pobres. A pia usada por ambos é notavelmente similar, e ambos disfrutam de água corrente quente e fria. Gates certamente tem acesso a alimento e plano de saúde de melhor qualidade, mas os norte-americanos não morrem de fome ou caem mortos nas ruas por causa de doenças, além de terem muito mais para comer do que meramente pão. Para entretenimento, Bill Gates provavelmente liga a TV e assiste aos mesmos programas que os norte-americanos mais pobres assistem, e quando a temperatura se eleva, ele liga o ar-condicionado, algo que muitos norte-americanos pobres também podem fazer. Obviamente que virar hambúrgueres no McDonald´s não é algo agradável, contudo, é muito melhor do que ser um escravo de uma galera. A mesma disparidade pode ser detectada em outros momentos da história, de Kublai Khan a Louis XIV. Monarcas e a nobreza alcançou riqueza inimaginável enquanto era cercada de pobreza atroz. A mesma coisa acontece hoje em lugares como a Coréia do Norte, onde Kim Jong-un vive em esplendor enquanto seus cidadãos literalmente morrem de fome.
Desemprego, enfermidades ou deficiências não são sentenças de morte nos Estados Unidos como eram em outros lugares no decorrer da história. Na verdade, é possível ganhar até mais sem trabalhar. Mesmo assim, Piketty quer que acreditemos que a desigualdade nos Estados Unidos hoje é pior do que em qualquer outro lugar na história. Se você pode engolir esse abacaxi, acho que você está preparado para aceitar tudo mais que ele quer servir.
Todos os economistas, independentemente de sua orientação política, reconhecem que o aumento do capital produtivo é essencial para o crescimento econômico. Somos tão bons quanto as ferramentas ao nosso dispor. Alimento, roupas e moradia são muito mais abundantes hoje em relação a 200 anos atrás porque o capital na forma de equipamentos torna os processos da agricultura, manufatura e construção muito mais eficientes e produtivos (apesar das regulamentações governamentais e dos tributos que diminuem essa eficiência). Piketty tenta mostrar que foi além de Marx, reconhecendo os problemas das economias planificadas.
No entanto, ele acredita que o Estado deveria estipular limites sobre a quantidade de riqueza que os capitalistas podem reter dos frutos de seu trabalho. Para fazê-lo, ele imagina alíquotas de imposto de renda que se aproximariam de 80% sobre rendas acima de US$ 500 mil, combinada com uma alíquota anual de 10% sobre a riqueza existente (em todas as suas formas: propriedades, artes, propriedade intelectual, etc). Para ser efetiva, ele argumenta que esses tributos confiscatórios deveriam ser impostos globalmente de forma que as pessoas ricas não pudessem transferir seus ativos para outras partes do mundo, fugindo, assim, da tributação. Ele admite que essas transferências podem na verdade não aumentar a arrecadação tributária, as quais poderiam ser usadas, supostamente, para ajudar os pobres. Em vez disso, ele afirma que a questão principal é simplesmente evitar que as pessoas ricas permaneçam ricas ou que enriqueçam.
Dado que seria ingenuidade presumir que os ricos continuariam a trabalhar e investir no nível atual uma vez que tivessem de encarar as barreiras impostas por Piketty, ele claramente acredita que a economia não sofreria nada com isso. Dado o esforço que é demandado para se obter o lucro e o valor que todo mundo coloca sobre o seu tempo livre, provavelmente todos aqueles empreendedores simplesmente decidirão que 100% de esforço por um retorno de 20% não vale a pena.  Piketty realmente acredita que a economia seria beneficiada se os Steve Jobs e os Bill Gates do mundo simplesmente decidissem parar de trabalhar tão logo fizessem meio milhão de dólares?
Como ele considera a riqueza herdada como o pecado econômico original, ele também advoga políticas tributárias que colocarão um fim nela. O que essa medida alcançaria? Se impedirmos a possibilidade de transferir dinheiro ou propriedade a crianças, as pessoas bem sucedidas tenderão a gastar em serviços de luxo (viagem e entretenimento) do que poupar e se planejar para o futuro. Enquanto a maioria dos economistas modernos acredita que a poupança é prejudicial já que reduz o gasto corrente, ela é, na verdade, o capital que financia o crescimento econômico de longo prazo. Ademais, negócios gerenciados com vistas ao longo prazo tendem a oferecer valor incremental à sociedade. Colocar os filhos nos negócios da família também gera valor, não somente para os acionistas, mas para os consumidores. Contudo, Piketty preferiria que os empresários fechassem as portas antes que seus filhos crescessem e fizessem parte do negócio. Como, exatamente, isso beneficia a sociedade?
Se a renda e a riqueza são cortadas, as pessoas com capital e rendas acima desse limite não terão incentivos para investir ou emprestar dinheiro. Acima de tudo, porque correr o risco quando quase todo o retorno seria perdido em tributos? Isso significa que existirá menos capital disponível para ser emprestado aos negócios e indivíduos. A consequência direta será o aumento das taxas de juros, prejudicando o crescimento econômico. Os tributos sobre a riqueza exercerão pressão altista similar sobre as taxas de juros, através da redução dos volumes de capital que estão disponíveis para empréstimo. Pessoas ricas saberão que qualquer riqueza não gasta será tributada em 10% anualmente, de forma que somente os investimentos com retorno maior do que 10%, por uma margem ampla o suficiente para compensar o risco, deveria ser considerado. Essa é uma grande barreira.
A falha principal nos seus argumentos não é moral, ou mesmo computacional, mas sim lógico. Ele nota que o retorno do capital é maior do que o crescimento econômico, todavia falha em considerar comm o capital “gera” benefícios para todos. Por exemplo, é fácil ver que Steve Jobs recebeu bilhões pelo desenvolvimento e venda de produtos da Apple. Tudo o que você precisa fazer é verificar a conta bancária dele. Contudo, é muito mais difícil, se não impossível, medir o benefício muito maior gerado pelas suas ideias na sociedade. Isso é perceptível se você fizer as perguntas corretas. Por exemplo, quanto alguém teria de pagá-lo para que você, voluntariamente, não usasse a Internet por um ano? Provavelmente, a maioria dos americanos escolheria um valor superior a US$ 10.000 dólares. Isso por um serviço que muitas pessoas pagam menos do que US$ 80,00 mensais (às vezes é até grátis, se você consumir uma xícara de café). Esse diferencial é a “matéria escura” que Piketty não consegue identificar, porque nem mesmo se importa em procurar.
De alguma forma, nas várias décadas de sua pesquisa, Piketty negligenciou o fato de que a Revolução Industrial reduziu a desigualdade como um todo. Os camponeses, que tinham estado presos na agricultura de subsistência por séculos, se encontraram com possibilidades econômicas muito maiores dentro de poucas gerações. Então, enquanto a sociedade feudal era dividida em alguns grupos que eram muito ricos e as massas que eram miseravelmente pobres, o capitalismo criou a classe média pela primeira vez na história e permitiu a possibilidade de real mobilidade econômica.  Como subproduto, alguns dos empreendedores mais bem sucedidos obtiveram as maiores fortunas vistas até então. No entanto, Piketty somente dá importância aos extremos. Isso porque ele, e seus seguidores, são impulsionados muito mais pela inveja do que pelo desejo do sucesso. No mundo real, todavia, onde a inveja não é comestível, o padrão de vida é o que realmente importa.
// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. | Artigo Original

Sobre o autor

Peter Schiff
Peter David Schiff (23 de março de 1963) é um autor, empresário e comentarista financeiro dos Estados Unidos. Schiff é o CEO e chief global strategist da corretora de valores Euro Pacific Capital Inc.

Historia do pensamento economico alemao e do ensino da economia na Alemannha, de 1812 a nossos dias

Transcrevendo uma postagem da lista de História do Pensamento Econômico, que frequento, sobre uma base de dados que me parece altamente interessante:

Dear colleagues,

Those of you who read German and are interested in the institutional history of economics might want to have look at a new webpage that I created with a team of students on the history of the economics faculty at today's Humboldt University in Berlin. It entails, next to a series of short texts, a searchable database of all courses ever given since the foundation of the university in 1812 (about 20.000), ranging from early cameral sciences, over the historicist and inter-war period, national socialism, GDR, to today. The more prominent scholars are Schmoller, Sombart, Stackelberg, Kuczynski, and Uhlig, but many others (1200) less known economists can be traced by their teaching activities, and, if available, short biographies and photographs.


Cordial wishes,

Till Düppe
Professeur adjoint
Département des sciences économiques
École des sciences de la gestion
Université du Québec à Montréal
Pavillon des Sciences de la gestion
315, rue Sainte-Catherine Est, local R-5610
Montréal (Québec), H2X 3X2, Canada

Téléphone: (514) 987-3000 5577#

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Seria a Receita Federal um orgao cientifico? Existem fundadas duvidas a respeito...

Embora a Receita Federal possua funcionários competentes, computadores poderosos, metodologia avançada de extorsão de renda e riqueza dos cidadãos e das empresas, não tenho certeza de que ela possa aspirar ao status de órgão imparcial, ou objetivamente científico.
Ela é, de todos as agências públicas, aquela que mais se aproxima da definição de fascismo corporativo, e todas as suas ações, cientificamente embasadas ou não, se destinam a extorquir, no limite da exaustão, os cidadãos e as empresas.
Sua filosofia é muito parecida com a de Mussolini: No Estado tudo, fora do Estado nada. Tudo pelo Estado, nada contra o Estado.
Assim ela trabalha, assim ela atua.
Será que sua revista "científica" aceitaria um artigo sobre o seu próprio fascismo "científico"?
Paulo Roberto de Almeida

Receita Federal lança revista de artigos científicos
Servidores e pesquisadores poderão publicar trabalhos. Interessados deverão enviar os textos até o dia 01 de agosto
A Receita Federal lançou hoje a sua primeira revista de artigos científicos destinada ao incentivo, à produção e à difusão de trabalhos científicos de autoria de servidores e de pesquisadores. Com periodicidade semestral, a Revista tem por finalidade: incentivar a produção de trabalhos de conteúdos relevantes pelo corpo funcional da Receita Federal e por pesquisadores externos e promover a discussão crítica, a abordagem interdisciplinar e a difusão de ideias por meio de trabalhos acadêmicos confeccionados com rigor técnico, na forma de artigos, resenhas de livros, jurisprudência comentada, estudos e inovações normativas.

A Revista possui perfil aberto às mais diversas abordagens teóricas e metodológicas, inclusive a textos que versem sobre gestão organizacional, temas relativos à Educação Fiscal e à História da Administração Tributária Federal no Brasil.

A publicação será oferecida ao público nos formatos digital e impresso, ficando a versão digital disponível no endereço eletrônico da Receita Federal. Os periódicos impressos (até 4.000 exemplares) serão distribuídos gratuitamente a órgãos e instituições federais, estaduais e municipais, conforme definição do Conselho Editorial. O periódico contará com cinco seções:

· Institucional, estudos ou divulgações;
· Artigos;
· Jurisprudência comentada;
· Inovações normativas;
· Resenhas de livros.

Serão aceitos trabalhos em português, inglês e espanhol. Os interessados deverão enviar os textos até o dia 01 de agosto de 2014. Os artigos deverão ser encaminhados para o seguinte endereço eletrônico: revistareceitafederal.df@receita.fazenda.gov.br

Normas e submissão de artigos, clique aqui:

Versão do Edital em inglês.

Versão do Edital em espanhol.

Ditaduras sempre querem mudar a historia, para controlar as mentes: falham invariavelmente...

A liberdade sempre encontra uma maneira de se expressar, mesmo reprimida duramente por ditadores, tiranos, demagogos, fraudadores da história, que também existem entre nós, mesmo que não tenham comandado massacres de pessoas, como na Rússia, na China, na Coreia do Norte, na Alemanha de Hitler, em várias outras ditaduras.
No Brasil, os fraudadores querem reescrever a história do passado, para controlar a do presente e moldar a do futuro. Vão falhar, como todos os outros.
George Orwell já descreveu as técnicas.
Sempre existe um espírito rebelde que rompe o silêncio, a mentira, a fraude...
Paulo Roberto de Almeida

Fahrenheit 1989: China Erases Memories of Tiananmen

By  in Beijing
Der Spiegel, June 11, 2014
Photo Gallery: Remembering TiananmenPhotos
REUTERS
Twenty-five years ago, the Chinese army violently suppressed protests on Tiananmen Square. To this day, Beijing uses pressure, censorship and money to stifle all attempts to commemorate the seminal incident in an up-and-coming China.
Hu Yaobang, 73, a reformer and one of the few politicians the Chinese have ever genuinely worshiped, died on April 15, 1989. As the party leaders who had toppled him from his position as general secretary two years earlier carried him to his grave, some 100,000 students gathered on Tiananmen Square and demanded Hu's rehabilitation. The incident marked the beginning of the revolutionary events of 1989 in faraway Beijing.
On the evening after Hu's death, his son asked his friend Zhang Lifan, a historian, to document the coming days and weeks. He told Zhang that members of the Hu family were too exhausted to do it themselves.
Today Zhang, who was 38 at the time, is one of China's leading intellectuals. He had 300,000 followers until last November, when censors shut down his blog. Zhang is a tall, kind and playful, 63-year-old man. When he is searching for a word or a memory, he tilts his head to one side and presses his left hand to his forehead. He wears a silver skull ring, a memento mori given to him by a Buddhist monk.
In the weeks following April 15, 1989, Zhang would become far more deeply involved in the events that were unfolding than he might have suspected on the evening after Hu Yaobang's death. He has waited almost a quarter of a century to publish part of his memoirs and talk about his experiences publicly.
"I felt cold on the morning of the funeral," he says. "There were thousands of demonstrators outside, while inside the building supreme leader Deng Xiaoping, that 84-year-old who had had his hair dyed once again, was stomping around like some angry young man. I was standing right next to him. He was determined and ready for a fight."
In the spring of 1989 Deng, who had fallen out of favor twice during the Cultural Revolution, saw his life's work being threatened: the economic opening of China under party dominance. "He knew that he would not experience a third comeback," says Zhang. "That fear led to the suppression of the unrest on Tiananmen."
'Enforced Amnesia'
During the Cultural Revolution in the late 1960s, tens of thousands of academics, artists and writers were banished or even beaten to death. "I knew what sort of trouble words could get me into," says Zhang, "and I had stopped keeping a diary years earlier." Nevertheless, he agreed to accept the request from Hu's family. "Historians rarely have the opportunity to witness an event that shapes history."
It was indeed an event that made history. Europe is marking the 25th anniversary of an important turning point in 2014. While Germany commemorates the fall of the Berlin Wall, the countries of the former Eastern bloc are celebrating their liberation from communism. But China's leaders see no reason to commemorate the protests that began at their palace gates and swept into the streets for the first time in 1989. The country's name still identifies China as a people's republic today, and according to its history books, nothing of any significance happened there 25 years ago. When the number "1989" is typed into Baidu Baike, a Chinese version of the online encyclopedia Wikipedia, one of the responses reads: "1989 is the number between 1988 and 1990."
The leadership isn't just ignoring an anniversary. In fact, it has erased the incident from the collective memory, despite its profound impact on China's current intellectual elite. Sinologist Frank Dikötter describes the government's policy as "enforced amnesia". Authoritarian countries, of course, have a habit of dismissing historic facts.
Ironically, though, China's Communist Party takes its version of history very seriously. Party officials constantly invoke history in their speeches, and since 1989 dozens of professorships in history have been established, days of remembrance have been introduced and countless conferences have been held. "To forget history is treachery," states an anthology of contributions to one of these conferences.
Nevertheless, the party quashes any attempt to force it to face up to its own history, one that includes the hundreds killed in the Tiananmen massacre and the millions who died in mass campaigns during the years under former leader Mao Zedong through the land reform, the "Giant Leap Forward" and the Cultural Revolution.
Unparalleled Negation
Even among authoritarian countries, China's negation of its own contemporary history is historically unparalleled. In the 25 years since Tiananmen, the country has not only taken off economically, but has also experienced a cultural explosion. And yet China's publishing houses and film studios, along with its universities, think tanks, museums and Internet companies, are producing culture devoid of much of its own history. China's version of Ray Bradbury's dystopian novel "Fahrenheit 451" could very well be called Fahrenheit 1989, a society in which the regime has deleted all unpleasant memories, so that millions of young Chinese today have no idea what happened on Tiananmen Square.
A week after the memorial service for Hu Yaobang, Zhang Lifan received a second request, this time from the government. Then Soviet President Mikhail Gorbachev had been invited to visit Beijing, but the regime didn't want his reception to be tainted by thousands of people protesting outside. Men like Zhang, a lecturer at the Beijing Academy of Social Sciences at the time, knew the students. The government asked him to serve as an intermediary.
"Weeks earlier, I had met and debated with students in a student apartment in Dasuzhou Alley," says Zhang. On a day in May, 25 years later, he and his wife are searching for the apartment near Tiananmen where he met with the students. But their search is unsuccessful. Like most buildings near the Gate of Heavenly Peace (Tiananmen Gate), those in Dasuzhou Alley are now occupied by party officials and their families. There are high walls, imposing portals and security cameras everywhere. When Zhang stops walking for a moment and points to where the apartment was, a couple emerges from a crowd of tourists and photographs him. It's obvious that they are plainclothes agents.
Zhang, undeterred, continues his account: "I spent days rushing back and forth between Tiananmen Square and the office of the United Work Front, which was supposed to communicate with the students. I didn't get much sleep."
Division in Both Camps
He noticed signs of divisions in both camps from the very beginning, says Zhang. In the government, he explains, the reformers were losing ground to the hawks. Among the students, the thousands of new demonstrators arriving every day were applying growing pressure on the core group, which had persevered on Tiananmen Square from the beginning and was willing to negotiate a withdrawal.
Shortly before martial law was imposed, Zhang guided one of the government's chief negotiators through the checkpoints to the demonstrators' main tent.
"We all sat on the ground, and one of the student leaders introduced the chief of the delegation to his people. 'This here is Yan Mingfu of the Workers' Front,' he said, 'a good man from the system. Listen to what he has to say, and give the reformers a chance.' But then Yan Mingfu kicked him. It was already dangerous at the time to be called a 'reformer'."
On the next day, May 19, the demonstrators voted on a bus whether to clear the square. The outcome was negative. "I ran over to the official in charge. He was surprised, because he thought the government had been given different signals," says Zhang. That evening, the students requested another meeting with the government, and Zhang took them to see the official. "The tone had changed radically within a few hours. Now the official asked: 'What else is there to discuss? Go back and see what's on TV."
Premier Li Peng had gone on television to declare martial law. "That put an end to my mission," says Zhang. "I was disappointed by both sides, because I knew what a historic opportunity had now been lost."
Immediate Efforts to Obfuscate the Massacre
On the night of June 3, 1989, the army advanced on Tiananmen Square. Hundreds of protestors who couldn't have imagined that the soldiers would obey orders to open fire died in Beijing, and hundreds more were killed outside the capital. The exact death toll is unknown to this day. Efforts to obfuscate the massacre began immediately after it had occurred.
Many of the prominent student leaders managed to flee abroad. Those demonstrators who were arrested disappeared into prisons for months or even years, and many were sentenced to death. Those who publicly declared their solidarity with the protestors, like a few prominent journalists, were demoted or fired. Party leader Zhao Ziyang who, as Zhang later discovered, had requested his and other academics' assistance, was deposed and placed under house arrest. He died in 2005.
But the determining factor in the disappearance of the Tiananmen massacre from China's public memory was the way the regime dealt with the hundreds of thousands of sympathizers in Chinese schools and universities -- the 1989 generation, which now forms the core of China as a cultural nation.
"Sometime that fall, we were summoned by the academy," says Zhang. "We were told to sit in a circle and deliver our reports. When it was my turn, they said: 'Comrade Zhang Lifan! What have you done?' In response, I asked: 'Is that a question or an order?' It was an order, and of course I had done more than anyone else."
Life after Tiananmen
He says he received daily visits from the police after that. The interrogations became increasingly harsh, and Zhang feared that he would be arrested any day. "Instead, the mood suddenly shifted. University grants and conference and research budgets increased, and academia blossomed," he recalls.
Throughout the country, historians began writing entire libraries full of essays and books about China's humiliation in the opium wars, the history of Marxism and the rise of the Chinese nation under the Communist Party. "Most of its was completely worthless from an academic standpoint, and it didn't hold up as a historical narrative, either."
Zhang continued to work for a period of time. "I still remember what I said in parting: You and I, we no longer belong in the same wok. We no longer fit together." Since then, he has been writing his blog and occasionally publishing a book or an essay, such as his memories of the funeral of Hu Yaobang published last year in the magazine Yanhuang Chunqiu, which prompted complaints to the editors by government censors. "Those who do not participate in writing the official account of this country's history have to think very carefully about what they are writing and how much of a risk they are taking," says Zhang.
Since the suppression of the Tiananmen uprising, the power of the Communist Party has relied on four pillars, writes China expert Minxin Pei: robust growth, sophisticated repression, state-sponsored nationalism and co-opting of social elites.
China's intellectuals play a key role in this power structure, voluntarily or involuntarily. They benefit from the economic boom more than most Chinese, and they are both victims of the censorship and surveillance state and authors of a powerful account of the greatness of the nation, the rise of the party and victory over China's enemies -- an account that excludes all mention of the disasters and mountains of bodies littering the country's history.
Oliver Stone: Deal with Your History
In mid-April, on the 25th anniversary of the death of reformer Hu Yaobang, Beijing's cultural establishment listened to what one of the biggest fans of China among the West's creative classes, the history-obsessed US director Oliver Stone, had to say. He had been invited to speak about cooperation between Hollywood and the Chinese film industry at the Beijing International Film Festival.
Stone's message was unheard of, at least publicly. Before any meaningful cooperation between Hollywood and China's studios could take place, he said, the country would have to finally come to terms with its historical material. "Mao Zedong has been lionized in dozens and dozens of Chinese films, but never criticized," he told them. "It's about time. You got to make a movie about Mao, about the Cultural Revolution. You do that, you open up, you stir the waters and you allow true creativity to emerge in this country."
He could understand Beijing's studio heads avoiding subjects like Tibet or unrest in the Xinjiang region, he said. "But not your history, for Christ's sake."
The audience applauded.

A opiniao da semana: embaixador acha que Brasil pode ajudar...

Primeiro a notícia, e a opinião:

O Brasil está preparado para dar uma grande contribuição às Nações Unidas e à comunidade internacional sobre o combate da violência sexual como arma de conflitos.

A opinião é do embaixador britânico em Brasília, Alexander Ellis. 

Agora o comentário:
Certamente, o Brasil tem duas grandes contribuições a oferecer nestes casos, cada uma sugestão de duas grandes personalidades que entendem do assunto, por já terem assumido altos cargos na administração pública.

A primeira vem de um político corrupto, aliado preferencial dos companheiros, procurado pela Interpol, e que já deveria estar há muito tempo na cadeia, que disse, quando era governador de São Paulo, ou prefeito da capital:
"Estupra mas não mata".

A segunda é da ex-ministra do Turismo, atualmente na (in)Cultura que, a propósito dos atrasos nos aeroportos -- isso foi muitos anos atrás, agora eles ficaram piores -- que a atitude certa para a vítima era esta:
"Relaxa e goza."

Edificante, não é?
A ONU vai ficar satisfeita com a contribuição brasileira ao combate à violência sexual...
Paulo Roberto de Almeida