O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Partido McCarthysta dos Apparatchiks: totalitario, como sempre - Demetrio Magnoli

Parece que os companheiros estão começando a aplicar todo o manual do Inquisidor. Eles levam jeito para a coisa. O país, no entanto, já mudou e eles não perceberam...
Paulo Roberto de Almeida 

Pátria e partido

Doze dias atrás, pela primeira vez na democracia, o Brasil ganhou uma “lista negra” semioficial de críticos do governo. A nota, publicada no site do PT pelo vice-presidente do partido, Alberto Cantalice, enumera nove nomes malditos entre eles, o deste colunista e, nesse passo, desvela a alma política de uma parcela de nossa elite dirigente. Substancialmente, o que existe ali é a pretensão autoritária de identificar a pátria ao partido.

Separemos o que é irrelevante. Ao responsabilizar os nove malditos pela recepção hostil do Itaquerão a Dilma Rousseff, o PT pratica uma inofensiva modalidade de terrorismo: tenta matar o país de tanto rir.

Isolemos o que é secundário. A afirmação de que os nove “estimulam a maldizer os pobres e sua presença nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes” não passa de uma calúnia primária destinada a aquecer militantes e pautar blogueiros palacianos.

O “controle social da mídia” não começará por um decreto governamental, mas pela prática da autocensura

O principal está alhures. A nota acusa os nove de “desgastar a imagem do país no exterior” ou seja, de trair a pátria. Por ridícula que seja, tal acusação traz uma marca inconfundível. Nos EUA, o macarthismo produziu suas “listas negras” por meio de um órgão parlamentar denominado Comitê de Atividades Antiamericanas. Desde a eleição de Obama, a ultradireita americana sugere que o presidente não nasceu nos EUA e/ou é muçulmano. A “pátria” torna-se, aí como no macarthismo, um pseudônimo da elite dirigente, não uma expressão do contrato nacional entre cidadãos livres e politicamente diversos. O PT ultrapassa uma barreira política e ética ao reclamar para si a propriedade da pátria.

A “lista negra” do macarthismo tupiniquim surgiu no dia 16, mas só chegou ao noticiário político dos grandes jornais brasileiros após a divulgação do protesto da respeitada entidade internacional Repórteres Sem Fronteiras, no dia 20. O pesado silêncio de quatro dias dos jornais, rompido aqui e ali por colunas de opinião, é uma notícia tão relevante quanto a própria “lista negra”. O “controle social da mídia” não começará por um decreto governamental, mas pela prática da autocensura.

O que aconteceria nos EUA se o Partido Democrata divulgasse uma “lista negra” de críticos do governo Obama, acusando-os de “desgastar a imagem do país no exterior”? O PT, como registrou a Repórteres Sem Fronteiras, é o partido governante. A “lista negra” do PT surgiu logo que Lula atribuiu à “mídia” e à “elite branca” a culpa pela hostilidade de torcedores à presidente. A nota de Cantalice não é um ato oficial de governo, mas fica perto disso. Significativamente, nenhuma voz do Planalto veio a público informar que o governo não compactua com listas de “inimigos da pátria”.

“Os integrantes dessa lista estão exultantes de serem chamados assim”, especulou um leitor que aprecia “listas negras” semioficiais (com a condição, suponho, de que seu nome não esteja nelas). Tudo é possível debaixo do sol, mas seria uma rematada tolice. Os nove “blacklisted” não partilham um credo político ou ideológico: aparecem juntos apenas por obra dos fabricantes de “listas negras”. Além disso, os nomes são circunstanciais: listas dessa natureza mudam ao sabor das conveniências, como admitiu certa vez o próprio Joseph McCarthy.

Joseph Cantalice McCarthy vive no tempo errado ou no país errado. Décadas atrás, no Brasil da ditadura, ele teria emprego assegurado na polícia política. Hoje mesmo, pode se candidatar com sucesso a um cargo de juiz no Egito, onde três jornalistas da Al-Jazeera foram condenados à prisão por “difundir notícias falsas” e –atenção à coincidência!– “manchar a imagem do país no exterior”. O problema é que, neste país e neste tempo, ele opera no almoxarifado do governo.

Tenho dois recados ao pequeno macarthista do PT: 1) Sua “lista negra” só incrimina o seu próprio partido; 2) A pátria é de todos.

Fonte: 28/06/2014, Folha de S.Paulo.

SOBRE DEMÉTRIO MAGNOLI

Demétrio Magnoli
Sociólogo, colunista dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”. Magnoli foi colunista da rádio “BandNews FM” e comentarista do “Jornal da Cultura”. Atualmente, é comentarista de política internacional do "Jornal das Dez" da Globo News. É autor de diversos livros como ”Uma gota de sangue” (Contexto) e “Liberdade versus Igualdade” (Record). Integra o Grupo de Análises de Conjuntura Internacional (Gacint) da USP. Magnoli tem doutorado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP).

Eleicoes 2014: a cristianizacao de um companheiro pelos companheiros

Tal é o ódio que os companheiros totalitários têm contra os companheiros social-democratas que eles estão dispostos a qualquer coisa, até a cristianizar um companheiro menos feliz (ou mais corrupto) para realizar seu objetivo odiento.
Eles são assim.
Paulo Roberto de Almeida 

Eleições 2014

Na última hora, PP abandona Padilha e apoia Skaf

Com a debandada, Alexandre Padilha perde 1 minuto e 30 segundos de exposição na propaganda eleitoral. Pesquisas mostram que o petista patina na casa dos 3% de intenção de voto

Felipe Frazão
Veja.com, 30/06/2014

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Maluf e Padilha conversam na cerimônia em que o deputado anunciou apoio do PP à candidatura do petista em SP

Maluf e Padilha conversam na cerimônia em que o deputado anunciou apoio do PP à candidatura do petista em SP - Alice Vergueiro/FuturaPress

O abraço do ex-prefeito Paulo Maluf, do PP, com o candidato do PT ao governo de São Paulo,Alexandre Padilha, não durou sequer até o início da campanha eleitoral. Nesta segunda-feira, último dia fixado pela Justiça Eleitoral para a realização das convenções partidárias, a seção paulista do PP oficializou seu desembarque da chapa petista para apoiar a candidatura rival de Paulo Skaf, do PMDB.

“A Executiva Estadual do Partido Progressista em São Paulo, presidida pelo deputado federal Paulo Maluf, decidiu hoje, dia 30 de junho, por maioria absoluta, apoiar a candidatura de Paulo Skaf ao Governo de São Paulo", diz a nota do partido.

Reinaldo Azevedo: Foi obra de Lula

Apesar de ter anunciado a aliança com Padilha, o PP de Maluf cobrava que o PT cedesse espaço em uma chapa conjunta para as eleições ao Legislativo. O PP chegou a estipular prazo até as 17 horas desta segunda-feira para que o PT decidisse se aceitaria ou não uma coligação proporcional com os candidatos a deputado pela legenda. Mas não houve acordo. A direção nacional do PP, que comanda o Ministério das Cidades, já foi informada sobre a adesão à candidatura de Paulo Skaf.

Com a debandada, Padilha perde precisoso 1 minuto e 30 segundos de exposição na TV durante o horário eleitoral gratuito. Ele deve ficar com apoio apenas do PR e do PCdoB. A saída do PP frustra uma das principais estratégias do ex-presidente Lula para ver a candidatura de seu "terceiro poste" decolar em São Paulo. Lula tentava repetir a engenharia de 2012, quando Maluf fechou com seu candidato à época, o prefeito eleito Fernando Haddad. O PT também avalia que o tempo maior de exposição na TV é crucial para tentar promover a imagem de Padilha no interior paulista, que tem histórica resistência ao partido.

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Segundo a última rodada de pesquisa do instituto Datafolha, Padilha tem apenas 3% das intenções de voto, ante 21% de Skaf. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tentará a reeleição, marca 44%. Mais cedo, Skaf já havia comemorado a adesão do PP: "Foi uma surpresa. Desde sexta-feira eu ouvia falar de movimentos do PP, mas não estava acreditando. Agora me avisaram que o senador Ciro Nogueira [presidente nacional do PP] havia anunciado que, quase por unanimidade, a base do PP manifestou apoio à nossa candidatura", disse Skaf, na convenção do PSD em São Paulo, que formalizou a aliança com o partido e a candidatura ao Senado de Gilberto Kassab.

Leia na íntegra a nota da Executiva Estadual do PP:

A Executiva Estadual do Partido Progressista em São Paulo, presidida pelo deputado federal Paulo Maluf, decidiu hoje, 30 de junho, por maioria absoluta, apoiar a candidatura de Paulo Skaf ao Governo de São Paulo. A coligação será feita tanto na chapa majoritária como na proporcional para deputado federal e estadual. Também participaram do encontro o 1.º vice-presidente do PP, deputado federal Missionário José Olímpio, o secretário geral, Jesse Ribeiro, o 2.º secretário Fauze Hamuch, e demais integrantes da Executiva Estadual.

O bolivarianismo soft dos companheiros descambou na politica externa? - Paulo Roberto de Almeida

Novos atores na diplomacia brasileira: o Itamaraty passará a ser “assessorado” por um Conselho Nacional de Política Externa?

Paulo Roberto de Almeida

Uma das características do aparelhamento do Estado brasileiro pelo Partido dos Trabalhadores, hegemônico na atual conjuntura política brasileira, tem sido a penetração das diversas instâncias decisórias e consultivas do governo federal por meio de organizações políticas que se proclamam participantes interessados em determinadas políticas setoriais. Essa infiltração se dá mediante organizações que são aparentemente autônomas, ou seja, consideradas como sendo da “sociedade civil”, mas que são, de fato, controladas pelo PT ou por grupos que se movimentam no mesmo espectro ideológico.
O objetivo, obviamente, é o de controlar, ou pelo menos constranger, os decisores políticos e a própria burocracia profissional de cada um dos setores visados, preferencialmente aqueles com maior interface social. Aqueles setores de maior relevância social são objeto da criação de “conselhos nacionais”, cuja institucionalidade foi estimulada desde o início do governo do PT, em 2003. A metodologia é conhecida: o governo já aparelhado pelos companheiros do PT estimula a formação de Conselhos Nacionais, e depois passa a convocar encontros nacionais, organizados cuidadosamente pelo próprio governo, aos quais, sem surpresas, são convidados preferencialmente – ou exclusivamente? – órgãos e movimentos controlados pelo próprio partido hegemônico.
Trata-se aqui de uma típica tática gramsciana – que os franceses chamariam de noyautage –, como várias outras utilizadas pelo partido hegemônico, que já domina uma fração substancial do movimento sindical: por meio de decisões aprovadas de forma aparentemente “consensual” nesses encontros nacionais dos “conselhos” que o próprio partido hegemônico criou dentro da máquina governamental, os companheiros gramscianos pretendem guiar e controlar a adoção de políticas que confirmariam justamente sua hegemonia, não mais apenas sobre o governo, mas sobre toda a sociedade brasileira. Recorrendo não apenas ao velho Gramsci – que poucos dos companheiros leram de fato – mas sobretudo a recomendações dos companheiros cubanos – eles, sim, presentes, direta e indiretamente, via Foro de São Paulo e outros canais menos transparentes –, os seus companheiros tupiniquins cercam todas as possibilidades de ter a sociedade brasileira sob seu controle. Não que eles pretendam fazer o Brasil adotar um modelo de organização social e política baseado no socialismo à la cubana, pois eles não seriam estúpidos a esse ponto: a intenção é a de “apenas” controlar o capitalismo brasileiro, fazendo com que este alimente, sustente e subsidie o seu próprio poder monopólico, se possível por prazo indefinido.
Não existe, até o momento, nenhum Conselho Nacional de Política Externa, mas se depender do partido dos companheiros poderá existir algum dentro de breve tempo, pelo menos no que depender da continuidade das tentativas bolivarianas e da possível implementação do famoso decreto n. 8.243, que instituiu uma “política nacional de participação social”. As pressões para a criação de um conselho desse tipo existem e devem ser reforçadas, independentemente do destino final que tenha tal decreto, e elas são exercidas em diversas instâncias. Pode-se ler, por exemplo, numa declaração emitida ao final da IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional”, realizada em Brasília, de 18 a 20 de março de 2014, o seguinte trecho, que interessa de perto às atividades da diplomacia brasileira (ênfase acrescida):
“Na área internacional, faz-se necessário que o direito humano à alimentação adequada (DHAA) e à soberania e a segurança alimentar e nutricional (SSAN) orientem as relações transfronteiriças e as obrigações extraterritoriais, as negociações internacionais de clima comércio e tratados bilaterais, bem como projetos de investimentos de empresas estrangeiras no Brasil e de empresas brasileiras realizadas em outros países, nas áreas de mineração, agronegócio e construção civil, que contam com o apoio do governo brasileiro. A política externa brasileira no que se refere à segurança alimentar e nutricional precisa ser mediada em instâncias plurais e representativas, como o CONSEA. Requer, sobretudo, a criação de um espaço institucionalizado de participação social, voltado para a inserção externa do país. Nesse sentido, apoiamos a criação de um Conselho Nacional de Política Externa onde as distintas visões, interesses e propostas em disputa sejam apresentados  e processados.”
George Orwell e sua novilíngua estão claramente presentes nesse comunicado. Através de expedientes como estes os companheiros prosseguem em sua obra de penetração, de controle e de dominação das diversas instâncias da governança no Brasil. Pode-se dizer que se trata de um bolivarianismo soft, adaptado às circunstâncias nacionais. Não por isso menos nocivo à democracia e às liberdades em nosso país.


Hartford, 30 de junho de 2014.

As deformacoes do calculo da divida interna brasileira - Jose Roberto Afonso


Questão interna artigo de José R. Afonso publicado no Estadão (4/2013). 

"Na apuração da dívida pública líquida, que alguns países não informam e alguns calculam como negativa (como Chile e Arábia Saudita). o Brasil é quem aplica o maior volume de deduções (caixa, reservas e créditos concedidos): 33 pontos do PIB em 2012 (13 desde 2008). E assim consegue a façanha de sumir com cerca de 50% da dívida bruta, enquanto na média dos emergentes tais descontos foram de 10 pontos e a redução de 30%. A excentricidade brasileira se explica, em parte, por sermos o único país que trata o banco central (incluindo reservas internacionais) como parte do setor público não financeiro e por que o Tesouro Nacional virou o maior banco da economia (16% do PIB em créditos), ambos computados para medir a dívida líquida."

Leia a íntegra aqui:

Hayek na UniCamp: impossivel? Coisas impossiveis sempre acontecem...

O mais surpreendente nesta matéria não é que seu autor seja um defensor da livre iniciativa, da liberdade dos mercados, dos preços livres. É que ele seja formado na UniCamp, tradicional reduto de desenvolvimentistas keynesianos de botequim. Tem aquela famosa frase de flores nascendo no esterco? Pois é, é o caso...
Paulo Roberto de Almeida

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O dia em que Hayek enfrentou a máfia dos táxis em defesa de um aplicativo de celular

Boa parte da filosofia política e da pesquisa econômica de Hayek teve como base sua visão sobre a natureza do conhecimento na sociedade.
Hayek compreendia que o conhecimento na sociedade se encontra disperso entre seus diversos membros, além do mesmo possuir características tácitas (difíceis de serem transmitidas) e subjetivas.
Hayek compreendia que em qualquer sistema de organização social existe um grande problema a ser solucionado: como coordenar as ações e expectativas individuais independentes para produzir bens e serviços demandados utilizando recursos escassos.
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Em sua visão, o sistema de preços é a ferramenta necessária para “condensar” esse conhecimento disperso na sociedade e auxiliar os produtores a produzir os produtos mais demandados da forma mais barata.
Isso vem a complementar os ensinamentos de Mises - sem mercados (possíveis apenas com propriedade privada dos meios de produção), não há preços em termos de moeda. Sem preços em termos de moeda, não há como calcular a lucratividade de um processo produtivo. Ou seja, não se produz o que mais se demanda. Produz-se errado e com desperdícios.
Mises e Hayek provaram a impossibilidade teórica do sistema produtivo socialista desde 1920 com estudos nessa linha de pesquisa. A URSS, Cuba, Leste Europeu, China Pré-Reformas, Sudeste da Ásia, África Pós-colonial e agora a Venezuela são apenas aplicações históricas desses teoremas.
O pensamento de Hayek foi fundamental para Jimmy Wales e sua principal invenção: a Wikipedia. Como o próprio Jimmy disse:
“O trabalho de Hayek sobre a teoria de preços é fundamental para o meu próprio pensamento sobre como gerenciar o projeto Wikipedia. Não se pode compreender minhas idéias sobre a Wikipedia sem entender Hayek.”
Mas Hayek não para por aí.

O Aplicativo Uber

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Já ouviu falar em Uber? Uber é um aplicativo digital que conecta potenciais motoristas a potenciais demandantes de transporte. Parte da receita da corrida é revertida para o aplicativo, que demanda o uso de um cartão de crédito cadastrado no sistema.
A empresa Uber não fornece os carros, porém exige que sejam carros habilitados para uso comercial e motoristas em condições de dirigir. Tanto nos EUA como no Brasil já existem aplicativos concorrentes (Lyft e Zaznu), embora o Zaznu siga mais o modelo de “carona remunerada” ao invés do sistema “motorista profissional remunerado”.
Atualmente, o Uber é a startup com maior valoração de mercado: 85x o múltiplo das vendas. A expectativa de crescimento é grande, afinal de contas o modelo de negócio pode capturar parte das receitas que até então eram destinadas para táxi, transporte coletivo público, compra e manutenção de carros privados, estacionamentos, gasolina, dentre outras imagináveis.
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Source: http://www.statista.com/chart/1967/startups-valued-at-one-billion-or-more/
 
A tecnologia do Uber e demais aplicativos são exatamente a aplicação dos ensinamentos de Hayek.
Há pessoas demandando deslocamentos e uma infinidade de formas de se deslocar, todas elas consumindo recursos escassos. Uma dessas formas inclui compartilhar veículos e economizar motoristas, seja com outras pessoas dentro do carro numa única viajem, seja em diversas viagens com um único carro.
Os aplicativos são capazes de fazer algo até então impossível no mundo analógico: fornecer um “matching” detalhado de locais de destino demandados e carros disponíveis se deslocando.
Ao reduzir os custos de transação, os aplicativos permitem também ampliar a oferta e variedade de parceiros de viajem. São capazes até de reduzir o espaço físico necessário para ser utilizado como ponto de taxi, bem como filas desnecessárias em locais congestionados (a tecnologia permite escolher o local de encontro).
Com isso, quem ganha é o consumidor: mais variedade e menores preços, além de viagens mais rápidas.

A Reação Das Guildas

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No final da Idade Média, as guildas eram associações de profissionais que controlavam o comércio de um determinado serviço, recebendo uma autorização governamental para restringir a oferta.
Os táxis atuais nada mais são do que uma guilda. A oferta de taxis é controlada pelo governo, que vende caríssimas “licenças”, e em troca persegue os taxistas “irregulares”. O mesmo vale para as empresas de ônibus – as empresas concorrem a licitações, que nada mais são do que leilões de monopólio. E quando os “clandestinos” aparecem são perseguidos.
O sistema de metrô e trens, por sua vez, tende a ter apenas um operador por trajeto por razões técnicas (embora pudéssemos conceber trens privados concorrentes numa mesma infraestrutura de trilhos privados), porém trata-se de um concorrente a ambos em alguns trechos.
Aplicativos como os citados são simplesmente capazes de driblar o controle estatal sobre esses mercados, controle esse que impede a entrada de novos concorrentes e diferenciação de produtos.
Ao ser uma fonte de concorrência, o aplicativo vem sendo motivo de protesto por parte das guildas – especialmente das guildas de táxi.
Em Barcelona o governo local deu razão para os taxistas e exigiu o fim das atividades da Uber. Só não perguntou aos consumidores se preferem pagar mais caro nos táxis convencionais e aos57% de jovens espanhóis desempregados que poderiam obter renda prestando serviços de motorista. Na socialista França, vândalos atiraram pedras e ovos nos carros do Uber.
No Rio de Janeiro, única cidade atendida pelo Uber no Brasil (até então), um representante da guilda deu a seguinte declaração:
“Não existe a menor possibilidade de os taxistas aderirem ao Uber”, afirmou por telefone André Oliveira, organizador do movimento Taxinforme, depois de participar da manifestação no Rio. “Trata-se de concorrência desleal. Investimos em licença, em seguro, em vistorias. Uma empresa não pode simplesmente chegar e promover a liberação geral do mercado.”
A declaração apenas mostra como o mercado é completamente distorcido pelo governo em conjunto com as guildas de táxi: preços tabelados, não há concorrência (ausência de barreiras legais à entrada no mercado) e o governo extrai parte da renda do trabalho dos taxistas via licenças, regulamentações de seguro (aqui forçosamente distribuídas para seguradoras) e vistorias. A mentalidade é a de que competição é ruim.

Quem Ajuda A Resolver o Problema do Transporte?

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Pessoas de tendência pró-empreendedorismo costumam dizer que o inventor do pendrive fez muito mais pelas florestas do que os abraçadores de árvore do Greenpeace.
Quem mais ajuda a resolver o problema do transporte urbano?
De um lado temos o Movimento Passe Livre/Catraca Livre, hostis ao empreendedorismo, falando que transporte não é mercadoria e desejando um preço igual a zero.
Ou seja, desejam exatamente a situação que Mises e Hayek provaram levar a um caos produtivo e à escassez. De quebra costumam protestar bloqueando as mesmas vias que julgam estar tentando libertar.
Do outro lado temos empreendedores utilizando tecnologias para aumentar a oferta e a variedade do produto demandado – transporte.
O Uber mostra que o caminho correto é o segundo – empreendedorismo e avanços tecnológicos ao invés de batalhas políticas e infantilismo econômico. 
Ao tratar o transporte como um bem escasso e precifica-lo, assim conforme sugerem Mises e Hayek, seu processo empreendedor tende a descongestionar as vias e oferecer preços mais baixos. De quebra, ainda tende a reduzir a poluição gerada pelos carros.
Nós poderíamos citar aqui outros tantos casos. Como a tecnologia do Bitcoin, que permite um sistema monetário livre das perversidades governamentais. Ou a tecnologia de software open source e das impressoras 3D, que permite o barateamento e a produção local de produtos patenteados e recheados de impostos e outras barreiras governamentais à importação. E até mesmo o Skype e o Whats App, que reduzem nossa dependência do sistema de telefonia regulamentado.
Os aplicativos de transporte são apenas mais um dos capítulos. E pode apostar: veremos mais deles nos próximos tempos.
  
 

Frase da semana: Winston Churchill sobre igualdade e desigualdade, no capitalismo e no socialismo

Parece que a desigualdade sob o capitalismo é um problema, o que eu não creio.
Dizem que é apenas inveja dos "menos iguais", ou desejosos de ascender na escala da riqueza.
Em todo caso, vale esta frase do famoso político inglês do século XX.

A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias
Winston Churchill