O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 2 de agosto de 2014

MAG: "Querem desacreditar a politica externa" (companheira)! Uau! Que malvados...

O formulador e semi-executor da diplomacia companheira ousa tocar no intocável. Existem por aí veículos da mídia golpista, descontentes da elite branca, aliados do imperialismo, submissos às potências hegemônicas, enfim, todos esses seres que ousam questionar os bons fundamentos da política externa companheira, que insistem em denegrir tudo de bom que vem sendo feito para realçar a posição alcançada pelo Brasil no mundo nos anos gloriosos do lulo-petismo.
Eles insistem em querer "nos" desacreditar, só porque apoiamos Cuba, Venezuela, Rússia, China, só porque somos contra as arrogantes potências do capitalismo hegemônico, só porque conduzimos uma diplomacia independente, aliás até independente do Itamaratty, só guiada por nossos princípios, causas e objetivos. Só por isso.
Sempre se pode confirmar as expectativas, para uns piores, para outros as melhores possíveis.
Nunca Antes, ou Nunca Mais?
Paulo Roberto de Almeida

Marco Aurélio Garcia: "Querem desacreditar a política externa brasileira"
RODRIGO TURRERER
Revista ÉPOCA, 01/08/2014

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais diz que as críticas à diplomacia brasileira são eleitoreiras e movidas por ideologia. Apesar de despachar ao lado da presidente Dilma Rousseff, ele nega ser o chanceler de fato do Brasil

Marco Aurélio Garcia é uma das figuras mais controversas do Palácio do Planalto. Nos 12 anos em que ocupa o cargo de assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, foi a vitrine predileta das pedras atiradas pela oposição nos inúmeros momentos em que a política externa brasileira esteve na berlinda. No episódio mais recente, o Brasil foi chamado de “anão diplomático”[1] por um porta-voz do governo de Israel[2] e recebeu críticas por ser seletivo nos alvos de suas condenações.  Garcia saiu em defesa da posição brasileira. “Não há nenhum relativismo moral na política externa do Brasil”, afirma nesta entrevista.

ÉPOCA – A condenação feita pela diplomacia brasileira às ações de Israel contra o Hamas soou como uma jogada eleitoral, movida apenas por ideologia. Como o senhor avalia essa posição?

Marco Aurélio Garcia – É uma crítica eleitoral, movida por ideologia.

ÉPOCA – Então não há uma influência ideológica na política externa brasileira?

Garcia – Há uma influência da ideologia da Constituição. Seguimos as dez alíneas do artigo 4º da Constituição Brasileira. Querem desacreditar a política externa brasileira e fazem essa crítica. É normal, vivemos numa sociedade democrática, e cada um pode dizer o que quiser. E isso tem sido dito com certa exuberância.

ÉPOCA – O Brasil não errou ao omitir os ataques do Hamas e ao se precipitar em chamar de volta o embaixador em Israel?
Garcia – O Brasil se expressou em duas notas. Uma no dia 27 de julho, em que fez uma crítica equilibrada aos dois ataques, de mísseis do Hamas contra Israel e dos bombardeios e da invasão da Faixa de Gaza por Israel. O agravamento e a deterioração da situação levaram o Brasil a focar em Israel na segunda nota. A convocação do embaixador para consultas é um procedimento diplomático clássico diante de situações graves. O Equador já tomara essa decisão. Outros três países decidiram o mesmo, na esteira da posição brasileira. O Chile não só chamou o embaixador, como interrompeu as relações comerciais com Israel. O Peru convocou seu embaixador, e El Salvador também. São países com perspectivas políticas muito distintas. Tanto o Chile quanto o Peru fazem parte da Aliança do Pacífico, tão festejada aqui no Brasil.

ÉPOCA – O Brasil chamou a ação de Israel de desproporcional, mas calou sobre os ataques do Hamas, sobre a guerra civil na Síria, sobre a ação da Rússia na Ucrânia. Não há um “relativismo moral”  nessa postura?
Garcia – Não. Em absoluto. Não há nenhum relativismo moral na política externa do Brasil. Nossa política externa está regulada por uma série de princípios, um dos quais é o respeito aos direitos humanos, um preceito constitucional. Temos de aplicá-lo indistintamente. No caso da Síria, nossa posição não é diferente da posição adotada pelos países da Europa, pelos Estados Unidos e pela Rússia. A menos que alguém quisesse que defendêssemos a intervenção militar na Síria. Os Estados Unidos chegaram a cogitar isso, mas depois recuaram, numa atitude de sabedoria política. É preciso ter muita serenidade nessas questões. No caso da Síria, basta  olhar os votos do Brasil no Conselho de Direitos Humanos na ONU. Sempre manifestamos uma grande preocupação com a degradação da situação na Síria. Por extensão, tratamos de expressar nossa preocupação com a Faixa de Gaza. O que acontece na Faixa de Gaza, hoje, é o que aconteceu no começo da guerra na Síria. De dezenas e centenas de mortos em alguns dias podemos chegar  a milhares de mortos, algo absolutamente intolerável.

ÉPOCA – Como justificar o silêncio e a brandura da posição brasileira em casos como a prisão de um opositor legítimo na Venezuela ou a derrubada do avião da Malaysia Airlines por separatistas na Ucrânia?
Garcia – Aqui você parte de uma premissa que eu não sabia: que o avião foi derrubado por separatistas. Essa é uma suposição. É muito provável, mas um governo não pode operar com caráter especulativo, como é normal num órgão de imprensa. É preciso entender que há uma seletividade na leitura das declarações do governo brasileiro. A presidenta deu uma declaração dizendo que o Brasil exigia o esclarecimento imediato do que acontecera nos céus da Ucrânia, um crime abominável. Há todas as evidências de que não foi um acidente normal. Mas ela exigiu que isso fosse esclarecido. Sobre a Venezuela, o deputado Leopoldo López foi preso com um mandado judicial. Mesmo assim, reconhecíamos na ocasião que havia uma crise grave na Venezuela, de instabilidade. Razão pela qual participamos ativamente para estabelecer um diálogo entre governo e oposição. Esse trabalho se desenvolveu com resultado positivo. Mas não peçam para o Brasil adotar um comportamento que outros países têm, ao distribuir seletivamente certificados de boa conduta para tal ou qual país. O Brasil não se mete nos assuntos internos de outros países. A não ser para ajudar, quando entendemos que há possibilidade de bons resultados para a paz e a preservação da democracia.

ÉPOCA – O Brasil tem buscado parcerias com países da África, da Ásia e do Oriente Médio. O efeito colateral disso foi se aliar a ditaduras. Como justificar essa aproximação?
Garcia – O presidente George W. Bush era um grande parceiro do Brasil. O Brasil é uma dos poucas nações que mantêm relações diplomáticas com todos os países que integram a ONU. Citei Bush para mostrar que o Brasil preserva um espectro muito amplo de relações externas. Deve ser o caso de um país com o tamanho e a relevância do Brasil. Bush esteve duas vezes no Brasil, coisa que não fez com outros países da América Latina. Quando Obama fez seu tour pela América Latina, visitou três países, um deles o Brasil. Isso não nos impede de ter relações com outros países.

ÉPOCA – A política externa brasileira se apequenou e perdeu relevância no governo Dilma?
Garcia – Não, de forma alguma. O Brasil não perdeu relevância. Mas o mundo mudou. Nesse período, tivemos um deslocamento maior para questões de natureza econômica. Talvez por causa dos efeitos da crise iniciada em 2008. Os temas econômicos ganharam, num período de crise, relevância muito maior. Para quem diz que a presença internacional do Brasil diminuiu, digo: diminuiu tanto que elegemos o diretor da OMC (Roberto Azevêdo, presidente da Organização Mundial do Comércio), da FAO (José Graziano da Silva, presidente da Organização Mundial da Agricultura), e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Paulo Vannuchi). Um país que está tão depauperado do ponto de vista de sua presença internacional não teria recolhido os êxitos que recolheu. No caso da OMC, a maioria dos países desenvolvidos se opôs à candidatura brasileira. Ele foi eleito com os votos dos países muitas vezes exorcizados como má companhia para o Brasil.

ÉPOCA – O Brasil deverá investir US$ 38 bilhões no Banco de Desenvolvimento dos Brics. Não é um montante excessivo?
Garcia – Não. A participação num megabanco de fomento garante uma alavancagem de recursos muito forte. Isso constituirá um impulso a investimentos de grande importância no Brasil e noutros países em que o Brasil tem interesse econômico. Os analistas que criticam o aporte brasileiro, ou são ignorantes ou agem de má-fé. Eles não criticam o Banco Mundial, o BID, a Corporação Andina de Fomento, instituições em que o Brasil investe e de cuja capitalização participa. Essas pessoas  se incomodam com o surgimento de um banco não vinculado aos bancos de sempre.

ÉPOCA – Muitos afirmam que o Brasil tem dois chanceleres, um de direito, o ministro Luiz Alberto Figueiredo, e outro de fato, o senhor. Qual é seu papel na política externa?
Garcia – Meu papel é aconselhar, informar, subsidiar a presidenta da República. Ela está apoiada nessa tarefa de condução da política externa por uma instituição exemplar, o Ministério das Relações Exteriores. Ditos analistas e críticos se incomodam com o papel da política externa brasileira. Os néscios discutem pessoas, os outros discutem ideias. Temos uma tergiversação sobre a relação entre política de Estado e política de governo. Há uma versão dessa noção de política de Estado, que a considera imutável por séculos e séculos. Essa percepção quer conservar valores de sempre. Agindo assim, não poderíamos pensar nenhuma das mudanças que ocorrem no mundo e no Brasil e ajustar nossas políticas públicas a esse sentimento de mudança. Essas pessoas precisam entender que o Brasil é uma sociedade democrática. Nessa democratização, que se acelerou nos últimos anos, as eleições têm consagrado grupos políticos – não partidos, mas coligações – que pensam as políticas públicas numa determinada direção. Se querem mudar a política externa, uma política pública, que disputem eleições, produzam ideias novas, analisem as mudanças no mundo e, a partir daí, se instalem no governo e formulem outras políticas. Nunca, em nenhum momento, tive qualquer rusga, atrito ou diferença com o Ministério das Relações Exteriores.

Crimes politicos do lulo-petismo: a farsa da CPI da Petrobras (RevistaVeja)

Os petistas que frequentam estas páginas (sei que os há) devem ficar furibundos cada vez qye eu posto coisas do gênero, ou seja, matérias sobre os crimes políticos e econômicos de sua agremiação preferida, ainda mais saindo do veículo preferido de seus ódios imortais.
Antes de pensar em xingar, ofender, maldizer, talvez eles pudessem refletir sobre fatos e pensar com suas próprias cabeças, em lugar de receber ordens dos neobolcheviques.
Paulo Roberto de Almeida 

Poder

Gravações comprovam: CPI da Petrobras foi uma grande farsa

A CPI da Petrobras foi criada com o objetivo de não pegar os corruptos. Ainda assim, o governo e a liderança do PT no Senado decidiram não correr riscos e montaram uma fraude que consistia em passar antes aos investigadores as perguntas que lhes seriam feitas pelos senadores. A trama foi gravada em vídeo.

Hugo Marques
Veja.com, 2/08/2014
TEATRO: Parecia uma encenação — e era mesmo. As perguntas que seriam feitas pelos parlamentares ao ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli foram
enviadas a ele antes do depoimento por José Eduardo Barrocas, chefe do escritório da estatal em Brasília, que aparece no detalhe da foto
TEATRO: Parecia uma encenação — e era mesmo. As perguntas que seriam feitas pelos parlamentares ao ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli foram enviadas a ele antes do depoimento por José Eduardo Barrocas, chefe do escritório da estatal em Brasília, que aparece no detalhe da foto      (Geraldo Magela/Ag. Senado)
Era tudo farsa. Mas começou parecendo que, dessa vez, seria mesmo para valer. Em março deste ano, os parlamentares tiveram um surto de grandeza institucional. Acostumados a uma posição de subserviência em relação ao Palácio do Planalto, eles aprovaram convites e convocações para que dez ministros prestassem esclarecimentos sobre programas oficiais e denúncias de irregularidades. Além disso, começaram a colher as assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI destinada a investigar os contratos da Petrobras. Ventos tardios, mas benfazejos, finalmente sopravam na Praça dos Três Poderes, com deputados e senadores dispostos a exercer uma de suas prerrogativas mais nobres: fiscalizar o governo. O ponto alto dessa agenda renovadora era a promessa de escrutinar contratos firmados pela Petrobras, que desempenha o papel de carro-chefe dos investimentos públicos no país. Na pauta, estavam a suspeita de pagamento de propina a servidores da empresa e o prejuízo bilionário decorrente da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, operação que jogou a presidente Dilma Rousseff numa crise política sem precedentes em seu mandato. O embate estava desenhado. O Legislativo, quem diria, esquadrinharia o Executivo. Pena que tudo não passou de encenação.     
VEJA teve acesso a um vídeo que revela a extensão da fraude. O que se vê e ouve na gravação é uma conjuração do tipo que, nunca se sabe, pode ter existido em outros momentos de nossa castigada história republicana. Mas é a primeira vez que uma delas vem a público com tudo o que representa de desprezo pela opinião pública, menosprezo dos representantes do povo no Parlamento e frontal atentado à verdade. Com vinte minutos de duração, o vídeo mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda desconhecido.
A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente, o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. A existência da reunião e seus participantes foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo permanecem um mistério. Quem assiste ao vídeo do começo ao fim — ele acaba abruptamente, como se a bateria do aparelho tivesse se esgotado — percebe claramente o que está sendo tramado naquela sala. E o que está sendo tramado é, simplesmente, uma fraude caracterizada pela ousadia de obter dos parlamentares da CPI da Petrobras as perguntas que eles fariam aos investigados e, de posse delas, treiná-los para responder a elas. Barrocas revela no vídeo que até um “gabarito” foi distribuído para impedir que houvesse contradições nos depoimentos. Um escárnio. Um teatro.     ​

Pedro Paulo Palazzo: um especialista em arte brasileira - Academia.edu

Apenas transcrevendo (com justo orgulho):

Pedro Paulo Palazzo   
Missing 'Brazilianness' of Nineteenth-Century Brazilian Art and Architecture
by Pedro Paulo Palazzo
Despite their ideological oppositions, Brazilian modernists and eclectic nationalists in the late nineteenth and early twentieth century had one stance in common: both groups agreed that the country’s art and architecture since the second half of the previous century lacked national character and adaptation to Brazil’s climate and social conditions. This postulate was partly refuted in Portuguese-language scholarship published since the 1960s, exposing the persistence of colonial-era patterns in the hinterland and, in a few cases, in urban settings. In the urge to rehabilitate...

Ironias involuntarias do mundo economico brasileiro: a situacao real e os economistas surreais

Parece uma ironia involuntária esta remessa do dia 01/08/2014, do blog do José Roberto Afonso.
Depois de uma série de trabalhos e artigos sobre as pequenas e grandes tragédias econômicas brasileiras, a lista termina anunciando a próxima reunião da AKB, ou seja, a Associação Keynesiana Brasileira, os mesmos economistas que, na academia ou no governo, estão provocando todos os problemas listados nos trabalhos anteriores da lista.
Não é gozado?
Paulo Roberto de Almeida

BRAZILIAN ECONOMICS    #883    01/08/14

Década Perdida (Carrasco et al.)
A década perdida: 2003 - 2012 por Vinicius Carrasco, João M. P. de Mello e Isabela Duarte publicado pela PUC Rio. "Exceto pelo mercado de trabalho, em todas as outras dimensões socioeconômicas relevantes, o Brasil foi tão bem quanto ou, mais frequentemente, pior do que o melhor grupo de comparação...Em suma, crescemos menos e assentamos bases mais frágeis para o futuro do que países similares."

Distribuição de Renda (Saffi)
Só melhorar a distribuição de renda não leva país a mudar de patamar por Pedro Saffi em entrevista ao Globo (7/2014). "A distribuição de renda sozinha não será capaz de reduzir a desvantagens do Brasil...a educação, indicador que permaneceu estagnado no país, é uma das mazelas do crescimento econômico e que a falta dela perpetua a concentração da renda."

Indicadores Coincidentes (SILCON)
Indicadores coincidentes para atividade econômica dos estados publicado pela SILCON (7/2014). "Apesar da melhoria das estatísticas econômicas no Brasil, tanto em termos de cobertura de atividades e de mercados, periodicidade variada, rapidez de divulgação e facilidade de acesso, a oferta de informações a nível estadual ainda possui muitas lacunas principalmente na periodicidade e na rapidez da divulgação..."

FED x Brasil (Castelar)
Brasil, frágil e vulnerável: O Fed errou? escrito por Armando Castelar (2/2014). "No todo, os números mostram que os técnicos do Fed chegaram a uma conclusão coerente com os indicadores econômicos e que o governo não parece estar apreciando corretamente nossa vulnerabilidade à mudança na situação externa e aos desafios que a normalização da política monetária americana vai impor ao país..."

VII Encontro da AKB
VII Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira. Em especial, o informativo em anexo traz a programação do VII Encontro da AKB, além das instruções para a inscrição no evento.

Pequenos assassinatos econômicos do lulo-petismo: inflacao

Não classifico esta ação entre os crimes econômicos stricto sensu, talvez porque eu compreenda as dificuldades de um país que sempre conviveu com inflação alta, mas por isso eu chamo de pequenos (talvez grandes) assassinatos econômicos.
O fato é que o governo, caro leitor, encomenda, todo ano, uma perda de pelo menos 8 ou 10% de perda no seu poder de compra, que deve ser a média da sua "cesta de compras", que diferentemente da maioria dos brasileiros, compreende -- como cidadão incluído digitalmente -- serviços, ou seja, non-tradables, que geralmente têm uma taxa de inflação maior do que a cesta de bens tradables.
Desde 2005, o governo se recusa a abaixar a meta de inflação, o que corresponde à concepção econômica desses furtadianos de botequim, aplicando mal as prescrições de Celso Furtado, para quem era melhor ter um "pouquinho" de inflação, desde que isso garantisse crescimento, emprego e renda para os trabalhadores. Foi esse tipo de concepção que nos levou a surtor hiper-inflacionários, que não vão ocorrer novamente, mas que contribuem para mantê-la nesses patamares insuportáveis para todos, provocando greves e conflitos distributivos.
Pequenos assassinatos econômicos, como vários outros, sem esquecer os grandes crimes econômicos contra o povo brasileiro.
Paulo Roberto de Almeida

Brazil
Itaú Macroeconômica, 1/08/2014

The main highlight next week will be July’s IPCA consumer inflation, scheduled for Friday. We forecast a 0.09% gain, a low reading but still consistent with twelve-month inflation increasing to 6.59% from 6.52% in the previous month. The main upward contribution is expected to come through housing items (+0.17pp to the monthly gain), because of rising energy prices. On the other hand, we expect deflation in prices of foods (contributing with -0.05pp) and transportation (-0.14pp).

We currently forecast IPCA inflation at 6.5% by year-end, but recent deflation in producer price indexes, weaker economic activity, a stronger exchange rate and declining global grain prices all entail a more favorable balance of risks for inflation throughout the second half.

On the activity front, ANFAVEA vehicle production for July (Wednesday) will be the main release. We forecast 240k, which means a 1.3% month-over-month seasonally-adjusted increase, after a 10.6% decline in the previous month. Due to the high volatility observed in the last two months (caused by the World Cup), a small deviation from our estimate may cause a substantial change in the seasonally-adjusted series. The SERASA retail index for July (Tuesday) is also noteworthy, because it is a good tracker of retail sales.

Crimes econômicos do lulo-petismo (0): estabelecendo a lista (aberta)

Crimes Econômicos do Lulo-Petismo

Paulo Roberto de Almeida

Introdução
São tantos os crimes econômicos cometidos pela gestão economicamente irresponsável do lulo-petismo que eu hesito em estabelecer uma lista fechada, pois eles são inúmeros, continuados, alguns que se encerraram contabilmente, mas que deixaram um enorme prejuízo atrás de si -- como por exemplo o catastrófico Banco Popular do Brasil, que só fez publicidade, desviou recursos e fechou melancolicamente -- e outros que continuam provocando prejuízos pelo futuro previsível (como a gestão criminosa da Petrobras).
Este post leva o número 0, depois do anterior, número 1, sobre o Fundo Soberano do Brasil, porque justamente trata-se de fazer uma lista tentativa, o que acabo de fazer, apenas ao fio da memória, como se diz, mas a lista está aberta a quem quiser contribuir.
Todos os itens abaixo estão documentados neste blog, nem sempre (ou raramente) sob esse epíteto de "crimes econômicos", geralmente apenas sob o próprio assunto da matéria, com ou sem comentários iniciais de minha parte.
Em todo caso, aceito colaborações para esta série, devidamente documentadas, ou seja, com evidências comprovadas ou circunstanciais que sustentem a acusação de crime econômico.
Este conceito não se refere apenas a crimes deliberados -- como eu acho que foi o de Pasadena, por exemplo -- mas a ações tomadas pelos incompetentes do PT que redundaram em perdas incomensuráveis ao país.
Mais uma vez, alerto: não estou considerando os crimes efetivos, tipo desvio de recursos, superfaturamento, corrupção ativa, falcatruas, extorsões e outros atos criminosos tipificados no Codigo Penal. 
Estou apenas tratando de atos e iniciativas "normais" de gestão econômica, que por incompetência, teimosia, ideologia, distorção mental, ignorância econômica, irresponsabilidade administrativa, redundaram em perdas imensas para o país e para todos os brasileiros.
Convido a todos se manifestaram para aumentar esta lista (ela ainda é reduzida, como todos veem).
Com seriedade, não com acusações levianas e não substanciadas.
Paulo Roberto de Almeida 

Lista aberta em 2/08/2014 (não exaustiva):
1) Expropriação aceita passivamente da refinaria da Petrobras na Bolívia
2) Revisão do Tratado de Itaipu e triplicação dos pagamentos ao Paraguai
3) Banco do Sul e Banco dos Brics (apenas assinados, ainda não integralizados)
4) Fundo Soberano do Brasil (ver a postagem a respeito)
5) “Investimentos” do BNDES
6) Política Industrial (várias, todas fracassadas)
6) Modificação da Lei de 1997 sobre a exploração de Petróleo e criação da estatal do pré-sal
7) Biodiesel com base na mamona e na agricultura camponesa
8) Congelamento dos preços da gasolina (e seus efeitos sobre o etanol)
9) Multiplicação dos gastos com a refinaria Abreu e Lima, PE
10) Sobre-preços não explicados com a refinaria Pasadena, Texas,
11) Banco Popular do Brasil (já encerrado, com prejuízo)
12) Transposição de Águas do São Francisco (ainda não parou de causar perdas)
13) Prorrogação da Zona Franca de Manaus até 2073
14) Destruição econômica do Mercosul (conjunto de ações continuadas)
15) Criação de estatais inúteis (fazer a listagem das empresas criadas)
16) Desconstrução e aparelhamento das agências setoriais
17) Manipulações e maquiagens contábeis no Tesouro Nacional
18) Empréstimos secretos a Cuba e a Angola
19) Conteúdo nacional em compras governamentais
20) Aceitação de até 25% de sobre-preço em compras governamentais nacionais
21) Mecanismo de redução insustentável das tarifas de eletricidade
22) contando...

Crimes economicos do lulo-petismo (1): o Fundo Soberano do Brasil

Dentre todos os crimes econômicos do lulo-petismo - e eu não estou considerando as patifarias deliberadas, que são muitas, apenas os erros catastróficos de gestão - este avulta como um dos maiores, disputando acirradamente o primeiro lugar com as incompetências no setor de energia (todas as formas: eletricidade, combustíveis, exploração de petróleo, etc), os gastos inacreditáveis com as refinarias (Pasadena, Abreu e Lima, Maranhão), os "investimentos" do BNDES ou a ainda mais inacreditável transposição das águas do São Francisco.
Começa que o FSB não é um Fundo, não é Soberano e tampouco é do Brasil, sendo mais apropriadamente uma Falcatrua Surpreendente dos Bolcheviques do PT, uma inacreditável história de incompetência, de má gestão e desastres sucessivos, que causaram um imenso prejuízo contábil efetivo, e uma outra perda incomensurável, pouco aferível, do lado do custo-oportunidade. Começa pelo fato de que o Brasil, comparado a todos os demais países que mantêm FSs, é justamente um país que reúne todas as condições para NÃO ter um FS. Ele não tem nem superávit fiscal, nem de transações correntes. De onde saíram os recursos para o FSB? Como é que um país, administrado por idiotas e criminosos econômicos, se endivida em Selic - média de 11% - para obter um rendimento abaixo de 4%??? Como se fez isso? Quem permitiu? Onde estão o Congresso, o TCU, o MP, a PG-FN, que nunca controlaram isso? Onde estão os relatórios de gestão do FSB?
Esses criminosos econômicos do PT, a começar pelo Ministro da Fazenda e pelo Secretário do Tesouro, deveriam ser processados por crimes repetidos de responsabilidade econômica, serem demitidos e enfrentar cadeia, o que aconteceria em qualquer país sério. 
Procurem neste blog tudo o que eu já escrevi contra o FSB, um dos maiores crimes econômicos, dentre muitos outros, cometidos pelos lulo-petistas, neste caso petralhas, contra o Brasil. 
Paulo Roberto de Almeida



REUTERS/Ueslei Marcelino



REVISTA EXAME

O Fundo Soberano do Brasil é um desastre



Tatiana Bautzer
Tatiana Bautzer, de Revista EXAME

São Paulo - "Se colocarem o governo para administrar o deserto do Saara”, disse certa vez o economista Milton Friedman, “vai faltar areia em cinco anos.” O Prêmio Nobel Friedman, como se sabe, era um notório crítico das intervenções estatais na economia de mercado. Mas pensava nos burocratas americanos quando disse o que disse.
Imagine o que aconteceria se o governo brasileiro recebesse a missão de administrar o Saara. Logo no início, o preço do transporte por camelo seria congelado para segurar a inflação. O imposto provisório sobre o movimento de dunas (IPMD) ajudaria a cobrir o buraco orçamentário.
Atendendo a uma demanda da bancada do oásis do PMDB, uma norma do Ministério das Areias obrigaria beduínos e tuaregues a adotar rotas diferentes das estabelecidas por seus ancestrais. O resultado, além da falta de areia, seria uma confusão completa.
Pode parecer uma parábola exagerada, mas uma história real (e recente) ajuda, de forma didática, a entender o que acontece quando o governo brasileiro se mete a fazer o que não sabe. Nesse caso, gerir um fundo de investimento — o Fundo Soberano do Brasil.
Em dezembro de 2008, o mundo vivia os efeitos do pânico causado pela quebra do banco americano Lehman Brothers. Em meio ao pacote de medidas destinadas a proteger o Brasil da crise estava a criação de um fundo soberano — nome dado aos fundos de investimento controlados por países e que aplicam, basicamente, no exterior.
Ao anunciar o novo fundo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que aquele era um passo para financiar empresas brasileiras que investissem fora do país. No futuro, esse fundo seria engordado com parte dos royalties pagos à União pela exploração das reservas do petróleo do pré-sal, como fazem Arábia Saudita, Emirados Árabes, Noruega e outros produtores. A expectativa era grande.
O fundo começou com 14 bilhões de reais, e sua administração foi delegada à Secretaria do Tesouro Nacional, comandada por Arno Augustin. Começava, ali, uma das lambanças financeiras mais impressionantes da história recente do país.
No primeiro ano, os gestores do fundo não fizeram nada do que haviam prometido. O dinheiro ficou, basicamente, parado em títulos públicos brasileiros. Mas em 2010 a criatividade tomou conta do governo federal, que precisava de uma força para financiar a gigantesca capitalização da Petrobras — feita para levantar recursos para a exploração do pré-sal.
A equipe de Arno Augustin comprou nada menos que 12 bilhões de reais em ações da Petrobras. Pagou 29,65 reais pelas ações ordinárias e 26,30 reais pelas preferenciais e passou a ter 3,9% do capital da companhia. Além de não ter absolutamente nada a ver com os objetivos do fundo, esse investimento foi desastroso.
As ações da Petrobras perderam cerca de 40% de seu valor nos dois anos seguintes. Mas foi aí que surgiu o inexplicável. Arno e seus magos das finanças inverteram a lógica mais básica que rege investimentos e decidiram vender tudo.
Compraram na alta e venderam na baixa — e jogaram na lata do lixo 4,4 bilhões de reais. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido responsabilizado por isso. 

O que explica esse desastre? Os recursos obtidos com a venda das ações da Petrobras foram para a conta do Tesouro e ajudaram a cumprir a meta de superávit fiscal de 2012, no auge do que ficou conhecido como contabilidade criativa do governo federal.
O Tesouro se defende alegando que, como vendeu suas ações da Petrobras para o BNDES, o país não perdeu dinheiro.
“Essas operações não devem ser vistas só do ponto de vista financeiro. A economia se beneficiou dos investimentos no pré-sal, e cumprir o superávit foi importante porque abriu espaço para mais gastos dos estados e dos municípios, o que também incentivou a economia”, diz um funcionário do Tesouro, sob a condição de não ter seu nome revelado.
O secretário Arno Augustin não quis dar entrevista.
Desde o tombo de 2012, as coisas melhoraram um pouco. Em 2013, a rentabilidade do fundo foi de 9,5%. Bizarramente, porém, o fundo soberano ainda é dono de 2,5 bilhões de reais em ações do Banco do Brasil, e ninguém explica por quê.
O rendimento razoável no ano passado é fácil de entender. Cerca de 80% do patrimônio do fundo está aplicado numa conta do Tesouro, que rende 98% da taxa básica de juro da economia, a Selic. 
No último relatório anual, os gestores do fundo afirmam que esse desempenho ficou acima do mínimo estabelecido no regulamento, que é de 5% ao ano, equivalente à taxa de juro TJLP, usada como referência para financiamentos subsidiados do BNDES.
Ou seja, os gestores acham normal que o fundo capte seus recursos pagando cerca de 11% (a taxa Selic) e dê um retorno de menos da metade disso. “Há um problema na concepção do fundo”, diz Ricardo Almeida, professor de finanças da escola de negócios Insper. 
Entre os grandes fundos soberanos do mundo, nenhum tem uma estratégia parecida. Mesmo os fundos da China, cuja gestão também é subordinada ao governo, e do Oriente Médio, que são administrados como patrimônio dos príncipes que governam os países, têm uma carteira de investimentos mais diversificada.
O Adia, dos Emirados Árabes, aplica 35% dos recursos na América do Norte, 20% na Europa e 15% em países emergentes, em ações, títulos públicos e privados e imóveis, entre outros.
No maior fundo do mundo, o da Noruega, as diretrizes gerais de investimento — por exemplo, o objetivo de rentabilidade e os níveis de volatilidade tolerados — são definidas pelo banco central e pelo Ministério da Fazenda e têm de ser aprovadas pelo Congresso. Mas a execução é feita por uma equipe de gestão independente, que escolhe o que e quando comprar e vender.
No fim do ano passado, 62% do patrimônio de 840 bilhões de dólares estava aplicado em ações de empresas como a fabricante americana de celulares e computadores Apple e a companhia suíça de alimentos Nestlé. Outra parcela estava em títulos públicos de mais uma dezena de países, entre eles o Brasil (o fundo não aplica em papéis públicos na Noruega).
A principal meta é ter uma rentabilidade de 4% acima da inflação, cumprida com folga desde 2008. Já o fundo brasileiro perdeu, na média, 1,7% ao ano. Imagine o Saara na mão dessa turma.
===========
Addendum
Algumas das minhas postagens anteriores sobre mais esse crime econômico do lulo-petismo (mas existem muitas outras no mesmo blog, bastando buscar sob esse conceito):
27 Mai 2014
Eu já havia detectado aqui -- podem buscar no blog -- os crimes cometidos, até do ponto de vista constitucional, nesse assunto do Fundo Soberano, a começar pelo fato de que o Brasil NUNCA teve os requerimentos básicos ...
04 Nov 2012
Curioso essa troço: não é bem um fundo, pois o governo não dispõe de excedentes orçamentários, ou fiscais, e sequer de transações correntes; se houve endividamento adicional, inclusive externo, ele não é bem soberano, ...
22 Set 2010
Não sei se as pessoas sabem, e se os parlamentares, que aprovaram o Fundo sabem, ou se sabem preferiram ignorar, o tal Fundo Soberano JÁ TEVE impacto sobre o orçamento e já constituiu uma despesa pública, apenas ...
09 Out 2011
Aquele que não é exatamente um Fundo, muito menos Soberano e sobretudo não é do Brasil, mas do governo, que cuida dele tão mal quanto de todo o resto do patrimônio que ficou, tão mal, sob sua supervisão ...
1
2
3
4
5
6
7
8
- See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/#uds-search-results

27 Mai 2014
Eu já havia detectado aqui -- podem buscar no blog -- os crimes cometidos, até do ponto de vista constitucional, nesse assunto do Fundo Soberano, a começar pelo fato de que o Brasil NUNCA teve os requerimentos básicos ...
04 Nov 2012
Curioso esse troço: não é bem um fundo, pois o governo não dispõe de excedentes orçamentários, ou fiscais, e sequer de transações correntes; se houve endividamento adicional, inclusive externo, ele não é bem soberano, ...
22 Set 2010
Não sei se as pessoas sabem, e se os parlamentares, que aprovaram o Fundo sabem, ou se sabem preferiram ignorar, o tal Fundo Soberano JÁ TEVE impacto sobre o orçamento e já constituiu uma despesa pública, apenas ...
09 Out 2011
Aquele que não é exatamente um Fundo, muito menos Soberano e sobretudo não é do Brasil, mas do governo, que cuida dele tão mal quanto de todo o resto do patrimônio que ficou, tão mal, sob sua supervisão ...

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Heranca maldita dos companheiros: a decada perdida na area economica - Carrasco et al.

Década Perdida (Carrasco et al.)










A década perdida: 2003 - 2012 
por Vinicius Carrasco, João M. P. de Mello e Isabela Duarte
publicado pela PUC Rio; link: http://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/td626.pdf

Exceto pelo mercado de trabalho, em todas as outras dimensões socioeconômicas relevantes, o Brasil foi tão bem quanto ou, mais frequentemente, pior do que o melhor grupo de comparação...Em suma, crescemos menos e assentamos bases mais frágeis para o futuro do que países similares.






















Tarefas do novo governo na frente economica externa - Paulo Roberto de Almeida

Desafios do novo governo na frente econômica externa

O governo que tomar posse em janeiro de 2015, qualquer que seja sua orientação política, tem pela frente uma série de desafios na área econômica externa.
1. Economia internacional: uma variável independente
O cenário externo se subtrai às possibilidades de atuação do governo, que poderá, se tanto, influenciar posições do Mercosul em negociações multilaterais ou inter-regionais. O panorama é mais benigno, com a retomada do crescimento nos EUA e a superação das crises mais graves na zona do euro. Assim, o novo governo não poderá alegar que a crise internacional prejudica o Brasil, o que não foi verdade mesmo quando as duas grandes economias estavam deprimidas. Tendo a China como principal parceiro – o que assegurou altos preços nas commodities – o Brasil navegou sem grandes percalços durante o pico da crise; se o crescimento declinou, na fase recente, tal não se deve ao cenário externo. Continuarão as conversas no âmbito do G20 (mas elas são só conversas) e as de foros como o Brics, mas esse grupo não vai resolver a deterioração das transações correntes. Cabe tirar as lições que nos veem de novos emergentes, todos eles empenhados em se inserir mais e mais nos circuitos produtivos internacionais, em lugar de recorrer ao protecionismo, como foi fartamente o caso aqui, ultimamente.
2. Negociações comerciais: entre o minilateralismo e o multilateralismo
Não se deve esperar muito delas, já que quase todos os países esperam que os demais sejam mais abertos do que eles próprios. A conclusão da Rodada Doha não é facilitada pelas reticências de alguns dos “melhores amigos” do atual governo brasileiro no G20 comercial, a exemplo da Índia, que continua a impedir um consenso mínimo em temas como estoques agrícolas de segurança, ou da Argentina, na frente industrial, em ambos casos atendendo interesses protecionistas. O mundo vai continuar com os seus exercícios minilateralistas, com a possível marginalização da OMC. O Mercosul só fez recuar nos últimos doze anos, o que caberia remediar mediante uma renegociação de seu formato como união aduaneira, passando-se, possivelmente, a um simples acordo de livre comércio. O Brasil ficaria livre para negociar acordos atendendo a seus interesses, o que não quer dizer que será fácil, pois a indústria continua perdendo competitividade.
3. Finanças: menos riscos, mais volatilidade?
Depois de um ciclo de “tempestades perfeitas” na área bancária, é possível que os grandes atores – EUA, UE, Japão, e a China – se engajem numa fiscalização mais atenta dos fluxos de capitais. Mas nunca foi tão grande a liquidez internacional, o que permite prever, aos tomadores de recursos externos como o Brasil, o atendimento de suas necessidades de financiamento a juros razoáveis. Não deixa de ser uma ironia que os Brics, que pretendem opor-se à “hegemonia do dólar”, tenham criado um banco com capital subscrito de US$ 50 bilhões e um fundo contingente de US$ 100 bilhões. Não faltarão dólares para isso.
Os aplicadores de curto prazo, porém, continuarão ariscos e prontos a bater asas ao menor sinal de volatilidade. Esta, ao contrário do que acreditam os ingênuos, é mais provocada por mudanças na regulação interna do que por uma suposta “especulação internacional”. Um governo sensato sabe que deve manter estabilidade nas regras. Assim, se espera que diminuam as bravatas contra a “guerra cambial internacional” e os “tsunamis financeiros”.
Em síntese, o Brasil deve continuar a receber investimentos diretos estrangeiros, com base na abertura regulatória e em novas concessões “privatizantes”; a integração regional precisa abandonar a retórica, para enfrentar seus verdadeiros desafios; por fim, seria bom deixar de lado o stalinismo industrial, e inserir decisivamente a economia brasileira na globalização. Na verdade, todos os problemas econômicos externos do Brasil estão mesmo dentro do país, como qualquer observador atilado pode perceber.

SOBRE PAULO ROBERTO DE ALMEIDA

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, mestre em planejamento econômico pelo Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade de Estado de Antuérpia, doutor em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas. Trabalhou como assessor especial no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. É autor dos livros: “O Mercosul no contexto regional e internacional” (Aduaneiras, 1993), “ O Brasil e o multilateralismo econômico” (Livraria do Advogado, 1999), “ Relações internacionais e política externa do Brasil: história e sociologia da diplomacia brasileira (UFRGS, 1998)” e “O moderno príncipe – Maquiavel revisitado” (2007)

Cuba: Brasil financia mais US 150 milhoes - vai receber de volta? - O Globo

Aeroportos cubanos receberão US$ 150 milhões do BNDES
 Henrique Gomes Batista
O Globo, 31/07/2014

Financiamento é para que a Odebrecht faça a modernização dos terminais

O BNDES aprovou um financiamento para a modernização de aeroportos cubanos, que será feita pela Construtora Odebrecht. Embora o banco não forneça o valor , a data de aprovação e quais aeroportos serão beneficiados, fontes do negócio confirmam que serão destinados US$ 150 milhões (cerca de R$ 336 milhões) e que o acordo foi fechado há cerca de 30 dias. O banco confirma, apenas, que o financiamento está em fase de contratação. É provável, segundo fontes do mercado, que os valores comecem a ser liberados ainda neste ano. O financiamento para a melhoria dos aeroportos cubanos está dentro da linha de exportações brasileiras de bens e serviços de engenharia. O banco afirma que isso é uma tendência internacional e que beneficia empresas brasileiras, com o BNDES auxiliando a competitividade das companhias nacionais. "Os desembolsos de recursos são efetuados em reais, no Brasil, diretamente ao exportador brasileiro, com base nas exportações efetivamente realizadas e comprovadas", informou o banco.
LINHA JÁ HAVIA SIDO USADA COM PORTO
O modelo de financiamento aprovado pelo BNDES é o mesmo utilizado pelo banco para que a Odebrecht modernizasse o por to de Mariel, também em Cuba. Na época, o financiamento foi de US$ 802 milhões (cerca de R$ 1,796 bilhão pelo câmbio atual). A primeira parte do dinheiro foi liberada em 2009. Em sua recente visita à ilha, em janeiro, a presidente Dilma Rousseff anunciou outro financiamento de US$ 290 milhões (cerca de R$ 650 milhões) para a criação de uma área especial industrial junto ao porto. Na ocasião, a presidente lembrou que esse tipo de operação beneficia empresas brasileiras, é estratégico e gera uma relação "ganha-ganha" , lembrando que esse financiamento não significa que o país não está investindo em portos no Brasil. O BNDES não informou o valor total dos financiamentos em empreendimentos de empresas brasileiras em Cuba. O governo brasileiro também está apoiando a construção de um grande porto no Uruguai, que poderá, até, concorrer com terminais do Sul do Brasil, conforme noticiou O GLOBO em maio. Embora esse apoio ainda esteja em fase inicial, a operação pode significar mais um empréstimo do BNDES para alguma construtora brasileira, e, segundo fontes, o valor do negócio pode chegar a US$ 1 bilhão (R$ 2,24 bilhões).
No momento, o Brasil está apoiando o país vizinho com informações técnicas, mas operadores portuários brasileiros reclamam dessa parceria, por se tratar de um concorrente direto dos portos brasileiros, que terá uma capacidade maior e menos custos burocráticos. A Odebrecht confirma as negociações para o Projeto de Ampliação e Modernização da Infraestrutura Aeroportuária de Cuba, mas a empresa não conseguiu, até o fechamento desta edição, informar detalhes do projeto e quando as obras devem começar. A empresa divide a liderança no ranking de financiamento do BNDES nessa modalidade de crédito com a Embraer desde 2009. Em 2013, a construtora obteve financiamentos que somam US$ 908 milhões, abaixo do US$ 1,072 bilhão da Embraer, sendo que esta linha somou, no total, US$ 2,5 bilhões. No primeiro trimestre de 2014, dos US$ 367,2 milhões liberados nesse tipo de financiamento, a Odebrecht recebeu US$ 153 milhões, contra US$ 142 milhões da fabricante de aviões.

TURISMO É FONTE DE RECEITA IMPORTANTE
A reforma dos aeroportos cubanos é importante para a economia combalida do país. No ano passado, o setor gerou US$ 1,8 bilhão (R$ 4 bilhões) para a ilha de 11 milhões de habitantes. No total, entraram no país 2,851 milhões de turistas, número 0,5% acima do registrado no ano anterior, mas ainda distante da meta de 3 milhões de turistas por ano. Os canadenses são o principal grupo de turistas do país — com mais de um milhão de viajantes — , seguidos de residentes do Reino Unido, Alemanha, França, Argentina, Itália, México, Espanha, Rússia e Venezuela.