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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 31 de março de 2015

Academia.edu: geografia dos acessos a minha pagina -Paulo Roberto de Almeida


Academia.edu: estatísticas de acesso por países de origem

Apenas um exercício estatístico, sem maior significação substantiva para fins de conclusões sobre a geografia da minha pequena ONU visitadora no Academia.edu.
Do total de 34.401 visitações que recebi em minha página desde o início (até já esqueci quando foi, mas deve ter sido em torno de 2012), 21.400, ou seja, 62% do total, são de origem desconhecida, o que significa que foram feitas por instrumentos de busca, que provavelmente se dividem entre os dois primeiros países identificados, EUA e Brasil, cujos números, portanto, deveriam ser um pouco mais inflacionados. Nesse total geral, o Brasil ficaria, com 28% do total geral, mas aumentaria, se considerássemos apenas os identificados, quanto sua proporção subiria para 74% do total, e os EUA identificados ficariam com 4,9%.
Retirando os desconhecidos, teríamos apenas 13 mil acessos identificados.
Paulo Roberto de Almeida 

Em 30/03/2015

Country
30-Day Views
All-Time Views
Unknown
145
21,400
Brazil
1,214
9,671
United States
122
643
Portugal
52
312
France
27
303
United Kingdom
7
150
Mozambique
14
140
Argentina
8
126
Russian Federation
17
121
Belgium
18
120
Spain
8
106
Angola
5
97
Germany
10
85
Italy
4
69
Mexico
0
51
Canada
3
51
Australia
3
47
Uruguay
2
38
Ecuador
0
36
Switzerland
3
33
Netherlands
1
32
Indonesia
3
31
India
1
31
Turkey
1
30
Egypt
1
30
Korea, Republic of
0
29
Japan
0
28
Greece
1
27
Poland
1
27
Colombia
1
25
Peru
1
23
Senegal
3
16
Romania
0
16
Morocco
0
15
South Africa
0
15
China
1
13
Ukraine
0
13
Philippines
0
13
Thailand
0
13
Chile
1
12
Slovakia
0
12
Cape Verde
1
11
Pakistan
0
11
Malaysia
2
10
Dominican Republic
0
9
Algeria
0
9
Puerto Rico
0
9
Sweden
0
9
Lebanon
0
8
Côte D'Ivoire
1
8
Paraguay
2
8
Guatemala
0
8
Croatia
0
7
Hungary
1
7
Israel
0
7
Czech Republic
2
7
Ireland
0
7
Haiti
0
7
Finland
0
7
Zimbabwe
2
6
Viet Nam
0
6
Iran, Islamic Republic Of
0
6
Tunisia
1
6
Madagascar
1
6
Nigeria
2
6
Austria
0
6
Kenya
0
5
Norway
0
5
Serbia
0
4
Saudi Arabia
0
4
Hong Kong
0
4
Timor-Leste
0
4
Ethiopia
0
4
Bangladesh
0
4
Ghana
0
4
Luxembourg
0
4
Iraq
0
4
Oman
0
3
Slovenia
0
3
Unknown
0
3
Cameroon
0
3
Congo, The Democratic Republic Of The
0
3
Kazakhstan
0
3
Belize
0
3
Burundi
0
3
Singapore
1
3
Venezuela
0
3
Denmark
2
3
Trinidad and Tobago
1
2
Zambia
0
2
Tanzania
0
2
Costa Rica
0
2
Macedonia, the Former Yugoslav Republic Of
0
2
Taiwan
0
2
Mongolia
0
2
Martinique
0
2
Malta
0
2
Gabon
1
2
Guinea
1
2
Yemen
0
2
Bulgaria
0
2
New Zealand
0
2
Bahrain
0
2
Sudan
1
2
Kyrgyzstan
0
2
Bolivia
0
2
Kuwait
0
2
Sao Tome and Principe
0
2
Cuba
0
2
Réunion
0
1
Nepal
0
1
Namibia
0
1
Mali
0
1
Sri Lanka
0
1
Fiji
0
1
El Salvador
0
1
Togo
0
1
Estonia
0
1
Qatar
0
1
Armenia
0
1
Albania
0
1
Unknown
0
1
Saint Vincent And The Grenedines
0
1
Cyprus
1
1
Congo
1
1
Palestinian Territory, Occupied
1
1
French Guiana
1
1
Bosnia and Herzegovina
0
1


Commodities: tendencia secular ao declinio nos precos - PesquisaMacroecomica Itau

Excelente estudo de Artur Manoel Passos, sobre o qual tenho algumas observações.
1) Quando se fala de declínio, ou ascensão, numa série histórica de valores, sempre se deve perguntar, em relação a quê, exatamente?
    Pode ser em relação a um ponto na trajetória -- e se escolhermos um outro ponto a tendência pode mudar, certo? -- mas pode ser em relação à referência escolhida para comparação.
2) Neste caso, é dito é que se trata de relação aos preços de serviços, mas não se apresenta qual o indicador preciso desses serviços, e quais serviços são computados na série.
3) A tendência secular de queda de commodities poderia sustentar o famoso argumento prebischiano sobre "deterioração dos termos do intercâmbio", mas na verdade o desmente, pois diz que os manufaturados também caem.
4) Precisaria ficar claro que manufaturados SEMPRE vão cair, absoluta e relativamente, dados os ganhos de escala, de produtividade, de inovação nessa área.
5) Preços agrícolas também devem cair tendencialmente, com o crescimento progressivo da produtividade, incorporação de novas terras, diminuição do crescimento demográfico, etc, mas sempre depende da relação oferta e demanda, e a primeira reage a expectativa de ganhos futuros.
6) Metais e minerais são estoques fixos e dependem de infraestrutura, efeito substituição, mas não são "renovaveis", como agrícolas e manufaturas.
7) O principal problema, no entanto, são os serviços, que constituem uma gama enorme de itens, alguns com ganhos contínuos de produtividade -- telecomunicações, por exemplo -- e outros de ganhos nulos, ou de custos crescentes (corte de cabelo, por exemplo).

    Sugeriria que o estudo tivesse mais aperfeiçoamentos metodológicos para responder a tais tipos de questionamentos.
Paulo Roberto de Almeida
Declínio secular das commodities, de volta à tendência?
MACRO VISÃO
Itaú Macroeconômica
31/03/2015
 
A queda dos últimos anos trouxe os preços reais das commodities de volta à tendência de declínio secular.
O declínio secular é concentrado nas commodities agrícolas, mas os manufaturados também caíram em termos reais. A queda de ambos é em relação aos preços de serviços. 
Queda de 2014 marca retorno à média de longo prazo
Construímos uma série desde 1913 dos preços agregados de commodities em dólar, deflacionada pelo índice de preços ao consumidor dos EUA.  A série combina dados mensais de índices de preços ao produtor nos EUA (1913 - 1956), índices agregados históricos (1957 - 1989) e o Índice de Commodities Itaú (1990 - 2014). O anexo 1 traz mais detalhes.
A série (gráfico 1) possui informações importantes sobre o ciclo e tendência de longo prazo das commodities.
O ciclo de forte alta dos preços iniciado em 2002 (associado à China) foi precedido de três ciclos anteriores. O primeiro, entre 1915 e 1919, pode estar associado à 1ª Guerra Mundial. O próximo coincide com a 2ª Guerra Mundial e a reconstrução da Europa no pós-guerra. O terceiro ciclo parece ter começado com a crise do petróleo em 1973 e deve ter continuado com o repasse de custos maiores de energia para as demais commodities.
A queda dos preços entre 2011 e 2014 trouxe os preços para a tendência de longo prazo. Por esta ótica, não é possível rejeitar uma continuidade da queda, já que os ciclos de alta anteriores foram sucedidos por preços abaixo da tendência.
O padrão cíclico observado nos preços encontra uma explicação nos fundamentos. Os ciclos de alta tendem a ser causados por aceleração da demanda. A alta dos preços incentiva investimentos. A maturação dos investimentos aumenta a capacidade de produção. Quando este aumento coincide com o fim do ciclo de crescimento anormal da demanda, os preços recuam por um longo período, até que o balanço entre oferta e demanda volte a níveis equilibrados.
Dos quatro ciclos observados nos últimos 100 anos, três deles se encaixam neste comportamento (1ª Guerra Mundial, 2ª Guerra Mundial e reconstrução de Europa, boom da China).
A crise do petróleo de 1973 apresentou características distintas. Neste caso, a alta começou a partir de um choque de oferta do petróleo, levando a repasse de custos para as demais commodities. A queda dos preços ocorreu com a política desinflacionaria dos EUA a partir do fim da década de 70.
Quanto à tendência de longo prazo, observamos uma queda das commodities agregadas em termos reais. A queda dos preços agregados em termos reais traz duas perguntas adicionais:
  1. Os três componentes (agrícolas, metais e energia) mostram a mesma tendência?
  2. A tendência de queda reflete um desempenho inferior de commodities em relação a bens manufaturados ou serviços?
A tendência de queda é restrita às commodities agrícolas 
Para avaliar se os todos os três grupos de commodities mostram esta queda em termos reais, criamos séries de commodities agrícolas, metálicas e energéticas desde 1926[1].
As commodities agrícolas recuaram em termos reais ao longo do período (gráfico 2). Além disso, os principais ciclos de alta coincidem com as altas do índice agregado.
Ao contrário dos preços agregados, a commodities metálicas e energéticas mostram ligeira tendência de alta em termos reais (gráfico 3). Nas duas séries, o ciclo de alta da década passada é mais intenso do que os ciclos anteriores.
Bens manufaturados também mostram tendência secular de queda de preços em termos reais
A tendência de queda das commodities em termos reais não é em relação a bens manufaturados. Tanto o índice agregado de commodities quanto o índice de preços de bens finais (da séries de preços ao produtor dos EUA) mostram queda em termos reais desde 1947 (ver gráfico 4). A queda em termos reais de commodities e manufaturados é resultado da tendência de alta dos preços de serviços.
Desse modo, os termos de troca de um país que exporta  commodities e importa manufaturados não não mostra uma tendencia de queda no longo prazo.
Artur Manoel Passos
Itau Macroenômica

1964: FFAA dizem BASTA ao presidente Goulart - Editorial do Estado em 31 de marco

Um Editorial histórico.
O venerável jornal reacionário se colocando ao lado das FFAA que reagiam aos desmandos do presidente que se mostrava conivente com as quebras de hierarquia nas FFAA: primeiro em relação à greve dos sargentos da Aeronáutica, que em setembro de 1963 deixaram Brasília sem comunicações com o resto do país durante horas, senão dias; depois com a revolta dos marinheiros no início de 1964, que foram deixados impunes por decisão do próprio ministro da Marinha, o que revoltou o conjunto dos comandantes militares.
Mal o jornal sabia que, no momento em que seu editorial era publicado, tropas comandadas pelo impulsivo general Olympio Mourão Filho começavam a se deslocar de Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro.
Era o início de um movimento que iria durar, sem que fosse possível prever, 21 anos.
Paulo Roberto de Almeida

O exército e os desmandos do presidente
 Editorial do jornal "O Estado de São Paulo, edição de 31 de março de 1964

Após os primeiros momentos de extrema confusão provocados pela atitude insólita do sr. Presidente da República no caso da rebelião dos marinheiros nacionais, volta a calma aos espíritos e com ela parece a Nação não estar longe de considerar de certo modo benéficos os acontecimentos desenrolados na ex-capital da República na quinta e sexta-feira da Paixão.

Dos gestos com que vinha surpreendendo o País, e que se diria não encontrarem uma barreira nas Classes Armadas, passou S.Exª numa clara demonstração de que a força de que se julgava detentor era ilusória para uma posição em que vai muito além daquilo que parecia senão razoável pelo menos admissível.

Segundo a sua própria versão, S. Exª teria levado a sua campanha aos últimos extremos coagido pela necessidade de obter contra a oposição das correntes "retrógradas" da coletividade medidas que não visariam senão ao bem de todos e, particularmente, o das camadas que mais sofrem as conseqüências da hostilidade de certos meios e do atraso geral das estruturas sociais do País. E, beneficiando-se dessa possível interpretação de sua conduta, julgou-se em condições, diante do levante das guarnições dos nossos vasos de guerra, de ir ao extremo de solidarizar-se com o gravíssimo atentado à hierarquia militar.

Já da revolta verificada em Brasília, entre os sargentos das nossas forças aéreas, o princípio da autoridade militar havia sido profundamente atingido Através dessa intentona, os que têm por missão esclarecer a opinião pública sobre o que se vem passando desde a posse do sr. João Goulart até hoje não tiveram dificuldade em advertir a Nação de que o episódio ocorrido nada mais era do que o prenúncio de coisas muitíssimo mais graves. A maneira quase paternal com que as autoridades federais deliberaram tratar os revoltosos denunciava, só por si, a origem oficial daqueles lamentabilíssimos acontecimentos.

A grande maioria dos oficiais das forças do ar não se deixou iludir sobre o verdadeiro significado do golpe que então recebeu. Atingidos no seu pundonor profissional, puderam desde logo concluir que a Nação não se achava diante de um episódio fortuito, mas sim, no início de um processo em que os acontecimentos não tardariam a desdobrar-se com a agressividade proporcional à absoluta impunidade com que haviam saído do movimento subversivo os sargentos revoltosos.

Nessa altura, já brotava no seio das forças da terra o sentimento de que algo de extremamente grave vinha fermentando no mais íntimo da estrutura nacional. Mas o sentimento de disciplina, o respeito à hierarquia e a obediência ao preceito constitucional que faz do Presidente da República o chefe das Forças Armadas levaram o Exército a conter o sentimento de repulsa que, na quase totalidade das suas fileiras provocaram os desregramentos do ocupante do Palácio da Alvorada.

A tensão entre as forças terrestres era notória e não demonstrava nenhuma argúcia o observador político que não vislumbrasse a precariedade do poder que sobre elas supunha ainda possuir o caudilho. E foi dentro dessa atmosfera pesada e sombria que se verificaram os acontecimentos da Semana Santa. Não se poderá afirmar que tanto a Marinha como o Exército os julgassem tão próximos. Não se iludiam as duas corporações quanto ao que estava para se produzir, mas jamais poderiam supor que a crise alcançasse as proporções com que explodiu. Se a rebelião dos sargentos da Aeronáutica fora suficiente para anular praticamente a eficiência da Arma, a subversão da ordem na Marinha assumia as dimensões de um verdadeiro desastre nacional.

Foi, aliás, o que desde o primeiro instante compreendeu a única instituição militar que até agora não foi contaminada pela ação revolucionária daqueles que se propuseram destruir pela base as forças cuja missão consiste em defender a ordem e a integridade institucional do País. A atitude de incondicional solidariedade aos seus colegas de armas, assumida pelo Clube Militar, a altivez com que o almirantado fez ouvir a sua voz na defesa da corporação a que pertence, assim como, os entendimentos que sabemos estar em curso neste momento entre o alto comando das forças da terra e os que, nas diferentes regiões do País, chefiam o II, o III e o IV Exército, permitem-nos afirmar que cessou, de uma vez por todas, a liberdade de movimentos do sr. Presidente da República contra as instituições.

Bem analisadas as coisas, e vistas em profundidade, o chefe do Executivo sente-se, neste instante, em sérias dificuldades em face daqueles que até aqui não cessaram de dar mostras do seu respeito a Constituição, através do acatamento dado às ordens de S. Exª. A promessa que acaba de tornar pública o Sr.Presidente da República de voltar atrás do seu ato de insânia, mandando abrir inquérito sobre os acontecimentos, não deixa, apesar da sua capciosidade, dúvida alguma de que o Exército nacional disse um BASTA categórico e definitivo aos desmandos de S. Exª.

Economia: baixar os juros parece facil, basta a presidente decidir - Amir Khair (e PRA)

Acabo de ler, por inteiro, o artigo publicado no Estadão de ontem pelo economista aliado dos companheiros, Amir Khair.
Tudo me pareceu tão claro e cristalino (estou sendo redundante, mais uma vez), que eu fui olhar mais de perto.
E resolvi fazer umas perguntas ao autor do texto.
Claro, ele não vai me responder, mas os leitores podem, talvez, aprender como se faz um debate econômico, ainda que unilateral, como é minha mania.
Primeiro vou colocar o texto dele por inteiro, depois meus questionamentos com base em uma seleção de seus argumentos.
Quem desejar entrar no debate, sinta-se à vontade, e pode me contestar de cabo a rabo. Este blog foi feito para isto mesmo: para debate de ideias inteligentes...
Paulo Roberto de Almeida

Primeiro o artigo de Amir Khair no Estadão de 29/03/2015.


Amir Khair
O Estado de S.Paulo, 29 Março 2015 | 02h 04

Bastaram quatro anos de governo Dilma para jogar o País em série crise econômica, política e social, com risco institucional de impeachment da presidente. Como saída dessa crise, procurou-se alguém que pudesse dar credibilidade à condução da economia. Lula indicou dois pesos pesados de confiança do mercado financeiro: Henrique Meirelles e Luiz Carlos Trabuco Cappi. A escolha recaiu em Joaquim Levi, que já tinha pertencido à equipe de Palocci no primeiro mandato de Lula.
Aí veio a proposta de ajuste fiscal, considerada como ponto de partida da recuperação econômica. A aposta era que, com a credibilidade da nova equipe econômica, os empresários voltariam a investir e daí viria o crescimento econômico.
O ajuste pretendido reduz direitos das pessoas e cria tributos para aumentar a arrecadação. Com isso o governo abriu simultaneamente várias frentes de briga: com as centrais sindicais, com empresários e contribuintes, que ficariam mais tributados, e com partidos da base aliada, que sofreriam desgaste ao aprovar o ajuste. 
Para complicar, a presidente trilhou o caminho do enfrentamento ao PMDB. Resultado: está sofrendo derrotas em todas as frentes, com o Congresso aprovando aumentos sucessivos nas contas públicas. Assim, o ajuste segue prematuramente para o brejo. 
Poderia ter evitado tudo isso se seguisse outro caminho que independesse do Congresso. Vejamos.
Recuperar a questão fiscal significa reduzir a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB). Essa relação foi-se deteriorando nos últimos anos. Ao final de 2013 estava em 56,7% e no final do ano passado subiu para 63,5%, com elevação de 6,8 pontos (63,5 menos 56,7). 
A nova equipe econômica prevê, caso seja bem-sucedido o ajuste fiscal, que ao final de 2017 ela esteja em 62,5%, ou seja, apenas um ponto abaixo da ocorrida no início deste ano. Péssimo resultado. Mas por que isso? Pela simples razão de a equipe econômica manter elevada e de forma artificial a taxa de juros que incide sobre a dívida. 
Países desenvolvidos têm dívida acima de 100%, mas como praticam taxas básicas de juros próximas a zero não tem problema de perda de controle sobre a dívida. O Brasil é o país que durante vários anos, atravessando vários governos, vem operando por decisão do Banco Central com uma taxa Selic das mais altas do mundo e sem necessidade. Faz isso porque quer controlar a inflação de forma artificial, tornando baratos os produtos importados. 
O Plano Real foi mestre nisso. Jogou a taxa de juros bem alta e atraiu dólares especulativos, fazendo a paridade um dólar igual a um real. Passados mais de vinte anos, continuou essa sangria de juros na economia do País.
Fato é que um pensamento econômico dominante, conduzido com habilidade e competência por analistas ligados ao mercado financeiro, ainda consegue defender a manutenção dessa política. Esse pensamento é condizente com os lucros que o sistema financeiro extrai da atividade econômica. Quanto maior a Selic, maior o lucro bancário, o ganho dos rentistas e a perda do governo federal. O lamentável desse verdadeiro saque ao cofre público é que quem dá a chave do cofre é o próprio governo.
O retrato fiscal é bem expresso no déficit de 6,7% do PIB ocorrido em 2014, sendo que a conta de juros atingiu 6,1% do PIB e foi responsável, portanto, por 90,6% do déficit.
O esforço do governo nessa política de ajuste é conseguir um superávit entre receitas e despesas públicas sem juros de 1,2% do PIB e, pasmem, vão continuar elevando a Selic, fazendo com que atinja 13%. Como a dívida continuou crescendo, dificilmente a despesa com juros ficará abaixo de 7,5% do PIB (!) neste ano. Assim, todo o esforço fiscal de 1,2% será comido pela maior despesa com juros de 1,4% do PIB (7,5 menos 6,1).
Em 2016, a situação tende a piorar, pois a dívida deverá se avizinhar a 70% do PIB, impondo uma despesa com juros ainda mais elevada.
Além do estrago nas contas públicas, essa Selic distorce o câmbio e, com isso, está gerando rombos crescentes nas contas externas. Em 2014, bateram o recorde de US$ 91 bilhões, ou 4,2% do PIB. Para piorar ainda mais essa situação, o Banco Central, para segurar o câmbio, torrou US$ 114 bilhões (!) em swaps cambiais, o que, dada a desvalorização do real, poderá ocasionar talvez a maior perda patrimonial sofrida pelo setor público.
O estrago da Selic não para, todavia, por aí. Ao artificializar o câmbio, dificulta as exportações e reduz o poder competitivo do produtor local perante o bem importado, ou seja, transfere emprego para o exterior e trava o crescimento aqui.
O estrago ainda continua. As reservas internacionais de US$ 380 bilhões sofrem custo da Selic e são aplicadas em títulos do Tesouro americano, que rendem pouco acima de 1% ao ano. O diferencial entre essas taxas de juros da ordem de 12 pontos incide a cada ano sobre o total das reservas. Assim, o custo de carregamento dessas reservas poderá alcançar US$ 45 bilhões, ou R$ 140 bilhões por ano! Quanto dinheiro jogado fora. Haja carga tributária para tanta orgia.
A mudança imediata para colocar o País livre para crescer de forma saudável passa por colocar a Selic no lugar, ou seja, no nível da inflação de 7%. Irão cair rapidamente os juros rumo ao equilíbrio das contas públicas, o câmbio tenderá a R$ 4 por dólar e as exportações começarão a ser retomadas rumo ao equilíbrio das contas externas. Maior exportação e menor importação é uma saída para a retomada do crescimento. No entanto, não basta reduzir só a Selic.
É igualmente importante reduzir a outra anomalia que trava o crescimento: a taxa de juro cobrada pelo sistema financeiro, que é várias vezes maior que a Selic. O Brasil sempre liderou essas taxas. Atualmente estão em 110% ao ano para pessoa física e 55%ao ano para pessoa jurídica considerando todas as modalidades de crédito: bancário e comercial.
À guisa de comparação os países emergentes praticam a taxa ao consumidor no entorno de 10% ao ano. Isso explica porque o Brasil é um país caro quando confrontado com outros. E isso é pior do que inflação.
Reduzir a taxa de juro ao tomador implica em diminuir duas fontes de ganhos do sistema bancário: os ganhos de tesouraria (aplicação em títulos do governo) com a redução da Selic e redução com tabelamento das escorchantes tarifas bancárias. Sem esses dois ganhos anormais, os bancos são obrigados a se voltar para sua função principal, que é a de conceder empréstimos e aí, por ação de mercado, a competição cresce e as taxas de juros refluem.
Essas mudanças não dependem de autorização do Congresso. Podem ser feitas por simples decisão da presidente, evitando confrontos desnecessários como os que vêm ocorrendo com seu maior "aliado" o PMDB. Mas, como os bancos detêm enorme poder político, pois estão entre os três maiores financiadores de campanha nas eleições federal e estaduais, resta a esperança de que as portas que vão se fechando na economia levem ao combate correto às anomalias. Resta esperança, pois o Brasil oferece saída ao corrigir as anomalias das taxas de juros. A hora é agora. Vale conferir.

==============

Agora meus argumentos contrarianistas, ou interrogativos:

    Vejamos se entendi direito as propostas:

1) Pela simples razão de a equipe econômica manter elevada e de forma artificial a taxa de juros que incide sobre a dívida.
    PRA: Elevada de forma artificial? A solução então é baixar? E de forma natural?
    Mas isso já não ocorreu no início do governo Dilma, quando ela foi rebaixada, mais de três pontos? Teria sido de forma natural?
    E porque o BC voltou a aumentar os juros ainda antes de iniciado o novo governo, ainda com o ministro Mantega, e quando tudo parecia bem, segundo nos disseram na campanha?

2) Países desenvolvidos têm dívida acima de 100%, mas como praticam taxas básicas de juros próximas a zero não tem problema de perda de controle sobre a dívida.
    PRA: Certo. O Japão, aliás, tem mais de 250% de dívida pública sobre o PIB. Será que é porque nós não somos desenvolvidos como eles? Mas ainda nem chegamos a 100% como os EUA, ainda temos mais uns 30 pontos para subir. Estaria bem assim?
    Claro, quando se tem taxas de juros negativas, como no caso do Japão, e dívida pública financiada a 99,99% pela poupança doméstica fica mais fácil.
    Seria por isso então?

3) O Brasil é o país que durante vários anos, atravessando vários governos, vem operando por decisão do Banco Central com uma taxa Selic das mais altas do mundo e sem necessidade.
    PRA: Mas se é sem necessidade por que é que governos neoliberais e desenvolvimentistas mantêm essas taxas artificialmente elevadas, sem qualquer necessidade? Será que é porque eles são todos perversos, amigos dos banqueiros? Ou porque o BC é dominado pela turma da bufunfa, como diria um aliado doutrinal?
    Incompreensível, de fato...

4) Faz isso porque quer controlar a inflação de forma artificial, tornando baratos os produtos importados.
    PRA: Mas justo o governo amigo dos trabalhadores, que protege a indústria nacional, seria capaz de uma maldade dessas contra a nossa indústria?

5) Fato é que um pensamento econômico dominante, conduzido com habilidade e competência por analistas ligados ao mercado financeiro, ainda consegue defender a manutenção dessa política.
    PRA: Quer dizer que já passou o tempo da nova doutrina, a tal de Nova Matriz Econômica? Mas foi sob o seu domínio que os juros começaram a subir outra vez. Debilidade do pensamento econômico dominante? Ou o pensamento era na verdade outro? O Bresser bem que avisou...

6) Quanto maior a Selic, maior o lucro bancário, o ganho dos rentistas e a perda do governo federal. O lamentável desse verdadeiro saque ao cofre público é que quem dá a chave do cofre é o próprio governo.
    PRA: Como eu sou ingênuo: e eu que pensava que a Selic só era alta porque de outra forma o governo não conseguia encontrar tomadores para os seus títulos?! Tudo é um complô então?! Mas justo no governo dos trabalhadores?!

7) O retrato fiscal é bem expresso no déficit de 6,7% do PIB ocorrido em 2014, sendo que a conta de juros atingiu 6,1% do PIB e foi responsável, portanto, por 90,6% do déficit.
    PRA: UFA! Ainda bem. Aqui a gente se entende. Então, se não houvesse déficit não haveria essa sangria desatada, pois não? Não seria melhor, então, eliminar os déficits do governo? Se não tivesse, ele não precisaria tomar dinheiro, certo? E se não tomasse dinheiro, não pagaria tantos juros, certo? Perdi alguma coisa?

8) As reservas internacionais de US$ 380 bilhões sofrem custo da Selic e são aplicadas em títulos do Tesouro americano, que rendem pouco acima de 1% ao ano. O diferencial entre essas taxas de juros da ordem de 12 pontos incide a cada ano sobre o total das reservas. Assim, o custo de carregamento dessas reservas poderá alcançar US$ 45 bilhões, ou R$ 140 bilhões por ano! Quanto dinheiro jogado fora. Haja carga tributária para tanta orgia.
    PRA: Que exagero. Mas não eram economistas sensatos que recomendavam reservas de 3 meses de importação apenas? O governo não exagerou um pouquinho nessas reservas de mais de 1 ano e meio de importações? Será que em 3 meses não dá para negociar um empréstimo emergencial, um stand-by com o FMI, em caso de necessidade? O que impediria o Brasil de recorrer ao FMI? Algum preconceito de classe? O Palocci não aceitou isso, numa boa?

9) A mudança imediata para colocar o País livre para crescer de forma saudável passa por colocar a Selic no lugar, ou seja, no nível da inflação de 7%. Irão cair rapidamente os juros rumo ao equilíbrio das contas públicas, o câmbio tenderá a R$ 4 por dólar e as exportações começarão a ser retomadas rumo ao equilíbrio das contas externas.
    PRA: Certo, certo. Mas os juros já cairam antes, não é mesmo? E qual foi o efeito disso na inflação? Ela anda pela casa dos 6,5% certo? Se o governo precisar de colocar títulos no mercado, por causa de algum déficit não cooperativo, os banqueiros perversos vão pegar? E se não pegarem, como é que faz? Vai para o mercado externo, onde o dinheiro está baratinho? Mas esse câmbio a 4 não vai trazer mais inflação e fazer a dívida externa aumentar 50%? Que coisa, hem?

10) ... outra anomalia que trava o crescimento: a taxa de juro cobrada pelo sistema financeiro, que é várias vezes maior que a Selic. O Brasil sempre liderou essas taxas. Atualmente estão em 110% ao ano para pessoa física e 55%ao ano para pessoa jurídica considerando todas as modalidades de crédito: bancário e comercial.
    PRA: Mas se o governo já domina 40%, ou mais, do mercado de capitais no Brasil, ele não poderia começar fazendo a sua parte? Esses banqueiros públicos não são muito cooperativos… Claro, sempre tem o BNDES, mas ele só empresta para alguns, e está sempre pedindo algum ao Tesouro...

11) Sem esses dois ganhos anormais, os bancos são obrigados a se voltar para sua função principal, que é a de conceder empréstimos e aí, por ação de mercado, a competição cresce e as taxas de juros refluem.
    PRA: Não seria também recomendável abrir mais o setor? Afinal de contas, com três bancos oficiais, que dominam quase a metade do terreno, mas três ou quatro outros grandes bancos que fazem quase isso, não tem competição nenhuma, não é mesmo?
   
12) Essas mudanças não dependem de autorização do Congresso. Podem ser feitas por simples decisão da presidente,
     PRA: Ôba, então é fácil. Eu só me pergunto onde iria parar a inflação, a renda dos trabalhadores, e a competitividade das empresas…

    O mundo é complicado mesmo. Mas eu só queria entender as medidas propostas

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Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 30 de março de 2015

Venezuela e America Latina: governos timoratos ou coniventes? - Mario Vargas Lllosa

Venezuela oposición

Vargas Llosa critica actitud “timorata” Gobiernos de A.Latina con Venezuela

LIMA (PERÚ) 26/03/2015.- EFE/Paolo Aguilar
El escritor peruano, Mario Vargas Llosa (c) y las esposas de los opositores venezolanos presos Leopoldo López y Antonio Ledezma, Lilian Tintori (d) y Mitzy Capriles (i), participan en el seminario internacional "América Latina: oportunidades y desafíos" en la Universidad de Lima.
Infolatam/Efe
Lima, 26 de marzo de 2015
Las claves
  • El premio Nobel también les pidió a Tintori y Capriles que no piensen "que esa actitud de esos Gobiernos timoratos, de esos Gobiernos acobardados y a veces cómplices de la dictadura venezolana representa a sus pueblos".
El premio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa criticó la actitud “timorata” y “a veces cómplice” que, según su opinión, tiene la mayoría de los Gobiernos latinoamericanos con el régimen venezolano de Nicolás Maduro.
“Qué vergüenza que en América Latina haya tan pocos Gobiernos que hayan condenado” las prácticas represivas del régimen venezolano, afirmó hoy el escritor durante el panel “Venezuela y la libertad” que abrió en Lima el seminario internacional “América Latina: oportunidades y desafíos.”
Vargas Llosa participó en ese panel junto a Lilian Tintori y Mitzy Capriles, esposas de los líderes políticos opositores venezolanos Leopoldo López y Antonio Ledezma, respectivamente.
“Les pido a ustedes, y a través de ustedes a todos los resistentes venezolanos, perdón por esa inconducta de los Gobiernos democráticos latinoamericanos, que muestran muy débiles convicciones democráticas, cuando no una secreta complicidad con la dictadura venezolana”, enfatizó el escritor dirigiéndose a Tintori y Capriles.
El escritor afirmó que le “alegra” que las dos mujeres hayan sido recibidas el miércoles por la primera ministra y por el canciller de Perú, Ana Jara y Gonzalo Gutiérrez, respectivamente, pero criticó que el presidente Ollanta Humala no haya hecho lo mismo.
“Lamento profundamente, que el presidente Humala y que (su esposa) Nadine Heredia no les hayan abierto las puertas”, enfatizó en medio de los aplausos prolongados de los asistentes al foro, que se celebra en la Universidad de Lima.
Vargas Llosa remarcó que es conocido que ha “defendido a este Gobierno” y acotó que lo sigue defendiendo, pero no por eso deja de criticar su actitud con la oposición venezolana.
El premio Nobel también les pidió a Tintori y Capriles que no piensen “que esa actitud de esos Gobiernos timoratos, de esos Gobiernos acobardados y a veces cómplices de la dictadura venezolana representa a sus pueblos”.
“No es verdad”, señaló antes de decir que los latinoamericanos quieren que “Venezuela vuelva a ser el país democrático, libre, que fue durante muchos años.”
Capriles agradeció, muy emocionada, las palabras de Vargas Llosa y dijo que “es imposible que las lágrimas dejen de saltarnos del corazón”.
Venezuela “hoy reclama solidaridad con su democracia”, agregó antes decir que la oposición venezolana tiene “la convicción de estar en el lado correcto de la historia.”
Tintori denunció que Venezuela está “al borde de una crisis humanitaria” y enfatizó que cualquier pronunciamiento de un presidente de otro país sobre este tema “no es injerencia”.
“El que calla es cómplice y estoy segura que Latinoamérica completa se va a pronunciar”, señaló antes de afirmar que van “a seguir hasta liberar a Venezuela.”
Las esposas de los líderes opositores venezolanos apresados Antonio Ledezma y Leopoldo López, Mitzy Capriles y Lilian Tintori, recibieron hoy el apoyo del expresidente peruano Alan García en Lima, así como pudieron dialogar con representantes del gobierno peruano.
Las venezolanas se reunieron con García, como parte de los encuentros que han sostenido desde ayer con varios líderes políticos peruanos, como la lideresa opositora Keiko Fujimori, y con representantes del gobierno de Ollanta Humala.
“Todo mi compromiso con la democracia venezolana. Y apoyamos la causa que defienden Lilian Tintori y Mitzy Capriles”, escribió García en Twitter acompañando una foto de su reunión.
Capriles y Tintori también fueron recibidas hoy por la presidenta del Consejo de Ministros de Perú, Ana Jara, y el canciller, Gonzalo Gutiérrez, por indicación del mandatario peruano, según informó una nota de prensa de la cancillería.
La jefa del gabinete peruano les manifestó que “el gobierno del Perú viene propiciando y apoyando el diálogo entre todas las fuerzas políticas” en Venezuela.
Asimismo, Jara agregó que “se alienta que en la próxima celebración de las elecciones congresales en ese país participen todas las fuerzas democráticas representativas”.